Seu futuro não interessa ao estado!
O senhor Luiz, ao longo de trinta e cinco anos, reservou parte do seu suado salário em uma conta aberta especificamente para sua aposentadoria. Venezuelano comum, honesto e trabalhador, acreditava na necessidade de abdicar de certas comodidades no presente, em prol de uma tranquilidade no futuro. A preferência temporal é crucial, mas não é o bastante. Por isso, é preciso enxergar o estado como ele realmente é: perverso, defende apenas os próprios interesses e não hesita em sacrificar o futuro alheio para garantir o seu próprio.
Às vésperas da aposentadoria, o senhor Luiz constatou que o montante "guardado" em uma instituição bancária de sua confiança seria o suficiente para adquirir vários carros populares, proporcionando-lhe uma segurança financeira para os anos vindouros. Era meados de 2010, pouco tempo depois Hugo Chavez morreria e a tormenta inflacionária se instalaria completamente naquele país.
Luiz testemunhou a crise econômica se agravar. Mesmo buscando oportunidades extras de trabalho, ele optou por gerir com cautela os recursos poupados. Em pouco mais de sete anos, ele viu todo o dinheiro que havia guardado ao longo de tantos anos perder quase que completamente seu poder de compra. Atualmente, o montante remanescente na mesma agência bancária, na mesma conta aberta há tantos anos, consegue comprar apenas uma bicicleta e meia. Seu Luiz sobrevive das doações dadas periodicamente pelo governo, mas é necessário se cadastrar e participar das manifestações pró partido quando requisitado. Seu luiz sente que não tem mais forças.
A preferência temporal é um conceito econômico que reflete a tendência das pessoas em valorizar mais o consumo no presente do que no futuro. Isso significa que indivíduos geralmente preferem consumir agora em vez de adiar para o futuro. No contexto da poupança para a aposentadoria, compreender a preferência temporal é essencial, pois influencia as decisões de investimento e alocação de recursos ao longo do tempo.
Segundo Renato Amoedo, eu sua icônica obra: Bitcoin Redpill: O renascimento Moral, material e tecnológico: A baixa preferência temporal é quando o indivíduo não possui visão de longo prazo. Ao não desfrutar de um bem no presente, a pessoa está disposta a algum sacrifício (poupar é sempre um ato de sacrifício) para adiar o usufruto desses bens no presente. Por isso, ao consumir pouco, a pessoa tem a preferência temporal baixa, permitindo que haja mais bens disponíveis para ser emprestados e aplicados em processos de investimento. Alta preferência, por sua vez, é quando a pessoa possui visão de curto prazo. A pessoa se torna uma consumista, voltada sempre ao tempo presente e avessa à poupança.
Os fundos de pensão são veículos de investimento criados para acumular recursos financeiros ao longo da vida laboral de um indivíduo, visando garantir uma renda estável durante a aposentadoria. Esses fundos são geridos por entidades especializadas que investem os recursos dos participantes em diversos ativos financeiros com o objetivo de obter retornos sustentáveis no longo prazo. A escolha dos ativos nos quais os fundos de pensão investem desempenha um papel crucial na segurança e rentabilidade das pensões futuras.
Histórias de maus investimentos por parte de fundos de pensão não são incomuns e servem como alerta sobre os riscos associados à má gestão financeira. Um exemplo é o caso da Enron Corporation nos Estados Unidos (2012, link na descrição), no qual o fundo de pensão da empresa investiu pesadamente em ações da própria companhia, resultando em perdas significativas para os funcionários quando a empresa faliu.
Outro exemplo emblemático de escândalo que afetou fundos de pensão, desta vez devido a práticas corruptas envolveu as fundações de previdência complementar ligadas a importantes instituições, como a Petrobrás, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e os Correios. Nesse caso, políticos sob investigação teriam estabelecido um esquema para obter vantagens financeiras em troca da aprovação de investimentos dos fundos de pensão, resultando em prejuízos expressivos para essas entidades (link na descrição). Os desdobramentos dessas condutas ilícitas incluíram a cobrança de taxas indevidas e a negociação de propinas, como evidenciado no caso da Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil, no qual diretores da empresa Sete Brasil teriam recebido valores ilícitos após a celebração de contratos.
Um último exemplo: Junho de 2023, matéria do site band.uol.com.br: “Rombo da Americanas é próximo a R$ 50 bilhões, aponta relatório: Tamanho da fraude está em documento elaborado por assessores jurídicos, baseado em documentos de um comitê de investigação independente”
Outra matéria, desta vez publicada pelo site Infomoney em janeiro de 2024, traz a informação de que vários fundos de pensão brasileiros tinham exposição à Americanas através de títulos de dívida ou de fundos que investiam em ações da companhia. Segundo a Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar), órgão do governo federal que supervisiona os fundos de pensão do país, se cumprido o plano de recuperação judicial da companhia, aprovado pelos credores em dezembro do ano passado, estima-se que até 60% do valor pode ser retomado. Isto é, caso a recuperação judicial ocorra dentro dos conformes e seguindo todos os trâmites e burocracias legais, no máximo 60% do valor dos fundos poderão retornar, tanto na forma de ressarcimento com desconto (menor parte) quanto na forma de conversão de parte da dívida em ações e outra parte em dívida nova.
Ao considerar o futuro financeiro e a segurança na aposentadoria, é essencial que os indivíduos façam escolhas conscientes sobre onde e como investir seus recursos. Optar por poupar em moeda forte, diversificar os investimentos e monitorar atentamente as decisões dos gestores dos fundos de pensão são os conselhos geralmente oferecidos pelos especialistas em economia e áreas afins e consideradas medidas prudentes para garantir uma base sólida para desfrutar dos anos dourados com tranquilidade financeira. Cada dia, no entanto, torna-se mais difícil depositar confiança nos sistemas que têm demonstrado uma simbiose estranha com o estado.
A pergunta que emerge é: onde, então, devemos depositar nossa esperança e nossas economias para garantir o mínimo de conforto no futuro? Diante das opções disponíveis, o Bitcoin desponta como a resposta moral, técnica, filosófica e deflacionária.
O Bitcoin é considerado deflacionário devido à sua oferta limitada e ao mecanismo de halving, que controla a inflação da criptomoeda. Satoshi Nakamoto, o criador do Bitcoin, estabeleceu um limite máximo de 21 milhões de bitcoins que podem ser minerados. O halving, um evento programado que ocorre aproximadamente a cada quatro anos, reduz pela metade a produção de novas moedas Bitcoin. Com a diminuição da criação de novas unidades, a tendência é que a demanda aumente, o que pode resultar em uma valorização da moeda. Os ciclos anteriores de halving do Bitcoin demonstraram uma valorização da criptomoeda, tornando-a um ativo deflacionário no sentido de que sua oferta é controlada e limitada, o que contrasta com as políticas monetárias tradicionais dos governos que podem imprimir mais moeda, levando à inflação.
O caro ouvinte não precisa apostar na subida do Bitcoin para começar a poupar nessa moeda. Basta abrir os olhos e perceber que há grandes chances de nos próximos anos o real se desvalorizar frente a todas as moedas globais, incluindo o dólar e o próprio bitcoin. O mesmo caminho percorrido pela Venezuela e tanto outros países ao longo da história está sendo percorrido agora pelo Brasil e estar alheio aos eventos sem reagir é uma sentença à pobreza e servidão. Poupar em Bitcoin não é apenas garantir que o poder de compra se mantenha ao longo do tempo, mas também desinvestir neste estado que cada dia mais suga recursos, expropria de quem cria, favorece compadrios e impõe controle e violência. Acumular em reais é financiar a perversão, os gastos exorbitantes estatais, os desvios de verbas, a justiça injusta, a saúde que não cura.
https://www.infomoney.com.br/onde-investir/fundos-de-pensao-tiveram-perda-de-r-956-milhoes-com-papeis-da-americanas/#:~:text=Em%20recupera%C3%A7%C3%A3o-,Fundos%20de%20pens%C3%A3o%20tiveram%20perda%20de%20R,milh%C3%B5es%20com%20pap%C3%A9is%20da%20Americanas&text=Os%20fundos%20de%20pens%C3%A3o%20do,em%20janeiro%20do%20ano%20passado.
https://www.band.uol.com.br/bandnews-fm/noticias/rombo-da-americanas-e-proximo-a-r-50-bilhoes-aponta-relatorio-16609462
https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2023/07/11/internas_economia,1518711/entenda-o-que-e-deflacao-e-o-que-isso-representa-para-a-economia.shtml
https://inteligenciafinanceira.com.br/mercado-financeiro/economia/halving-entenda-o-movimento-que-controla-a-inflacao-do-bitcoin/
https://www.brasilparalelo.com.br/artigos/inflacao-na-venezuela
https://www.estadao.com.br/economia/o-escandalo-da-enron-saiba-o-que-esta-acontecendo/#:~:text=Gigante%20do%20setor%20el%C3%A9trico%20americano,de%20mais%20de%20US%24%2013
https://www.jusbrasil.com.br/noticias/a-corrupcao-em-fundos-de-pensao/366408948