No passado, isso seria tratado como teoria da conspiração. Mas, agora, o PT não tem o menor problema em expor, publicamente e sem constrangimento, o seu plano de poder.
O PT, o partido dos trabalhadores que não trabalham, está desenvolvendo o seu plano para reeleger Lula em 2026 e garantir a permanência de sua gangue no poder, de forma indefinida. Não, não é uma teoria da conspiração, nem intriga da oposição. O próprio PT deixou isso bastante claro, com a publicação de sua maia nova Resolução do Diretório Nacional, no dia 30 de agosto. De acordo com o documento, o objetivo do partido para o médio e o longo prazo é “defender o projeto democrático popular e fortalecer o Governo Lula”. Nós conhecemos bem esse jogo de palavras petista, que esconde interesses mais do que espúrios. Mas qual será o método usado por essa gente para “fortalecer” o governo do Molusco?
Bem, o partido vai se valer principalmente das eleições do ano que vem para garantir a reeleição do Lula em 2026. Segundo o tenebroso documento, o Partido dos Trabalhadores considera as eleições municipais de 2024 como “um momento estratégico para a construção de uma sólida aliança popular e democrática que promova a recondução do Governo Lula em 2026”.
Quais são os pretextos apontados pelo PT para alcançar esse intento? “Ampliação das liberdades democráticas, dos direitos sociais, do combate à desigualdade, da inclusão social, do desenvolvimento, da industrialização, da defesa do meio ambiente, da soberania nacional e da integração regional.” Na prática, contudo, nós sabemos que essa gente quer apenas a manutenção do próprio poder. E, para isso, o PT pretende se valer de uma metodologia bastante descarada, mas ainda assim, bem estruturada.
Em primeiro lugar, o partido entende como alvo prioritário a conquista de grandes cidades brasileiras nas eleições do próximo ano. A ideia é usar as prefeituras municipais como um trampolim para catapultar a candidatura à reeleição do Lula. Por trampolim, entenda-se a utilização das estruturas municipais como palanque para a ação petista, não descartando, aí, a destinação de verbas públicas para áreas de interesse eleitoral.
E, como uma mão sempre lava a outra, a estratégia apresentada pela Resolução do PT é usar, hoje, a máquina federal, para estruturar as campanhas municipais. No futuro, serão os municípios que vão usar a máquina estatal para viabilizar a manutenção do poder do Partidão, em nível federal. Portanto, uma das sugestões dadas pelo partido ao governo Lula é a utilização do PAC para financiar obras estratégicas em municípios com potencial de abrigar uma prefeitura petista. Sem dúvidas, esse é um dos motivos pelos quais o PAC voltou à pauta orçamentária do Governo Federal.
A estratégia de cooptação de prefeituras, provavelmente, também motivou o aumento da participação das emendas parlamentares no orçamento apresentado pelo Governo Federal ao Congresso Nacional. Pense comigo: o governo não tem poder total sobre as emendas parlamentares; porém, existe sim alguma massa de manobra nesse sentido. Lula, inclusive, tem usado muito desse expediente no presente ano, para aprovar as medidas mais importantes para o seu governo junto aos parlamentares.
Não é impossível pensar em um cenário, no ano que vem, em que o governo federal faça a liberação das emendas parlamentares dos seus aliados políticos de forma antecipada, deixando a liberação dos valores destinados aos seus adversários para o período pós eleições. E como bem sabemos, verbas parlamentares são muito usadas para tocar empreendimentos públicos ao redor do Brasil, em benefício do capital político de prefeitos e vereadores. No fim das contas, é sempre assim que funciona o estado: uma mão lava muito bem a outra.
A segunda estratégia sugerida pelo PT é o aumento de impostos - pois é, nenhuma novidade aí. De acordo com o partido, esse aumento é necessário por dois motivos. Primeiro, para satisfazer a necessidade de “trazer receitas para o Orçamento da União”. Segundo, por ser uma questão de “justiça social”, garantindo a capacidade do governo de garantir “saúde e educação” para a população. Eu sei, parece até piada; mas esse é e sempre foi o modus operandi do Partido dos Trabalhadores.
A Resolução do PT também entende como necessidade prioritária o controle dos militares pelo governo, para desarticular qualquer “tentativa golpista” por parte dos milicos. Naturalmente, isso significa trocar os comandos das forças armadas por nomes mais próximos de Lula e da agenda esquerdista - os famosos “melancias”, verdes por fora, com seus uniformes, mas comunistas vermelhos por dentro. Percebe-se, aí, o mesmo método empregado em outros países latinoamericanos, governados por presidentes autocráticos de esquerda.
Como não poderia deixar de ser, o texto petista também tece loas à atividade do STF, celebrando os supostos avanços progressistas encabeçados pelos supremos ministros. São citadas decisões em relação a questões como pauta LGBT, liberação da maconha e direitos indígenas. É claro que, em todos esses casos, o STF passou com um trator por cima de suas prerrogativas constitucionais, legislando à total revelia do Congresso Nacional. Como a esquerda brasileira já compreendeu que essa é a forma mais fácil de aprovar suas pautas impopulares, então já era esperado que qualquer plano petista passasse por uma aproximação ainda maior com o STF.
Para sorte do Lula, e azar de todos nós, 2 vagas para a Suprema Corte caíram em seu colo este ano. Uma delas já foi preenchida pelo seu advogado pessoal; e, agora, acredita-se que ou o Flávio Dino ou o famoso Bessias irão ocupar a segunda. Com mais dois aliados no STF, Lula vai ter um caminho muito mais fácil pela frente, não tenha dúvidas. Aproveito a oportunidade, inclusive, para parabenizar todos os isentões, que permitiram o retorno do Lula ao poder, se esquecendo dessas duas indicações que o presidente eleito em 2022 poderia fazer.
Além desses pontos, porém, o Partido dos Trabalhadores ainda exige dos candidatos da legenda, ou daqueles a serem apoiados pelo PT, um compromisso real com suas pautas progressistas. É óbvio que, como sempre acontece, o núcleo duro do Partidão não está nada contente com o posicionamento de alguns deputados da base aliada. E, menos ainda, com recentes decisões proferidas pelo Cristiano Zanin. Você sabe como a coisa funciona: como o importante é ganhar capital político, na maior parte dos casos, nem mesmo o Lula liga para as pautas do PT.
De qualquer forma, o partido exige dos candidatos a serem apoiados a adoção total de pautas relacionadas à reforma agrária, às questões ambientalistas e, como sempre, à distribuição de renda. A ideia geral é criar, a partir de ações municipais, uma base política que permita a criação, em 2026, de “um projeto de participação social e democracia participativa que seja um norte pragmático”. Em outras palavras, o PT quer encher a máquina pública de conselhões - verdadeiros sovietes que, supostamente, representam a vontade popular, mas que são apenas mais uma forma de aparelhamento da máquina estatal.
Bem, que o PT vai tentar se perpetuar no poder, disso ninguém tem dúvidas. Afinal de contas, foi exatamente isso que Lula e sua gangue fizeram, no passado, assim que assumiram a presidência da República. Embora o partido do Molusco se considere muito importante, afirmando que “o PT se tornou a principal força política do país em defesa da democracia, da soberania nacional e dos interesses populares”, o fato é que eles estão com grandes receios. E isso é especialmente verdade no que se refere às eleições municipais do próximo ano - que, para o PT, podem ser um verdadeiro tudo ou nada.
A grande pergunta, portanto, não é se a máfia petista vai tentar se manter no poder. A questão é: será que, seguindo essas resoluções recentemente divulgadas pelo próprio partido, a estratégia de manutenção do poder vai funcionar? E a verdade é que, provavelmente, toda essa ideia não vai dar em absolutamente nada. Isso porque tudo o que foi apresentado pela Resolução do PT é um grande conjunto das ideias mais batidas, em matéria de política, e que representam um modelo que já faliu há um bom tempo.
A esquerda, de forma geral, ainda não compreendeu o atual modelo de discussão política e formação de opinião. Eles ainda acham possível controlar o imaginário popular por meio de pautas demagógicas e cooptação política. A verdade, porém, é que, no atual cenário de informação barata e de rápida circulação, o debate político é realizado por milhares de agentes independentes, que expõem suas opiniões de maneira descentralizada. Resoluções, comitês, determinações partidárias, nada disso é relevante para os resultados políticos dos tempos atuais.
Pense, por exemplo, nos candidatos eleitos no ano passado. À exceção do próprio Lula, que é uma aberração jurídica acima de qualquer coisa, mesmo os candidatos de esquerda que se elegeram de forma expressiva, o fizeram por sua capacidade de atingir seu eleitorado, utilizando-se da informação descentralizada e distribuída. Ao divulgar seu maquiavélico plano de poder, o que o PT do Lula conseguiu foi, justamente, dar visibilidade às suas intenções. Agora, todos nós sabemos que não é teoria da conspiração: o Partido dos Trambiqueiros realmente quer se manter no poder de forma indefinida. Porém, para o bem de todos nós, é bem provável que, graças à informação descentralizada e distribuída, esse tiro saia pela culatra.
https://revistaoeste.com/politica/plan-pt-reeleger-lula-2026-detalhes/
https://pt.org.br/eleicoes-de-2024-defender-o-projeto-democratico-popular-e-fortalecer-o-governo-lula/