E se os ESTADOS UNIDOS invadisse a VENEZUELA para RESTAURAR a DEMOCRACIA

Com as eleições na Venezuela e a perseguição no país continuando, tendo Maduro no poder após duas décadas de ditadura, não seria melhor que os Estados Unidos invadisse o país e restaurasse a democracia?

Todo mundo aqui já sabe do cenário no qual, a Venezuela, o nosso país vizinho, se encontra. A nação a qual foi o quarto maior PIB per capita do planeta nos anos 50 pela extração de petróleo. Um venezuelano médio tinha um poder de compra 4 vezes maior do que de um brasileiro, enquanto atualmente, reviram lixeiras e recorrem a trabalhos sub humanos em outros países para sobreviver. Alguns inclusive, vivem de jogos online, como falamos no vídeo aqui do canal, intitulado “Venezuelanos usam OURO de JOGO ONLINE para SOBREVIVER!”. O link está aqui na descrição.

Desde a eleição de Hugo Chávez, o partido socialista e sua alta cúpula se agarraram ao poder, transformando o país em uma ditadura corrupta digna dos sonhos do molusco: eleições fraudadas, candidatos impedidos de concorrer e ameaças de quadrilha nas próprias cabines de votação. Os Estados Unidos até tentou um acordo com o atual ditador, Nicolas Maduro, a fim de permitir eleições livres, com uma transição pacífica de poder caso perdesse o pleito, em troca de remover as sanções impostas à Venezuela, pela quebra de direitos humanos. As eleições foram feitas, mas pero no mucho.

A principal candidata da oposição, María Corina Machado, e sua indicada foram impedidas de concorrer por regras inventadas numa fraude descarada. Maduro chegou a ameaçar que haveria um “banho de sangue” caso perdesse as eleições. Posteriormente, se proclamando vencedor sem provas, ficou dando desculpas quando a oposição conseguiu acesso há mais de 70% das atas eleitorais, mostrando uma vitória para o candidato escolhido pela oposição, Edmundo González.

Maduro seguiu sua promessa e reprimiu violentamente as manifestações, com vários civis assassinados no processo. Derrubar uma ditadura socialista violenta com certeza não é nada fácil, afinal, muitos inocentes perecem no processo. Mas, afinal, será que não seria viável apelar a uma super potência como os Estados Unidos, para intervirem militarmente, derrubando a ditadura de Maduro, a fim de restaurar a democracia e livrá-los, finalmente, desse mal? Talvez seja uma boa ideia, mas por que isso já não aconteceu?

Ao contrário do imaginário popular que se tem dos Estados Unidos invadindo várias ditaduras do mundo para espalhar a democracia e libertar os povos, isso raramente acontece na história americana e é algo relativamente recente, tendo começado após o início da Guerra Fria. As operações mais recentes foram em países do Oriente Médio com o contexto do 11 de setembro, e a guerra ao terrorismo no coração do povo americano. As preocupações dos Yankees atualmente não envolve espalhar sua influência ao redor do mundo, por já ser quase hegemônica nos países mais desenvolvidos. Muitas de suas preocupações como nação agora são ideológicos, entre os conservadores, se agrupando no partido republicano, e os esquerdistas, se radicalizando no partido democrata. Ambos querendo impor sua visão como a determinante para as próximas décadas da política americana.

Mesmo que isso fosse uma preocupação para os Estados Unidos, temos eleições este ano, e o Joe Biden, que tá mais passado que uva-passa, não investiria em uma intervenção militar em um país latino americano, assim como Kamala Harris. Trump, também não tem interesse em criar mais guerras, inclusive, endurecendo o tom sobre continuar financiando a defesa da Ucrânia contra a invasão russa. Tanto é que a maioria das guerras americanas dos anos 2000 foram iniciadas por administrações de democratas, com Trump tentando até encerrar algumas das operações no Oriente Médio, que custam bilhões, e que não trouxeram nenhum tipo de benefício após décadas de ocupação.

Contudo, analisando os custos, a Venezuela tem cerca de 134 mil militares na ativa segundo dados do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos. Talvez, você espectador possa até argumentar que a maioria das forças armadas se renderiam com a chegada americana ou até dariam um golpe no próprio Maduro para poderem negociar os termos. Mas não é assim que a guerra funciona. Você não pode esperar pelo resultado mais fácil de seu inimigo se render com sua chegada e não estar preparado para o conflito armado.

A estratégia de Putin foi exatamente essa com a invasão da Ucrânia, no qual avançou muito pelo leste e enviou uma divisão através da Bielorrússia até a capital Kiev. O número de tropas para a capital ucraniana não seria suficiente para conquistar e ocupar uma cidade com 8 milhões de pessoas. Aquilo tudo foi uma estratégiapara fazer a alta cúpula fugir e o governo colapsar, facilitando a ocupação do resto do país. Porém, Zelensky decidiu recrudescer, e a guerra continua em curso com um impacto negativo para os ex-soviéticos.

A própria invasão americana na Venezuela teria problemas com apoio regional, como a Colômbia e o Brasil, já que seus presidentes Gustavo Petro e a mula de nove cascos apoiam o Maduro. Petro reconheceu as eleições fraudadas como legítimas, e o cachaceiro fugiu das perguntas, dando respostas amplas como “a democracia é relativa”, quando questionado sobre a Venezuela. E mesmo que, no fim, essa invasão funcionasse, e o governo de Maduro fosse derrubado, com o país se tornando uma democracia com um efeito positivo, as outras republiquetas de banana da América do Sul e Central iriam entrar em alerta, temendo o mesmo ato. Se os Estados Unidos interviu militarmente na Venezuela, quem garante que não intervirá na Nicarágua? Ou na Colômbia?

Na visão política dos Estados Unidos, a América do Sul funciona como seu quintal, apoiando quando e assim que possível. Dito isso, não faz sentido do ponto de vista estratégico para o próprio Estados Unidos fazer uma intervenção dessas. Apesar de ter viés ideológico democrático que une a nação ignorando as diferenças étnicas, também tem suas preocupações com seus próprios cidadãos, deixando os demais países para lá, focando no seu próprio território.

Mesmo com tudo isso, é importante lembrar que pela visão libertária, a interrupção de uma sociedade via uma guerra ou invasão é errada, haja visto que fere o principal axioma do libertarianismo, o Princípio da Não Agressão. Apesar de muitos defenderem que neste caso está tudo bem, pois muitas pessoas estão pedindo ajuda, é importante lembrar que, infelizmente, isso não é um consenso. Não podemos dizer que a maioria está pedindo por intervenção, e, portanto, seria ético iniciar uma invasão. Isso é cair na falácia da democracia. Se a maioria quer, portanto, está permitido. Diferente de um caso no qual um indivíduo está batendo em outro, sendo que este último está pedindo ajuda, portanto, é belo e moral ajudar, uma sociedade é composta por milhões de pessoas. Ela não é um ser único capaz de ter opiniões e vontades próprias.


O que podemos fazer é tentar ajudá-los, seja enviando recursos para poderem ter uma vida mais digna, seja ajudando-os a sair do país, dando-lhes o necessário para começar uma nova vida. Infelizmente, não há uma bala de prata que resolva este problema. Não há como passar por cima da ética e da moral para chegarmos a um resultado melhor. Isso é dizer que os fins justificam os meios, frase utilizada pelos mais vis ditadores e despostas que um dia pisaram sobre essa terra. Precisamos apoiar aqueles que querem tirar o ditador do governo, ou que gostariam de simplesmente viver suas vidas em outros lugares. Mas não podemos feriar o princípio de não agressão para acabar com um mal, por ser assim que as ideias se desvirtuam.


Enfim, uma invasão dos americanos no nosso vizinho é algo altamente improvável, seja por questões financeiras, seja pela política. Estrategicamente a Venezuela não traz muitos pontos positivos ao grande irmão do norte. E mesmo que fosse possível, é imprescindível irmos contra qualquer ideia de ataque, haja visto que somos libertários e consequentemente temos como axioma o Pacto da Não Agressão. Por isso, lembremos que o que nos difere dos tiranos é nossa ética, nossa moral. Deturpá-la é simplesmente nos igualarmos a eles.

Referências:

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-48143194

https://www.youtube.com/watch?v=a5ctrP1L9LA