Além de saber o montante que a máquina estatal toma dos trabalhadores por meio do Impostômetro, agora, brasileiros têm acesso ao montante dos gastos públicos.
Em um país onde o contribuinte é obrigado a entregar cerca de um terço de tudo o que produz ao governo, a pergunta que ecoa há décadas permanece sem resposta clara: para onde vai o nosso dinheiro? A resposta, ou ao menos parte dela, começa a ser revelada com a criação da plataforma Gasto Brasil, que escancara os gastos públicos em tempo real e coloca holofotes sobre um dos maiores problemas estruturais do país: o gigantismo estatal.
Tal plataforma foi inaugurada no dia 23 de abril, numa quarta feira pelos mesmos criadores do Impostômetro, uma plataforma que contabiliza e apresenta em tempo real a quantidade de impostos arrecadados. Tanto é que a ocasião da inauguração do Gasto Brasil foi a comemoração dos 20 anos do Impostômetro. A relevância do Gasto Brasil se manifesta como uma contrapartida que faltava, que é o retrato fiel e atual dos gastos do governo federal, estaduais e municipais. Desenvolvido pela Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), o painel revela um abismo entre arrecadação e despesa que deveria alarmar qualquer cidadão.
Até abril de 2025, os números impressionam: R$ 1,7 trilhão já foram gastos, enquanto ao mesmo tempo, o Impostômetro registrava arrecadação de R$ 1,2 trilhões; superando a arrecadação em R$ 400 bilhões. Isso significa que o estado brasileiro gasta, em média, mais de R$ 14 bilhões de reais por dia, sem ter o mesmo ritmo de entrada de recursos. Para cobrir esse rombo, o governo se endivida, imprime moeda, ou aumenta ainda mais os impostos e tudo isso afeta diretamente o bolso do cidadão brasileiro.
O que o Gasto Brasil revela em números é o que os pensadores libertários vêm alertando há muito tempo: o estado não é um bom gestor, não tem incentivo para gastar com responsabilidade e, pior, cria mecanismos para perpetuar sua própria ineficiência. A cada ciclo orçamentário, mais recursos são demandados, e menos resultados concretos chegam à ponta para a população. Um grande exemplo disto é o famoso "Arcabouço Fiscal", um projeto totalmente nebuloso e incompreendido do atual ministro da fazenda Fernando Haddad. Dentre tantas inconsistências, uma delas é a falta de punições por resultados ruins. Tal projeto permite que o governo possa gastar mal o dinheiro do povo brasileiro e até solicitar mais recursos sem nenhuma medida de limitação orçamentária.
Segundo o presidente da CACB, Alfredo Cotait, o Gasto Brasil "é uma ferramenta educativa", mas, a realidade que não foi falada é que os números que a plataforma Gasto Brasil apresenta é um raio-X da falência moral e financeira do modelo estatista de gestão pública. Tal iniciativa leva a uma reflexão oportuna sobre o Gasto Brasil, o libertarianismo e a falência da grande máquina pública.
Um estado que gasta mais do que arrecada vive em constante expansão de poder, e a conta sempre é empurrada para os pagadores de impostos, sob promessas de que "o dinheiro está sendo utilizado para o bem da população" ou então "a dívida do país é para o bem dos pobres" e outras conversas do tipo. Com mais de 30% do PIB comprometido com tributos, o Brasil figura entre os países que mais arrecadam no mundo, mas com retorno social muito inferior. A carga tributária brasileira se equipara à nações desenvolvidas, mas os serviços prestados são muitas vezes precários, ineficientes ou até, lamentavelmente, inexistentes. O Gasto Brasil, ao colocar esses dados em evidência, acaba funcionando como um tribunal da transparência, onde o estado se torna réu diante da sociedade.
Os libertários, defensores do fim do estado, veem nesse descompasso a prova de que quanto mais o estado cresce, mais ele se afasta de sua suposta função de servir ao cidadão, e mais se aproxima de uma entidade predadora que consome a liberdade e a riqueza individual para sustentar seus próprios privilégios e estruturas obsoletas. É comum que governos justifiquem déficits e gastos excessivos com promessas de políticas públicas, direitos sociais e investimentos estratégicos, no entanto, o resultado prático tem sido o contrário. O que se pode visualizar é a burocracia crescente, serviços ruins e corrupção sistêmica. A plataforma Gasto Brasil mostra, por exemplo, que boa parte dos recursos vão para despesas obrigatórias como aposentadorias, salários de servidores e pagamento de dívidas, restando muito pouco para investimentos produtivos ou melhorias estruturais.
A diferença entre arrecadação e gasto é coberta por endividamento público, que já ultrapassa R$ 7 trilhões. Na prática, isso significa que o estado está consumindo hoje recursos que ainda nem foram produzidos, transferindo a conta para as gerações futuras. E isso não pode ser descrito de outra forma senão um comportamento imoral e insustentável, pois a criação das dívidas públicas são uma forma de escravidão moderna. O cidadão comum, que não consentiu com esses gastos e nem participou das decisões, acaba preso a um sistema onde o governo tem a carta branca para gastar e endividar em nome de todos, sem qualquer consequência direta para os tomadores dessas decisões.
Ao longo dos anos, diversas gestões prometeram responsabilidade fiscal, controle de gastos e reformas estruturais. Mas, na prática, o estado continua gastando como se fosse uma entidade acima das leis econômicas. Quando o cidadão comum extrapola seu orçamento, ele perde crédito, enfrenta restrições, no caso de uma pessoa jurídica, as punições chegam até a falência. Quando o estado faz isso, ele não recebe nenhuma punição pela sua má gestão e irresponsabilidades fiscais, simplesmente resolve seus problemas com meios paliativos como criação de mais tributos ou impressão monetária.
Esse comportamento revela o maior vício do sistema estatista: a impunidade econômica. Não há responsabilização efetiva para quem decide mal, gasta mal ou endivida o país. Os custos são diluídos entre milhões de brasileiros, que muitas vezes nem sequer sabem como funciona o orçamento público. Nesta ocasião, o Gasto Brasil poderá ser uma ferramenta primorosa para um progresso aos ideais libertários na nação verde-amarela.
Uma das maiores contribuições da plataforma Gasto Brasil é seu poder de transparência e denúncia. Ao tomar os números acessíveis e fáceis de visualizar, ela mostra ao cidadão comum o tamanho real do problema. Esse tipo de transparência é essencial para despertar a consciência crítica sobre o verdadeiro papel do estado, e serve como ponto de partida para uma mudança cultural mais profunda: a substituição da fé no governo por autonomia individual e livre mercado.
O libertarianismo defende que o cidadão é o melhor juiz do que fazer com sua renda. Se cada pessoa tivesse controle total sobre o que produz, poderia direcionar seus recursos de maneira mais eficaz do que qualquer burocrata em Brasília. O Gasto Brasil, ao mostrar os gastos em tempo real, permite que as pessoas vejam quanto de dinheiro sai de suas mãos para financiar um sistema muitas vezes ineficiente, parasitário e paternalista.
O Gasto Brasil serve para desmontar um famoso mito recorrente no povo brasileiro: que o estado é essencial para garantir direitos básicos e desenvolvimento. Na realidade, como mostra o histórico recente de governos que gastam demais e entregam de menos, a ação estatal muitas vezes atrapalha mais do que ajuda. Isso se deve ao efeito burocrático que cria um monte de empecilhos, regras desnecessárias, alíquotas questionáveis. Estes e outros que fazem qualquer serviço estatal ser ordinário, péssima qualidade, caro e sem o respeito e dignidade ao cidadão brasileiro.
Países que adotaram modelos com mais liberdade econômica colhem frutos de prosperidade, estabilidade e inovação. A razão disto é que com menos impostos, os indivíduos acabam tendo mais recursos em suas mãos, o que oferece mais poder de compra. Porém, mais do que isso, oferece poder para inovar, crescer na vida, empreender e emergir em variados negócios rentáveis e lucrativos.
A visão libertária propõe um novo paradigma: um mínimo ético que se limita à defesa da vida, da propriedade e da liberdade. Nesse modelo, ações sociais não desapareceriam, mas seriam realizadas por meio de associações voluntárias, ONGs, igrejas, empresas e iniciativas comunitárias. Elas, por sua vez, são mais eficientes e até baratas do que qualquer programa estatal com poder centralizador. A economia também ganharia fôlego: sem impostos, menos burocracia e mais liberdade para empreender, milhões de brasileiros poderiam sair da informalidade, investir em negócios próprios e gerar riqueza real. O Gasto Brasil, ao escancarar o uso inapropriado do dinheiro do pagador de impostos, fortalece essa narrativa e estimula o debate sobre o quão desnecessário o estado é em nossas vidas.
Por fim, o Gasto Brasil deve ser reconhecido não apenas como uma ferramenta de monitoramento fiscal, mas como um instrumento de empoderamento do cidadão. Ele transforma dados complexos em informação clara e útil para consciência política. É uma arma poderosa nas mãos de quem quer ver um Brasil mais livre, justo e com menos reféns da máquina estatal opressora. A batalha pela liberdade não é apenas ideológica, é também numérica. Cada bilhão gasto, cada déficit gerado, cada real tomado à força do trabalhador brasileiro precisa ser documentado, discutido e combatido. O Gasto Brasil, nesse sentido, é essencialmente libertário e também um poderoso diagnóstico do fracasso do estado brasileiro.
https://dcomercio.com.br/publicacao/s/gasto-brasil-governo-ja-consumiu-r-400-bi-a-mais-do-que-arrecadou-em-2025
https://brasil61.com/n/apoiada-por-entidades-empresariais-gasto-brasil-amplia-monitoramento-dos-gastos-publicos-bras2513858