Cipriano, bispo de Cartago, assassinado em 258 pelo estado Romano

A presente confissão de fé diante das autoridades foi tão mais ilustre e honrosa porquanto seu sofrimento foi maior. A luta se agravou, e aumentou a glória dos que lutavam”. Cipriano de Cartago.

O historiador Justo González nos apresenta Cipriano no primeiro volume de sua coletânea: “Uma história ilustrada do cristianismo – A Era dos mártires”. Segundo González, Cipriano havia se convertido quanto tinha uns quarenta anos de idade, ou seja, já um senhor idoso para a época e, pouco tempo depois, havia sido eleito bispo de Cartago. Seu teólogo favorito era Tertuliano, a quem chamava “o mestre”. E semelhante a Tertuliano, Cipriano era hábil em retórica, e sabia expor seus argumentos de maneira esmagadora. Seus escritos, muitos dos quais se conservam até o dia de hoje, são preciosas joias da literatura cristã do século terceiro.

Sobre Cipriano há também uma pequena biografia na obra Veritatis Splendor: “Imediatamente depois da conversão, Cipriano, apesar de invejas e resistências, foi eleito ao ofício sacerdotal e à dignidade de bispo. No breve período de seu episcopado, enfrentou as duas primeiras perseguições sancionadas por um edito imperial, a de Décio no ano 250 e a de Valeriano no interstício entre os anos 257 e 258”.

Depois da perseguição particularmente cruel de Décio, o bispo teve de se empenhar com muito esforço por voltar a pôr disciplina na comunidade cristã. Muitos fiéis, de fato, haviam abjurado, ou não haviam tido um comportamento correto ante as provações e torturas a que eram submetidos.
Eram os assim chamados «lapsi», ou seja, os «caídos», que desejavam ardentemente voltar a entrar na comunidade. O debate sobre sua readmissão chegou a dividir os cristãos de Cartago em laxistas e rigoristas.

Também deve-se recordar a controvérsia entre Cipriano e o papa Estevão, sobre a validez do batismo administrado aos pagãos por parte de cristãos hereges.

A estas dificuldades é preciso acrescentar uma grave epidemia que atingiu a África. A antiga cidade de Cartago fica no norte da África, na beira do mar Mediterrâneo, onde hoje se situa Tunes, a capital da Tunísia. E desde sua fundação pelos fenícios foi uma importante região portuária.

Nestas circunstâncias realmente difíceis, Cipriano demonstrou elevados dotes de governante justo: foi severo, mas não inflexível com os «caídos», dando-lhes a possibilidade do perdão depois de uma penitência exemplar. Ante Roma, foi firme na defesa das sãs tradições da igreja. Foi compreensivo e exortou cristãos à ajuda fraterna aos pagãos durante a epidemia. Soube manter a justa medida na hora de recordar aos fiéis, muito temerosos de perder a vida e os bens terrenos, que para eles a verdadeira vida e os autênticos bens não são os deste mundo. E foi inquebrantável na hora de combater os costumes corruptos e os pecados que devastam a vida moral.

Conta o diácono Pôncio, que Cipriano “Passava dessa forma os dias (…), quando por ordem do procônsul, chegou inesperadamente à sua casa o chefe da polícia. Nesse dia, o santo bispo foi preso e depois de um breve interrogatório enfrentou valorosamente o martírio no meio de seu povo.”

Da obra de Jean Comby, “Para Ler a História da Igreja”, podemos extrair um trecho do julgamento de Cipriano pelo procônsul, que foi o representante do estado romano responsável pelo ato.

Inicia-se o julgamento:
O procônsul Galério Máximo ordenou que trouxessem Cipriano à sua presença e perguntou: “És realmente tu, Tácio Cipriano?”
No que Cipriano responde: “Sou eu”.
Então o procônsul pergunta: “Foste tu que te apresentaste como papa desses homens ímpios?”
No que Cipriano responde novamente: “Sou eu”.
Então o procônsul exclama: “Os santíssimos imperadores te ordenaram que oferecesses sacrifícios.”
No que Cipriano responde: “Eu não o farei”.
Então o procônsul recomenda: “Acautela-te”.
No que conclui Cipriano: “Faze o que te ordenaram. Numa questão tão clara, não há lugar para deliberação”.

Galério Máximo deliberou então com seu conselho e, com pesar, proferiu esta sentença: “Por muito tempo viveste em sacrilégio; agrupaste em torno de ti, em grande número, os cúmplices de tua conspiração culposa. Tu te constituíste no inimigo dos deuses romanos e de seu culto sagrado. Os pios e santos imperadores Valeriano e Galiano, Augustus, e Valeriano, o nobilíssimo César, não conseguiram te reconduzir à observância das cerimônias do povo romano. Tu foste acusado de ser o instigador e o porta-bandeira dos maiores crimes. Em consequência, servirás de exemplo àqueles com quem te associaste no mal. Por teu sangue será sancionado o respeito às leis”.

Após essas considerações, o procônsul leu seu veredicto: “Tácito Cipriano perecerá pelo gládio. Assim o ordenamos”.

Então o bispo Cipriano termina: “Deo Gratias”, ou Graças a Deus.
E assim, mais um inocente é supliciado pela burocracia estatal.

Não só o teor do julgamento é absurdo, como todo o ambiente em que ele ocorre é cheio de rituais, lisonjas, títulos e pompas, na tentativa de atribuir um falso clima de seriedade e justiça. O que, mutatis mutandis, não mudou muitos ao longo dos séculos. No que diz respeito a questão da indumentária, é digna de nota: esses hipócritas, asseclas de tiranos, foram se metamorfoseando de parecidos com pavão a parecidos com Darth Vader ou Batman.

Bem, se atentarmos para a verdade dos fatos, fatos esses que são distorcidos às raias da loucura pelos agentes estatais, vemos como ao dar poder absoluto ao Leviatã, ele aniquila as pessoas como se nada fossem, na mais absoluta corrupção do poder e da justiça.

No tempo do martírio de Policarpo de Esmirna, Plinio, o Jovem - Governador da Bitínia - escreve ao imperador Trajano para se instruir sobre como proceder acerca dos cristãos.

Diz Plínio ao Imperador:
“[os cristãos] têm como hábito reunir-se em um dia fixo, antes do nascer do sol, e dirigir palavras a Cristo como se este fosse um deus. Eles mesmos fazem um juramento, de não cometer qualquer crime, nem cometer roubo ou saque, ou adultério, nem quebrar sua palavra, e nem negar um depósito quando exigido. Após fazerem isto, despedem-se e se encontram novamente para a refeição”.

Caramba heim, quantos crimes esse pessoal cristão vem cometendo há séculos! Reunir com os amigos, conversar sobre coisas de interesse comum, não cometer crimes, não mentir e depois de tudo isso, ainda comem juntos! Ah não pode! Matem todos!

Pois bem, e qual o crime mesmo de Cipriano de Cartago? Ser cristão? Ou, nas palavras do próprio estado na pessoa de Plínio, Cipriano cometeu o terrível crime de “fazer juramento de não cometer qualquer crime, nem cometer roubo ou saque” ou talvez tenha cometido outro crime, o de “nem quebrar sua palavra, e nem negar um depósito (para o estado) quando exigido”.

Veja como não há coerência no Leviatã. Esses psicopatas perseguem quem lhes dá na telha, tão logo se sentem ameaçados. O estado é mesmo um monstro que se alimenta da nossa energia vital. Um sanguessuga gigante que tenta sugar até a nossa alma. Pelo menos a de Cipriano não conseguiram!

Não existiu coerência no julgamento de Cipriano pelo Império Romano do século III, assim como não existe coerência em muitos julgamentos recentes no Brasil. Só loucura! O caso de Cipriano nos mostra que há pelo menos 1800 anos não dá pra confiar na justiça estatal.

O bispo Cipriano, homem excelente, assim como Iraci Nagoshi, professora aposentada com 71 anos de idade, que foi condenada a 14 anos de prisão pelo STF por “tentativa violenta de abolição do estado democrático de direito”, são vítimas da loucura perversa e maligna do Leviatã!

Não existe lógica, coerência ou benevolência estatal. É só observarmos a maldade destilada, cheia de sadismo que grassa pelo Xandaquistão, agindo duramente contra pessoas simples, que carregavam bíblias e bandeiras, mas estavam no lugar errado, na hora errada e também se meteram com as pessoas erradas.

E podemos citar tantos outros: um morador de rua, um motoboy, um vendedor ambulante, um comerciante. Todos acusados, julgados e condenados a uma cana gigantesca pelo mesmo sujeito togado. Claro, porque esses golpistas estavam prestes a destruir violentamente as instituições! A tia do zap e o cara da bíblia tinham tudo pra destruir o governo brasileiro! Se Cipriano estivesse por perto, certamente levaria essa cana também!

E para terminar a história de Cipriano de Cartago. Ele foi condenado a morte pelo gládio, que é um tipo de espada curta de dois gumes. Morreu com honra e coragem. Seus trabalhos e seu exemplo de vida e fé guiaram a comunidade cristã daquele tempo, e persistem até os dias de hoje. Sua comunidade se tornou forte e frutífera e ele se tornou um dos pais da igreja, entrando para o rol da patrística.

Quanto a nós, pobres mortais, não nos enganemos! O estado nunca quer nosso bem! Na verdade o estado quer nossos bens, ainda que para isso tenha que nos matar, o mesmo destino reservado para quem não adorar seus asseclas como deuses.

O estado opressor, o Leviatã, quer adoração incondicional. Ainda bem que sempre houve na história da humanidade quem não se curvasse às insanidades e injustiças. E Cipriano é um exemplo antigo, mas mais atual do nunca, dos abusos que temos presenciado hoje no Brasil.

Se você se interessou pela história e pelo exemplo desse grande homem, veja agora o vídeo “POLICARPO de ESMIRNA foi VÍTIMA da OPRESSÃO do ESTADO”, o link segue na descrição.

Referências:

POLICARPO de ESMIRNA foi VÍTIMA da OPRESSÃO do ESTADO
https://www.youtube.com/watch?v=rQql55Lp-bo

História Ilustrada do Cristianismo, Volume I, pg. 142
Biografia de S. Cipriano de Cartago - Veritatis Splendor. Em A. Hamman, La Geste du Sang, pp. 126-127. (Livro: Para Ler a História da Igreja I, pg. 47)
Plínio, o Jovem – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)
Iraci Nagoshi: o drama da idosa condenada pelo 8 de janeiro (revistaoeste.com)
Morador de rua preso no 8/1: a inocência assassinada (revistaoeste.com)