mark zuckerberg: a FAVOR da LIBERDADE de EXPRESSÃO

Assim como em 2023 ninguém imaginava que a Argentina elegeria um libertário como presidente, em 2025 ninguém imaginou que o Facebook se tornaria um ambiente de liberdade de expressão

A checagem de fatos nas redes sociais, conduzida por especialistas e jornalistas, está com os dias contados. Agora, as plataformas estão adotando um modelo de "notas da comunidade", onde os próprios usuários poderão contribuir para validar ou contestar informações. Inspirado no sistema implementado pelo X (antigo Twitter), o novo modelo foi saudado por muitos como um avanço em direção à liberdade de expressão, mas não sem polêmicas.

Por anos, a checagem de fatos foi utilizada como uma ferramenta para combater a desinformação, mas também se tornou um campo minado. Críticos apontavam que grande parte desse trabalho era conduzida por jornalistas de viés claramente progressista, resultando em uma narrativa que favorecia um lado específico do espectro político. O ápice das críticas veio durante a crise sanitária, quando informações sobre os efeitos colaterais das vacinas eram rotineiramente suprimidas. Mark Zuckerberg, CEO da Meta, admitiu recentemente que sua empresa foi pressionada pela administração de Joe Biden a remover conteúdos que, segundo ele, eram “honestamente verdadeiros”.

Esse episódio, que incluiu até advertências enérgicas e acusações aos berros de representantes da Casa Branca, deixou marcas profundas na Meta. A remoção de memes e publicações de usuários que questionavam a narrativa oficial se tornou uma rotina, mas também alimentou um crescente descontentamento entre os defensores da liberdade. Foi esse ambiente tóxico que, segundo Zuckerberg, catalisou a decisão de implementar as "notas da comunidade".

A mudança, embora sutil na superfície, representa uma ruptura com o modelo tradicional de controle da informação. Sai de cena a centralização nas mãos de "especialistas" e entra um sistema que, embora imperfeito, promove o debate aberto e a descentralização. Para muitos, é uma forma de devolver o poder ao público, permitindo que as ideias sobrevivam ou caiam por mérito próprio, não por imposição de uma narrativa dominante.

Se esse novo sistema conseguirá equilibrar liberdade e responsabilidade, ainda é cedo para dizer. Mas, como sempre, quando o establishment perde o controle sobre a narrativa, surgem aqueles que tentam rotular o avanço como perigoso. Afinal, para quem se beneficia da censura, a liberdade é sempre uma ameaça.

A reeleição de Donald Trump em 2024 parece ter sido um dos fatores decisivos para a mudança de postura de Mark Zuckerberg e da Meta. Durante a campanha, ficou evidente que o cenário de censura nas redes sociais, que marcou as eleições anteriores, não poderia se repetir sem consequências graves para a credibilidade das plataformas. Naquele momento, as big techs, incluindo a Meta, estavam sob intenso escrutínio, acusadas de manipular o discurso público ao rotular informações como "desinformação" e suprimir vozes conservadoras.

A vitória de Trump, apesar desse ambiente hostil, demonstrou que o público estava disposto a rejeitar a narrativa controlada pelos gigantes da tecnologia. Zuckerberg, que já vinha enfrentando críticas tanto de conservadores quanto de liberais, parece ter reconhecido a necessidade de ajustar a rota. Ao implementar as "notas da comunidade", ele envia uma mensagem clara: a Meta quer se afastar do papel de árbitro da verdade, permitindo que os próprios usuários participem mais ativamente do controle das informações compartilhadas na plataforma.

Essa decisão, no entanto, não foi tomada sem controvérsias. Para muitos, as "notas da comunidade" representam uma tentativa de descentralizar o poder de decisão sobre o que é ou não verdadeiro, mas para outros, é uma capitulação à desinformação e ao populismo digital. A administração Biden, que passou os últimos anos pressionando as big techs para controlar o discurso online, certamente não recebeu bem essa mudança.

Zuckerberg parece ter aprendido uma lição importante: a censura desenfreada não só mina a confiança do público como também alimenta o ressentimento contra as instituições, sejam elas governamentais ou corporativas. A pandemia de Covid-19 foi um divisor de águas nesse sentido, com a remoção de conteúdos que mais tarde se provaram verdadeiros – um erro que deixou claro o quão problemático é concentrar o poder de decisão sobre a verdade em poucas mãos.

A reeleição de Trump e as tensões políticas dos últimos anos são, em última análise, um reflexo de uma batalha cultural maior: liberdade de expressão contra controle narrativo. E, neste cenário, as "notas da comunidade" representam uma tentativa – imperfeita, mas ousada – de equilibrar esses dois lados, devolvendo ao público o poder de decidir o que merece ser ouvido.

Aqui no Brasil, a mudança promovida por Zuckerberg e pela Meta não foi vista com bons olhos por figuras do establishment, particularmente pelo STF, que já demonstrou inclinações em atuar como árbitro do que pode ou não ser dito na internet. A implementação de sistemas como as "notas da comunidade" representa uma ameaça direta ao controle narrativo que essas instituições tentam manter sob o pretexto de combater fake news. É inegável que, com a vitória de Trump nos EUA e o avanço de movimentos que priorizam a liberdade de expressão, o STF começa a sentir que pode estar perdendo o poder que tanto se esforçou para consolidar no ambiente digital.

A questão que se coloca agora é: será que figuras do poder no Brasil buscarão adaptar as estratégias que já foram testadas em plataformas como o X e tentarão pressionar o YouTube e outras redes para retomar o controle? Não seria surpresa se tentassem implementar aqui algo semelhante ao que já vimos nos EUA durante a pandemia, com a remoção de conteúdos "inconvenientes" e a censura de vozes que desafiam a narrativa oficial.

O YouTube, que tem sido alvo de críticas por sua moderação agressiva e por suprimir criadores de conteúdo que falam contra o establishment, pode estar observando de perto as mudanças no X e na Meta. Há indícios de que a plataforma está sob pressão para rever sua abordagem, talvez caminhando na mesma direção de descentralização. Afinal, a imposição de censura tem um custo alto: a perda de confiança dos usuários e o risco de fragmentação do público para plataformas concorrentes mais abertas.

Por outro lado, o ambiente no Brasil é peculiar. A narrativa de "proteger a democracia" tem sido usada como justificativa para uma série de intervenções nas redes sociais, e o STF parece disposto a usar todas as ferramentas à sua disposição para manter seu domínio sobre o discurso público. A recente tentativa de criminalizar memes, censurar conteúdos críticos e monitorar redes sociais sob a bandeira do combate à desinformação são sinais claros de que o controle está longe de ser abandonado sem resistência.

Se o YouTube decidir adotar uma postura mais descentralizada, como as "notas da comunidade", é provável que enfrente ainda mais pressão das autoridades brasileiras, que veem o discurso livre como uma ameaça ao status quo. No entanto, uma coisa é certa: o mundo está mudando, e o Brasil não está imune a essas transformações. A tentativa de controlar o discurso à força pode até ter sucesso temporário, mas, como nos EUA, o efeito colateral será um público cada vez mais desconfiado e disposto a buscar alternativas.

O cenário é, portanto, um campo de batalha. De um lado, temos instituições desesperadas para manter o controle. Do outro, um movimento crescente em defesa da liberdade de expressão. A pergunta que resta é: até onde irão aqueles que se sentem ameaçados por perder o monopólio da verdade?

Referências:

https://www.cartacapital.com.br/opiniao/a-liberdade-de-expressao-de-zuckerberg-nao-e-a-mesma-que-a-sua/