JOVENS CHINESES estão DESISTINDO de trabalhar por conta de EMPREGOS RUINS

A falta de oportunidades atraentes e os problemas econômicos têm levado cada vez mais jovens chineses a desistir de sua vida profissional.

Um antigo provérbio romano, “ne nuntium necare” - ou “não mate o mensageiro” - se referia, supostamente, a uma atitude tomada pelo rei persa Dario III. Quando informado, por um mensageiro, da derrota de seu exército para Alexandre Magno, Dario teria ordenado a morte do portador daquela trágica notícia. Obviamente, matar o mensageiro não resolve o problema contido na mensagem trazida - e é nisso que se foca o provérbio romano. Contudo, parece que o governo chinês não leva esse conselho muito a sério.


Em meados de 2023, o Partido Comunista Chinês revelou ao mundo suas estatísticas sobre o desemprego entre os jovens chineses: um assustador número de 21,3% de desempregados. E, uma vez que esses dados representam uma estatística estatal, de um governo comunista, podemos pressupor que a coisa seja ainda pior. Porém, a solução proposta pelo governo chinês para esse caso é bastante simples: o Ministério de Estatísticas da China vai parar de divulgar esse número. Genial, não é mesmo? Como ninguém pensou nisso antes?


A verdade é que, nos últimos anos, a situação da empregabilidade de jovens chineses se tornou crítica. Se o problema já estava mostrando seus efeitos há algum tempo, a verdade é que a crise sanitária, surgida no país em fins de 2019, só fez essa carência de empregos se agravar ainda mais. E, como sempre acontece, quando falamos de problemas sociais e econômicos chineses, a culpa dessa situação deve ser colocada na conta do governo comunista de Xi Jinping.


Nós já tratamos desse tema há algum tempo, aqui no canal, no vídeo: “Jovens CHINESES estão VOLTANDO para a CASA DOS PAIS por conta do DESEMPREGO” - link na descrição. Obviamente, a situação só piorou, de lá para cá. Não são raros os casos de jovens chineses que passaram por diversos empregos nos últimos meses, sem se consolidar em nenhum deles. Isso se deve, na maior parte dos casos, a um sentimento de frustração, no que se refere às vagas de emprego disponibilizadas. Muitos jovens simplesmente não conseguem trabalhar na área para o qual se prepararam, durante anos.


Nas últimas décadas, o governo chinês incentivou os jovens a frequentarem um curso universitário - mais ou menos da mesma forma como aconteceu aqui no Brasil, durante os governos petistas; porém, numa proporção ainda maior. Pense, apenas, que em 2023, quase 12 milhões de chineses se formaram na faculdade. Obviamente, não existe absorção para todos esses profissionais na combalida economia chinesa. E se isso era verdade antes da pandemia, a coisa só fez piorar a partir de então.


Não é raro encontrar casos de turmas de universitários formados, nas quais apenas ⅓ dos graduados conseguiu uma colocação no mercado de trabalho. E, geralmente, o que esses jovens formados encontram são empregos que exigem baixa qualificação profissional - o que torna os seus diplomas completamente inúteis. Por isso, existe todo um sentimento de decepção se espalhando entre a população jovem chinesa - algo que tem se mostrado um grande problema para as ambições econômicas do governo de Xi Jinping.


Diversos estudos têm sido conduzidos, no objetivo de medir o impacto do desemprego dos jovens no futuro da economia chinesa. Veja, por exemplo, a afirmação do antropólogo Xiang Biao, do Instituto Max Planck: “Toda a vida dos jovens foi moldada pela ideia de que se você estudar muito, no final do seu trabalho árduo haverá um emprego e uma vida decente e bem remunerada esperando por você. E agora eles descobrem que essa promessa não está mais funcionando”. Trata-se, portanto, de um problema semelhante ao que acontece em países como o Brasil - só que numa proporção chinesa.


Aliás, esse problema é tão grave, que o próprio Ursinho Pooh, Xi Jinping, em pessoa, precisou pedir aos jovens chineses que procurassem emprego. Contudo, é pouco provável que os inúteis apelos do ditador surtam efeitos. O que temos visto, na prática, é uma verdadeira desistência, por parte dos jovens chineses, na medida em que boas oportunidades se tornam cada vez mais escassas.


Tem sido observado, nas grandes cidades chinesas, o surgimento de uma situação de conformismo entre os jovens. Conscientes de que seu sonho de ter uma colocação profissional de qualidade não vai se concretizar, muitos deles simplesmente desistem de procurar um emprego, e voltam para a casa dos pais. Para esses jovens desistentes, é mais confortável ter uma vida medíocre, mas com um baixo custo, do que se esforçar muito para conseguir um emprego que está longe de atender às suas antigas expectativas. Ou como diria o citado antropólogo: “Não se trata apenas de uma escassez de empregos, de oportunidades ou de salários, mas sim do colapso do sonho que os levou a trabalhar tanto”.


Para o Partido Comunista Chinês, contudo, o problema é ainda maior - e de ordem demográfica. Acontece que, pela primeira vez, desde que a contagem oficial foi iniciada, a China perdeu o posto de maior população do mundo para a Índia - embora por uma pequena margem, de 3 milhões de pessoas. O grande problema, mesmo, é o fato de que a população chinesa está efetivamente encolhendo. Entre 2021 e 2022, houve uma redução de 850 mil pessoas, na população total do país.


Da mesma forma, a taxa de natalidade chinesa tem despencado, ao longo das décadas. Nos anos 1970, essa taxa girava na casa dos 25 nascimentos para cada mil habitantes. Em 2022, contudo, a taxa já havia caído para apenas 6 nascimentos para cada mil pessoas - um número inferior a muitos países europeus, com populações decadentes. Foi por conta desse problema, inclusive, que o governo chinês revogou a política do filho único, permitindo, na atualidade, que um casal tenha até 3 filhos. Porém, a coisa parece ser irreversível - pelo menos no curto prazo.


O envelhecimento da população, portanto, é inevitável. Agora, junta-se a esse cenário uma multidão de jovens chineses que simplesmente estão desistindo de correr atrás de um emprego, para viver uma vida de ócio. Como uma economia pode ser mantida dessa forma? É difícil responder a essa pergunta. O que não é tão difícil assim, contudo, é prever o destino que o Partido Comunista Chinês terá, se a economia do país parar de crescer. Afinal de contas, foi justamente o pujante crescimento do PIB chinês que deu uma sobrevida aos comunistas no poder.


Percebe-se, portanto, o tamanho da culpa do governo de Xi Jinping e de seus antecessores nessa história. As diversas medidas de manipulação da economia, levadas a cabo ao longo de décadas, agora cobram seu pesado preço. A distorção econômica no mercado imobiliário fez os preços das casas e dos apartamentos dispararem; agora, os jovens não conseguem mais adquirir um imóvel, desistindo da vida adulta para voltar para a casa dos pais. Por outro lado, também foi o governo comunista que incentivou esses mesmos jovens a frequentarem uma universidade - apenas para descobrirem, tempos depois, que o seu diploma é completamente inútil.


Portanto, a solução para o problema chinês que se desenha no horizonte não passa pela intervenção estatal - uma vez que ela é, basicamente, a causa desse problema. A única solução para que a China continue a ser um país economicamente viável é a liberdade de mercado, justamente aquilo que impediu que o comunismo destruísse o país, no início dos anos 90. Porém, o governo de Xi Jinping avança no sentido contrário, dobrando a aposta da intervenção econômica, a fim de sustentar esse modelo político mais do que ultrapassado. Toda essa intervenção se tornou ainda pior após a citada crise sanitária. Por isso, os resultados práticos dessas políticas intervencionistas se tornam ainda mais impactantes.


Enquanto o comunismo continuar a governar a China, os sonhos dos jovens serão frustrados, suas oportunidades serão perdidas, e o potencial econômico desse imenso país não será aproveitado em sua totalidade. Pelo contrário, é bem provável que a China mergulhe em uma espiral de decréscimo econômico e crise financeira, como reflexo de décadas de intervenção estatal. Na medida em que os jovens chineses desistem de ter uma vida profissional bem-sucedida para viver com seus pais, ou para desfrutar de uma capacidade econômica modesta, a chance de que a China continue crescendo naquele ritmo antigo será cada vez menor. A grande pergunta que fica é: por quanto tempo o gigante asiático ainda aguentará esse caótico estado de coisas?


Referências:

https://www.terra.com.br/economia/como-a-china-fez-desaparecer-uma-crise-de-desemprego-entre-os-jovens,7ae763e0d6c15e503b05ea066a042291uzwdy53u.html

Visão Libertária - Jovens CHINESES estão VOLTANDO para a CASA DOS PAIS por conta do DESEMPREGO:
https://www.youtube.com/watch?v=5F78SFLWRwg&pp=ygUjdmlzw6NvIGxpYmVydMOhcmlhIGRlc2VtcHJlZ28gY2hpbmE%3D

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-64302467