Como sempre acontece nesses casos, o governo da Venezuela traiu os termos do acordo e reforçou sua característica ditatorial. Típico de comunistas!
A Venezuela é mais um dentre vários países que, na atualidade, sofreram algum tipo de sanções econômicas, por parte dos Estados Unidos - e isso desde 2017. Nesse caso específico, ao contrário do que aponta o senso comum, não existe nenhum bloqueio contra o país em si. Os alvos são pessoas físicas, empresas e entidades petrolíferas, tanto dentro do país, quanto no exterior, que possuam ligações com a ditadura de Nicolás Maduro. A ideia é impedir que Maduro e seu regime lucrem com a exploração dos recursos materiais, sufocando a ditadura venezuelana por meio da falta de dinheiro.
Obviamente, ao contrário do que a esquerda gosta de propagandear, não foram essas sanções que arruinaram a Venezuela do ponto de vista econômico. A crise já vinha se desenvolvendo há anos, justamente por conta do problema do socialismo - ou seja, trata-se de um caso muito semelhante ao de Cuba. Além disso, os Estados Unidos continuaram, desde o início das sanções, enviando ajuda humanitária ao país - algo próximo de 1 bilhão de dólares, até o momento.
Porém, em meados de outubro, os Estados Unidos anunciaram a suspensão das sanções contra a Venezuela. E o grande motivo que levou a essa decisão foi um acordo político celebrado entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição política no país, a fim de garantir eleições presidenciais limpas no país em 2024. O acordo foi assinado em Babarbos, prevendo “a autorização de todos os candidatos presidenciais, desde que cumpram os requisitos estabelecidos pela lei”.
Além disso, também foi acordado que observadores internacionais poderão acompanhar as eleições e a contagem dos votos. Há ainda algo bastante importante: foi garantido - supostamente - o direito de voto para cidadãos venezuelanos que vivem fora do país. Como ¼ da população da Venezuela está, hoje, vivendo em outros países, e como esses refugiados certamente odeiam o Maduro, então você sabe bem porque eles atualmente não podem votar.
A partir da assinatura do acordo, as sanções contra a Venezuela foram parcialmente suspensas. O Departamento do Tesouro dos EUA passou a autorizar “transações relacionadas ao setor de petróleo, gás e ouro da Venezuela, além de eliminar a proibição do comércio secundário desses recursos”. Num primeiro momento, as medidas terão duração de 6 meses, para o setor de petróleo e gás. Também houve liberação para negociação, no mercado secundário, da dívida soberana da Venezuela - mas afinal de contas, quem quer comprar esse lixo? Houve, ainda, permissão de negociação de ações da PDVSA, a estatal de petróleo do país.
Por óbvio, o governo dos Estados Unidos impôs algumas condições para o levantamento das sanções. Segundo o pronunciamento oficial, “todos aqueles que queiram concorrer às eleições presidenciais devem ter a oportunidade e direito à igualdade de condições eleitorais, à liberdade de circulação e a garantias da sua segurança física”. O governo norte-americano também exigiu que a ditadura de Maduro começasse a libertar os cidadãos americanos e presos políticos presos injustamente na Venezuela.
É claro que essa decisão não agradou a todo o mundo político americano. Por ser uma medida tomada basicamente por lideranças democratas, ela foi muito criticada por congressistas republicanos. Porém, o subsecretário do Tesouro para Terrorismo e Inteligência Financeira dos Estados Unidos, Brian Nelson, afirmou que as medidas poderiam ser modificadas e revogadas, caso Maduro e seus aliados não cumprissem o acordo. Bem, isso meio que aconteceu - mas já vamos chegar nesse ponto.
Logo após o fim das sanções, como era de se esperar, os amiguinhos socialistas do Maduro aqui no Brasil se animaram bastante. A Petrobras, loteada mais uma vez pelo PT do Lula, deu a entender, por meio de seu presidente, que poderá fazer novos investimentos no setor do petróleo na Venezuela. A ideia é fazer uma série de investimentos conjuntos no país vizinho, que podem chegar à casa de algumas centenas de milhões de dólares. Como se a Venezuela, um país completamente falido, pudesse ser parceiro de alguma coisa!
A verdade, porém, é que uma parceria do tipo já foi firmada, no passado, entre o governo comunista da Venezuela e a esquerda petista brasileira. Foi a típica parceria caracu: a Venezuela entrou com a cara, e o Brasil… bem, você já sabe. Trata-se da Refinaria de Abreu e Lima, que foi construída exclusivamente para atender aos interesses do finado Hugo Chávez. A expectativa, quando da assinatura do contrato, era de que o projeto custasse US$ 2,5 bilhões, a serem divididos entre Brasil e Venezuela. No fim da história, o custo total foi quase 10 vezes maior - US$ 20 bilhões. E, adivinha só: o Brasil bancou a conta toda sozinho! Levamos um baita ferro nessa.
Voltando ao tal acordo entre a ditadura venezuelana e a oposição no país: é óbvio que Nicolás Maduro já tratou de sacanear o que foi combinado. No dia 22 de outubro, foram realizadas as eleições primárias da oposição, que garantiram uma vitória esmagadora a Maria Corina Machado, que por sinal vem sendo perseguida pelo governo venezuelano há tempos. Porém, a ditadura de Maduro, um tipo de democracia relativa que o Lula adora defender, não deixou essa história barato.
A Procuradoria Geral do país abriu uma investigação para apurar supostas fraudes nas votações das primárias. Logo na sequência, o Tribunal Supremo de Justiça, que é o STF de lá, determinou a suspensão de todos os efeitos das eleições primárias. Em outras palavras: trata-se de Nicolás Maduro recorrendo ao tapetão jurídico do país. O governo norte-americano já se manifestou a respeito do caso, dizendo que as sanções poderão retornar como antes, caso os absurdos continuem.
De qualquer forma, e independentemente do desenrolar das eleições na Venezuela, a tendência é que a situação por lá apenas se agrave. Não, isso não acontecerá por conta das sanções que, eventualmente, poderão ser retomadas. A culpa da tragédia venezuelana, de sua crise econômica e dos milhões de refugiados que abandonaram seus lares é, exclusivamente, do governo comunista ditatorial que comanda o país com mãos de ferro.
Era mais do que óbvio que a ditadura venezuelana não iria aceitar eleições limpas no país - porque Nicolás Maduro iria perder de lavada. Um regime despótico que se diz democracia só pode se manter no poder com pesadas fraudes eleitorais. Nesse aspecto, Venezuela, Cuba e Coreia do Norte não são tão diferentes assim. Aliás, esses países têm muito mais semelhanças que diferenças, justamente por conta da ideologia que os une: o comunismo.
Acordos políticos, levantamento de sanções, observadores internacionais: nada disso pode tirar a Venezuela do buraco em que se encontra. Enquanto houver um governo comunista controlando todas as instituições do país, não haverá esperanças para o povo venezuelano. Por lá, todos continuarão a ser duramente castigados por um regime que não rouba do povo apenas sua prosperidade econômica - ele lhe rouba, também, sua liberdade e sua dignidade.
A Venezuela precisa, com urgência, de liberdade, em todos os setores de sua sociedade. Apenas isso conseguirá devolver ao povo sofrido desse país as condições necessárias para prosperar e recuperar tudo o que foi perdido - ou melhor, roubado - pelos comunistas. Contudo, não é o estado quem vai proporcionar isso aos venezuelanos. Enquanto o querido amigo do Lula e sua gente continuarem à frente do país, nada vai mudar, de forma substancial. Infelizmente, dado o atual cenário, e o poder dessa ditadura, a liberdade do povo não virá por meio das vias democráticas. É pouco provável que Maduro permita que, conforme foi estipulado pelo acordo que ele já rasgou, as eleições sejam livres, limpas e auditadas de forma isenta.
Para nós, brasileiros, ficam dois importantes recados. O primeiro deles é o de que o nosso governo, definitivamente, apoia o que há de pior e mais ditatorial no mundo. Hamas, Irã, China e Rússia são apenas alguns exemplos. No caso da Venezuela, a coisa é ainda pior, dado o histórico quase promíscuo da relação entre os governos petistas e a ditadura chavista, isso sem mencionar Cuba. Basta nos lembrarmos que, poucos meses atrás, Nicolás Maduro foi recebido com honras de estado aqui, em terras brasileiras. E por incrível que pareça, aqueles que chamam todos os que pensam diferente de fascistas, de nada protestaram contra a vinda do ditador.
Já o segundo recado se relaciona ao comunismo em si. Existem vários meios que possibilitam a instauração desse sistema ideológico e político em um país. Existe a via revolucionária, a via progressista e a via populista. A Venezuela adotou esta última, quando da primeira eleição de Hugo Chávez. O que se seguiu a isso, porém, foi uma escalada ditatorial que condenou milhões de venezuelanos à miséria e à perda de suas liberdades. É preciso estarmos sempre atentos a todas as ações de um governo com tendências à esquerda - o discurso e as promessas soam até atraente para alguns, mas a consequência é desastrosa. Por trás de qualquer medida populista, lá estará um desejo incontrolável de ocupar todos os espaços e cooptar a máquina estatal para transformá-la em uma cruel ditadura comunista.
Sobre a natureza tirânica e intolerante do comunismo, trazemos aqui a frase do economista e defensor da liberdade, Ludwig von Mises:
“É uma ilusão acreditar que um sistema de socialismo planejado pode ser operado de acordo com métodos democráticos de governo”.
https://share.america.gov/pt-br/por-que-os-eua-impoem-sancoes-a-venezuela/
https://www.gazetadopovo.com.br/politica/republica/calote-corrupcao-e-fracasso-a-obra-que-e-simbolo-da-relacao-entre-pt-e-venezuela-3uc9rtlj5fh1y6dtjzka1my4q/