Quando o Estado obriga crianças a frequentar prisões disfarçadas de escolas, a violência é inevitável, assim como dentro dos presídios. Veremos como um caso de violência chocante escancara a falência da educação compulsória.
Uma menina de 17 anos foi esfaqueada com uma tesoura por uma colega de 18, na Escola Estadual José Chediak, zona leste de São Paulo. Um episódio brutal — e, infelizmente, cada vez menos raro. O vice-diretor confirmou que ambas já tinham histórico de conflitos e que os pais da vítima haviam pedido ajuda à direção para proteger a filha. Ainda assim, nada foi feito. A estudante seguiu obrigada a conviver diariamente com quem a ameaçava, até que a violência explodiu.
Esse caso não é um acidente, mas mais um sintoma de uma epidemia que se espalha pelas escolas públicas do Brasil: jovens presos em ambientes tóxicos, sem saída, sem proteção e sem voz. Muitos desses jovens, é verdade, são delinquentes que sequer querem estudar, mas são obrigados a cumprir o ensino compulsório imposto pelas políticas educacionais do MEC.
A violência escolar não surge do nada. Ela é fruto direto de um sistema que ignora a liberdade das famílias. Quando o Estado decide onde os filhos devem estudar, sem considerar segurança, qualidade de ensino ou clima emocional, cria um cenário de cativeiro forçado. É como trancar duas pessoas que se odeiam no mesmo cômodo por anos, sem permitir que saiam. E pior: quando surgem comportamentos agressivos, muitas vezes a direção sequer toma providências concretas para separar os alunos. É isso que acontece com milhares de estudantes. A tensão não é apenas provável — é inevitável. E, quando o Estado se recusa a reconhecer isso, a violência deixa de ser surpresa e vira consequência natural.
(Sugestão de Pausa)
O caso da Escola José Chediak é um retrato do fracasso institucional. Os pais pediram socorro, alertaram sobre riscos reais. Mesmo assim, a menina foi mantida no mesmo ambiente da agressora, como se sua integridade física fosse menos importante que a matrícula. A instituição não mediou, não transferiu, não agiu — apenas deixou o tempo correr até que o pior acontecesse. E agora, depois da tesourada, a pergunta é: “Como isso foi possível?”. A resposta é simples: porque o sistema não permite que famílias escolham outra saída.
E aqui surge uma das maiores hipocrisias: o homeschooling, método opcional de ensino, continua proibido no Brasil. Famílias que tentam proteger seus filhos da violência, do bullying ou do ambiente hostil escolar são tratadas como criminosas, correndo risco de processo por “abandono intelectual” — como se aprender em casa fosse menos válido do que sobreviver num ambiente tóxico. Nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, o ensino domiciliar é legal, respeitado e bem-sucedido. Lá, crianças têm desempenho igual ou superior e um desenvolvimento social mais saudável, longe da pressão de escolas doentias. Aqui, a liberdade de educar é vista como ameaça ao controle estatal.
Mas, como libertários, não queremos apenas “legalizar” algo, mantendo o governo regulando a prática, como no caso do homeschooling. Queremos remover completamente as garras do leviatã estatal da nossa vida, em todos os aspectos, e defender o fim de estruturas arcaicas e burocráticas como o Ministério da Educação.
A violência nas escolas não é só problema de segurança — é sintoma de um sistema que trata crianças como peças de uma máquina, não como indivíduos com direitos, sentimentos e necessidades únicas. A escola obrigatória e estatal cria ambientes artificiais, lotados e lentos para resolver conflitos. O preço é alto: o trauma físico e emocional de uma menina ferida a tesouradas vai além da cicatriz — afeta autoestima, confiança e futuro. E atinge também cada colega que viu, soube ou sentiu medo naquela sala de aula.
(Sugestão de Pausa)
Estudar deveria ser caminho de descoberta, não rotina de medo. Enquanto o Estado negar escolhas reais às famílias, tragédias como essa vão se repetir, não por acaso, mas por desenho. A incapacidade das escolas de proteger alunos, mesmo com avisos prévios, revela falhas estruturais. Na Escola José Chediak, os pais alertaram, mas a instituição não conseguiu separar as estudantes ou resolver o conflito. Escolas públicas funcionam como burocracias engessadas, com protocolos lentos e limitações legais que impedem ações rápidas. Já famílias que educam em casa podem agir imediatamente, mudando métodos e ambientes conforme necessário.
O ambiente escolar compulsório cria dinâmicas artificiais que não existem no mundo real — onde escolhemos com quem conviver. Na escola, crianças são agrupadas à força por anos, mesmo que incompatíveis em vários aspectos. Nesse confinamento, surgem hierarquias nocivas: o mais fraco é excluído, o diferente é atacado, o silêncio vira sobrevivência. Bullying, intimidação e pressão para se encaixar florescem onde não há liberdade de escolha. Não é má convivência — é o resultado previsível de um sistema fechado, onde o estresse acumula e a saída é bloqueada. E nem precisamos mencionar aqui os inúmeros casos de tragédias e chacinas que aconteceram em escolas, com alunos traumatizados e frustrados que se tornaram atiradores insensíveis, e fizeram inúmeras vítimas.
E como o Estado reage? Em vez de questionar o modelo, aumenta o controle: mais câmeras, detectores de metal, guardas armados, punições severas. Escolas públicas se parecem cada vez mais com presídios, reforçando que o ambiente é hostil por natureza. Em vez de torná-lo humano e flexível, o Estado o transforma numa instituição de contenção, como se o erro estivesse na criança, e não no sistema que a aprisiona.
O impacto no aprendizado é devastador. Como estudar com medo no peito? Professores gastam mais tempo contendo conflitos do que ensinando. Crianças, naturalmente curiosas, têm esse desejo sufocado pelo ambiente tóxico. Já estudos mostram que crianças educadas em casa, livres de bullying e confinamento, desenvolvem amor genuíno pelo conhecimento, aprendem mais e superam colegas presos oito horas por dia em salas fechadas. Talvez porque, para aprender de verdade, o essencial não seja o currículo, mas a paz.
(Sugestão de Pausa)
A violência escolar não termina no sinal. Ela se infiltra e perpetua ciclos de agressão até a vida adulta. Crianças que crescem onde a força resolve conflitos aprendem que esse é o jeito “normal” de lidar com pessoas — seja agredindo, seja sofrendo em silêncio. A escola deveria ensinar respeito e diálogo, mas, no modelo atual, o confinamento forçado e a falta de escolha ensinam o oposto: que o poder vale mais que o direito e pedir ajuda raramente funciona.
Do ponto de vista libertário, a violência escolar é consequência direta de um sistema que viola direitos fundamentais. O princípio da não-agressão é rompido quando o Estado obriga crianças a frequentar uma escola específica contra a vontade delas e dos pais. Isso não é proteção — é cativeiro. Onde não há liberdade de sair, conflitos se acumulam e a violência se torna previsível.
A solução para quem defende a liberdade é clara: acabar com a obrigatoriedade escolar, abolir políticas públicas nesse setor e permitir plenamente o homeschooling. O governo tem que parar de regular e restringir o valioso mercado da educação. Famílias devem ter liberdade total para educar os filhos como quiserem — em casa, escolas privadas, cooperativas ou qualquer formato que funcione para elas. Ninguém deveria ser obrigado a expor seu filho a um ambiente tóxico só porque o Estado assim determina. Quando há escolha real, a violência desaparece por óbvio: ninguém permanece onde se sente ameaçado.
Os resultados já existem. Em países onde o ensino domiciliar é legal, crianças não só se destacam academicamente, como demonstram mais criatividade, pensamento crítico e maturidade emocional. Têm menos ansiedade, menos problemas comportamentais e vínculos familiares mais fortes. Porque aprendem no seu tempo, em um ambiente seguro e afetuoso. Aprendem porque querem, não porque são obrigadas.
(Sugestão de Pausa)
Mercados livres em educação também trariam soluções inovadoras que o monopólio estatal jamais produzirá. Escolas privadas competindo por alunos teriam incentivos reais para garantir segurança e qualidade. Cooperativas educacionais uniriam famílias com valores semelhantes. Tecnologias de ensino avançariam rapidamente, livres da burocracia.
A objeção comum é que crianças precisam da “socialização” escolar. Mas a violência endêmica nas escolas públicas prova que essa “socialização” muitas vezes é negativa e destrutiva. Crianças educadas em casa socializam de forma mais rica, por meio de esportes, artes, voluntariado e interações com pessoas de diversas idades — não apenas com pares forçados a conviver no mesmo espaço.
O libertarianismo questiona a própria autoridade do Estado sobre a educação. Historicamente, essa responsabilidade era das famílias e comunidades, até ser usurpada pelo governo nos últimos dois séculos. A educação obrigatória surgiu, não para beneficiar crianças, mas para moldar cidadãos obedientes, bons soldados e pagadores de impostos que não questionam o poder. Na antiga Prússia, o objetivo era formar soldados submissos à elite política, dispostos a morrer em guerras estatais.
No fim, a verdadeira educação nasce da liberdade, da curiosidade e do amor pelo aprendizado — elementos destruídos pelo ambiente coercitivo que caracteriza muitas escolas públicas. Libertar as famílias para educar seus filhos como acharem melhor não só eliminaria a violência escolar, mas formaria uma geração mais criativa, educada e livre. Deixamos aqui como recomendação de livros sobre homeschooling, os seguintes títulos: “Homeschooling ao Alcance de Todos” do escritor Rodrigo Mocellin e “O mínimo sobre homeschooling” de Deia e Tiba Camargos.
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/08/08/estudante-de-17-anos-e-ferida-a-tesouradas-por-colega-em-uma-briga-na-sala-da-aula-de-escola-estadual-da-zona-leste-de-sp.ghtml
https://efape.educacao.sp.gov.br/convivasp
https://www.scielo.br/j/pp/a/v8zRBpKgQC7NDrpmrCqjrRq/?format=pdf&lang=en