Os varejistas vão falir segundo Joseph Schumpeter

Lula tenta salvar o varejo, mas à luz dos ciclos econômicos de Schumpeter, o varejo brasileiro já está fadado ao fracasso.

Em seu primeiro ano de governo, Lula adotou uma medida que foi percebida pela população em geral, como revelado pelas redes sociais, de tentar salvar o varejo brasileiro. O presidente iniciou ações para salvar o negócio de grandes empresários que, segundo os representantes do setor, está sofrendo com a concorrência internacional.

Segundo Mauro Francis, presidente da Ablos (Associação Brasileira de Lojistas Satélites), ”o transporte de um produto de um país para o outro prejudica o empresário brasileiro com esta concorrência desleal”. Jorge Gonçalves Filho, presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV) diz que “Não queremos aumento de impostos, mas isonomia. Que o varejo e a indústria que atua aqui, com toda a folha de pagamento, tributos estaduais, federais e financeiros devem estar contemplados nessa alíquota”. Ora, lhe pergunto, o que há de desleal em trocas voluntárias entre indivíduos?

Os varejistas brasileiros, entre eles, Flávio Rocha (da Riachuelo), Marcelo Silva (conselheiro do Magazine Luiza), Ronaldo Iabrudi (da GPA) e Antonio Pipponzi (da Raia Drogasil) apoiaram Lula devido a promessas socialistas de melhora do setor. A isonomia que esses “empresários” deveriam reivindicar, seria de menos roubo do bolso dos consumidores, em outras palavras, o imposto.

Em conluio com os varejistas brasileiro que choraram sofrer concorrência desleal, Lula junto com seu ministro da fazenda, Fernando Haddad, iniciaram um processo de reserva de mercado. Em outras palavras, se trata do bloqueio ao acesso a produtos no mercado pelos indivíduos de um país. Esses produtos são buscados fora do país, principalmente, por dois motivos: 1) preço mais baixos ou; 2) tecnologicamente melhores do que os vendidos aqui.

A reserva de mercado se deu por meio da taxação de todos os produtos do exterior, principalmente os da Aliexpress, Shopee e Shein. Lançando os brasileiros na estagnação de produtos piores, além disso, premiando a incompetência da indústria e varejistas do Brasil em fornecer produtos mais caros e inferiores aos concorrentes.

No entanto, na sua visão, isso ajudará os varejistas? Na visão libertária a resposta é não, pelos seguintes pontos. 1º - O mercado já precificou o produto previamente, por isso se o consumidor está disposto a pagar um valor específico por determinado produto, a subida abrupta do preço por meio da taxação freia o interesse em adquirir tal produto, como explicado pela curva de Laffer. Recomendamos o video no canal: “Paraguai atrai investimentos estrangeiros com sua política de IMPOSTOS BAIXOS”. 2º - Os Ciclos econômicos de Schumpeter, que explicam como a nova dinâmica do mercado não permitirá o retrocesso das relações comerciais.

Joseph Schumpeter em sua obra “Teoria do desenvolvimento econômico: Uma investigação sobre lucros, capital, crédito, juro e o ciclo econômico”, reitera que a economia segue um fluxo circular, oscilando entre subidas e quedas de preços, que é interrompido pelas “novas combinações”.

Segundo o economista austríaco, empresas e famílias mantêm uma relação intrínseca, a qual pessoas de uma família trabalham em empresas e consequentemente a família consome produtos dessas empresas. O lucro neste processo é o “termômetro” da recompensa que o empreendedor tem, ou seja, quanto maior o lucro significa maior necessidade do produto. No entanto, o empreendedor pode melhorar o produto, melhorar o processo ou até mesmo criar um novo produto na tentativa de aumentar os lucros. Essa busca incessante do empreendedor na busca do melhor gera novas combinações.

As novas combinações podem ser: 1) introdução de um novo bem ou uma nova qualidade de um bem; 2) introdução de um novo método de produção; 3) abertura de um novo mercado; 4) nova fonte de oferta de matérias-primas ou de bens semimanufaturados; 5) estabelecimento de uma nova organização.

Somado ao empreendedor visionário há a figura do capitalista, um agente do mercado que acumulou grande riqueza e está disposto a investir dinheiro na busca de mais capital. O capitalista não tem necessariamente a experiência de mercado do empreendedor, portanto ele necessita do empreendedor para chegar primeiro em um território que a nova combinação proporciona. Um exemplo recente é como as grandes empresas de tecnologia tomaram todo o espaço informacional em poucos anos, diante do setor tradicional de comunicação. Isso tudo com a ajuda de rios de dinheiro de capitalistas dispostos a multiplicar seus ganhos.

Com a chegada de uma nova combinação ocorre uma grande depressão, ou seja, todas as empresas que estão enraizadas na “antiga combinação” estão fadadas à bancarrota. Isso é exemplificado por fatos históricos. Quantas fábricas de vela fecharam com a chegada da lâmpada? Quantas fábricas de máquina de escrever fecharam com a popularização do computador pessoal? Além de outros setores que já sentiram ou estão sentindo os efeitos da nova combinação.

Neste contexto, os varejistas brasileiros se encontram em uma nova combinação schumpeteriana, ou seja, as bases que valeram há alguns anos atrás já não são mais verdadeiras. Os consumidores brasileiros foram expostos a ideias que o livre mercado pode oferecer, por isso se recusaram a retornar à “antiga combinação”.

Produtos inovadores são necessariamente importados. Ora, como empresas como Apple, Samsung e Xiaomi se interessaram por um projeto de Estado Bolivariano como o Brasil onde a inovação é penalizada com altos impostos? Os centros de pesquisa e desenvolvimentos destas empresas estão onde as mentes brilhantes estão, e lhe adianto, não é o Brasil. Além disso, para a indústria transformadora é mais vantajosa operar fora que em território nacional. A indústria que pega matéria prima e transforma em eletrônicos e produtos acabados estão em países que não exigem um braço e um rim dos empreendedores.

Neste contexto, o varejo brasileiro, como um atravessador sob a tutela de um Estado socialista, está perdendo sua relevância. Afinal, uma vez que o consumidor, por meio das fontes descentralizadas e distribuídas, perceberam que podem cortar intermediários na aquisição de bens, as coisas começaram a mudar.

Assim, o governo Lula não conseguirá, com manipulações artificiais no mercado consumidor, retornar aos anos em os brasileiros não tinham ideia que existiam produtos melhores e mais baratos, com aquisição mais próxima dos produtores. As estratégias de empurrar “um carnezinho goxtoso” como implorou a Luiza Trajano, dona da Magazine Luiza, não adiantará para a grande maioria. Deixamos links sobre o caso da Luiza na descrição do vídeo.

Soma-se a isso a crise de confiança que os consumidores estão passando com o varejo. Explico, com a crise contábil com a rede de lojas Americanas, consequentemente, a abertura de recuperação judicial, os consumidores estão comprando menos desta grande varejista com medo de não receber os produtos. Mais recentemente, a Magazine Luiza descobriu o mesmo erro contábil que pode gerar outro abalo na cadeia de consumidores. Isto é, o ciclo vicioso das consequências das novas combinações do mercado.

Portanto, se essas varejistas continuarem a implorar ao Estado babá por intervenção ao invés de se reestruturarem radicalmente e se adaptarem aos novos tempos, a falência será o único destino dessas empresas.

Referências:

[1]https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2023/08/30/ablos.htm
[2]https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2023/07/varejo-nacional-preve-fechamento-de-lojas-e-desemprego-com-isencao-de-imposto-para-compras-ate-us-50.ghtml
[3]https://valor.globo.com/politica/noticia/2022/08/09/empresarios-do-varejo-encontram-lula-nesta-4a-ainda-ceticos-sobre-impostos-e-teto-de-gastos.ghtml
https://www.moneytimes.com.br/a-medida-de-lula-que-vai-deixar-magazine-luiza-mglu3-e-via-viia3-rindo-a-toa/
https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2023/03/16/luiza-trajano-varejo-nao-esta-desesperado-com-gestao-economica-de-lula.htm
https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/04/18/varejo-critica-lula-e-busca-reuniao-com-governo-sobre-recuo-em-imposto-de-itens-importados.ghtml
https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2023/02/24/varejistas-brasileiros-querem-taxacao-de-shein-aliexpress-e-shopee.htm
https://www.youtube.com/watch?v=sRF9dgEN0pU