A Disney bem que tentou reverter a tragédia, mas já era tarde demais. “Branca de Neve” tem tudo para ser o mais novo fracasso da gigante lacradora.
Um filme de qualidade questionável, cujas cenas gravadas na pós-produção saltam aos olhos - com direito até a protagonista que aparece, em algumas cenas, com seu cabelo natural, e em outras, com uma peruca mais fake do que o julgamento do Bolsonaro. Não, não estou falando de Samurai Cop - um clássico dos filmes trash. Estou falando do mais novo fracasso da outrora toda-poderosa Disney.
Vamos lá: ninguém pediu por isso. A versão de 1937 de “Branca de Neve” é um clássico absoluto e indiscutível. O filme foi o primeiro longa-metragem animado da Disney, e se tornou um sucesso absurdo logo em seu lançamento - sendo a maior bilheteria de um filme falado até então. “Branca de Neve e os Sete Anões” ganhou ainda um Óscar honorário, em 1939 - uma versão com a estatueta original, acompanhada de outras sete estatuetas menores. Enfim, a obra de 1937 segue sendo amada e reverenciada até hoje - uma verdadeira referência para tudo o que veio depois, em matéria de animação, seja pela Disney, seja em outros estúdios.
Acontece que a empresa do Mickey não iria resistir a mais uma tentativa de levantar uma grana fácil, reciclando sucessos do passado. Isso deu certo com A Bela e a Fera, Aladdin e O Rei Leão - obras que requentaram clássicos da empresa muito bem-sucedidos, e que conseguiram ultrapassar a marca do bilhão de dólares internacionalmente. E, levando-se em consideração que “Branca de Neve” segue sendo um título de grande apelo e que, quase 100 anos depois de seu lançamento, nenhum remake, continuação ou spin off havia sido feito - ao contrário dos exemplos anteriores, - então a coisa se tornava ainda mais promissora.
Contudo, desta vez, a Disney resolveu chutar o balde, e ir mais longe do que nunca em matéria de agenda woke - a boa e velha lacração. Fala sério: todo mundo já sabia que algo de muito errado não estava certo quando as primeiras imagens do filme vazaram, e os problemas de casting ficaram evidentes. Afinal de contas, a “branca”, desta vez, não era exatamente branca - era uma atriz latina, que não tinha exatamente uma pele alva como a neve. Até aí, nenhum problema, até porque a Disney já tinha feito algo semelhante no live-action de A Pequena Sereia - filme que não tinha sido lá um grande sucesso.
Só que os questionamentos a respeito do casting ficaram mais fortes quando foi divulgada a informação de que Gal Gadot, a Mulher Maravilha, seria a Rainha Má. Sim: ela teria inveja da beleza de Rachel Zegler. Faz sentido pra você? Pois é, não faz sentido pra ninguém. Mas as coisas só pioraram, quando as duas protagonistas começaram a dar entrevistas para promover o filme. Aí, meu amigo, foi só ladeira abaixo.
Zegler afirmou, em diversas ocasiões, que o clássico de 1937 era um filme datado e que, nesta nova versão, a Branca de Neve seria empoderada, buscando não um grande amor, mas sim se tornar a líder que sempre quis ser. E, obviamente, desta vez, ela não seria salva pelo príncipe encantado. Parece promissor pra você? Pois bem, realmente não é. Mas, em se tratando da agenda woke, tudo pode piorar ainda mais.
Na sequência, a Disney anunciou que não usaria anões nesta nova versão, para evitar o que os executivos consideravam uma “perpetuação de estereótipos” ou coisa do tipo. No lugar das icônicas 7 figuras do original, entrariam em cena 7 criaturas mágicas - meio que bandidos, ou algo do tipo. Resultado: menos 7 vagas de emprego para 7 atores com nanismo. A partir desse momento, até o mais crédulo dos fãs da Disney já tinha percebido que a vaca tinha ido para o brejo. E, conforme os números cedo demonstraram, a nova versão de Branca de Neve se tornou um dos filmes mais odiados da história, antes mesmo de seu lançamento.
Só que a coisa foi tão absurda, que a própria Disney percebeu que uma tragédia de proporções colossais estava se desenhando no horizonte. Por isso, e em reação à enxurrada de críticas, algumas mudanças nada sutis no roteiro começaram a ser feitas. Logo foi anunciada a informação de que o filme teria sim 7 anões - só que, para não incomodar o Peter Dinklage, esses anões seriam feitos em CGI. Mas isso não iria destoar totalmente do tom realista que, supostamente, seria a marca dessa nova obra? Sem dúvidas! Mas quem liga pra isso, não é mesmo?
Acontece que ninguém esperava o resultado final que foi apresentado nas telonas - um dos piores filmes já concebidos pelo universo Disney. Claramente, o que a empresa fez foi remendar, de forma precária, dois filmes completamente distintos. De um lado temos, portanto, o filme originalmente divulgado por Rachel Zegler - uma releitura do clássico, com uma Branca de Neve feminista. Do outro lado, temos um pastiche do original de 1937, sendo intercalado de qualquer jeito com o material criado para esta nova versão. E se você, sabe-se lá por qual motivo, tiver dificuldades em identificar as cenas originais daquelas gravadas após as polêmicas, olhe para a personagem principal. Se ela estiver usando a peruca mais falsa da história do cinema, você está diante de uma cena remendada sobre o material original.
[PAUSA]
Crítica e público caíram matando em cima do filme. Os anões computadorizados foram chamados de “assustadores”, pela crítica da BBC - o que é uma baita verdade, diga-se de passagem. “Branca de Neve” de 2025 apresenta o que pode ser considerado o pior CGI já feito pela Disney. E sim, eu estou colocando She-Hulk nessa conta. O fato de terem colocado, na boca de um desses horrendos anões de computação gráfica, uma fala que soa como o resumo de uma teoria marxista, também nos ajuda a explicar a recepção popular que o filme já obteve. Afinal de contas, isso é tudo o que uma criança quer assistir, não é mesmo? De fato, a nota do filme no IMDB - um vergonhoso 1.7, muito pior do que Cats!, acredite ou não - apenas reforça a percepção geral de que essa é uma verdadeira bomba.
A Disney já tinha revisado para baixo - muito para baixo - suas expectativas de bilheteria. Mas nem todo o pessimismo do mundo foi capaz de mensurar o desastre que “Branca de Neve” já se tornou. Dos US$ 100 milhões projetados para a estreia internacional do longa, só foram obtidos US$ 88 milhões - o que é pouco, pouquíssimo, para uma obra dessa envergadura. Na verdade, esse novo filme teve uma estreia pior do que o fracasso absoluto que foi “The Marvels” - que teve uma bilheteria de estreia 46% superior aos números da obra protagonizada por Rachel Zegler. A propósito, nós já falamos sobre esse filme aqui no canal, no vídeo: “AS MARVELS fracassa em BILHETERIAS em sua estreia” - link na descrição.
A verdade é que estamos, como era de se esperar, diante de um filme natimorto - um fracasso anunciado, que apenas se cumpriu. A nova obra se junta à crescente lista de fracassos da Disney, que inclui filmes como os citados “As Marvels” e “Pequena Sereia”, além de “Indiana Jones”, “Wish” e “A Mansão Mal Assombrada”. E, ao que tudo indica, a Disney já se cansou de perder dinheiro com a lacração. Sim: porque a grande causa de todo esse fracasso é, sem sombra de dúvidas, a insistência quase maníaca da empresa na adoração de uma deplorável agenda woke. Ou, em outras palavras: quem lacra, não lucra!
Como acontece em qualquer outro segmento do mercado que disponha de pelo menos um pouco de liberdade econômica, o que define o sucesso ou o fracasso financeiro de uma empresa é a aceitação do público. Se os consumidores gostarem do produto oferecido, e estiverem dispostos a pagar por ele, então a empresa obterá lucros. Em caso contrário, o prejuízo será garantido. E isso vale, inclusive, para uma centenária gigante do entretenimento, como a Disney - que possui, em seu catálogo, algumas das franquias que, até então, figuravam entre as mais rentáveis do planeta.
Acontece que grande parte das obras recentemente lançadas pela Disney - tanto para o cinema, quanto para os serviços de streaming - estão longe de atender às demandas de seu público consumidor. Os idealizadores desses projetos parecem se preocupar apenas com os clichês típicos da agenda woke, enfiando inclusão, representatividade, luta de classes, pseudo-ambientalismo e coisas do tipo em absolutamente tudo. O produto final, obviamente, tende a ser o mais enfadonho possível: filmes e séries sem alma, sem conteúdo, sem criatividade, sem apelo comercial. O resultado, portanto, é igualmente óbvio: fracassos seguidos de fracassos.
Conceber uma Branca de Neve feminista e empoderada, que destoa do clássico que definiu a história da Disney em sua característica mais evidente - a cor da pele - não seria, de fato, uma boa ideia. Retirar do projeto os característicos 7 anões - tão icônicos que renderam à obra original um Óscar honorário - apenas para evitar a manutenção de supostos estereótipos, parece ser um conceito ainda mais esdrúxulo. E transformar o dilema da Rainha Má, a respeito da beleza, em um discurso chato sobre “beleza interior”, é pra acabar de vez com qualquer empatia que se possa nutrir em favor da obra.
Como a resposta do público foi terrível, a Disney tentou reverter esse fenômeno - mas já era tarde demais. De fato, a rejeição à agenda progressista é tão grande, que apenas vincular uma obra cinematográfica ao termo “woke” parece ser suficiente para sepultar por completo as chances de tal obra ser um sucesso. Geralmente, ela se torna mesmo um fracasso. Então, todas as alterações feitas no remake de “Branca de Neve” não apenas não evitaram o fracasso de bilheteria, como tornaram a obra final ainda pior - um filme sem personalidade e completamente desconexo.
Portanto, não é impossível que esse seja o último suspiro woke da Disney - não por ideologia, é claro, mas sim pela clara percepção de que o mercado é implacável. Não restam muitas alternativas para a empresa do Mickey Mouse: ou a Disney começa a oferecer o que o público quer assistir, ou as leis de mercado levarão a empresa à bancarrota. Não é nada pessoal: não se trata de uma discussão a respeito de qual visão de mundo é mais correta, ou mais moralmente adequada. É tudo uma questão de mercado. Gostando ou não desse fenômeno, ele é inevitável. E nem mesmo os gigantes de Hollywood estão isentos de sofrer as consequências de ignorar as sagradas leis do mercado.
https://www.bbc.com/portuguese/articles/c89y251xqz1o
https://www.imdb.com/pt/title/tt6208148/
https://seliganerd.com/branca-de-neve-bilheteria-abre-46-abaixo-de-the-marvels/
AS MARVELS fracassa em BILHETERIAS em sua estreia:
https://www.youtube.com/watch?v=_YkMruh0SNM