26 Jan. 2024
Escritor: QuintEssência
Revisor: Historiador Libertario
Narrador: Paula Sousa
Produtor: QuintEssência

Governo do RIO GRANDE DO SUL vai construir NOVA PONTE do lado da ponte feita pela POPULAÇÃO

Você certamente já acompanhou o começo desse caso - lá no canal AncapSu, com o Peter Turguniev, ou com o Raphael Lima, no canal Ideias Radicais. Trata-se de uma história que teve lugar no município de Nova Roma do Sul, no estado do Rio Grande do Sul. Fazendo jus aos moradores da Roma original, os habitantes dessa pequena cidade gaúcha tomaram a iniciativa de fazer o que o governo estadual foi incapaz de fazer: eles resolveram construir uma ponte de qualidade, ligando a cidade à vizinha Farroupilha. Vamos dar um pouco de contexto para esse caso; mas a história avançou um pouco mais, para além da notícia original.

Acontece que a ponte que originalmente ligava as cidades, e que era a principal via de acesso à Nova Roma, havia sido destruída pelas cheias, em setembro do ano passado. Por conta disso, a cidade ficou praticamente isolada: seu acesso se dava, até então, apenas por 2 estradas - um percurso que consumia 2 horas a mais de trajeto. Há também o serviço de balsas que atravessam o rio; mas elas simplesmente param de atender ao público, quando o rio enchia.

Toda essa situação ocasionou grandes prejuízos para a cidade, e para os seus 4 mil habitantes. Praticamente toda a economia do município passava pela ponte original; e essa situação se tornava ainda mais crítica, quando se considera que, em breve, os habitantes fariam a colheita de mais de 40 mil toneladas de uva. Embora a necessidade do povo fosse evidente, o governo estadual, liderado pelo Sr. Eduardo Leite, estava demorando demais para fazer a obra - como sempre acontece.

Na verdade, nem mesmo a licitação havia sido realizada - o projeto ainda estava na fase de planejamento. A promessa do governo estadual era de entregar a nova ponte apenas em dezembro de 2024 - sim, 15 meses depois da queda da primeira ponte. Isso, é claro, se não houvesse atrasos - coisas típicas de obras estatais.

Por isso, os moradores da cidade resolveram colocar a mão na massa. Foi criada, inclusive, uma organização para esse fim - a Associação Amigos de Nova Roma do Sul. Por meio de rifas, doações e outras formas de financiamento voluntário, a associação conseguiu arrecadar R$ 7 milhões de reais. Praticamente todo mundo participou da vaquinha; até mesmo desempregados colaboraram com centavos, via PIX. Assim, a Associação juntou a grana e contratou uma empresa de engenharia, que projetou e construiu a nova ponte, com 400 toneladas de aço e concreto. E, acredite ou não: a obra custou menos de R$ 6 milhões.

A ponte, após concluída, recebeu dos moradores o nome de Ponte Nossa Senhora de Caravaggio. Olha só, que coisa: uma obra feita sem a intervenção do estado e que recebeu um nome católico? Giga Chad demais! A inauguração da ponte já foi feita e, segundo os moradores, foi acompanhada por 5 mil pessoas. A estrutura, que já é um grande sucesso, suportou a passagem de mais de 7 mil veículos em seus dois primeiros dias de funcionamento. De forma geral, pode-se dizer que esse caso representa um exemplo claro da união popular em prol de um bem comum. De forma voluntária, a população local se uniu para resolver um desastre em poucos meses.

Porém, não estaríamos falando do Brasil se a coisa parasse por aí - apenas com o povo tendo que agir, onde o poder estatal falhou. Seria uma situação muito normal, mais uma terça-feira qualquer. Faltava, ainda, a parte em que o estado, que não havia feito absolutamente nada em favor dos moradores até então, resolve traquinar um pouco mais. Acontece que, com o desfecho da situação, tanto a mídia quanto a oposição caíram matando no governo estadual - afinal de contas, o povo resolveu o problema sem a ajuda dos burocratas. Portanto, para não ficar por baixo, o governador Eduardo Leite afirmou que seu governo irá construir uma nova ponte, do lado daquela que foi feita pelo povo.

Pois é: depois de não ter resolvido o problema, agora o governo vai torrar dinheiro para construir uma estrutura cara e inútil. Segundo o governador, é claro, essa ponte vai ser muito melhor que aquela feita pelos populares: vai ter 2 vias, acostamento, e vai suportar veículos de até 45 toneladas. E, por isso, ela vai obviamente ser muito mais cara. Eduardo Leite fez questão de frisar esse ponto, provavelmente por antever as críticas que vai receber a esse respeito. É que o governo municipal estimava a obra original em R$ 25 milhões - sim, quase 5 vezes mais grana do que o montante gasto pela população.

Na sequência, o Daer do Rio Grande do Sul, o órgão responsável por esse tipo de questão, tratou logo de desmerecer o que povo de Nova Roma fez. Segundo o órgão, a nova estrutura, a ser construída pelo poder público, vai seguir, segundo a nota: “padrões técnicos de qualidade, também atenderá às necessidades logísticas do município, possibilitando o tráfego de cargas e de passageiros que a estrutura atual não comporta”. Ou seja: nossa ponte vai ser muito melhor que a do povo - pode confiar, amiguinho!

Só que - acredite ou não - essa nova obra pública não tem mais previsão de início, muito menos de conclusão - porque, uma vez que o povo já resolveu o problema, a nova ponte não é mais urgente. Pois é. O Daer também se gabou, afirmando que a ponte do povo só pôde ser construída porque o governo de Eduardo Leite “alterou o traçado da rodovia estadual que leva à estrutura, que passou a integrar a malha rodoviária municipal”. Sem isso, supostamente, não seria possível construir a estrutura, porque o traçado anterior não suportaria caminhões pesados. Grande bosta!

Esse tipo de atitude, por parte do governo gaúcho, era bastante previsível, por 2 motivos. Em primeiro lugar, o estado simplesmente não iria deixar essa situação passar batida. O governo precisa mostrar serviço, para fingir que é importante para a vida em sociedade, e para impedir que o povo perceba que, na verdade, não depende do estado para nada. E, em segundo lugar: como ficaria a roubalheira estatal numa situação dessas? Até parece que os políticos iriam abrir mão de uma obra pública milionária, com tudo o que ela traz consigo - licitações, contratos e seus lucrativos aditivos!

Veja, portanto, que resolver os problemas da população nunca foi a prioridade do estado. Isso é uma grande balela, uma enganação - um teatro para tentar justificar a existência desse ente parasitário e antiético. As urgências do povo de Nova Roma foram deixadas de lado pela incompetência e pela burocracia estatais. Se não fosse o povo da cidade, a situação ainda seria a mesma.

Portanto, o caso da Ponte Nossa Senhora de Caravaggio nos demonstra 2 verdades inegáveis. Primeiro, o fato de que o governo não existe para resolver os problemas do povo, mas sim para atender aos seus próprios interesses, e aos interesses dos amigos do rei. Estamos falando, é claro, de políticos, empreiteiros, burocratas, dentre outros. E segundo, percebemos também a verdade de que o povo não precisa do governo para resolver os seus problemas - afinal, essas mobilizações populares em prol de uma causa em comum têm sido bem-sucedidas. Sabe aquela clássica pergunta, a respeito de quem construiria as estradas no Ancapistão? Pois é: aí está a resposta. Aliás, o povo de Nova Roma do Sul continua arrecadando recursos para construir mais estruturas e prédios que a cidade demanda. O céu é o limite para a iniciativa privada!

A ponte de Nova Roma do Sul, de fato, responde a todas as objeções colocadas contra uma sociedade libertária. Trata-se de uma solução para um problema local que se fez necessária e que foi abraçada por toda a população. É claro que alguém pode dizer: “Mas tem gente que não colaborou, mas que vai acabar usando, às custas dos outros”. Mas, e daí? Nem a associação, nem os demais moradores se sentiram prejudicados por isso. Muito pior é o estado, no qual todos precisam colaborar contra sua própria vontade, e onde, no fim das contas, ninguém é atendido em suas demandas.

Em contraponto à eficiência da iniciativa privada e descentralizada de Nova Roma, temos a burocracia ineficiente do governo gaúcho, que vai iniciar o projeto de uma estrutura redundante, apenas para não dar o braço a torcer. Veja que não apenas as demandas do povo daquela pequena cidade não foram atendidas: agora, todo o povo gaúcho terá que arcar com os custos da construção de uma ponte que, ao que tudo indica, não se faz mais necessária. Mas isso nem chega a nos surpreender. Afinal de contas, quem, além do estado, seria capaz de construir uma ponte do lado de outra ponte que acabou de ser construída?

Referências:

https://www.gazetadopovo.com.br/brasil/moradores-reconstroem-ponte-destruida-rs-apos-lentidao-governo/?ref=link-interno-materia https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2024/01/20/ponte-construida-com-financiamento-comunitario-e-inaugurada-em-nova-roma-do-sul.ghtml https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2024/01/20/ponte-construida-com-financiamento-comunitario-e-inaugurada-em-nova-roma-do-sul.ghtml

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