Armas, ideias e dinheiro: os três pilares da dominação estatal. E como combatê-los.

Para derrubar um inimigo, é preciso saber o que o mantém de pé.

O filósofo liberal, John Locke, afirmava que o governo só é legítimo quando atua com o consentimento de seus governados. Tal coisa só acontece na iniciativa privada, quando um funcionário de uma empresa ou um residente de um condomínio aceita voluntariamente as regras de um local, tendo a liberdade de sair a qualquer momento. Já a dominação estatal consensual é uma contradição em termos, como um círculo quadrado. Além de teoricamente impossível, a história confirma que todos os estados que já existiram se impuseram por meio da violência. O antropólogo Charles Spencer em seu livro "Guerra e formação de um estado primitivo em Oaxaca", discorre sobre o primeiro estado organizado da América Central, decorrente do poder dos chiefdoms, que eram chefes guerreiros. Ou seja, eram literalmente gangues que dominavam territórios através da força.


Esse é o primeiro pilar da dominação estatal: a superioridade bélica. Quando o poder de guerra era dependente de soldados profissionais, o estado podia se impor mais facilmente: bastava que uma alguém rico cooptasse alguns guerreiros para dominar um território. O advento das armas de fogo ofereceu uma chance de revide para populações dominadas. Embora ainda exijam habilidade, elas são bem mais manejáveis por civis. Há um ditado que se refere ao inventor do revólver moderno: "Deus criou todos os homens, Samuel Colt os tornou iguais". De fato, as armas de fogo foram fundamentais na independência dos Estados Unidos, e os pais da pátria dedicaram ao direto de usá-las a famosa Segunda Emenda à Constituição. Embora o armamento civil torne uma população mais segura contra crimes individuais, não era nisso que os legisladores estavam pensando quando previram a necessidade de o cidadão comum andar armado. Eis o texto da emenda:

"Sendo uma milícia bem regulamentada, necessária para a segurança de um estado livre, o direito do povo de manter e portar armas não deve ser violado."


Estabelecido o primeiro pilar do estado, ele não é suficiente. Senão, como explicar que países como Estados Unidos e Suíça, com civis armados e treinados, não se revoltem contra seus governantes? O caso de Israel é o mais emblemático: 100% de sua população adulta recebe treinamento militar. O país inteiro é uma grande milícia de prontidão. Porém, o próprio exército exemplifica o segundo pilar do estado: a dominação ideológica. Militares são treinados em um sistema behaviorista de estímulo e resposta. Um soldado armado sempre vai obedecer às ordens de um sargento desarmado, mesmo podendo lhe dar um tiro sem chance de revide.


A dominação ideológica do leviatã sobre a população civil já é mais complexa. Soldados nunca questionam, mas para os outros é necessário fornecer justificativas. E elas variaram ao longo da história. O vídeo do AncapSu Classic "O que é uma sociedade de leis privadas?" discorre sobre a história da validação ideológica estatal. Em resumo, primeiramente os governantes buscavam a aceitação por uma via religiosa ou mística. O faraó dizia que era descendente do sol, o imperador inca dizia que era filho dos deuses, e assim por diante. Com o desenvolvimento da ciência e o crescente ceticismo em relação a fenômenos sobrenaturais, foi necessário desenvolver uma justificativa, digamos, mais "racional". Essa tarefa coube a Thomas Hobbes, um hábil escritor que redigiu um panfleto de propaganda da monarquia disfarçado de tratado filosófico a pedido do rei Charles II, seu amigo de infância.


Hobbes afirma em seu livro "O Leviatã" que os seres humanos, na ausência de um poder coercitivo, são naturalmente inclinados à violência e à agressão, e que o estado é necessário para conter essas pulsões destrutivas. Mesmo admitindo que governantes são igualmente humanos, portanto, maus, o argumento prossegue assumindo que monopolizar o poder de matar resulta em menos mortes. Mas pelo visto, a história do século XX e seus conflitos e assassinatos em massa desmentem isso.


Mesmo com todo o esforço dos teóricos hobbesianos, massacres como o holocausto convenceram a maioria das pessoas de que um estado que concentra o poder de matar não é uma boa ideia. Sai Hobbes, entra Marx, com sua defesa do estado não pela sua capacidade de impedir o mal, mas pelo seu poder de fazer o que se convencionou chamar de justiça social. A ideia agora é a de tomar o produto do trabalho dos capitalistas malvadões e o redistribuindo aos grupos considerados oprimidos. O que pouco se comenta é que Marx teria sido uma nota de rodapé na história se não fosse pela influência de seu mais dedicado sucessor, o italiano Antonio Gramsci.


Gramsci percebeu que os operários, público a quem Marx se dirigia, não servem para fazer revolução por serem alienados, em sua visão. O operário não quer saber de política, ele quer chegar do trabalho, abrir uma cerveja e assistir televisão. Mas claro, muitos trabalhadores se sentem beneficiados pelo capitalismo, e não explorados. Então, esse grande teórico do socialismo mirou em pessoas ávidas por uma sensação de importância na vida: os jovens estudantes. Não é segredo para ninguém que a ideologia socialista domina as universidades. Esses jovens se veem como arautos da defesa dos fracos e oprimidos, mas vivem esperando que um burocrata estatal resolva seus problemas em vez de fazer o bem com as próprias mãos e com o próprio dinheiro. O famoso youtuber conservador, Dennis Praguer, discorre sobre como a ideologia socialista é sedutora no vídeo “O socialismo torna as pessoas egoístas”. Uma vez, quando Obama anunciou para estudantes universitários que eles poderiam utilizar o plano de saúde dos pais até os 26 anos, houve aquilo que Dennis descreveu como os aplausos mais estrondosos que já ouviu.


Além de fornecer bens e serviços, o estado precisa reforçar sua necessidade de existir criando inimigos. Uma máxima muito utilizada na política e nos negócios é: “nada é capaz de unir mais as pessoas do que um inimigo em comum”. A dialética marxista de luta de classes foi sendo aprimorada ao longo dos anos para criar antagonismos entre grupos supostamente oprimidos e seus respectivos opressores: mulheres contra homens, negros contra brancos, LGBTQIA+ contra héteros, veganos contra comedores de carne, e por aí vai. Tudo isso mantém as pessoas ocupadas com um senso revolucionário que as distrai do verdadeiro inimigo, que se apresenta como um lobo em pele de cordeiro necessário para corrigir as injustiças. Esse lobo faz ofertas seduzentes, oferecendo sistemas de cotas para negros, direitos trabalhistas específicos para mulheres, cirurgia de redesignação de gênero para transexuais no SUS e obrigatoriedade de comida vegana nas escolas.


A doutrinação da população desde a tenra idade é custosa para o estado, que precisa pagar não apenas os professores desde o primário até a faculdade, com também os burocratas estatais que formulam as cartilha..., quero dizer, os currículos. A dominação bélica também demanda dinheiro. Porém, o estado não desenvolve atividades lucrativas. Mesmo empresas com fins lucrativos e sem concorrência, como a Petrobras e os Correios, são deficitárias devido aos péssimos incentivos. Logo, todo dinheiro que o estado possui é tomado. E esse é o mais fundamental pilar do estado: a dominação econômica.


A maneira mais óbvia como o estado se financia é o imposto: ele aponta uma arma para a sua cara e tira seu dinheiro. A maneira menos óbvia é o sistema de moeda fiduciária sem lastro, que pode ser criada do nada. Um vídeo do canal conta a história do criador desse sistema: “O assassino, apostador compulsivo e pilantra que inventou o sistema monetário moderno”. Grosso modo, quando o estado esgota seus meios de roubar a população (afinal, um parasita não pode matar seu hospedeiro), ele imprime o próprio dinheiro. E o aumento repentino da quantidade de moeda causa uma deterioração de seu poder de compra. O dinheiro só tem valor em função daquilo que pode ser comprado, e se a quantidade de coisas compráveis permanece a mesma, um aumento de moeda circulante só direciona mais moeda para cada produto. Só que isso acontece por etapas, e o estado consegue se financiar pagando suas despesas antes que o aumento da moeda circulante cause impacto no mercado. Quem paga o custo da inflação é o proletário da base da pirâmide, sem meios para se defender, uma vez que quase toda sua renda é direcionada ao consumo.

Reconhecemos os pilares da dominação estatal, que podem ser resumidos em três palavras: armas, ideias e dinheiro. Agora, é necessário estabelecer um plano de ação. A história nos mostra que um enfrentamento direto é uma má ideia, como o famoso caso do libertário brasileiro, Daniel Fraga. Primeiro, porque a chance de sucesso é ínfima. O estado tem muito mais armas, domina muito mais mentes e tem muito mais dinheiro. Inclusive, tem o poder de cooptar quem detém esses recursos, dada sua relação promíscua com empresários bilionários e intelectuais influentes. Segundo que não há garantia nenhuma de uma dissolução da autoridade. Toda revolução resultou apenas na substituição de um regime por outro, quase sempre mais tirânico, como foi a Revolução Russa de 1917, ou golpe bolchevique, como queira chamar. Nunca houve um revolucionário que abdicou do poder quando o alcançou.

O líder da independência indiana Mahatma Gandhi tem algo a ensinar sobre como enfrentar um opressor, na prática. Ele era um seguidor das ideias de Henry David Thoreau, autor do clássico tratado sobre a Desobediência Civil. A estratégia adotada durante a revolução indiana foi a não-cooperação. Gandhi estimulou a população indiana a não aceitar os monopólios comerciais ingleses e produzirem seu próprio sal e suas próprias roupas, reduzindo assim o pagamento de impostos aos britânicos. Dezenas de milhares de indianos foram presos e algumas centenas assassinados no processo, o que demonstra que a via revolucionária, mesmo pelos métodos corretos, é sempre arriscada.

A desobediência civil pode ser aplicada de maneira mais discreta, individualizada. Você não precisa liderar uma revolução, pode apenas seguir sua vida normalmente e servir de exemplo para que outras pessoas aprendam a se desestatizar. Sobre esse assunto, deixamos como recomendação o vídeo Somente os DESOBEDIENTES conquistarão a LIBERDADE, link disponível na descrição.


Primeiramente, consiga uma arma. Existe um atalho lícito para burlar a burocracia: conseguir um cargo público que proporcione o porte. Sobre a moralidade de libertários assumirem cargos públicos, já falamos sobre isso no vídeo: “Se você é funcionário público e concorda que imposto é roubo, esse texto é para você”. Desta vez, se imiscuir no estado não se trata sequer de gradualismo. O objetivo não é sabotar o estado por dentro, mas simplesmente pegar dele o que é necessário, tal como ensinou Sun Tzu: “uma provisão tomada do inimigo vale por duas”. Voltando ao porte de arma, o cargo mais acessível que proporciona esse direito é o de guarda municipal, cujos integrantes têm direito ao porte em qualquer lugar do Brasil, mesmo que a guarda em si não ande armada. Outros cargos que proporcionam esse direito são o de policial de qualquer esfera (militar, civil, penal), agente socioeducativo e fiscal da receita federal. Este último não é um cargo recomendável para libertários, por razões que explicamos no vídeo referenciado.

Falando do segundo pilar: mantenha a si e seus filhos longe da doutrinação estatal. Se precisar fazer uma faculdade de humanas, escolha um curso EAD, ou se o objetivo é apenas o conhecimento, faça cursos livres que não sejam regulamentados pelo MEC. Aproveite a era da informação descentralizada e distribuída para desenvolver senso crítico em relação a tudo que consome de informação, inclusive o conteúdo deste canal. Não se limite a ler jornais e revistas; leia livros, desenvolva ideias com profundidade. Em relação a seus filhos, além de mantê-los longe da escola, se preocupe em ensiná-los habilidades úteis e incutir-lhes ética de trabalho desde a infância. Pesquise profissões com carência de mão de obra e prepare-os para ocupá-las. Não os deixe reféns de subempregos, pois a pobreza é mais uma ferramenta de dominação do estado.

Agora, suponhamos que você seja um ancap bem informado. Você logrou êxito de escapar da doutrinação estatal criando seus filhos fora das cidades em meio a uma plantação de maconha, coca e papoula defendida com uma coleção de fuzis. Brincadeiras à parte. Mas a pergunta é: como vai transacionar agora? Você pode se dizer orgulhoso que tem uma reserva em Bitcoin, mas isso não resolveria seu problema para comprar pão no seu Zé da esquina. Uma moeda só funciona quando é adotada por ambas as partes de uma transação, e lembre-se, você está no meio do mato. O seu Zé da esquina pode nem saber que Bitcoin existe. Então conforme-se, você ainda vai precisar usar a porcaria do Real por um bom tempo.

Mas mesmo assim, é possível se proteger da inflação. Embora o uso do Bitcoin como moeda ainda seja limitado, e nem é recomendável gastá-lo, ele ainda serve como reserva de valor. Assim como outros bens escassos como ouro, cujos títulos podem ser comprados em pequenas quantidades. Mesmo o dólar, apesar de ser uma moeda inflacionária como o Real, é mais estável por estar atrelado a uma economia mais sólida, e pode ser usado como reserva.

Agora vem o ponto mais importante, e também o mais complexo: diminuir a quantidade de dinheiro cedida ao estado. Isso porque ele desenvolveu uma engenharia de roubo enorme, com vários tentáculos, e é praticamente impossível se desvencilhar de todos. Mas é possível se defender pontualmente.

Se você tiver um negócio, pesquise sobre elisão fiscal, meios legais de pagar menos imposto. Um exemplo clássico é a abertura de vários CNPJ’s para o mesmo negócio, para evitar que algum deles atinja um teto de faturamento que levaria a enquadrá-lo em uma faixa superior de tributação. Outro é a contratação de empregados como PJ, estratégia bastante adotada pelos lacradores da Rede Globo que só gostam de direitos trabalhistas para os outros.

Como consumidor, evite fornecer informação de graça para a Receita Federal. Não peça CPF na nota. Sempre que puder, pague em dinheiro vivo, a forma menos rastreável de pagamento além das criptomoedas.


Você também pode recorrer a produtos piratas e contrabandeados, desde que a qualidade seja satisfatória, e não sejam resultados de violência e, novamente, a possibilidade de punição seja baixa.


Em resumo, a guerra contra o estado não ocorre mais com armas, nem mesmo com um boicote anunciado à maneira de Gandhi. É algo mais como um jogo de baralho fechado, no qual cada lado precisa esconder suas cartas e intenções. O estado não vai ficar passivo diante desse movimento: vem aí mais repressão com armas, mais fiscalização contra sonegação, mais cooptação de figuras influentes para dominação ideológica. Cabe a nós deixarmos as próximas gerações prontas para vencer o leviatã, não para atacar, mas para esperar em seus postos de arma em punho e Bitcoin no bolso. Enfim, deixamos como recomendação o vídeo: O AGORISMO é a LIBERDADE que VOCÊ pode ter HOJE, link na descrição.

Referências:

https://www.youtube.com/watch?v=sA57rCsIeHg
https://pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_Emenda_%C3%A0_Constitui%C3%A7%C3%A3o_dos_Estados_Unidos#:~:text=Texto%20da%20Segunda%20Emenda,-A%20Segunda%20Emenda&text=Sendo%20uma%20mil%C3%ADcia%20bem%20regulamentada,armas%20n%C3%A3o%20deve%20ser%20violado.

O socialismo torna as pessoas egoístas:
https://www.youtube.com/watch?v=bR6XuTOE5X0

Visão Libertária - Se você é funcionário público e concorda que imposto é roubo, esse texto é para você:
https://www.youtube.com/watch?v=7iwVrXQr5T0

Ancapsu - AUMENTA COMÉRCIO de CARRO "NO PAPEL" ou "SÓ PARA RODAR" devido a CUSTO ABSURDO de IMPOSTOS e MULTAS:
https://www.youtube.com/watch?v=wWQUc4chE0E

Visão Libertária - O AGORISMO é a LIBERDADE que VOCÊ pode ter HOJE:
https://youtu.be/C-8BbVSlYAE

Ancapsu Classic - O que é uma sociedade de leis privadas?
https://youtu.be/sA57rCsIeHg

Visão Libertária - Somente os DESOBEDIENTES conquistarão a LIBERDADE:
https://youtu.be/KKyc1PgWcHo