Em Paris, uma proposta para confiscar 2% da riqueza dos bilionários foi barrada. Mas não se engane. Esta não é uma vitória. É apenas o ensaio para um ataque global à sua propriedade. O objetivo final é mais obscuro do que você pensa.
Uma batalha crucial foi travada recentemente no coração da Europa. No dia 31 de outubro de 2025, a Assembleia Nacional francesa rejeitou uma proposta audaciosa de confisco de riqueza em larga escala: o “Imposto Zucman”. A votação foi apertada — 228 votos contra e 172 a favor — com uma coalizão frágil de centristas e conservadores detendo o avanço socialista sobre a propriedade privada. Contudo, seria um erro fatal ver isso como uma vitória da liberdade. Foi apenas uma pausa tática. A guerra do Estado moderno contra o indivíduo e seus bens continua, e a ideologia por trás da proposta segue forte, organizada e perigosamente globalizada.
O evento em Paris não é um caso isolado, mas um exemplo da agenda estatista atual: a fusão da inveja, disfarçada de “justiça social”, com teorias econômicas falidas e uma ambição globalista de construir um cartel fiscal internacional para eliminar a fuga de capital privado. A proposta francesa, idealizada pelo economista Gabriel Zucman, é a manifestação local de um projeto muito maior, já debatido no G20. Analisar sua derrota temporária permite dissecar a anatomia da tirania fiscal moderna, expor suas mentiras e reafirmar os princípios da propriedade e da liberdade.
Embora a batalha em Paris tenha sido vencida, a guerra ideológica se intensifica. Os princípios por trás do “Imposto Zucman” ameaçam a fundação de uma sociedade livre — não apenas as fortunas dos chamados “ultra-ricos”. Analisaremos a proposta, seus precedentes históricos desastrosos, a agenda globalista que a impulsiona e, finalmente, sua imoralidade fundamental, pois todo imposto é roubo. A trégua em Paris é um chamado à vigilância.
(Sugestão de pausa)
Para entender a ameaça, precisamos olhar os detalhes da expropriação proposta. A ofensiva legislativa na França foi uma tática de pinça: duas propostas interligadas, revelando a natureza estratégica da usurpação estatal.
A proposta principal, o “Imposto Zucman”, era brutalmente simples. Consistia em um imposto anual de 2% sobre todo o patrimônio líquido acima de 100 milhões de euros. A medida foi desenhada para atingir um grupo pequeno, mas que gera muita riqueza econômica e social. Cerca de 1.800 famílias seriam o alvo. A arrecadação estimada — e fantasiosa — seria de 15 a 20 bilhões de euros por ano. A alíquota fixa e o limiar alto foram calculados para maximizar o apelo populista. O objetivo era focar a raiva pública em um alvo restrito e fácil de demonizar.
Simultaneamente, o Partido Socialista apresentou um “Zucman-light”: um imposto de 3% sobre ativos acima de 10 milhões de euros, com isenções táticas para “empresas familiares e inovadoras”. A existência de duas propostas é uma tática clássica: a versão radical torna a “moderada” mais aceitável, enquanto as isenções cínicas dividem a oposição. A estratégia revela o avanço estatista: primeiro, isola e expropria os 0,01% mais ricos; depois, estabelece o princípio do confisco de capital para, inevitavelmente, expandir a definição de “rico” e incluir novos alvos.
(Sugestão de pausa)
Ambas as propostas foram vendidas sob a bandeira da “justiça fiscal”. Os defensores, como Zucman, afirmam que bilionários pagam menos impostos que a classe média. Essa linguagem é uma cortina de fumaça para a inveja e a pilhagem. A riqueza dos mais ricos é composta por capital não realizado em empresas — capital que não é dinheiro parado, mas o motor da economia, investido em projetos produtivos. Tributar esse capital anualmente, como se fosse renda, é um erro econômico com consequências devastadoras. O objetivo da retórica da “justiça fiscal” é redefinir a propriedade: transformar o capital privado em um recurso a ser gerenciado pelo Estado — uma medida comunista. O mais assustador é o apoio popular. Pesquisas mostraram que 86% do público francês era a favor da medida. Isso ilustra uma lição libertária crucial: a democracia não garante a liberdade; pelo contrário, pode se tornar um mecanismo para a tirania da maioria — um sistema em que 51% da população vota para expropriar os outros 49%. O Estado, por meio da democracia, confere uma falsa legitimidade ao que, em qualquer outro contexto, seria chamado de roubo.
A proposta do Imposto Zucman é um ato de amnésia histórica deliberada. A França não precisa de teorias para prever os resultados de um imposto sobre a riqueza, pois possui décadas de dados de seu próprio experimento desastroso: o Imposto de Solidariedade sobre a Fortuna (ISF). Ignorar essa história para propor uma política ainda mais punitiva revela que o objetivo não é o bem-estar econômico, mas a perseguição aos capitalistas e o cumprimento de uma agenda ideológica.
O ISF, implementado em 1982, foi um pilar tóxico do sistema fiscal por quase três décadas, até que a pressão da realidade econômica forçou o governo de Emmanuel Macron a substituí-lo, em 2018, por um imposto mais restrito sobre imóveis. A razão não foi ideológica, mas pragmática: o ISF era um veneno.
(Sugestão de pausa)
As consequências não são especulações, mas fatos históricos. O ISF provocou um êxodo contínuo de capital e de pessoas ricas. Uma análise estimou que, desde sua criação, o imposto causou uma fuga de capitais de cerca de 200 bilhões de euros. Outro relatório mostrou que 843 indivíduos de alto patrimônio deixaram o país em 2006, resultando em uma perda de base tributária de 2,8 bilhões de euros para o Tesouro — apenas naquele ano. Este não é um “efeito colateral”: é o resultado direto e previsível de uma política que trata o sucesso como crime. Os ricos sempre terão para onde fugir e facilidade de serem recebidos em outros países.
Ironicamente, o imposto criado para encher os cofres do Estado acabou por esvaziá-los. Um estudo concluiu que o ISF causava um déficit fiscal anual de aproximadamente 7 bilhões de euros — quase o dobro do que arrecadava. A razão é simples: ao expulsar capital e empreendedores, o Estado perdia não apenas a receita do ISF, mas também todas as outras receitas que essas pessoas e seus investimentos geravam. O ISF foi um exemplo perfeito de como o Estado, em sua ganância, mata a galinha dos ovos de ouro. Além disso, a taxação do capital é uma taxação do futuro. O mesmo estudo estimou que o ISF reduziu o crescimento anual do PIB em 0,2%. Pode parecer pouco, mas, ao longo de décadas, representa uma perda colossal de riqueza e oportunidades. O fato de os proponentes do Imposto Zucman avançarem com sua proposta, cientes desse histórico, é a prova definitiva de que a motivação não é econômica, mas ideológica. O objetivo real é a punição da riqueza e a expansão do controle estatal — mesmo que isso signifique empobrecer o país inteiro.
(Sugestão de pausa)
A tentativa de implementar esse imposto não foi um mero capricho da política interna, mas a ponta de lança de uma campanha muito mais ampla e coordenada: uma ofensiva internacional contra a soberania do indivíduo sobre sua propriedade. No centro dessa campanha está Gabriel Zucman, que se tornou o principal arquiteto de um movimento global por um regime fiscal unificado e confiscatório.
A proposta derrotada na Assembleia Nacional foi uma aplicação direta do plano que Zucman apresentou ao G20. Esse plano global é assustadoramente ambicioso. Ele propõe um imposto mínimo coordenado internacionalmente: uma alíquota de 2% sobre o patrimônio dos cerca de 3.000 bilionários do mundo, com o objetivo de arrecadar aproximadamente 250 bilhões de dólares por ano.
O ponto crucial não é a alíquota, mas a “coordenação internacional”. O objetivo explícito é eliminar a concorrência fiscal entre os países e, assim, impedir a fuga de capitais. Zucman entende que, enquanto os indivíduos puderem mover seus ativos, qualquer imposto sobre a riqueza nacional está fadado ao fracasso. A solução, do ponto de vista estatista, é criar um cartel global de Estados. Se todos os principais países concordarem em aplicar um imposto mínimo, o capital ficará encurralado. Não haverá para onde correr. Este é o sonho final dos socialistas: uma prisão fiscal global, onde a propriedade privada existe apenas com a permissão dos governos, e a soberania do indivíduo é aniquilada por um conluio de Estados.
(Sugestão de pausa)
Primeiro, o pesadelo da avaliação. A premissa é que o Estado pode determinar o valor de todos os ativos de um indivíduo a cada ano. Isso é um delírio burocrático. A maioria da riqueza dos mais ricos está em ativos ilíquidos — participações em empresas de capital fechado, imóveis, obras de arte. Como se determina o valor de mercado de uma empresa familiar que não é vendida há gerações? Não há resposta objetiva. Qualquer avaliação será, na melhor das hipóteses, uma estimativa subjetiva; na pior, um número arbitrário imposto por um burocrata. Isso concede um poder discricionário imenso aos agentes do Estado.
Segundo, a confusão deliberada entre capital e renda. Um imposto de renda incide sobre o rendimento gerado; um imposto sobre a riqueza incide sobre o próprio capital — o estoque de ativos. É como um agricultor que, em vez de pagar imposto sobre a colheita, é forçado a entregar parte de suas sementes. Ao taxar o capital, o Estado não está reivindicando uma parte dos frutos: está consumindo a própria fonte da prosperidade. O capital não é riqueza ociosa — é o conjunto de ferramentas, máquinas e recursos que tornam o trabalho mais produtivo. Ao diminuir o estoque de capital, o imposto sobre a riqueza leva a menos investimento, menor produtividade e salários mais baixos para todos.
(Sugestão de pausa)
Terceiro, a matemática punitiva. Uma alíquota de 2% sobre o estoque de capital pode equivaler a uma alíquota altíssima sobre a renda gerada. Considere um ativo com retorno anual de 4%: um imposto sobre a riqueza de 2% equivale a um imposto de 50% sobre a renda. Se o retorno for de 2%, o imposto é de 100% sobre a renda; se for menor, o imposto se torna uma expropriação pura do principal. Isso força os proprietários a liquidar ativos — não por razões econômicas, mas para pagar o imposto —, resultando em uma alocação ineficiente de capital e na destruição progressiva do patrimônio produtivo.
A análise pragmática do “Imposto Zucman” é devastadora. A história mostra que ele leva à fuga de capitais; a economia ensina que ele destrói a prosperidade futura; a logística demonstra que ele é um pesadelo administrativo; e a política revela sua agenda globalista de controle. Qualquer um desses argumentos seria suficiente para descartá-lo.
No entanto, focar apenas nesses argumentos é cair na armadilha do Estado — aceitar discutir a alíquota “ótima” de confisco ou a “eficiência” da pilhagem. É conceder a premissa falsa de que o governo tem um direito legítimo à propriedade de seus cidadãos. A questão fundamental não é de eficiência, mas de moralidade. A crítica final e mais importante a todos os impostos não é que funcionam mal, mas que são fundamentalmente errados.
(Sugestão de pausa)
A partir dos princípios libertários, a conclusão é inequívoca: a tributação é roubo. É a expropriação coercitiva da propriedade privada por uma organização que detém o monopólio da violência. Não importa se a extração é de 1% ou 90%; não importa se os fundos são usados para construir hospitais ou financiar guerras; não importa se a decisão é de um tirano ou de uma maioria democrática. O ato em si — a tomada de propriedade sem consentimento, sob ameaça de violência — é moralmente indistinguível do roubo.
Robert Nozick, em Anarquia, Estado e Utopia, oferece uma analogia poderosa: taxar os ganhos de horas de trabalho é o mesmo que forçar alguém a trabalhar essas horas para os outros. É uma reivindicação de propriedade parcial sobre o tempo e a vida do indivíduo. O imposto sobre a riqueza é ainda pior — é uma reivindicação sobre o produto acumulado de uma vida inteira de trabalho, poupança e risco. É a declaração do Estado de que ele é co-proprietário de tudo o que você construiu.
A rejeição da proposta em Paris não deve ser motivo de complacência. Pelo contrário, deve servir como lembrete da ambição insaciável do inimigo da liberdade. A vitória temporária foi resultado de uma aliança frágil, não de uma conversão aos princípios da liberdade. O caminho para uma sociedade livre não é buscar impostos “melhores” ou “mais justos”, mas reconhecer a injustiça inerente a todo o sistema de tributação compulsória. É defender, sem desculpas, um mundo baseado no intercâmbio voluntário e nos direitos de propriedade invioláveis. A batalha em Paris foi uma escaramuça; a guerra pela liberdade é ideológica, global e perpétua. Nossa arma mais poderosa é a clareza moral de chamar o roubo pelo nome verdadeiro.
https://today.rtl.lu/news/world/a/2351006.html
https://www.wilsoncenter.org/blog-post/brazils-proposal-tax-super-rich
https://www.realinstitutoelcano.org/en/analyses/taxing-billionaires-wealth-dynamics-and-revenues-from-a-global-minimum-tax/
https://www.theguardian.com/business/2025/sep/21/wealth-tax-would-be-deadly-for-french-economy-says-europe-richest-man-bernard-arnault