INFLAÇÃO ALTA no REINO UNIDO prejudica até mesmo OS DIVÓRCIOS: nem a VIDA DE CASADO escapa do ESTADO

A inflação no Reino Unido tem obrigado casais a permanecerem casados, mesmo quando o amor acaba. Isso sim que é governo do Amor!

Uma situação no mínimo inusitada tem sido observada no Reino Unido - e um contexto estatístico pode nos ajudar a entender o quão curioso é esse caso. Entre os britânicos, as taxas de infelicidade no casamento têm subido de forma constante. Seja lá o que queira dizer esse tipo de estatística pra lá de enviesada, as pesquisas demonstram que, atualmente, 6% dos britânicos afirmam estar infelizes em seu relacionamento. Esse tipo de estatística pode levar a crer que, como consequência, veremos o número de divórcios crescendo naquele país, não é mesmo?
Além disso, desde 2022, com a aprovação da "Lei de Divórcio, Dissolução e Separação", do ponto de vista burocrático, ficou muito mais fácil terminar um casamento por lá. Coisas como a necessidade de um dos cônjuges apresentar provas de culpa da outra parte para que o divórcio fosse levado adiante foram extintas com essa nova lei. Ou seja: não só os britânicos estão menos felizes com seus relacionamentos, como se divorciar no Reino Unido é, agora, algo muito mais simples do que no passado. Essa soma de fatores, sem dúvidas, deve ter provocado um aumento dos casos de divórcio por lá, não é mesmo? 
Bem, na verdade não. O fato é que a taxa de divórcio no Reino Unido está no menor patamar em mais de meio século! Em 2022, o número total de divórcios caiu 30%, em relação ao ano anterior - foram 80 mil términos de casamento, igualando o mesmo patamar de 1971. A título de comparação: em 2021, foram realizados 113 mil divórcios no Reino Unido. 
Mas o que está causando esse cenário que, sob um aspecto lógico, chega a ser paradoxal? A resposta para essa pergunta é bastante simples: a ação intervencionista do estado na vida das pessoas. Ou, simplificando ainda mais: inflação. Uma recente pesquisa demonstrou que 30% dos casais britânicos ainda mantinham seus relacionamentos por simplesmente não ter condições financeiras para se separar, neste momento. Não se trata, portanto, de uma questão sentimental, ou afetiva; é um problema de custo de vida mesmo.
E isso é bastante simples de entender: é mais fácil e barato manter um padrão de vida a 2, do que manter esse exato mesmo padrão de vida, sendo solteiro. Como a inflação vem corroendo o poder aquisitivo dos britânicos há um bom tempo, os preços escalaram para níveis quase proibitivos. Assim, qualquer casal que esteja passando por uma crise conjugal vai colocar, na balança do divórcio, o custo de manter suas vidas separadas.
Diversos especialistas britânicos possuem essa mesma compreensão. Segundo uma estudiosa do caso, ligada a empresas de previdência e pensões: "Os desafios financeiros relacionados ao início da crise do custo de vida [..] são um provável contribuinte para a queda nas taxas de divórcio, já que muitos casais podem ter considerado os benefícios econômicos de permanecer juntos". Outro especialista ainda afirmou: a redução no número de divórcios “é uma diminuição sem precedentes, refletindo potencialmente a sensação geral de incerteza econômica que estamos enfrentando atualmente".
Inclusive, existem números bastante interessantes, e que explicam esse fenômeno de forma inegável. De acordo com pesquisa realizada pela empresa britânica de investimentos Legal & General, 19% dos divórcios no país foram adiados, nos últimos meses, por conta de problemas financeiros. A chamada "crise do custo de vida", um nome pomposo para o problema inflacionário, teria adiado pelo menos 270 mil divórcios, de 2020 para cá.
A verdade é que, tal como acontece em vários países da Europa Ocidental, é cada vez mais difícil viver sozinho no Reino Unido. Pense a respeito desse ponto: um casal divide a mesma casa - ou seja, eles dividem a conta do aluguel. No caso de uma separação, cada um dos cônjuges terá que arcar com esse custo. E, ainda que o imóvel locado por cada um seja menor do que aquele ocupado durante o casamento, o somatório dos aluguéis certamente será maior que o valor anteriormente custeado por ambos.
E, de maneira geral, o custo dos aluguéis tem aumentado de forma constante no Reino Unido. Nos últimos 12 meses, ficou cerca de 9% mais caro alugar uma casa - uma taxa superior à média da inflação e muito maior que a correção salarial, no mesmo período. À semelhança de outras áreas na Europa, o encarecimento dos aluguéis se deve à escassez de imóveis - algo que, por sua vez, também complica a decisão pelo divórcio.
Da mesma forma, a vida em casal tende a reduzir outros custos, como consumo de energia elétrica, alimentação e transporte. A soma desses gastos em 2 residências com moradores solteiros tende a ser maior do que o total de gastos com uma única residência com um casal. Nesse sentido, mesmo casais decadentes preferem manter seu relacionamento, por pura conveniência financeira.
E esse problema também já pode ser mensurado, através de estatísticas recentes que abordam esse problema. Os números indicam para o fato de que quase metade dos divorciados britânicos, nos últimos anos, viram sua renda despencar em mais de 30% - o que representa uma redução de renda na ordem de 10 mil libras por ano, em média. Isso está longe de ser um valor desprezível!
O mais curioso de tudo, porém, é o fato de que a inflação, antes de bagunçar os divórcios, também já tinha piorado os casamentos - ou melhor, as cerimônias matrimoniais. O custo de uma festa de casamento no Reino Unido saltou de uma média 17 mil libras em 2021 para mais de 20 mil libras em 2024. Fora, é claro, todos os outros custos relativos a ter uma vida de casal e assumir as responsabilidades de uma vida adulta.
A inflação também piorou a manutenção dos relacionamentos, em si. Como é de conhecimento geral, os problemas financeiros estão entre os principais motivadores do divórcio. Na medida em que o custo de vida aumentou, no Reino Unido, sem que a renda média do britânico subisse no mesmo ritmo, então a sensação de infelicidade no casamento também cresceu. Hoje, é esperado que uma parte considerável dos casamentos britânicos não cheguem aos 10 anos de existência.
Percebe o absurdo? A inflação - que nada mais é do que o aumento da base monetária, tendo por consequência mais imediata a desvalorização da moeda e o aumento dos preços, - promovida pelo estado, influencia coisas tão particulares, quanto os relacionamentos. Não se trata, apenas, de números e papo de economista: estamos falando de algo extremamente sensível, que impacta nas escolhas de vidas que as pessoas fazem. Pois é, até nisso o estado atrapalha a sociedade.
A inflação britânica tem sido, de fato, um show de horrores à parte. Em 2022, a taxa oficial atingiu níveis latinoamericanos - superando os 11%. Embora as taxas tenham sido recentemente reduzidas para perto do centro da meta, de 2%, a verdade é que o estrago já foi feito - e o poder aquisitivo dos britânicos não acompanhou o crescimento dos preços. E isso, obviamente, é culpa do estado - que imprime dinheiro, interfere na economia e distorce as relações comerciais e de preços.
Hoje, o poder de compra de um britânico é inferior aos patamares de 2019, porque sua renda pode até ter subido nesse período - só que os preços subiram ainda mais. Por conta da ação estatal, o povo ficou mais pobre, num espaço de tempo de 5 anos. E, agora, o britânico precisa escolher entre sair de um relacionamento ruim e ficar ainda mais pobre, ou conservar seu atual poder aquisitivo, já deteriorado, mantendo um casamento que, na prática, não existe mais.
E se você quiser, podemos aprofundar ainda mais essa análise, considerando o papel do estado na própria constituição familiar - especialmente no Ocidente. As medidas assistencialistas, promovidas pelo chamado “estado de bem-estar social” serviram para desestruturar, ao longo de décadas, o arranjo social vencedor que levou a civilização ocidental a ser a mais desenvolvida do mundo.
Hoje, gerações inteiras se tornaram dependentes do estado, ao invés de confiar em seus laços familiares - avós, pais, filhos e cônjuges. A família se tornou descartável, na medida em que as benesses prometidas pelo estado - como bolsas, programas assistenciais, previdência social, saúde e educação gratuitas - eram mais acessíveis e, ao mesmo tempo, menos trabalhosas. O resultado disso é que a estrutura familiar foi para o saco, no decorrer do século 20, enquanto que problemas sociais relacionados à ausência de um núcleo familiar se tornaram mais evidentes.
Hoje, contudo, o estado de bem-estar social se mostrou um fracasso completo - e todos aqueles que acreditaram nessa promessa se deram mal. Casamentos mal planejados agora se revelam um tremendo problema; mas os cônjuges não conseguem abandoná-los por conta da armadilha econômica criada pelo próprio estado. Essas pessoas acreditaram na liberdade - ou melhor, na libertinagem - prometida pelos políticos; agora, elas aprendem, na prática, o que significa a escravidão monetária promovida pelo estado.
A curiosa situação dos divórcios no Reino Unido nos dá conta de que, em primeiro lugar, o estado realmente conseguiu destruir a família, como a conhecemos. E, em segundo lugar, que os problemas econômicos das economias desenvolvidas são piores do que nós imaginamos. Hoje, os britânicos preferem dividir o teto com uma pessoa que não suportam mais, do que encarar uma vida de solteiro, com todos os custos acessórios. Se essa lição não for suficiente para as pessoas entenderem que o estado deveria ficar longe das famílias, deveria ser suficiente, pelo menos, para as pessoas compreenderem que o estado deveria ficar longe do nosso dinheiro. Mas e se tiver a opção do estado ficar longe de nós em todos os aspectos da vida? "Ah se tivesse esse botão eu apertava na hora", diria Rothbard.
Essa é a triste lição, não contada pelas gerações passadas, e que tivemos que aprender sozinhos a duras penas: não dá pra confiar no estado! E quem confia, entra em um vórtice que vai te tragar para a escravidão.
A soberania individual passa por fazer boas parcerias e isso também vale para o casamento, quando dentro de um propósito de vida compartilhado, as pessoas se unem para atingir níveis mais elevados, sendo o maior deles a geração de filhos. Sim a nova geração, aqueles que vão pegar o bastão e tocar a humanidade em frente, assim como cada um de nós pegou seu bastão e aqui estamos na luta!
E para continuar nesse assunto, veja agora o vídeo: "Como as POLÍTICAS de bem-estar SOCIAL corrompem a FAMÍLIA?", o link segue na descrição.

Referências:

Como as POLÍTICAS de bem-estar SOCIAL corrompem a FAMÍLIA?
https://www.youtube.com/watch?v=7a4HgS4l_T8

https://www.independent.co.uk/news/uk/office-for-national-statistics-england-wales-b2500558.html

https://www.theguardian.com/money/2024/jan/01/divorces-delayed-by-cost-of-living-crisis-research-finds

https://www.independent.co.uk/life-style/marriage-rates-fallen-marry-wedding-b2487388.html

https://www.nimblefins.co.uk/divorce-statistics-uk

https://www.ons.gov.uk/economy/inflationandpriceindices/bulletins/privaterentandhousepricesuk/june2024

https://br.investing.com/economic-calendar/cpi-67

https://tradingeconomics.com/united-kingdom/gdp-per-capita-ppp