19 Fev. 2024
Escritor: Historiador Libertario
Revisor: Paulo Wesley
Narrador: Paulo Wesley
Produtor: Paulo Wesley

O Anjo de Auschwitz, a polonesa que lutou pela vida

Num período em que debates a favor do aborto são levantados e defendidos por inúmeras pessoas que se esqueceram do valor da vida, devemos conhecer uma mulher chamada Stanislawa Lesczynska que lutou pela vida. Ela foi uma parteira polonesa que arriscou sua vida para salvar mães e bebês inocentes. Ela nasceu em Lodz, na Polônia, no ano de 1896. Casou-se muito jovem com Bronislaw Leszczynski e formou uma família, tendo quatro filhos, mas mesmo assim, decidiu estudar para conseguir seu certificado de parteira. E foi no ano de 1939, com um triste início de guerra na Europa com a invasão alemã da Polônia, que Stanislawa viu sua vida mudar. Revoltada com a maneira cruel que os alemães tratavam os judeus, ela e sua família resolveram ajudar de alguma forma. Entre seus atos heróicos estão o contrabando de documentos falsos e comida para os judeus que estavam sendo identificados, segregados e tendo seus direitos removidos. Em 1943, infelizmente, a polonesa e sua família foram descobertas pelas autoridades alemãs por estarem colaborando com vários os judeus, violando as leis injustas e discriminatórias que o governo alemão determinara.

Seu marido e o filho mais velho escaparam da detenção, mas ela e seus filhos mais novos acabaram sendo presos. Stanislawa acabou sendo separada de um de seus filhos, que foi levado para diferentes campos de concentração para fazer trabalhos forçados. Ela nunca mais veria seu marido que foi morto durante a Revolta de Varsóvia no ano de 1944. Stanislawa e sua filha foram enviadas para o terrível campo de Auschwitz. Devido a suas habilidades como parteira, ela acabou sendo escolhida para atuar na enfermaria. Foi no local que conheceu o cruel Doutor Josef Mengele, se tornando uma ajudante na enfermaria onde o nazista fazia experimentos. Após a polonesa se assustar com os terríveis experimentos em pessoas inocentes, sobretudo em mulheres grávidas e crianças indefesas, ela decidiu salvar bebês; foi movida por um juramento que ela já tinha feito como parteira. A maternidade do campo de Auschwitz, como a maioria dos locais nesses campos de concentração, era insalubre, com pouca higiene e não era um local com os devidos equipamentos e suportes para mulheres grávidas terem seus filhos. Muitas mulheres morreram sem qualquer tipo de assistência, e uma boa parte delas tiveram como destino as câmaras de gás já que mulheres grávidas não trabalhavam, sendo vista como inúteis. A maioria dos bebês nascidos morriam de fome ou frio, isso quando não eram cruelmente assassinados.

Mais tarde, em fins dos anos 80, o filho de Stanislawa contaria uma verdade chocante que acontecia em Auschwitz: “A Irmã Klara foi uma parteira enviada para assassinar as crianças que nasciam ali. Ela era encarregada de pegar os recém-nascidos e afogá-los em baldes, muitas das vezes na frente das mães que tinham acabado de dar à luz. Quando Stanislawa descobriu que ela deveria fazer o mesmo, imediatamente ela se recusou, e foi levada ao médico supervisor do acampamento, e novamente ela recusou fazer o serviço. Por que eles não a mataram, ninguém sabe.”

Enfrentando todo tipo de desafio, além de agressões e ameaças, Stanislawa começou a cuidar das mães e a entregar a elas os seus bebês, mesmo que muitos deles fossem assassinados pouco depois. Mas o objetivo da polonesa foi o de salvar o máximo de vidas que estivessem a seu alcance. Tentar ajudar aquelas pessoas sofridas sem suprimentos básicos não era fácil, faltava água, cobertores para tolerar aquele frio, comida de qualidade e suplementos; o ambiente do campo apenas preparava as pessoas para a morte.

Tendo ajuda de sua filha, além de outros prisioneiros, Stanislawa revelou que chegou a entregar cerca de 3.000 bebês para suas mães durante o período em que esteve no campo de Auschwitz. As ordens que recebia eram para matar os bebês, as quais ela se recusava e nunca aceitou. Muitos bebês que nasceram ali foram assassinados, mas a partir de 1943, alguns deles foram doados a casais alemães para serem criados como bebês arianos. Algumas investigações e documentos revelam que o governo nazista sequestrou cerca de 100.000 crianças polonesas para serem levadas à Alemanha. Por isso, Stanislawa e seus ajudantes resolveram tatuar a pele de alguns dos bebês na esperança de que, um dia, eles fossem identificados e reunidos com suas mães.

A polonesa revelou mais tarde: “Contrariando todas as expectativas e apesar das condições extremamente desfavoráveis, todos os bebês nascidos no campo de concentração nasceram vivos e pareciam saudáveis à nascença. A natureza desafiou o ódio e o extermínio e lutou obstinadamente pelos seus direitos, recorrendo a uma reserva desconhecida de vitalidade.”

Não muito diferente dos atuais movimentos abortistas, é perceptível que a desculpa que criminosos como Mengele usavam para defender suas atrocidades eram baseadas numa pseudociência que visava o suposto bem maior. A vida humana não tinha, na visão dos nazistas, um valor intrínseco e absoluto, mas o que importava eram os projetos coletivistas do estado alemão e dos idealizadores daquele regime eugenista. A narrativa de criação de um paraíso na terra, de resolução de problemas antigos e aprimoramento da espécie parecia justificar qualquer ataque à vida de pessoas inocentes. Hoje, as feministas veem a maternidade como um fardo e as mais radicais defendem que mesmo um bebê de 9 meses – pronto para nascer - possa ser eliminado se assim a ‘mãe’ desejar. Essa visão de desprezo pela vida tem se normalizado e ganhado cada vez mais novos adeptos que são manipulados a acreditar que o feto e o bebê no ventre não são humanos. A visão da vida como algo banal, totalmente sem valor e sem um propósito maior é comum numa sociedade com mentalidade materialista, utilitarista e hedonista que não valoriza o que temos de mais importante. Numa lógica parecida com as feministas, grupos de ecologistas que defendem políticas ambientalistas estão sempre menosprezando e atacando o direito reprodutivo humano e as famílias numerosas. Para eles, mais crianças terão como consequência novos desastres ambientais e a destruição do planeta Terra como conhecemos, portanto, qualquer política que impeça a reprodução humana precisa ser adotada. Isso tudo beira a insanidade, e essas pessoas não pensam muito diferente de Mengele e dos alemães do passado.

Os crimes de Mengele não podem ser esquecidos e a causa desumana e eugenista que ele servia foi defendida e justificada naquela época, da mesma forma que outras ideias eugenistas ainda são defendidas até hoje. Mengele foi criado pelo ódio ao diferente, por uma ideologia racista e doutrinado a ver certos grupos como racialmente inferiores. Entre os crimes do chamado “Anjo da Morte” estão experiências genéticas e eugenistas, nas quais ele fazia procedimentos médicos sem a permissão dos prisioneiros. O sádico e cruel médico alemão conduziu experimentos que resultaram na esterilização em massa de pessoas inocentes, usadas como cobaias, além de manipulação genética e estudos sobre gêmeos. Foi com base em crenças pseudocientíficas como a superioridade da raça ariana e na necessidade de eliminar certos grupos vistos como “racialmente impuros”, que muitos experimentos médicos e crimes foram implementados pelo estado alemão. Tudo isso amparou ideologicamente e eticamente narrativas e propagandas que defenderam o Holocausto e o genocídio de vários grupos de pessoas. Essa crença deturpada de purificação racial justificou uma série de atrocidades em nome de uma visão distorcida da "pureza racial".

Mas, somente após o fim da segunda guerra mundial e a derrota alemã, que muitos desses crimes foram descobertos e provados, e os envolvidos foram julgados nos Processos de Nuremberg que estabeleceu um precedente importante para responsabilizar crimes contra a humanidade. Fizemos um vídeo sobre os códigos de ética elaborados pelo tribunal de Nuremberg, se quiser saber sobre, assista ao vídeo “O Código de Nuremberg”.

O legado de Stanisława Leszczyńska não pode ser esquecido, e ela com certeza está na lista dos seres humanos mais nobres que defenderam a vida e lutaram pela justiça num período tão sombrio e violento. São nesses momentos de perda de valores e virtudes, quando as pessoas aderem facilmente a ideologias coletivistas, intolerantes e que relativizam a vida humana, que nosso caráter e espírito são testados. Stanislawa enfrentou circunstâncias terríveis e inaceitáveis, foi violentada e colocada sob pressão, mas o fogo de esperança em seu coração por salvar vidas foi o que a fez agir da forma que agiu, sempre demonstrando seu amor ao próximo. Com certeza, seus atos de solidariedade e ajuda fizeram muitos presos de Auschwitz terem fé na bondade humana e de que aquele sofrimento teria um fim.

A fé católica da parteira polonesa a fez batizar os recém-nascido com o sinal da cruz na testa, abençoando-os perante Deus. Hoje em dia, Stanislawa é bem lembrada em sua terra natal e a Igreja Católica na Polônia colocou-a em processo de canonização.

A polonesa conseguiu sobreviver ao campo de concentração e continuou a praticar seu nobre trabalho de parteira após a libertação dos prisioneiros pelas forças aliadas. Falecendo em 1974 ela deixou um belo legado de vida virtuosa e um exemplo de humanidade que fica para a história; essa mulher com certeza merece nosso respeito. Enfim, a parteira de Auschwitz tornou-se um grande símbolo de resistência silenciosa e compaixão em meio às injustiças e desumanidades do Holocausto, quando tantas pessoas pareciam ter entrado num caminho obscuro de desconexão com nossos sentimentos mais nobres. A grande questão a se refletir é: se a vida humana não puder ser defendida desde sua formação e nascimento, então quando ela deveria ser defendida?

Se quiser conhecer outra história de uma mulher igualmente incrível e corajosa, deixamos como recomendação o vídeo: A polonesa que SALVOU 2500 CRIANÇAS do HOLOCAUSTO, o link está na descrição.

Referências:

https://churchlifejournal.nd.edu/articles/servant-of-god-stanisawa-leszczynska-the-midwife-of-auschwitz-who-delivered-thousands-of-babies-and-saved-thousands-of-lives/ https://www.fatosdesconhecidos.com.br/mulher-que-salvou-mais-de-3000-bebes-durante-segunda-guerra-mundial/ https://segundaguerra.org/stanislawa-leszczynska-a-parteira-de-auschwitz/ https://pt.aleteia.org/2019/05/13/a-mulher-que-arriscou-a-vida-para-salvar-milhares-de-recem-nascidos-em-auschwitz/ Visão Libertária - O Código de Nuremberg: https://youtu.be/WBfG82bBs5o Visão Libertária - A polonesa que SALVOU 2500 CRIANÇAS do HOLOCAUSTO: https://youtu.be/ht3n6tylEgU

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