Cidade Fantasma construída pela CHINA na MALÁSIA demonstra a grave CRISE IMOBILIÁRIA que pode se alastrar pelo mundo

A cidade planejada de Forest City, na Malásia, tinha tudo para ser um dos maiores empreendimentos já realizados pelo ser humano. Contudo, esse sonho esbarrou num detalhe chamado “realidade”.

Há algum tempo, diversas incorporadoras chinesas têm atuado em várias partes do mundo, iniciando e, eventualmente, concluindo projetos de infraestrutura de proporções colossais. Essa iniciativa faz parte de um conjunto de ações, adotado pelo Partido Comunista Chinês, para expandir a influência do país ao redor do globo. Dentre esses empreendimentos, um dos mais interessantes e promissores, sem dúvidas, é o de Forest City - a luxuosa cidade planejada, localizada em uma ilha no sul da Malásia, perto de Singapura. Ou, pelo menos, deveria ser - na teoria.

Essa cidade nasceu como uma ideia linda (e megalomaníaca) que, pelo menos no papel, foi descrita como “um paraíso dos sonhos para toda a humanidade”. Trata-se de uma metrópole construída do zero, com características que a transformariam num ambiente com uma pegada mais “ecológica” - uma coisa meio ESG, para usar o jargão do momento. Forest City foi concebida para ser uma linda ilha moderna, cercada pelas águas do Pacífico, com espaços verdes entre os prédios futuristas. A cidade teria ainda uma série de mimos, como campo de golfe, parque aquático, escritórios, bares e restaurantes de alto nível. A expectativa, quando do início da empreitada, era de que a metrópole planejada abrigasse 1 milhão de pessoas.

O luxuoso projeto foi tocado, desde 2016, pela Country Garden - a maior incorporadora da China, país que deve quase ⅓ de seu PIB ao setor da construção civil. Como citado, esse projeto faz parte da chamada “Nova Rota da Seda” da China - uma série de empreendimentos espalhados ao redor do mundo, com vistas a espalhar os tentáculos do monstro comunista por todos os continentes.

Naquela época, a Country Garden investiu cerca de US$ 100 bilhões nessa brincadeira - aproximadamente meio trilhão de reais, em valores atuais. Aqueles eram os bons tempos do mercado imobiliário chinês - quando a conta da intervenção estatal comunista na economia ainda não tinha sido cobrada. Contudo, 7 anos depois, o cenário é totalmente diferente; e a gigante da construção civil na China está completamente endividada, sendo incapaz de concluir o empreendimento na Malásia.

Nós já falamos sobre a inevitável falência dessa empresa no vídeo: “O caso COUNTRY GARDEN é mais um para o COLAPSO do MERCADO imobiliário CHINÊS” - link na descrição. A realidade desse caso já é mais do que evidente: apenas 15% do gigantesco empreendimento malaio foi concluído. Já a ocupação total de Forest City gira na casa de 1%. Em outras palavras: a luxuosa metrópole é, na prática, uma verdadeira cidade-fantasma.

A metrópole planejada e inacabada virou um mero conjunto de prédios isolados no meio do mar, longe de outras cidades importantes da Malásia. Forest City, realmente, parece uma daquelas cidades encontradas em filmes distópicos. Trata-se de um cenário de verdadeiro abandono, com brinquedos infantis em parques completamente inutilizados, além de opções de lazer e estabelecimentos comerciais vazios e que já começam a cair aos pedaços. Na verdade, o conjunto todo, atualmente, parece uma pilha de caixas de fósforos gigantescas - coisa típica da União Soviética, em meados do século passado.

Os poucos moradores que ainda vivem na cidade odeiam aquele lugar, por considerá-lo feio, vazio e distante do resto da civilização. Muitos, inclusive, se sentem enganados, por terem sido induzidos a gastar uma grana considerável para adquirir um apartamento num lugar que prometeu muito, mas não cumpriu quase nada.

Além disso, a construção de Forest City causou uma série de problemas ambientais - o que transformou aquela história toda de “cidade ESG” numa grande piada. Enormes regiões de vegetação nativa foram destruídas para dar lugar ao falido empreendimento, e o avanço das obras pelo mar causou prejuízos ao ecossistema e aos pescadores da região. Até mesmo em Singapura, os impactos dessa aventura imobiliária puderam ser sentidos.

A verdade, porém, é que a construção da metrópole está longe de ser um caso isolado. De fato, a Country Garden tem abandonado projetos inacabados em várias partes do mundo. Apenas na Austrália, a incorporadora abandonou 2 grandes empreendimentos nos últimos meses - inclusive o projeto Wilton Greens, um conjunto habitacional que deveria abrigar 3600 casas, mas que, até agora, conta com apenas 50 imóveis acabados. Ou seja: estamos presenciando, em tempo real, o esfacelamento daquela que é a maior incorporadora da China.

Contudo, a coisa não para por aí. O fracasso de Forest City é apenas mais um caso, na longa lista de empreendimentos da citada “Nova Rota da Seda”, promovidos pela China, e que já se provaram um grande fracasso. Outros exemplos do tipo podem ser conferidos no nosso vídeo: “Mega PROJETOS de ENGENHARIA promovidos pela CHINA ao redor do mundo ESTÃO COLAPSANDO” - link na descrição. Forest City, portanto, não é o primeiro desses casos, e certamente não será o último.

O fato é que, em todos esses exemplos, a origem do problema é a mesma: a intervenção do governo chinês no mercado imobiliário. Durante décadas, esse setor foi o grande responsável por impulsionar o crescimento do gigante asiático, transformando o país comunista na segunda maior economia do mundo. Porém, como o setor já vinha dando sinais de desgaste há algum tempo, o governo chinês resolveu dobrar a aposta, aumentando, ainda mais, a intervenção no setor.

A fórmula dessa crise é até bastante simples de entender. O governo comunista da China instituiu uma política de juros baixos e de empréstimos facilitados, para fomentar a aquisição de imóveis pelos cidadãos chineses. A partir daí, as construtoras passaram a investir rios de dinheiro - grana essa que, em boa parte dos casos, vinha de fundos de investimento destinados ao setor da construção civil. Esse incremento de recursos levou a uma expansão da oferta de imóveis quase sem precedentes na história humana.

É claro que a intervenção estatal não iria parar por aí. Os governos locais também ajudavam a distorcer o mercado, fornecendo garantias às construtoras, para o caso de inadimplência. De fato, a coisa parece muito bonita no papel, não é mesmo? É praticamente uma maravilha do planejamento central comunista!

Contudo, os compradores não tardaram a dar os primeiros calotes. Afinal de contas, praticamente qualquer sujeito podia ter acesso a um financiamento imobiliário na China. E as construtoras não se importavam com isso: o governo iria cobrir o rombo dos inadimplentes! Porém, Pequim percebeu, muito cedo, o tamanho desse buraco. O governo de Xi Jinping, portanto, resolveu endurecer a concessão dos empréstimos, aumentando os juros e exigindo mais garantias. Como consequência imediata dessa mudança nos rumos, a demanda por imóveis despencou em um curto espaço de tempo. Agora, as incorporadoras assumiram dívidas monstruosas, mas seu fluxo de caixa está diminuindo cada vez mais. Tem alguma chance desse cenário não se converter em uma verdadeira crise?

A China está repleta de cidades inteiras construídas do zero, que permanecem praticamente inabitadas. A realidade dessas cidades-fantasma já é bem conhecida por lá; agora, esse problema começa a se espalhar para outros países, o que é bastante assustador. Contudo, de forma geral, podemos concluir que o exemplo chinês representa, de maneira bastante didática, tanto o problema da intervenção estatal na economia, quanto o problema da ineficiência das decisões econômicas centralizadas.

Veja que Forest City, no fim das contas, mostrou ser um colossal desperdício de recurso. O que vemos é uma montanha de dinheiro jogada fora, que causou ainda sérios danos ambientais e fez com que muitas pessoas fossem ludibriadas pelas falsas promessas de um paraíso na Terra. Um consultor especializado em investimentos na região, inclusive, afirmou: “Antes de lançar um projeto extremamente ambicioso como esse, a lição a aprender é garantir que você tenha fluxo de caixa suficiente”.

Acontece que, em 100% dos casos, governos comunistas não se preocupam com besteiras como recursos escassos e viabilidade econômica. O importante, para eles, é fazer valer sua tendência de centralizar as decisões em comitês, politburos e sovietes que, obviamente, são incapazes de agir de forma eficiente. O resultado dessa brincadeira socialista é um desperdício monumental de dinheiro e outros recursos, em algo que, não raras vezes, acaba se convertendo em crise econômica.

Sim, existem projetos de cidades megalomaníacas em várias partes do mundo - como NEOM, na Arábia Saudita, a Nova Capital Administrativa do Egito e mesmo a badalada Dubai. Nem sempre, por óbvio, esse tipo de empreendimento demonstra ser viável. O fato, porém, é que colocar planos do tipo nas mãos de um governo comunista é pedir para fracassar. A Malásia e seus cidadãos estão descobrindo isso da pior forma possível. Quantos outros, ao redor do mundo, ainda vão quebrar a cara com os projetos expansionistas da China comunista?

O fracasso de Forest City não representa, apenas, o fiasco de um empreendimento mal planejado e, por consequência, malsucedido. Esse caso representa, também, a falência daquilo que muitos consideram como o “novo comunismo” da China - às vezes chamado de “capitalismo de estado”. Na prática, trata-se do mesmo comunismo de sempre, voltado para o desenvolvimentismo e para o planejamento central. Contudo, sem a atuação de um livre mercado, nenhum investimento pode ser, de fato, eficiente, por não responder às demandas genuínas do mercado. Enfim, onde a máquina estatal está envolvida, aí veremos desperdícios de recursos e crises econômicas cada vez mais graves, para no fim, eles culparem o capitalismo!

Referências:

https://en.wikipedia.org/wiki/Forest_City,_Johor

https://www.reuters.com/business/reality-check-country-garden-sells-down-barely-started-australia-project-2023-10-18/

https://www.youtube.com/watch?v=f1pJpIjfllM

https://www.youtube.com/watch?v=DlU2k4Bljoo&pp=ygUYdmlzw6NvIGxpYmVydMOhcmlhIGNoaW5h