Coletivistas utilizam a arte para nos nivelar por baixo e eu posso provar

À que se presta a degradação da arte na cultura de massa?

Existem parâmetros objetivos para a beleza? E quanto à Arte?
Pode-se dizer que, não apenas não há respostas absolutas quanto que as que existem encontram divergências entre si. Isso não significa, contudo, que o observador, ou, como preferir, o consumidor da arte não possa conjecturar acerca dela. Primeiro, porque falar de arte é falar da própria experiência humana. Segundo, porque esse terreno pantanoso ainda é parco em teorias sólidas, sobre como nossa relação com o processo de produzir arte nos tornou exatamente quem somos e como nos vemos.

Dito isto, e dada a dificuldade de definição de termos controversos somado ao fato de haver muitas teorias a respeito da arte, este artigo traçará conjecturas a partir do próprio arcabouço teórico que foi construído a partir de uma extensa e apaixonada pesquisa.
Para alguns mais radicais, nós estamos sendo intoxicados, todos os dias, deliberadamente; arrastados para morrer e ter expectativas de vida inferiores à de nossos pais e avós, enquanto somos hipnotizados com bundas na tela dos nossos smartphones. A navalha de Ockham, ou o princípio da economia, nos diz que a resposta mais óbvia, simples e econômica é, na maior parte das vezes, a resposta correta. Aqui, a dedução óbvia para essa questão é que, assim como todo o resto, a arte também sofre do processo de subversão social. Para mais informações sobre Subversão, visite o vídeo “O experimento misterioso que explica o mundo atual”, aqui neste mesmo canal, link na descrição. Essa não é uma resposta errônea, mas neste artigo vamos demonstrar que há mais um pedaço nesse quebra-cabeça, afinal de contas, apenas ignorantes encerram a busca por respostas quando encontram aquelas que satisfazem suas vontades, e não aquelas que revelam a verdade.

“Macaco não produz arte!” Isto foi dito certa feita em uma sala de aula do curso de Bacharelado interdisciplinar em Arte, muito tempo atrás, numa galáxia perdida. Esse argumento pilar nos traz que, para que o produto daquilo que se faz seja de fato arte, é necessário que se tenha esta intenção. O próprio Russel dizia que a principal característica da consciência é a intencionalidade. Deduzimos aqui, então, que a consciência é sine qua non para a produção de arte, isto é, ela é obrigatória para que o produto do processo seja, de fato, arte.
Mas e quando a consciência de quem produz e quem consome está voltada para um nível demasiado primitivo? Um nível tão primitivo que o produto não consegue superar questões banais, como traição e sexo, a ponto de não ser capaz de se “elevar” para reflexões mais profundas.
Poderíamos inferir que a limitação do espectro do criador também limita a obra? Ou ela é perfeita em si mesma, um sistema complexo em si, fechado e absoluto, a despeito da capacidade de quem a produziu?

Para nós, pessoas comuns, uma maneira de definir arte como boa ou ruim é observar se ela promove exclusivamente o entretenimento; ou se, além disso, ela promove a reflexão, quer seja induzindo ou conduzindo o indivíduo a pensar sobre a própria condição e sobre a própria existência. A arte é um condutor, um meio fluido que facilita o encontro de si consigo mesmo e com o outro. Sob esse prisma, se reconhecemos na obra traços de que ela foi construída sob a subversão e degradação humanas, chamaríamos de arte ruim. Mas talvez, e apenas talvez, isso implicasse colocar milhares de obras consagradas e de notório valor no Hall das obras consideradas “arte ruim”.

A ideia aqui não é sacralizar o processo artístico, ou reservá-lo a poucos aptos a exercê-lo, mas descortinar uma tendência moderna de oferecer sempre a mesma ração, mais do mesmo. Afastam-se aqui quaisquer anacronismos. Tanto é que obras artísticas, como Drácula e Crepúsculo, a despeito de estarem posicionados de maneira tão opostas, cumprem a função de promover a reflexão. No primeiro, o conde fora condenado a viver eternamente, entendendo-se a leitura subjacente de que o mundo é vil, e prestar-se a continuar nele implicava abdicar da salvação e do descanso eternos. Ao passo que, na saga Crepúsculo, essa ideia não apenas transformou-se completamente, como o receio é justamente o oposto, o da partida; de abandonar os prazeres do mundo e a existência ao lado de quem ama, o que deveria ser evitado a todo custo.

Já em histórias de escritores como Mark Twain e Júlio Verne, o duelo é descrito como a arte de dissolver problemas indissolúveis. O próprio Coliseu, cuja única função era a de entreter o povo romano, fora local onde, calcula-se, milhares de vidas tenham sido ceifadas sob os olhares furiosos das multidões insaciáveis. Onde está a arte em ambos os casos? O Coliseu, no império romano, nos ensinou que é mais fácil controlar uma população que está programada para agir e pensar com os instintos básicos, e isto nos leva à cultura de massas.
Se os argumentos do presente artigo parecem não chegar a lugar algum, tenha paciência, chegaremos lá.

Quem vem primeiro, o ovo ou a galinha? A indústria dita o que será consumido, ou ela reconhece padrões desejados pela população e reproduz, à exaustão, com o único interesse óbvio e justo de lucrar? Ou ambos os casos? Talvez possamos entender um pouco mais sobre essa questão através de alguns experimentos e uma teoria.

Ao longo da nossa construção como organismo, fomos programados, de maneira que nos atrai, e é prazeroso, praticamente tudo o que contribui para a propagação da espécie. Na savana africana, o máximo de açúcar que uma Homo Neanderthal poderia encontrar era uma manga madura no pé. Quando encontrada, deveria comer tão logo pudesse o máximo das saborosas frutas que conseguisse, visto que outros animais poderiam fazê-lo antes. Calorias eram tão valiosas quanto a água. Hoje, abrimos nossas geladeiras recheadas de tantas calorias quantas são possíveis, e, mesmo depois de um almoço farto, aquele pudim parece muito convidativo e saboroso. Essa é a teoria do Gene guloso: somos programados para comer o máximo que pudermos, o mais rápido que conseguirmos.

A doutora Anna Lembke ensina em sua obra intitulada “Nação Dopamina: Por que o excesso de prazer está nos deixando infelizes, e o que podemos fazer para mudar” descreve como o disparo de dopamina no sistema de recompensa do cérebro, através da busca desenfreada por prazeres, gera vícios, irritabilidade e depressão. Esta é a resultante de uma tolerância cada vez maior à descarga de dopamina. A psiquiatra sugere a retomada do contato com o desconforto como paliativo para o problema. Mas a questão que fica é: estamos preparados para abdicar do prazer e do conforto?
Alguns outros estudos, como o que foi realizado pelo doutor Kent Berridge, pesquisaram sobre vícios e prazeres utilizando estimulação cerebral com eletrodos em ratos, controlando a quantidade de neurotransmissores, como a serotonina e a dopamina.
Antes disso, James Olds e Peter Milner, ainda na década de 1950, conduziram um estudo em que ratos puxavam repetidamente alavancas capazes de liberar pequenos choques elétricos nos eletrodos que haviam sido implantados em seus cérebros. Através de pedais e manivelas, ligados ao sistema de liberação de impulsos diretamente no sistema límbico, os animais estimulavam-se a si mesmos, sempre que lhes era permitido, acionando o mecanismo milhares de vezes seguidas, chegando a esquecer de se alimentar e praticar sexo. Estes estudos adquiriram notoriedade, entre outros fatores, devido ao fato de que, por vezes, os roedores o faziam até a exaustão, chegando a morrer no processo.

Isto talvez explique por que as pessoas não se cansam de ouvir e cantarolar, repetidamente, sobre infidelidade; sobre como descobriram que aquela pessoa, para a qual haviam jurado amor eterno, simplesmente teve relações carnais com um terceiro. Uma roda gigante, sempre retornando ao ponto original, apenas trocando alguns acordes e personagens. Assim como no mito de Sísifo, condenado a empurrar um pedregulho eternamente ao mesmo ponto de uma montanha, estamos condenados a ouvir e cantar, infinitamente famintos, as mesmas coisas, como ratos viciados sem enxergar além das grades que nos prendem?

Este artigo sugere que talvez um suposto declínio da arte tenha acontecido justamente no momento em que ela se fundiu com o entretenimento e com o sexo, exercendo mais um papel de produto e consumo do que de contemplação, deixando de estimular ideias novas e voltando-se completamente à satisfação dos prazeres e relações. Afinal de contas, como disse Stálin: “as ideias são muito mais poderosas do que as armas. Se nós não permitimos que nossos inimigos tenham armas, por que então deveríamos permitir que tenham ideias?”

De forma resumida: arriscamos definir arte como boa ou ruim observando se ela promove reflexão ou não. A hipótese mais óbvia é que arte ruim seja produto de subversão, uma espécie de colonização mental que nos programa para pensar a nível primitivo, isto porque, como visto anteriormente, um povo, que pensa em termos de instintos básicos é mais fácil de ser manipulado. Se isto for verdade, a maior evidência está na repetição interminável dos mesmos temas e assuntos em todos os espectros da cultura de massa. Mas não podemos dizer que a indústria também não seja refém desse processo, no sentido de que ela pretende tão somente lucrar.

Então esbarramos na catarse do presente artigo.

E se, para além da subversão, estiver havendo um processo lento e gradual de facilitação da degradação? Uma programação que atende aos interesses de forças progressistas, que encontram na arte justamente o ópio necessário para atingir os seus fins?
Uma maneira extremamente fácil de tornar a todos nós gados e ratos: dando exata e exageradamente aquilo que desejamos. Seria esse processo evitável? É notório o fato de que, para estar no hype e ter relevância, é necessário atender aos critérios e exigências de uma casta de influenciadores que praticamente define quem ou qual obra irá “viralizar”.
Furar a bolha continua sendo difícil. Contudo, retornamos ao mesmo problema da indústria: até que ponto ela influencia e é influenciada? É o cachorro mijando no poste, ou o poste mijando no cachorro? A sensação que dá é a de um estopim acionado, gerando nefastas consequências; reações em cadeia correlacionadas num processo que, como o tempo, se torna irrefreável, mesmo para aqueles que acenderam inicialmente o pavio.

Dizia-se até pouco tempo que um músico era virtuoso quando sua técnica extravasava para a arte de tocar algum instrumento. Essa era uma maneira válida e socialmente aceita de perceber aquele indivíduo como diferente, singular e, em algum aspecto, superior aos demais instrumentistas.
Isto vai em direção diametralmente oposta ao conceito corroído assumido pelos coletivistas modernos. Isto porque eles não apenas sugerem a degradação de todos os aspectos que nos diferenciam e nos tornam únicos, como combatem, de maneira paulatina, sutil e quase imperceptível, as diferenças, pervertendo o conceito do vencedor como sendo um sujeito mesquinho e egoísta, desmerecendo aquele que se esforça e se diferencia.
Até certo ponto, a própria cultura da vitimização e da auto aceitação são a expressão da resignação sem luta, sem esforço, nivelando todos por baixo.

A conclusão que extraímos do presente artigo é a de que um processo de desvirtuamento da arte pode estar sendo explorado, particularmente por coletivistas. Assim, abre-se a brecha da impossibilidade de definir claramente arte boa ou ruim, deixando flagrante a intenção de coletivizar o processo de arte e suprimir a individualidade. Esta é a tradução da inveja e do ressentimento, latentes na esquerda.

Até que ponto esse processo é reversível ou pode ser controlado, ainda é incerto. O fato é que a arte contemporânea, mais propriamente a da cultura de massa, diz muito sobre quem somos agora e para onde teremos a capacidade de ir.

Referências:

http://culturademassamusica.blogspot.com/p/o-que-e-cultura-de-massa.html
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-61303597