Polícia QUENIANA duplica no HAITI. Mas não é ela que promoverá SOLUÇÕES fora do ESTADO

Haiti está destruído, com uma coalizão no poder, e com a polícia queniana tentando ajudar no controle da sociedade, já que a ONU não conseguiu tal proeza. Mas foi neste cenário que soluções fora do estado apareceram.

O assassinato do Presidente Jovenel Moïse por grupos armados colocou a desordem no Haiti em outro patamar. Atualmente, a população sofre com a fome, a violência generalizada e o deslocamento. Ariel Henry, o primeiro-ministro em exercício que assumiu o poder em julho de 2021, logo após a morte de Moïse, renunciou em março deste ano, após ter sido impedido de voltar ao país após uma viagem ao Quênia. Inclusive, foi por este motivo, que o governo queniano mandou mais duzentos agentes de polícia ao país caribenho no mês passado, duplicando a quantidade destes agentes, a fim de trazer mais estabilidade a ilha.

Este país caribenho sofre com a falência do estado há muitas décadas, condição que levou a diversas missões da ONU, todas em vão. Em apenas cinco anos sem a presença estrangeira, o Haiti voltou a um completo caos generalizado. A ONU não conseguiu ajudar a manutenção da paz, auxiliando apenas na piora da saúde dos haitianos, por acidentalmente introduzir a cólera no país. A solução para os haitianos seria então viver sob a proteção de um governo forte? Esta solução também não traria a prosperidade que eles precisam, pelo contrário. Entregaria apenas mais desordem e barreiras para o povo prosperar.

Sempre que aparece uma crise como guerra, terremoto, inundação, violência, terrorismo, doença, epidemia, fome, ou até mesmo a inflação, alguém que não compreende o problema tenta convencer de que a solução seria a regulamentação. Logicamente, financiada por uma tributação, definida por um ente estatal ou uma autarquia do governo. E assim o povo vai se submetendo ao estado, por falta de conhecimento e de opção, principalmente se estiver em apuros. No entanto, as ideias libertárias visam justamente proporcionar esta opção.

Uma obra que apresenta algumas ideias para estes problemas cotidianos é o livro Ecolar - uma visão holística sobre a vida sustentável, escrito por um oficial do Exército Brasileiro logo após completar sua missão no Haiti. Em seus escritos, o autor mostra como obter um lar sem a dependência estatal e com sustentabilidade. O conceito de Sustentabilidade é muito usado na pauta ambiental, mas a verdadeira vida sustentável envolve também os aspectos econômicos e sociais. Se a sustentabilidade for apenas para uma parte ínfima da população que pode pagar dezenas de milhões por uma casa com selo de “verde”, então esta solução não se sustenta. Se tirarmos da natureza apenas o necessário, de maneira planejada para não esgotar os recursos, ou fazer compensações, poderá dizer que tem um estilo de vida sustentável em termos ambientais. O raciocínio também procede para as relações entre as pessoas. Se obtivermos algo de alguém, livremente, o necessário ou desejável para nós, por meio de uma compensação, em dinheiro ou outro produto ou serviço de interesse do outro, sem dúvida sua vida será sustentável, e muito mais agradável para todos.

No livro Ecolar, o autor propõe uma solução de longo prazo que engloba as necessidades básicas de uma pessoa em situação de sobrevivência, como um estado fracassado: abrigo, água, energia e alimento, nesta ordem. Analisemos cada um deles, tendo como ponto de partida um povo pouco organizado e sem acesso a muitos recursos. Se bem orientado, podem surgir ancapistões justamente das ruínas de políticas públicas catastróficas que levaram um país ao buraco.

A primeira necessidade básica a ser suprida é um abrigo decente, para a pessoa se proteger e descansar. Sem uma morada digna o cidadão é alvo fácil das benesses de um financiamento imobiliário ou de assistencialismo, tornando-se refém do governo vigente e vindouros. Morar em um apartamento, por exemplo, nunca será um estilo de vida sustentável, e é nessa hora que o estado entra para te sustentar, em troca de submissão total a ele.

O Ecolar proposto no livro é construído considerando pessoas com baixa renda e acesso a recursos naturais renováveis, como o bambu. A ideia é fazer estruturas com bambu lenhoso, e paredes e pisos com BLC (Bambu Laminado Colado), devidamente tratado e impermeabilizado. Detalhe importante: não é fazendo uma bimboca que você será livre do estado! Use as técnicas adequadas na colheita, tratamento e edificação. Com uma moradia adequada será muito mais fácil e barato de obter os demais produtos essenciais. Mesmo que uma pessoa tenha condições de comprar ou construir uma casa de concreto armado, o que ela terá que gastar depois com ar condicionado pode ser um problema em um período de recursos escassos.

A água livre de estado precisa ser obtida de riachos, poços ou das chuvas, e o esgoto vai em parte para um biodigestor e parte para uma fossa. Ou você pode esperar o caminhão pipa da prefeitura, se quiser depender do governo. Numa sobrevivência a única energia disponível é o fogo, para aquecimento, preparo dos alimentos e proteção. No livro temos o aproveitamento da luz do sol com painéis solares, tanto para geração de energia elétrica como aquecimento da água, para gerar eletricidade via uma pequena turbina a vapor. Em dias frios ou chuvosos esta turbina precisa ser movimentada por um forno à lenha, fazendo vapor com a água do esgoto, ou seja, reutilizando a água contaminada, facilitando o ciclo da natureza.

Para a alimentação basta ter uma área suficiente para plantio e criação de animais, mas principalmente uma boa renda para poder comprar sua comida. Já que não estamos pagando água, energia, aluguel, impostos diversos, boa parte do dinheiro irá para obter alimento. A proposta do livro é que cada família more em uma área rural de pelo menos quatro mil metros quadrados, o suficiente para construir o Ecolar e aproveitar a área para atividades econômicas e de subsistência, nos princípios da permacultura.

Uma das plantações sugeridas no livro é justamente o bambu lenhoso, próprio para construção, móveis, artesanato e muitas outras utilizações com alto valor agregado, além de se tornar uma cerca viva para os animais não saírem e os bisbilhoteiros não entrarem. Além disso, para não precisar entrar em financiamento os interessados podem se reunir em uma cooperativa habitacional e comprar uma área para dividirem, trabalharem ou arrendarem para quem tiver interesse.

Essa ideia me lembrou de um vídeo do canal chamado sociedades cibermedievais, que explica melhor o assunto. Vida em comunidade sempre será melhor do que a vida isolada, e no ancapistão não é diferente. Note bem, para fugir do jugo do estado não é necessário viver como um eremita, comendo raízes cruas e sem tomar banho. Pelo contrário, são justamente as pessoas mais vulneráveis que terminam se colocando de joelhos diante do aparato econômico e social criado pelo governo.

O livro está em formato digital, com informações detalhadas e especificações em imagens. Está disponível em diversas livrarias online, por menos de um dólar. Sobre a utilização do bambu na construção de casas, confira o canal da Bambu Vitae, com muitas dicas importantes para construir casas com este material. Estima-se que a construção de uma casa de bambu de cento e vinte metros quadrados, nos moldes da Ecolar, custe entre cinquenta e cem mil dólares, dependendo se você mesmo construirá ou contratará alguém para fazer isso por você.

Não tem como fugir, ou você coloca mais do seu dinheiro, ou mais do seu tempo, ou um pouco de cada. Balas de prata não existem no mundo real, muito menos soluções mágicas que os demagogos de plantão teimam em oferecer. Mas posso garantir uma coisa: viver sem os grilhões do estado no seu pescoço vale cada segundo, cada centavo, cada gota de suor que colocar neste empreendimento.

Referências:

https://www.vaticannews.va/pt/mundo/news/2024-07/mais-policiais-quenianos-chegam-ao-haiti.html
https://www.bbc.com/portuguese/articles/ceq720q7l48o

Livro ecolar
https://www.smashwords.com/books/view/658185

Bambu Vitae
https://youtube.com/@bambuvitae-zy6lz?si=H9Fh6_P4qwXCyNBV