A Saída para o Brasil NÃO É MAIS O AEROPORTO

Com a execução das leis ante imigratórias, o sonho brasileiro de morar na Europa fica mais difícil. Será que a única alternativa é "tankar o Bostil"?

O espírito aventureiro do brasileiro já atravessou mares, montanhas e fronteiras. A busca por uma vida melhor, mais digna, segura e livre, tornou-se a rotina silenciosa de milhares que se despedem do Brasil todos os anos. Motivos não faltam: altos impostos humilhantes, colapso educacional, mercado de trabalho sufocado pelas leis trabalhistas, poucas oportunidades de emprego em determinadas áreas, violência urbana, insegurança jurídica, corrupção e o colapso do governo. Tudo isso estimula nos brasileiros um projeto de imigração como algo racional, natural e urgente. Para muitos, deixar o país não é somente mudar de endereço, mas uma fuga legítima de um sistema disfuncional.

Com a Europa no radar, milhares de brazucas enxergam ali uma chance de recomeçar. A similaridade linguística com Portugal, os vínculos familiares com a Itália e as oportunidades econômicas em países emergentes como a Polônia criaram rotas populares de imigração. Vários influenciadores do YouTube e outras redes sociais disseminaram nos últimos anos cursos, dicas e consultorias das quais objetivavam a imigração para fora do Brasil. A frase “A saída para o Brasil é o aeroporto” era um poderoso marketing que não manipulava os brasileiros, porém, manifestava o que muitos já pensavam há muito tempo. Todavia, o que parecia ser uma alternativa sólida de escape da pátria fracassada Brasil, agora parece que está se fechando. Portanto, vamos analisar as políticas de encurtamento imigratório na Europa, sua visão libertária e reflexões para os brasileiros que prefiram “tankar” o Brasil.

(Pausa)

O primeiro país a ser considerado é Portugal. A mesma língua, oportunidade de receber salários numa moeda forte e políticas flexíveis tornaram o país ibérico um dos principais destinos. Em 2024, quase 400 mil brasileiros residiam legalmente em solo português, mas os ventos mudaram e trouxeram burocracia, vigilância e incertezas na imigração. No dia 16 de julho, o parlamento português aprovou novas leis que restringem o acesso à residência e ao trabalho para estrangeiros. Brasileiros que antes conseguiam regularizar a situação por meio de contratos de trabalho passaram a enfrentar exigências mais rígidas, como comprovações financeiras robustas e avaliação de “nível de integração cultural”. Além disso, o prazo para obtenção da nacionalidade, que antes levava cerca de cinco anos, pode agora ultrapassar oito, somado à necessidade de testes de proficiência em português europeu, conhecimento histórico e vínculos comunitários. Na prática, o país apertou o cerco e tomou a vida dos imigrantes legais mais difícil que a dos irregulares. A lógica parece invertida: menos oportunidades para quem tenta seguir o caminho legal.

Outro país que decidiu limitar a política imigratória é a Itália. Durante anos, a cidadania italiana foi anunciada como uma espécie de “atalho jurídico” para o brasileiro com ascendência europeia. Vídeos no YouTube ensinavam passo a passo como reunir documentos, dar entrada no processo e até alugar casas para residência temporária durante o trâmite. A promessa de acesso legítimo à União Europeia sem precisar migrar como “estrangeiro” está mudando. Em 20 de maio, a Câmara italiana aprovou uma nova lei que limita o direito à capacidade “jus sanguinis”, que seria o “direito de sangue”. Agora, só é elegível quem comprovar até a segunda geração de descendência, e mesmo assim, há exigências adicionais como residência mínima de três anos e fluência no idioma oficial. Além disso, cursos sobre cultura italiana tornaram-se obrigatórios, e o controle sobre falsificação de documentos foi intensificado. A figura do “agente facilitador”, que auxiliava no processo em troca de serviços pagos, entrou na mira das autoridades. O governo justifica as medidas para garantir “coesão nacional”, mas, na prática, fecha as portas para milhares de brasileiros que antes viam na Itália um recomeço.

A Polônia, embora não tradicionalmente procurada por brasileiros, começou a atrair atenção por suas oportunidades econômicas e custo de vida acessível. Com o crescimento de indústrias e a necessidade de mão de obra, muitos estrangeiros, inclusive brasileiros, buscaram ali uma rota de vida nova. Mas o país adotou medidas drásticas em nome da “segurança nacional”. No dia 7 de julho, o parlamento da Polônia introduziu novos controles fronteiriços com a Alemanha e a Lituânia para conter o que chama de “imigração desordenada”. O governo passou a exigir vistos específicos para trabalhadores estrangeiros, aumentou a fiscalização em fronteiras terrestres e estabeleceu cotas para naturalização. O endurecimento não está somente na entrada. Mesmo imigrantes legalizados enfrentam dificuldades para renovar documentos ou para trazer familiares. Em casos extremos, há relatos de deportações sumárias. A estratégia da Polônia parece seguir o modelo húngaro: menos imigração, mais nacionalismo. Mas será que é um mero nacionalismo que está levando os países a fecharem suas fronteiras? Quais são as outras razões que estão aumentando a rigidez das imigrações?

A principal razão é a alta demanda de imigrantes que entram ilegalmente no país. Esses acabam não conseguindo emprego e passam por situações de miséria e escolhem o caminho do crime. Um exemplo a ser citado foi o que ocorreu na Espanha no dia 16 de julho, onde três jovens identificados pela origem norte-africana, espancaram um idoso espanhol de 68 anos na cidade de Torre Pacheco. Vale ressaltar que a esquerda europeia, ao longo das últimas décadas fez um discurso populista falando que iria promover políticas de integração dos imigrantes ilegais, porém acabou ficando somente na promessa. Essa negligência da esquerda serviu para o agravamento do problema, gerando mais assaltos, violências e vulnerabilidades. Contudo, a ação dos governos ante imigratórios não são oriundos de um nacionalismo. Elas refletem o incômodo dos próprios cidadãos europeus que convivem com problemas reais ocasionados pela entrada massiva ilegal de estrangeiros. Mas, será que tal decisão desses governos é correta?

(Pausa)

Do ponto de vista libertário, as medidas anti-imigração adotadas na Europa levantam sérias preocupações éticas e econômicas. Aqui vão algumas considerações centrais:

A filosofia libertária reconhece o direito de todo indivíduo de buscar oportunidades em qualquer lugar do mundo, caso respeite a propriedade alheia e não agrida ninguém. A imposição de barreiras estatais à mobilidade pessoal é vista como uma violação direta do direito à liberdade, um dos pilares do pensamento libertário. Imigrantes, especialmente os que chegam em busca de trabalho, não “roubam empregos”, assim como alguns argumentam. Na realidade, eles os criam. Ao consumir, produzir e empreender, geram riqueza no país de destino. O Estado, ao limitar esse fluxo, sabota o crescimento econômico e cria escassez artificial de mão de obra, afetando setores como agricultura, serviço e tecnologia. A concepção libertária de território rejeita o monopólio estatal sobre as fronteiras. Em vez disso, sugere que sejam os proprietários privados, empresas, comunidades, famílias, os responsáveis por decidir quem pode entrar ou se estabelecer. O Estado não deveria controlar o movimento de pessoas em nome da “segurança”, pois isso implica em vigilância, controle e violação de liberdades.

Agora, os fatos narrados acima não ilustram um cenário totalmente devastador para o brasileiro. A proposta aqui não é simplesmente causar pânico, mas mostrar a realidade, principalmente para aqueles que acreditam que a saída para o Brasil ainda é o aeroporto. Diante deste cenário, apresento algumas alternativas para os brasileiros fazerem para resolver pelo menos parcialmente alguns dos seus problemas sem necessariamente sair do país.

A primeira é sair da maldita CLT. O brasileiro precisa urgentemente sair da CLT, pois ela tira a oportunidade de receber mais, de trabalhar para mais empresas e conquistar mais recursos. Aprenda inglês é o segundo passo. A língua mais falada pode te levar a encontrar serviços fora do país, receber em moeda estrangeira e sem sair de casa. Na internet existem sites de freelancer, onde há oportunidades de trabalho tanto na língua portuguesa como em línguas estrangeiras. Mas não se engane, não estou anunciando caminho fácil, mas uma alternativa para ter uma possível ascensão financeira. Aderir ao Bitcoin com carteira fria é outro necessidade. O Bitcoin não serve para ficar rico. Ele tem como objetivo uma forma de proteção de capital a longo prazo. Enquanto as moedas estatais do mundo inteiro, o real, dólar e euro, estão desvalorizando ano após ano, o BTC segue um caminho triunfante e invejável. Além disso, utilizar o BTC é segurança contra intervenções bancárias e jurídicas. Mas para isso, precisará de uma carteira fria, onde guardará e administrará seus satoshis sem depender de outrém. O BTC pode até ter grandes volatilidades, mas não é desvalorizado por erros políticos e de banqueiros. Por fim, planejar sair de cidades violentas para cidades mais calmas. O Brasil é considerado um país perigoso, porém, existem cidades no interior que tem menos ou até nenhum tipo de ameaça. Eu sei. Para muitos é difícil de acreditar nisto. Muitos colaboradores do Visão Libertária são dessas cidades, e poderia dizer que comparada as grandes metrópoles, o interior é infinitamente mais pacífico. Claro. Para isso é necessário planejamento. Tais cidades são perfeitas para quem conseguiu, por exemplo, um trabalho home office.

Antes de finalizarmos, ressaltamos que tais dicas citadas anteriormente não resolvem todos os problemas da sua vida. O objetivo é encontrar no próprio Brasil, alternativas que aliviam as tensões que suportamos no dia a dia. É mostrar que a imigração não é necessariamente a única estratégia. O estado age como se fosse o guardião das chaves, trancando portas que deveriam estar abertas à cooperação e ao crescimento. No entanto, a besta estatal não é onipresente, pelo menos por enquanto. A internet é um universo no qual os burocratas até tentam dominar, mas não conseguem controlar. Portanto, o brasileiro deve enxergá-la como oportunidade. A terra da banânia tem grandes problemas, mas podem ser contornados, basta o cidadão tomar a atitude correta, de não espera milagre de políticos; trabalhar e correr de forma incansável para ter dignidade. Isso é ser libertário, na prática! É buscar autonomia, desfrutar da liberdade sem as amarras sociais e políticas. É não aceitar uma vida difícil ocasionada por um Estado opressor que odeia ver a prosperidade. É lutar com realismo, para alcançar autonomia, responsabilidade, liberdade e um desfrute melhor da propriedade privada.

Referências:

https://www.youtube.com/watch?v=FX7xHXLi1uU

https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2025/07/16/novas-leis-anti-imigracao-em-portugal-afetam-amplamente-os-brasileiros.ghtml

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/05/20/cidadania-italiana-camara-da-italia-aprova-lei-para-restringir-naturalizacao-de-estrangeiros.ghtml

https://www.opovo.com.br/noticias/mundo/2025/07/07/polonia-introduz-controles-fronteiricos-com-alemanha-e-lituania-para-conter-imigracao.html