O Rio de Janeiro continua lindo! Ou seria melhor dizer... a cidade maravilhosa está cada vez mais violenta?
O Rio de Janeiro mergulhou num caos de violência e destruição na última segunda-feira, dia 23 de outubro. Após uma série de atentados promovidos por integrantes de facções criminosas, a cidade maravilhosa acumulou um saldo aterrorizante. Ao menos 35 ônibus foram incendiados na Zona Oeste da capital fluminense. Além disso, também um trem, que saía de Santa Cruz, em direção à estação Central, teve sua cabine incendiada, na estação Tancredo Neves. Em decorrência disso, houve fechamento parcial dos trechos de trem.
A polícia militar chegou a impedir que um grupo formado por 15 bandidos ateasse fogo em um caminhão na Avenida Brasil. Porém, as cenas de terror e destruição deixaram sua marca na cidade, e causaram toda sorte de transtornos aos cidadãos. As linhas de transporte público do corredor Transoeste foram interrompidas. Já as aulas nas escolas do município foram suspensas, em virtude do estado de violência em que a cidade se encontra.
As autoridades municipais, inclusive, colocaram a capital em “estágio de atenção”, que é o 3º nível, numa escala de 5 níveis de risco, e que “significa que uma ou mais ocorrências já impactam o município, afetando a rotina de parte da população”. Pelo menos 12 bandidos foram presos, na sequência dos atos criminosos, para serem enviados para presídios em outros estados. Nas palavras do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, essas ações devem ser classificadas como “atentados terroristas”.
Sem dúvidas, esse é um cenário de guerra urbana, que deixa a população carioca completamente aterrorizada. Mas, afinal de contas, o que atirou a cidade maravilhosa nessa situação deplorável? Ao que tudo indica, a ação dos criminosos foi uma represália, motivada pela morte de um miliciano de renome na região em uma operação da Polícia Civil.
Trata-se de Matheus da Silva Resende, de 25 anos, que era conhecido no meio criminoso como Faustão. O bandido era sobrinho de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, chefe da maior milícia da cidade, outro criminoso de grande periculosidade. Faustão tinha, em suas costas, um envolvimento em pelo menos 20 homicídios, e era o segundo em comando na facção, logo abaixo de seu tio Zinho. O jovem criminoso, segundo relatos, gostava de desfilar pelas áreas de controle de sua milícia portando um fuzil AK-47. Faustão foi passado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro horas antes do início da onda de caos. Os bandidos, portanto, estariam respondendo à morte do chefão.
As milícias, como bem se sabe, são uma praga na capital fluminense e também em outras cidades da região. Originalmente, as milícias surgiram como grupos armados, que tinham por objetivo combater o domínio das facções criminosas, especializadas no tráfico de drogas, nas comunidades carentes. Os milicianos, em pouco tempo, conseguiram expulsar as principais facções cariocas de diversas favelas. Mas aí, a coisa começou a desandar rapidamente.
Logo, as milícias passaram a cobrar taxas de proteção para os estabelecimentos comerciais, de forma violenta. Depois, começaram a cobrar taxas de serviços diversos, como fornecimento de internet, transporte por vans e motos, TV a cabo, dentre outros. Por fim, as milícias trouxeram as drogas de volta para as favelas. Agora, existe até um nome, que define a atuação desses grupos no Rio de Janeiro: são as “narcomilícias”, facções criminosas independentes que se aliam aos grupos já consolidados, para fazer o que sempre foi feito. Ao que tudo indica, o finado Faustão era a ponte entre a milícia comandada por Zinho e os traficantes das outras facções criminosas da cidade.
O caso da onda de violência na cidade maravilhosa nos mostra, mais uma vez, que o estado é incapaz de proteger a população - algo que, supostamente, é sua principal função. O Rio de Janeiro, infelizmente, parece ser um caso perdido. A cidade está loteada, há muito tempo, com diversas partes do seu território sendo dominadas por grupos criminosos que aterrorizam a população que está sob seu controle. Nesses lugares, o que vale é a lei da facção. Por lá, os bandidos impõem normas de conduta, cobram impostos e instituem seus próprios tribunais. Eles são legisladores, juízes e executores.
E o estado, ao que tudo indica, parece ser incapaz de resolver essa situação, trazendo a paz de volta ao Rio de Janeiro. A violência apenas escala, de forma que os conflitos entre bandidos e com a polícia se tornam mais frequentes e mais sangrentos. Inclusive, as citadas 20 mortes, atribuídas ao mando de Faustão, estão relacionadas a disputas entre grupos criminosos. Trata-se de uma verdadeira guerra urbana, descarada, acontecendo em tempo real, diante de nossos olhos.
Porém, precisamos reconhecer um fato: as coisas realmente parecem estar piores, agora que o PT voltou ao poder no Brasil, não é mesmo? Eu sei que o tempo voa, mas vamos recapitular tudo o que já aconteceu no país, em matéria de violência, desde que o Lula voltou à cadeira presidencial. No mês de março, o Rio Grande do Norte foi varrido por uma onda de violência, que contou com mais de 300 ataques organizados por facções criminosas, em diversas cidades. Naquela época, não obstante mais de 100 bandidos terem sido presos, ficou evidente, para todos, a incapacidade da governadora do estado, a petista Fátima Bezerra, de controlar a situação.
Em setembro, foi a vez da Bahia - outro estado governado por petistas - ser o foco da escalada da violência. Por conta de conflitos entre facções rivais, mais de 50 pessoas perderam a vida no estado, e cenas de ônibus sendo incendiados, semelhantes àquelas que vivemos agora no Rio de Janeiro, eram frequentes. E, agora, temos mais essa crise carioca. Parece que o ano de 2023 está sendo muito empolgante para os bandidos, não é mesmo?
Será que os criminosos se sentem mais à vontade para comer seus atos bárbaros, agora que um ex-detento está na presidência da República? Será que eles sabem que o PT e seus asseclas são muito coniventes com a bandidagem, e que aquele papo do Lula de que ladrão rouba celular para tomar uma cervejinha não era só um recurso retórico? Será que as facções criminosas sabem que, agora, o "diálogo cabuloso" foi restabelecido?
Bem, eu não sei dar essas respostas. O que eu sei, porém, é que definitivamente o senhor Flávio Dino, Ministro da Justiça e da Segurança Pública do governo Lula, e forte candidato para uma vaga no STF, é o pior nome a ocupar essa pasta em toda a história da República. Sua incapacidade de manter a paz e a ordem no Brasil já são evidentes para todos. Inclusive, é claro, para os bandidos.
De qualquer forma, o gordola da pasta da segurança afirmou que vai aumentar a quantidade de equipes federais em atuação no Rio de Janeiro, para combater a criminalidade na cidade. De acordo com algumas fontes, o uso de forças militares do Exército brasileiro na capital fluminense também vem sendo discutido, ainda que nos bastidores. Segundo Flávio Dino, alguns de seus subordinados, e também o comandante da Força Nacional, se encontrarão com autoridades da Polícia Federal, no Rio de Janeiro, para discutir o tema.
Seja como for, a verdade é que o estado não apenas é incapaz de conter a escalada da violência: ele é, em primeiro lugar, o criador de toda essa violência. O atual cenário de caos e bandidagem, protagonizado por facções criminosas, a despeito dos parcos esforços da segurança pública, é resultado de uma série de intervenções estatais. Dentre os principais eventos causadores desse estado de coisas, está a inútil guerra às drogas, que tornou o tráfico uma atividade extremamente lucrativa, a ser explorado por grupos cada vez mais violentos, que usam de cada vez mais brutalidade.
Não é a morte do Faustão das milícias que vai trazer paz para o Rio de Janeiro. No seu lugar, logo aparecerá outra liderança - talvez, ainda mais violenta. É isso o que temos visto acontecer no Rio e em tantas outras cidades brasileiras. O crime organizado se torna cada vez mais violento, cruel e metódico. E o estado se torna cada vez mais ineficiente no combate a esse sistema que foi criado por seus erros e incompetência. No final das contas, e no centro de tudo isso está, de fato, a maior de todas as milícias: o governo brasileiro.
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2023/10/24/morto-pela-policia-faustao-era-o-contato-da-milicia-com-o-trafico-e-investigado-por-20-mortes-no-rj.ghtml