A história do TELEGRAM, um aplicativo LIBERTÁRIO

Conheça agora a historia do Telegram, um aplicativo que prioriza a liberdade e a privacidade.

Muita gente usa o Telegram todos os dias sem sequer imaginar a história que está por trás do aplicativo. Para a maioria, ele é só uma alternativa ao WhatsApp, um app diferentão que permite grupos gigantes, bots, canais e uma liberdade que os concorrentes nunca ousaram oferecer. Mas por trás disso, existe uma raiz muito mais profunda: o Telegram nasceu de uma filosofia, de um princípio que bate de frente com o que governos e grandes corporações mais odeiam — a liberdade. E é exatamente por isso que o Telegram, desde sua origem, sempre foi perseguido, difamado e constantemente ameaçado de banimento em vários países.

A história começa na Rússia, com os irmãos Pavel e Nikolai Durov. Se o sobrenome te parece familiar, é porque esses irmãos já tinham causado dor de cabeça para o governo russo bem antes de inventarem o Telegram. Pavel Durov foi o fundador do VKontakte, uma espécie de “Facebook russo” que rapidamente se tornou muito popular na região. Só que diferente de Zuckerberg, que se ajoelhou para governos e empresas de publicidade, Durov tinha uma postura que incomodava. Ele se recusava a entregar dados de usuários ao estado russo, não aceitava censura e batia de frente com oligarcas que queriam transformar o VK numa máquina de vigilância. Resultado? Pressão política, tentativas de confisco da empresa e, no fim, foi considerado um inimigo público e recebeu um mandato de prisão. Enquanto as autoridades russas tentavam prender o empresário, Durov já havia deixado o país, dando fuga do estado autoritário que o queria preso. 

Desde então, Pavel e seu irmão adotaram uma vida nômade para não serem pegos pelo governo russo. Foi nesse contexto que Pavel Durov decidiu criar algo que fosse além de uma rede social. Ele percebeu que a verdadeira luta não estava em conectar pessoas com memes e postagens, mas em garantir um espaço de comunicação realmente livre, fora do alcance de qualquer estado. E assim, em 2013, nasceu o Telegram. Desde o início, o aplicativo foi construído em cima de dois pilares: a criptografia e a descentralização. Dois conceitos que soam quase como palavrões para qualquer político acostumado a mandar e desmandar na vida das pessoas.

A ideia era simples: se as mensagens são criptografadas e os servidores espalhados pelo mundo, nenhum governo pode bater na porta de uma empresa e exigir dados. Diferente do que acontece com o WhatsApp que, apesar de usar criptografia ponta a ponta, ainda pertence ao Facebook, uma das empresas mais viciadas em coletar informações pessoais da história, o Telegram não nasceu para vender anúncio ou informações pessoais, mas sim para ser um espaço onde o indivíduo pode falar, trocar ideias e se organizar sem precisar pedir bênção para burocratas ou corporações.

É justamente por isso que o Telegram ganhou fama entre dissidentes políticos, jornalistas independentes, ativistas e até mesmo aqueles que governos adoram chamar de “perigosos” ou “radicais”. Na realidade, o que incomoda os estados não é o Telegram em si, mas o fato de que ele devolve às pessoas algo que os governos passaram décadas roubando: a liberdade. Quando você tira isso da mão dos políticos, eles entram em desespero.

Não é à toa que o Telegram já foi perseguido em quase todos os cantos do mundo. A Rússia tentou banir o app em 2018, usando como desculpa a “luta contra o terrorismo”. O Irã também bloqueou. A China, óbvio, jamais deixaria algo assim funcionar livremente. Até no Brasil a justiça já ameaçou tirar o aplicativo do ar, sempre com o mesmo discurso: “precisamos controlar fake news, precisamos garantir a segurança, precisamos regular o discurso de ódio”. Mas todo mundo sabe que esse papo é só cortina de fumaça. O que realmente incomoda é que o Telegram não dobra a espinha. Enquanto outras empresas fazem acordos com governos, entregam dados e criam filtros automáticos de censura, o Telegram mantém a postura de que a responsabilidade pelo conteúdo é do usuário, não da empresa. Isso é libertarianismo na prática.

Claro que isso causa um choque cultural gigante, porque vivemos num mundo onde as pessoas foram acostumadas a achar que a liberdade é perigosa. O estado conseguiu vender a narrativa de que, sem censura e sem controle, a sociedade mergulharia no caos. E o Telegram aparece como prova viva do contrário: milhões de pessoas usam o app todos os dias, trocam informações, se organizam em comunidades e constroem negócios inteiros dentro dele.

É curioso notar que o Telegram nunca se preocupou em ser “popular” no sentido comercial da coisa. Diferente de aplicativos que vivem caçando formas de prender o usuário para vender anúncios, o Telegram sempre apostou na liberdade de quem usa. Ninguém é obrigado a nada, ninguém precisa pagar para ter mais recursos básicos. Quando lançaram a versão premium, foi mais uma forma de sustentar financeiramente o projeto do que de transformar a experiência em um funil de monetização. Isso é completamente diferente da lógica tradicional do Vale do Silício, onde o usuário é o produto. No Telegram, o usuário é o dono do espaço.

Outro detalhe que passa batido: o Telegram nunca se rendeu à ideia de centralizar poder em uma sede fixa, em um país fixo. Pavel Durov se tornou praticamente um “nômade digital”, mudando de país conforme as pressões aumentavam. Isso reforça o caráter libertário do projeto, porque mostra que a luta pela liberdade digital não pode estar amarrada a fronteiras nacionais. Governos são locais, mas a internet é global. E a única forma de preservar esse espírito é não se prender a uma bandeira, mas sim a um princípio.

E os princípios que guiam o Telegram são claros: privacidade, liberdade de expressão e autonomia do indivíduo. É óbvio que isso não agrada a quem vive do controle. Não é coincidência que toda vez que o Telegram aparece em manchetes de jornais tradicionais, o tom é sempre negativo. Ou acusam o app de ser “o queridinho dos criminosos”, ou falam que ele é “um espaço de desinformação”. A velha narrativa estatal de sempre: se não posso controlar, então é perigoso.

Mas a realidade é que o Telegram se tornou um dos poucos lugares digitais onde as pessoas ainda podem exercer a liberdade sem supervisão constante. E isso, no fundo, é o que define o libertarianismo: a ideia de que a responsabilidade é individual. Se alguém usa o aplicativo para cometer crimes, o problema é da pessoa, não da ferramenta. Da mesma forma que não se proíbem facas porque alguém pode usá-las para o mal, não se deve proibir meios de comunicação porque alguns decidem abusar deles. Mas os políticos não gostam dessa lógica, porque ela tira deles o monopólio da narrativa.

Se pararmos para pensar, o Telegram é quase como um “mercado livre” da informação. Um espaço aberto, onde cada indivíduo escolhe com quem se conecta, quais canais segue, o que consome e o que ignora. Não existe um algoritmo ditando o que você deve ver, nem uma máquina de censura escolhendo o que pode ou não ser dito. É cada um por si, assumindo os riscos e as consequências. E é exatamente isso que torna o aplicativo tão poderoso — e tão odiado por quem manda no mundo.

O mais interessante é perceber como, ao longo dos anos, o Telegram deixou de ser apenas um aplicativo e virou um símbolo. Ele representa a resistência contra o avanço da vigilância estatal e corporativa. Ele mostra que ainda existem alternativas e que não precisamos nos conformar com a ideia de viver sob constante monitoramento. Num cenário onde até a vida privada virou mercadoria, o simples ato de mandar uma mensagem sem medo de estar sendo espionado já é um ato de rebeldia.

E no fim das contas, essa é a essência do Telegram: um lembrete de que a liberdade ainda é possível, mesmo quando tudo parece conspirar contra ela. Não é perfeito, não é imune a ataques, mas é uma prova de que basta um punhado de pessoas comprometidas com uma ideia para desafiar impérios inteiros. Foi assim que nasceu o Bitcoin, foi assim que nasceu o Telegram e várias outras ferramentas libertárias. E é assim que nascem todas as grandes revoluções da liberdade.

Referências:

https://www.infomoney.com.br/perfil/pavel-durov/
https://www.youtube.com/watch?v=Xo5YHqKu5XI