Entenderemos aqui como os regimes autoritários conseguem desumanizar seus inimigos perante os olhos da maioria, e como os métodos usados são essenciais para o silenciamento e desumanização dos livres pensadores.
Os governos autoritários e seus agentes sempre buscam combater os intelectuais honestos e aqueles que estão tentando alertar a população sobre os reais problemas por trás da propaganda política. Para isso, precisam usar as melhores táticas para dessensibilizar a população sobre o comportamento daqueles dissidentes do regime. Assim, rótulo é uma forma de limitar a existência do indivíduo, ao reduzir todas as características e peculiaridades que cada ser humano possui, para se encaixar naquele falso espantalho. Consequentemente, aquele indivíduo que está divulgando a verdade, deixa de ser visto como um ser humano complexo e particular, sendo visto como um ser demonizado pelo rótulo simplista e pejorativo. Cria-se então a falsa percepção de que qualquer coisa que esse indivíduo fale não é digno de confiança ou mesmo tenha algum grau de veracidade. Essa, com certeza, é uma forma de excluir as pessoas do debate sobre assuntos importantes, mesmo que elas sejam de fato especialistas naquele tema e tenham feito pesquisas sérias e embasadas.
Ao dessensibilizar o público sobre os indivíduos inseridos naquele rótulo pejorativo, essas pessoas se tornam totalmente desumanizadas. As opiniões desses indivíduos que são vítimas dessa tática de descredibilização passa a ser vista como desprezível e, na maioria das vezes, até prejudicial para a sociedade. Uma sociedade manipulada por esse tipo de tática de despersonalização do indivíduo, acaba sucumbindo às tiranias totalitárias e qualquer tipo de individualidade e mente livre passa a ser destruída pelo sistema. Assim, a elite por trás do sistema no poder não só reduz o escopo do debate, mas consegue, eficientemente, eliminar todas as vozes divergentes que passam a ser vistas como radicais.
Até recentemente, aqui no Brasil, ser de direita era algo totalmente condenável. Essa pessoa seria rotulada de vários nomes ruins, como se sua índole fosse a pior, e como se ela fosse um inimigo da sociedade e do bem comum. Mesmo que a maioria do público não tivesse um conhecimento político e filosófico profundo para entender o que é ser de direita, essas táticas de demonização acabam tendo o efeito de fazer com que as pessoas nem mesmo procurem saber sobre as ideias que tanto hostilizam. O resultado é um massivo emburrecimento da sociedade que não compreenderá o próximo e apenas se deixa levar pelo comportamento de manada de rotular quem compartilha daquela ideia hostil ao status quo.
Com certeza, os regimes totalitários do século XX como o nacional-socialismo e o comunismo usaram e abusaram dessas táticas para conseguir desumanizar todas as suas vítimas. Tiveram bastante êxito em tornar as massas apáticas meros aliados dessa máquina de opressão. Temos um exemplo disso na obra de Aldous Huxley intitulada "O Admirável Mundo Novo", no qual o personagem John visto como “O Selvagem”, passou a ser excluído da sociedade e do debate público. Após esse processo de descredibilização e desumanização dos dissidentes através do uso de rótulos pejorativos, essa pessoa facilmente se torna vulnerável até mesmo a uma eliminação física. Afinal, quem iria arriscar sua vida e sua reputação para defender um “fascista” aos olhos do público e da propaganda dominante?
Durante o regime de Adolfinho na Alemanha da Segunda Guerra Mundial, tudo isso foi usado contra os judeus, tratados pela propaganda do regime de forma caricata, pejorativa e homogênea. Eles evitavam usar a definição correta do que realmente significava ser judeu, para tornar os alemães não só ignorantes, mas cada vez mais insensível em relação às vítimas do regime. Assim, todas as ideias, características e comportamentos dessas pessoas eram colocados numa pequena caixinha de um rótulo, que alimentava na população um sentimento de desprezo. Um exemplo de propaganda muito comum neste período, era usar um falso estereótipo do judeu como um indivíduo ganancioso, perigoso e que não se podia confiar. E com o controle monopolístico sobre a imprensa alemã, o governo pegava alguns casos isolados de judeus que cometeram algo errado e repudiável, e espalhavam isso constantemente nos noticiários.
Algumas pessoas podem achar estranho como tantos alemães se tornaram indiferentes ao que acontecia com essas pesosas naquela época, mas todo esse processo de desumanização desse povo foi bem trabalhado na mente da população. É exatamente isso que a esquerda política e seus militantes fazem com quem eles não gostam, ao rotularem todas essas pessoas de fascistas, e proibindo que ela se expresse e divulgue suas ideias.
Esse é o grande perigo dos movimentos de massa, por tornarem seus seguidores alienados da realidade e da individualidade do outro, sendo incapazes de conviver com o diferente. Cada membro desses movimentos de massa passa por constante lavagem cerebral, sendo treinados para hostilizar todos os que se enquadram naqueles rótulos pejorativos que devem ser combatidos. Por isso, podemos perceber que o maior inimigo do totalitarismo e suas ideologias coletivistas é o indivíduo pensante que não tem medo da maioria, e ouse manter sua personalidade. Está aí outro motivo de os totalitários gostarem tanto de controlar o sistema de ensino, para desde cedo incutir as ideias dominantes do regime nas crianças, impedindo que elas desenvolvam uma personalidade pessoal e aprendam a pensar por conta própria. O que todo regime despótico quer é que seus cidadãos percam a capacidade de fazer uma análise imparcial e honesta das ideias. Pois este é o único jeito de o indivíduo compreender a realidade e evitar passar por esse processo de manipulação massificante.
Outra coisa comum em sociedades dominadas por ideologias coletivistas, é que eles criam uma falsa percepção no público de que é permitido a divergência, mas de forma oculta, sempre limitam quem pode se expressar. Na grande mídia, por exemplo, eles jamais contratariam pessoas com ideias divergentes, sobretudo que não compartilham com as mesmas ideias do establishment dominante. Outro ambiente restritivo a ideias são as universidades, que após serem aparelhadas por servos ideológicos do regime, ou seja, os militantes de carteirinha, criam um ambiente hostil àqueles que buscam fazer questionamentos a essas ideologias dominantes. Com o tempo fica fácil para esses grupos de militantes doutrinados agredirem outras pessoas sem sentirem remorso, porque suas vítimas se encaixam naquele rótulo horrível. Por isso é comum vermos, por exemplo, pessoas de direita agredidas por coletivos de estudantes em universidades ou em manifestações nas ruas.
Mas todo o sistema de doutrinação tem por base a distorção dos conceitos corretos das palavras, pois esse método é fundamental no processo de controle da realidade. Hoje em dia, com a informação vasta e barata que encontramos na internet, podemos perceber que o termo fascista é algo completamente diferente do que aprendemos em faculdades, por exemplo. O termo “direita política” não é aquela coisa desprezível e quase demoníaca que fomos induzidos a acreditar quando frequentamos a educação tradicional. Enfim, para se criar um debate sério, honesto, onde as pessoas que participam têm compromisso com a verdade, é preciso reforçar os conceitos corretos dos termos para não haver distorções. Porque é através das táticas maliciosas que citamos aqui, que os totalitários buscam controlar ou distorcer o debate, para enganar o público leigo que se limita a se informar por esses meios.
Por fim, bem constatou o linguista Noam Chomsky: “A forma inteligente de manter as pessoas passivas e obedientes é limitar estritamente o espectro da opinião aceitável, mas permitir um debate intenso dentro daquele espectro”.
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