Dentro da miríade de atividades econômicas que o ser humano pode desenvolver, será que é possível estabelecer qual a pior delas?
Quando falamos no pior emprego do mundo, talvez você tenha pensado em algum serviço extremamente pesado ou insalubre, como lixeiro ou alguém que trabalha em minas de carvão, ou limpando fossas sépticas e esgotos ou ainda algum outro trabalho insalubre e que exija esforço e risco extremo.
Mas aqui no Visão Libertária nós não somos da CIPA, muito menos da segurança do trabalho. Somos estudiosos da escola austríaca de economia e, pela lógica da ação humana de Mises, não faz sentido classificar essas profissões como as piores do mundo. Pois cada indivíduo adere a cada uma delas de maneira voluntária e a qualquer momento, podendo, inclusive, abandonar o emprego, se assim considerar como sendo a melhor atitude a ser tomada naquele momento. Isso quando se vive em uma sociedade com o mínimo de livre mercado.
Ainda pensando na praxiologia de Mises, o pior trabalho do mundo deve ser alguma função onde os incentivos estão trocados, gerando uma situação bizarra e conflituosa, que certamente compromete a saúde mental e física do indivíduo.
Expandindo a ideia de Mises, podemos adicionar uma camada a mais para tentar imaginar qual o pior trabalho do mundo. Além de incentivos trocados, o trabalho mais insalubre do mundo deve também desobedecer a lei natural humana, como postulada por Aristóteles e complementada por São Tomás de Aquino, levando o indivíduo para longe de sua essência.
Então, desde já fica claro que a qualidade do trabalho, como queremos aqui analisar, não tem relação com esforço físico, risco microbiológico, salário ou posição geográfica, mas sim com o alinhamento de incentivos e com a possibilidade do ser humano realizar uma tarefa digna e que seja demandada pela sociedade.
Certamente em um ambiente onde os incentivos estejam alinhados e que a lei natural humana seja obedecida, qualquer pessoa pode desenvolver uma atividade que gere valor real para a sociedade e para si mesmo. Tendo como consequência o crescimento do indivíduo nos vários aspectos da sua vida, além de um retorno financeiro para si e para todos os envolvidos nas transações.
Trabalhos difíceis, extenuantes, insalubres e perigosos sempre existiram na história da humanidade. Desde tempos imemoriais quando homens se arriscaram em caçadas até os dias de hoje exercendo serviços em grandes altitudes. Mas essas pessoas não parecem tristes ou desanimadas com seu trabalho, na verdade essas pessoas parecem felizes e satisfeitas com o salário que recebem e com o reconhecimento social que sua atividade lhes permite.
Inclusive durante o período da escravidão no Brasil, há relatos de escravos vindos do Congo que trabalhavam em casas de granfinos no Rio de Janeiro que, tendo a função de levar os dejetos dos abastados em grandes baldes até o mar, iam apostando corrida entre si. No desespero de ganhar a corrida, acabavam balançando demais o balde que transbordava, melando suas costas com o material que levavam.
Pois é, você já passou limão e saiu no sol? Os mesmos tipos de queimaduras que o limão exposto ao sol causa na pela, também acontecem com a uréia! Ao caminhar no sol escaldante do Rio de Janeiro, com as costas meladas de ureia, os então escravos tinham suas costas como que tingidas pelas queimaduras. Por isso eram chamados de “tigres”, já que acabavam com as costas cheias de listras pela diferença de bronzeamento.
Então, veja como que, apesar da situação em que essa pobre gente estava, ainda havia gratidão pela vida, havia vida!
Esse povo que foi sequestrado de suas tribos no interior da África por seus próprios conterrâneos, transportados em navios de madeira movidos a vela cruzando o Atlântico, aportaram num lugar estranho e cheio de gente diferente, com uma língua desconhecida, uma religião cheia de pompa e uma comida esquisita, era o mesmo povo que agora se divertia correndo pelas praias do Rio de Janeiro, ainda que fosse levando merda nas costas.
Realmente soa incompreensível para alguém do século 21, no entanto, cada uma dessas pessoas estava ciente de exercer uma atividade de alto valor para a sociedade carioca daquele tempo e, além do mais, apesar de estarem em uma situação de escravidão, essa era uma das atividades que lhes rendia uns trocados. Mesmo estando em uma situação de escravidão, a qual obviamente discordamos totalmente, ainda havia algum incentivo econômico e um reconhecimento social, o que lhes garantia uma gota de direito natural em meio ao oceano de escravidão. E, mesmo essa pequena gota de incentivos alinhados, parecia ser suficiente para lhes dar significado à vida.
Normalmente as pessoas que efetuam trabalhos extenuantes e perigosos mostram-se orgulhosas de seus feitos, e nós aqui do Visão Libertária agradecemos e parabenizamos todas essas pessoas que ajudam a sociedade com sua coragem e destemor, realizando verdadeiras maravilhas, feitos incríveis e dificílimos, os quais reconhecemos que poucas pessoas no mundo seriam capazes de executar.
Vivendo em meio a uma geração que mal consegue levantar da cadeira e chora por qualquer coisa, essas pessoas são verdadeiros heróis da modernidade e em grande parte são até incompreendidos pelos mimadinhos do TikTok.
Então meus caros, se não podemos mais elencar nenhuma dessas profissões insalubres e perigosas como a pior do mundo, o que nos restaria?
Bem, gostaria de propor então o fiscal do meio ambiente.
Essa profissão que só existe no meio estatal - o que já é um ótimo indício de quão artificial essa profissão é -, além de não cumprir nenhuma função efetivamente demandada pela sociedade, na verdade ela existe somente para punir a sociedade que produz. Isso se dá desde quando o fiscal, no escritório, dificulta ou nega uma licença ambiental, até quando ele está no campo queimando um equipamento ou destruindo uma instalação de pessoas que estão somente tentando ganhar a vida.
Então, o fiscal do meio ambiente no serviço estatal é como uma novilíngua das profissões, pois o que ele produz é proibir quem produz, de produzir. Sim, realmente dá um nó na cabeça! Esse é o tipo de coisa que só o Estado faz por você.
Mas calma, só isso não basta! Pois o fiscal do meio ambiente vive amarrado numa corda com três pontas: o setor produtivo, seu chefe político e o ministério público.
Então, vamos começar pelo mais fraco que é justamente o setor produtivo. O fiscal do meio ambiente sofre pressão dos empreendedores que desejam aprovação estatal para tocar seus negócios de maneira formal. Esses escravos modernos, depois de cumprirem todas as exigências absurdas e descabidas, tendo juntado toneladas de papéis e estudos praticamente inúteis, além de ter pago multas e taxas - fora aquele ‘cafezinho’ maroto -, agora tem nas mãos do fiscal a chave para iniciar seu empreendimento, sem aquela surpresa desagradável que só o estado pode te dar, certo? Errado!
E é claro que esses empreendedores já perderam a paciência faz muito tempo! Já não aguentam mais esperar depois de ter gasto rios de dinheiro no processo, dinheiro esse que poderia ter sido investido no próprio negócio ou na contratação de pessoas para efetivamente produzir algo de valor. Ele só quer trabalhar! Alguém vai ter que explicar para o empreendedor porque é tão difícil trabalhar e produzir algo no Brasil formal. No informal não, é só começar! O problema é que os lacaios do estado não gostam de quem não pede a sua benção…
Enquanto isso, na outra ponta está o chefe político. Esse indivíduo é aquele tipo de ratazana que aproveita migalhas que caem dos banquetes do alto escalão da política brasileira e está ali, não para liderar uma equipe, mas para fazer o serviço sujo a mando do nível trófico superior. Caso esse chefe pertença a um grupo político rival do empreendedor, ou não goste do sujeito, ou ache que ele é rico demais, então esqueça! Sua licença nunca vai sair, a menos que o ‘faz-me rir’ seja grande. Mas é claro que não é o chefe que vai dar a notícia ao empreendedor! Essa árdua tarefa cabe ao nosso pobre fiscal.
E por fim, na outra ponta estão os mafiosos do ministério público. Essa casta de gente extremamente privilegiada compõe o alto escalão do judiciário brasileiro, um dos maiores descalabros em nível mundial. Esse pessoal, que vive num tipo de NeverLand em terras tupiniquins, ganha salários nababescos para perturbar quem está tentando sobreviver nesse inferno. Inclusive esses covardes usam temas que estão em alta na sociedade para se promover, fazendo supor uma falsa importância sobre si próprios. E os fiscais do meio ambiente são uma de suas vítimas preferidas. Basta o pobre fiscal errar uma vírgula que seja para surgir, do absoluto nada, algum procurador do ministério público a acusá-lo de crime ambiental inafiançável.
Então, veja pessoal, a corda bamba e tênue que esse pobre miserável ser humano tem que andar: se agrada a um, provavelmente desagrada os outros dois, tendo sua vida, emprego e finanças sob risco constante.
Assim, para essa profissão artificialmente criada pelo Estado, podemos atribuir tanto o desalinhamento dos incentivos, quanto a precária existência de qualquer direito natural humano no desempenho de suas funções.
Infelizmente é usual nesse tipo de situação a pessoa descambar para o consumo desenfreado de drogas ou álcool, no intuito de se desligar da realidade desumana em que vive.
Mas, ainda pode piorar! A perda de controle emocional é para as pessoas normais, já os psicopatas tendem a usar da sua função de poder no serviço público para conseguir vultosas somas em dinheiro, além de almejar cargos maiores na hierarquia estatal e assumir o controle de toda a corrupção, passando a oprimir as pessoas comuns que estão sob seu comando.
Então, meu jovem, quando você ouvir dizer que prestar concurso pode ser uma boa escolha, pense nisso que estamos te apresentando. Ninguém aqui vai dizer se é lícito ou não assumir um cargo dentro da estrutura estatal. Essa decisão só pertence a você! Mas fique bem claro desde já: uma instituição que se baseia em atitudes anti-humanas e antiéticas, provavelmente não vai te tratar bem, a não ser que você seja um bandido pior do que os que estão lá hoje e, se esse for o caso, simplesmente não queremos papo contigo.
Para continuar nesse assunto veja agora o vídeo: “O que são empregos de merda?”, o link segue na descrição.
O que são empregos de merda?
https://www.youtube.com/watch?v=v9QX8nhjkyY