CRACOLÂNDIA volta ao CENTRO de SP em outro endereço

O estado não resolve problemas, ele os realoca, os disfarça, e os transforma em cicatrizes ainda maiores na sociedade.

A concentração de usuários de drogas sob o Minhocão, na Santa Cecília, está virando um verdadeiro embrião de uma nova Cracolândia. Especialistas, moradores e donos de negócio estão com medo, e com razão. O governo, que deveria resolver o problema da Cracolândia original, simplesmente a dispersou, espalhando os usuários por outros pontos da cidade. O resultado? Mini-cracolândias brotando por toda parte, e agora, essas novas aglomerações prometem trazer ainda mais sofrimento para quem vive e trabalha na região. É uma indignação que não cabe no peito. O estado, com suas “soluções” paliativas e incapacidade crônica de lidar com problemas complexos, só consegue piorar o que já estava ruim.

Rafael Alcadipani, professor da FGV e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, não se engana ao dizer que houve muito mais a dispersão de usuários do centro da capital do que uma solução do problema. É a mais pura verdade. Desde que a Cracolândia da Rua dos Protestantes foi “dispersada” em maio, os dependentes químicos se espalharam como uma mancha de óleo, formando pequenos focos de consumo. E agora, o Minhocão, que antes abrigava famílias em situação de rua, vê seu perfil mudar drasticamente, com a predominância de usuários de crack. O fluxo só cresce, e a rotatividade de gente consumindo droga abertamente é assustadora. É um atestado da incompetência estatal, pois não conseguem resolver o problema, somente o empurram para debaixo do tapete.

O mais revoltante é que não existe solução mágica para um problema tão profundo quanto a dependência química e a vida nas ruas. São feridas sociais que exigem paciência, empatia e abordagens humanas. Mas o que vemos não é isso. O que está diante de nossos olhos é o governo, com suas intervenções desastradas, piorando tudo. A prefeitura anuncia que aumentou o número de vagas em centros de acolhimento e tratamento, mas a realidade é outra. Filas intermináveis, leitos insuficientes e promessas que se perdem na burocracia. A Secretaria da Segurança Pública fala em combater o tráfico, mas insiste em uma “guerra às drogas” que só enche presídios, alimenta o crime organizado e empurra o problema de um canto para outro. Enquanto o estado mantiver o monopólio da saúde e da segurança, e insistir em políticas que criminalizam o sofrimento, o círculo vicioso só se aprofunda, trazendo mais sofrimento aos dependentes, mas principalmente comerciantes, moradores e famílias inteiras moradoras do centro da cidade, que agora convivem com mais miséria, violência e abandono. É incompetência com custo humano. E a conta, como sempre, é paga pelo povo.

A criação de “mini-cracolândias” e a ineficácia das políticas públicas não são somente falhas administrativas, mas danos estruturais que corroem a sociedade por dentro. Podemos observar isso, a priori com a degradação urbana e a desvalorização imobiliária. Quando um bairro é tomado por aglomerações de pessoas em situação de rua, dependentes de crack e ambientes de desordem, o comércio desaba. Clientes deixam de frequentar, lojistas fecham as portas, investidores desistem. Os imóveis perdem valor, e quem ainda mora ali se sente preso em um território esquecido. A qualidade de vida despenca. A sensação de insegurança vira rotina. Ruas que já eram frágeis são condenadas à decadência não por falta de gente, mas por falta de liberdade, de escolha, de iniciativa, de autonomia. E tudo isso por conta de um governo que age, mas age errado.

Além disso, o aumento da criminalidade e da violência sobe a níveis estratosféricos. O consumo de drogas, especialmente do crack, está ligado a furtos, roubos e atos de agressão. A necessidade de sustentar o vício leva muitos a cometer crimes. E onde há tráfico, há poder paralelo, violência e medo. A população vira refém. A polícia, com sua abordagem repressiva e centralizada, não resolve, somente posterga. Empurra os usuários de um lugar para outro, criando novos focos de miséria. Nenhum problema é enfrentado na raiz. E o resultado? Um ciclo infinito de sofrimento, no qual ninguém ganha, e todos perdem. A falência da saúde pública é outro problema grave que aparentemente não tem cura para o governo. O estado, com seu monopólio, é incapaz de oferecer tratamento digno. Políticas de “redução de danos” muitas vezes se resumem a manter o vício sob controle, sem oferecer saída real. Faltam leitos, faltam profissionais, faltam abordagens personalizadas. Muitos dependentes sequer conseguem entrar no sistema. E quando entram, são tratados como estatísticas, não como seres humanos. O sistema não cura, somente contém. E enquanto isso, as pessoas continuam nas ruas, sem esperança, perspectiva ou dignidade.

Adicionalmente, temos o problema da desumanização. A vida nas ruas não é somente difícil, ela desmonta o ser humano. A falta de higiene, o frio, a fome, a violência constante: tudo isso apaga a identidade. A sociedade, por medo ou desconhecimento, vê essas pessoas como “invisíveis”, como lixo urbano. O estigma as empurra para ainda mais longe. E o governo, em vez de restaurar a dignidade, perpetua o ciclo. Não oferece recuperação, não garante oportunidades e não respeita a individualidade. Transforma pessoas em problemas a serem gerenciados, não seres humanos a serem ajudados. Por fim, a sobrecarga dos serviços públicos é outra consequência. Hospitais, delegacias, centros de assistência são constantemente acionados para lidar com as consequências da crise. Ambulâncias, policiais, assistentes sociais correm de um lado para outro, tentando conter o incêndio, mas nunca apagando a chama. Isso consome recursos que poderiam ser usados em educação, infraestrutura, prevenção. Profissionais se esgotam. O sistema inteiro entra em colapso. E o custo não é só financeiro, é moral. É o preço da indiferença disfarçada de “política”.

Essa história é mais um capítulo triste da falência do governo em lidar com problemas humanos, ao menos para nós, libertários. Em uma sociedade de leis privadas, a solução não viria de decreto, nem de “realocação”, mas da liberdade. Como bem alertou Ludwig von Mises: “A história é um extenso registro de políticas governamentais que falharam, pois foram projetadas com um extremo desprezo pelas leis da economia”. A Cracolândia é a prova viva disso. A “guerra às drogas” deveria ser abolida. A descriminalização permitiria que o uso fosse tratado como uma questão de saúde, não de punição. Clínicas privadas, competindo no mercado, ofereceriam tratamentos personalizados, com incentivo real para recuperar vidas. O financiamento viria de seguros, caridade voluntária e doações, não de impostos obrigatórios que alimentam burocracia.

A segurança seria garantida por agências privadas, contratadas por moradores e comerciantes, com responsabilidade direta pela paz no entorno. Nada de empurrar o problema. Nada de “soluções” que só mudam o endereço da miséria. A propriedade privada seria respeitada, e cada um teria o direito de proteger seu espaço, a sua tranquilidade. A caridade, por sua vez, floresceria de forma genuína, não por obrigação, mas por compaixão. Igrejas e associações se uniriam para acolher, tratar e reintegrar essas pessoas. Sem burocracia, sem cabides de emprego, sem políticos se aproveitando da dor alheia. O libertarianismo afirma que problemas complexos exigem soluções humanas, não estatais. A verdadeira saída está na liberdade individual, na responsabilidade e na ação voluntária da sociedade civil. O estado, com sua pretensão de resolver tudo, só cria mais caos. A história do Minhocão é um grito de alerta que suplica para que as pessoas entendam que a intervenção estatal não salva ninguém, apenas perpetua o sofrimento. A solução é entender que o problema não é simples, mas complexo, que demanda toda a população e não somente o governo paternalista. Contudo, devemos entender também que não há como resolver o problema se o próprio estado nos impede disso. É tempo de obliterar a cracolândia tanto quanto o estado, e deixar as pessoas lembrarem que o amor ao próximo e a compaixão são o que motivam uma sociedade doente a se curar.

Referências:

https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/08/18/concentracao-de-usuarios-sob-minhocao-pode-ser-embriao-de-nova-cracolandia-apontam-especialistas.ghtml

https://rothbardbrasil.com/wp-content/uploads/arquivos/acao-humana.pdf