20 Mar. 2024
Sugerido: JJ Liber
Escritor: QuintEssência
Revisor: Historiador Libertario
Narrador: Paulo Wesley
Produtor: Paulo Wesley

Até GERALDO ALCKMIN sabe dos PROBLEMAS ECONÔMICOS do BRASIL, só não entendeu ainda sua SOLUÇÃO

Como bem sabemos, o PIB do Brasil cresceu em 2023 - a duras penas e, é claro, com uma considerável ajuda do amiguinho Pochmann. É certo que grande parte dos 2,9% de crescimento econômico do ano passado se devem à herança do governo anterior, e que o segundo semestre de 2023 não teve crescimento, mas sim estagnação. Ainda assim, os números consolidados estão aí, para todos verem. Agora, o Brasil volta ao clubinho dos 10 países mais ricos do mundo - ocupando a 9ª posição.

Só que isso, como também sabemos, não é necessariamente uma boa notícia. Precisamos olhar o resultado econômico brasileiro a uma distância maior - ou, melhor dizendo, num período maior. A verdade é que a economia do Brasil está andando de lado há praticamente uma década. Que acontecimento, ocorrido 10 anos atrás, pode ter desencadeado esse fenômeno? Bem, estamos falando do efeito Dilma Rousseff, que levou o Brasil para uma recessão econômica, que nos custou uma década de desenvolvimento. Isso fica ainda mais evidente na comparação com o desempenho de nossos pares - os países emergentes.

A previsão de órgãos internacionais é de que o Brasil cresça apenas 1,7% em 2024 - sendo que a média de crescimento econômico dos países emergentes será de 4%, ainda de acordo com as previsões. Estamos levando um banho, não é mesmo? Por outro lado, espera-se que a economia brasileira responda, este ano, por apenas 2,3% da economia mundial. Caso essa expectativa se confirme, esse será o nível mais baixo da série histórica, iniciada em 1980. Naquela época, a participação da economia brasileira no PIB mundial era de 4%.

Para nós, isso não é novidade. E, ao que tudo indica, o próprio Geraldo Alckmin, o vice decorativo do Lula, também sabe disso - chegando, até, a apontar duas causas para esse problema. Em recente entrevista para a Miriam Leitão - sim, ela, - em algum momento em que a jornalista provavelmente tentava convencê-lo de que “esse cenário é ruim, mas é bom: entenda”, Alckmin emitiu sua sentença. Para o picolé de chuchu, os juros no Brasil seriam “escandalosos”. Isso, por sua vez, dificultaria a competitividade das empresas brasileiras, especialmente do setor industrial - que, por sinal, tem perdido produtividade ano após ano.

Na comparação, o juro real brasileiro - ou seja, a taxa de juros nominal, menos a inflação do período - seria muito maior que no restante do mundo. Por aqui, a taxa real de juros circula na casa dos 7 ou 8%. Sim, o Banco Central vem promovendo constantes cortes na taxa básica de juros - a SELIC - nos últimos meses. Só que, de forma concomitante, o índice que mede o aumento de preços - o IPCA - também vem caindo - algo que, na prática, mantém a taxa de juros real bastante alta. Mas será que Geraldo Alckmin está certo em seu diagnóstico?

Sim, mas pelos motivos errados. Primeiro, vamos falar sobre o que é a taxa de juros. Essa medida simboliza, basicamente, o preço do dinheiro no tempo. Em resumo, é preferível ter certa quantia de dinheiro hoje, do que ter a mesma quantia no futuro. Portanto, para abrir mão desse dinheiro, em favor de outra pessoa, para recebê-lo apenas no futuro, eu preciso ter algum tipo de remuneração - que, nesse caso, é medida em um percentual, referente ao montante emprestado. Nessa conta, também se leva em consideração o risco envolvido na operação.

E, tal como acontece com qualquer outro preço no mercado, se ele for manipulado pelo governo, teremos grandes problemas. Essa intervenção estatal no preço do dinheiro - a taxa de juros - poderá gerar uma escassez artificial de crédito - se os juros forem baixos demais, - ou poderá elevar, de forma exagerada, a oferta - se os juros forem muito maiores do que deveriam ser. Em ambos os cenários, problemas econômicos serão observados, em pouco tempo.

Mas como é que o governo chegou ao ponto de distorcer a taxa de juros, no primeiro momento? É certo que governos esquerdistas, como o do PT, sempre vão distorcer a economia, por qualquer motivo. No caso da manipulação da taxa de juros, trata-se de uma medida desenvolvimentista: crédito barato e abundante, para fomentar a economia nacional. Mais investimentos nas empresas, mais consumo, aquela farra dos juros baixos! Só que, como bem sabemos, essa bolha tende a estourar bem rápido.

Porém, embora nem todo governo aja de forma tão insana, a manipulação da taxa de juros acontece de forma generalizada. Afinal de contas, essa é a ferramenta utilizada pelos bancos centrais para realizar a sua chamada “política monetária” - ou seja, é assim que os bancos centrais combatem a inflação. Podemos ver esse exemplo acontecendo com o FED, dos Estados Unidos, ou mesmo com o nosso Banco Central, atualmente.

Ao contrário do que os economistas mainstream gostam de afirmar, inflação é o aumento da base monetária - ou seja, o governo despejando mais dinheiro na economia. Atualmente, o governo brasileiro imprime dinheiro de forma indireta - por meio do aumento da dívida pública. Grande parte da dívida emitida pelo Tesouro Nacional é comprada pelo Banco Central - que, por sua vez, imprime dinheiro do nada para pagar por esses títulos. O governo recebe esse dinheiro de mentirinha, e o espalha pela economia. Temos, aí, um grande problema.

Afinal de contas, essa impressão de dinheiro gera um excesso de liquidez no mercado. Com mais dinheiro circulando, para a mesma quantidade de mercadorias disponíveis para venda, temos preços mais elevados. É isso que o IPCA mede - e é isso que, de forma equivocada, é tratado como “inflação” por aí. E o que fazer para resolver esse problema? O certo era cortar o mal pela raiz: o governo deveria parar de imprimir dinheiro, e permitir o ajuste natural, pelo mercado. Só que fazer isso dá muito trabalho.

Portanto, entra em cena o papel do Banco Central - sim, o mesmo ente que causou essa bagunça toda. Por meio da manipulação da taxa básica de juros, o BC tenta controlar esse fenômeno. Se os preços estiverem muito altos, o banco aumenta a taxa básica, para que as pessoas gastem menos - afinal de contas, o financiamento vai ficar mais caro, e a poupança de recursos vai ficar mais atrativa. Assim, mais dinheiro fica retido nos investimentos, menos grana circula na economia, e a alta de preços termina por ser controlada.

O oposto também pode acontecer. Se o Banco Central acreditar que a inflação está baixa - sabe-se lá por qual motivo, - as taxas de juros são derrubadas, para que mais dinheiro circule pela economia, e para que os preços possam subir. É como se fosse um controle de videogame: aperte um botão, e os preços sobem; aperte outro botão, e os preços caem. Parece ridículo, mas é exatamente assim que o estado age. Obviamente, essa manipulação impacta nos investimentos e na expansão dos negócios - principalmente em momentos, como agora, em que as taxas estão muito altas.

Portanto, sim: a taxa de juros é um problema para a economia brasileira - mas justamente por conta da ação estatal! Geraldo Alckmin, porém, finge não entender esse ponto. Agora, ele afirma que o governo do seu chefe vai tomar medidas para mitigar esse problema - especialmente, por meio da liberação de um pacotaço de incentivos. Apenas para a indústria, o governo Lula vai destinar alguns bilhões de dinheiros nos dois próximos anos.

Infelizmente, apesar de Alckmin ter identificado o problema, ele errou em sua solução. O que vai permitir a melhoria da economia brasileira não é um grau maior de intervenção estatal, com o governo baixando os juros na marretada. O que o Brasil precisa é de mais liberdade - afinal de contas, o próprio mercado se encarregaria de corrigir as distorções. Como a coisa funciona? É simples: lei da oferta e da demanda. A demanda representa a quantidade de pessoas querendo tomar empréstimos. A oferta é a quantidade de dinheiro disponível para ser emprestada. A taxa de juros, portanto, flutua com base nessa relação.

Se a demanda subir demais, a taxa de juros tende a subir. Esse cenário vai incentivar as pessoas a poupar seu dinheiro, aumentando a disponibilidade de recursos a serem emprestados. Ou seja, a oferta vai subir, a demanda vai cair, a taxa de juros vai ser reduzida naturalmente, e a coisa toda vai se estabilizar. Por outro lado, se houver dinheiro demais para ser emprestado, superando a demanda, as taxas vão cair, e mais gente vai buscar um financiamento. Com o aumento da demanda, o preço do dinheiro - a taxa de juros - tenderá a subir. Nesse cenário, a taxa de juros estará, sempre, num natural e saudável equilíbrio.

Mas a coisa não para por aí: se o governo deixar de se endividar, uma montanha de dinheiro captada pelo estado, todos os anos, vai ficar livre para ser emprestada para a iniciativa privada. Afinal de contas, estamos falando de alguns trilhões de reais, usados para subsidiar a dívida pública, todos os anos. O que essa disponibilidade de recursos faria com a taxa de juros? Pois é, essa é a triste realidade do Brasil: cada empresário brasileiro compete diretamente com o estado por esses recursos escassos.

Porém, Geraldo Alckmin ainda pontua um segundo fator que faz com que a economia brasileira permaneça estagnada: a alta carga tributária. Mais uma vez, ele acerta em cheio no diagnóstico: os impostos são uma praga para o desenvolvimento econômico brasileiro. Porém, ele erra legal, e de novo, no remédio: para o vice do Lula, a reforma tributária vai resolver esse problema. Isso, obviamente, não procede. Como já explicamos aqui no canal, a reforma tributária não vai apenas deixar as coisas ainda mais complicadas, como também vai obrigar os brasileiros a pagar ainda mais impostos - como sempre acontece.

A solução para o problema econômico do Brasil, e de qualquer outro país, é a mesma: a redução do estado. O Brasil precisa de menos dívida estatal, menos intervenção na economia, menos manipulação da taxa de juros - e, principalmente, mais liberdade. Você não precisa ir muito longe: basta ver o que está acontecendo, neste momento, na Argentina! Infelizmente, com Lula no poder, não teremos nada disso. O governo PT é tão insano, do ponto de vista econômico, que o melhor que podemos esperar da base governista é alguém como Alckmin: um sujeito que consegue identificar o problema, mas que está longe, muito longe, de sua real solução.

Referências:

https://g1.globo.com/economia/noticia/2024/01/31/brasil-continua-com-o-2o-maior-juro-real-do-mundo-apos-novo-corte-da-selic-veja-ranking.ghtml https://g1.globo.com/economia/noticia/2024/02/28/alckmin-defende-reducao-de-impostos-para-estimular-investimentos-da-industria-em-maquinas-melhorar-a-produtividade.ghtml

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