Da Saturnália ao Carnaval: Uma Jornada Histórica, Política e Eleitoral no Brasil

Brasil mergulha anualmente em sua própria 'Jungle' de contrastes durante o Carnaval.

Para quem acompanhou os primeiros blocos de Salvador, viu que a música aqueceu os foliões era "Welcome to the Jungle" do Guns N' Roses. E essa é a melhor contradição que pode existir e a melhor descrição do que é Carnaval e também o que é o Brasil. Por isso, o Brasil é o País do Carnaval! Ou como Antonio Torres nos anos 20 intitulou: “A Batalha dos Empurrões”. O Carnaval é uma festa popular que ocorre em diversos lugares do mundo, mas é especialmente conhecida e celebrada no Brasil. Essa festividade é marcada por desfiles de escolas de samba, blocos de rua, festas e uma atmosfera de celebração intensa. No Brasil, o Carnaval é oficialmente reconhecido como feriado e ocorre cerca de 40 dias antes da Páscoa.

Segundo o historiador Guilherme Almeida, a base da história do Carnaval começou nas festas da Saturnálias, que aconteciam em Roma. Festas estas em celebração ao Deus Saturno, festas de liberação e libertinagem. As festas dedicadas a Saturno fazem parte da tradição da sociedade politeísta romana. Saturno era uma divindade importante associada à agricultura e à abundância, e suas festas eram conhecidas como as Saturnais. Essas festividades ocorriam durante o solstício de inverno, geralmente no final de dezembro, marcando o período em que os romanos celebravam a conclusão da colheita e a promessa de dias mais longos e luminosos.

Durante as Saturnais, as pessoas participavam de banquetes, trocavam presentes, realizavam jogos e brincadeiras, e havia uma inversão temporária das normas sociais, onde escravos podiam temporariamente desfrutar de certos privilégios. A atmosfera festiva e o espírito de liberdade durante as Saturnais eram uma maneira de celebrar a fertilidade da terra, o retorno da luz solar e a generosidade de Saturno como deus da agricultura.

Portanto, as festas de Saturno eram específicas da sociedade romana e faziam parte de sua prática religiosa e cultural durante o período politeísta. Essas celebrações não eram universais em sociedades politeístas, mas representam uma parte importante da rica tapeçaria das tradições religiosas da Roma Antiga.

A expressão "festa pagã" em relação ao carnaval tem suas raízes no latim "paganus", que originalmente significava "camponês" ou "habitante do campo". Na era cristã primitiva, o termo foi associado àqueles que praticavam religiões não cristãs, ou seja, as sociedades politeístas. Com o passar do tempo e a grandiosidade das festas do Panteão dos Deuses da Roma Antiga, as tradições e elementos das festividades romanas foram incorporados às celebrações do carnaval na Idade Média e na Renascença, especialmente na Europa.

Há quem diga que para os fiéis da Veneza do século XI, surge a retomada desses festejos, divergindo do Cristianismo que condenava as festas carnais e a idolatria da saturnalia. Por isso que o termo Carnaval não é definitivamente conhecido, mas é amplamente aceito que ela deriva do latim "carnelevare" ou "carnelevarium", que significa "remover a carne". Isso está relacionado ao período que antecede a Quaresma, durante o qual os participantes tradicionalmente se entregam a festas, banquetes e outras celebrações antes do período de abstinência associado à Quaresma. O termo "carnaval" reflete a ideia de se despedir da carne e dos prazeres carnais antes do período de privações.

O Carnaval era considerado um “respiro” antes do ano que poderia ou não ser rigoroso. Seria como se fosse uma desordem antes da ordem; o Carnaval viria para representar a dualidade complementar de forças opostas e interdependentes que estão presentes em todas as coisas para que houvesse um equilíbrio entre a ordem e o caos. Durante o Carnaval, as pessoas se envolvem em várias atividades festivas, como dançar, cantar, usar fantasias extravagantes e participar de desfiles. As principais cidades brasileiras, como Rio de Janeiro e Salvador, são conhecidas por seus desfiles de escolas de samba e trios elétricos, respectivamente.

Além do Brasil, o Carnaval é celebrado de maneiras diferentes em outros países, como no Carnaval de Veneza, na Itália, e na celebração do Mardi Gras nos Estados Unidos. Cada região tem suas tradições específicas, mas, em geral, o Carnaval é uma época de alegria, música e diversão.

As fantasias desempenham um papel central nessa celebração, proporcionando um meio de expressão artística, tradição cultural e escape temporário. Através de máscaras, fantasias e subversões, o Carnaval oferece um espaço único onde as pessoas podem temporariamente se desvencilhar de suas obrigações civis e sociais, sendo livres para explorar e expressar diferentes facetas de suas identidades. Nesse contexto festivo, as barreiras tradicionais são quebradas, permitindo que indivíduos se aventurem além dos limites impostos pela sociedade, sem receio de julgamentos ou penalidades. Essa liberdade efêmera proporcionada pelo Carnaval cria um ambiente de aceitação e diversidade, no qual as pessoas têm a oportunidade de vivenciar uma experiência coletiva de escape e autenticidade.

E toda essa festa e alegria atravessou o mar e chegou ao Brasil... Mas como tudo que chega no Brasil, chega na elite aristocrática Brasileira. Para quem defende o Carnaval, saiba que inicialmente começou nos grandes salões, principalmente do Rio de Janeiro. A popularidade do Carnaval observando os festejos da alta sociedade decide fazer na rua a sua própria festa, e assim nasce o dito Carnaval popular através do desenvolvimento da sua identidade pelo Samba.

É se aproveitando da festa que os malandros se aproveitaram e fizeram dessa festa uma oportunidade de exercer a política socioeconômica, um palco preparado para interesses políticos e atividades ilícitas.

O Carnaval, celebrado com intensidade e alegria em todo o Brasil, é popularmente considerado um marco festivo que encerra um ciclo e dá início a um novo ano. Para muitos brasileiros, é depois do Carnaval que o ano verdadeiramente começa. No entanto, ironicamente ou não, para os políticos do país, o Carnaval representa o início das campanhas eleitorais. Esse período festivo muitas vezes se torna uma oportunidade estratégica para políticos interagirem com o público, gerarem visibilidade e iniciarem suas atividades eleitorais.

O ano de 2024 se destaca como um período de grande importância política no Brasil, especialmente devido à corrida presidencial e às eleições para prefeitos e vereadores. Com a proximidade desses pleitos, os eleitores demonstrarão uma forte tendência em relação aos seus candidatos preferidos. A propaganda eleitoral, elemento crucial nesse processo democrático, está marcada para iniciar em 16 de agosto de 2024, um dia após o término do prazo para o registro de candidaturas. Essa fase marca o início oficial das estratégias de campanha e comunicação dos candidatos, que buscam conquistar a confiança e o apoio dos eleitores.

Os prefeitos e vereadores atuam no âmbito local, gerenciando questões específicas das cidades e regiões. Se um partido ou coalizão política obtiver sucesso nessas eleições municipais, isso pode fortalecer sua base política e ampliar sua influência em nível nacional. Se um partido conquistar várias prefeituras, isso não apenas reflete a aceitação de suas propostas em nível local, mas também pode gerar visibilidade e apoio para suas candidaturas presidenciais subsequentes.

Assim, as eleições de prefeitos e vereadores servem como um termômetro político, indicando as preferências e tendências do eleitorado em nível local, o que pode impactar significativamente o cenário nacional nas eleições presidenciais subsequentes. Caros libertários, a percepção do futuro do nosso país assemelha-se a um tabuleiro de xadrez, no qual as peças socialistas estão engajadas em um ataque estratégico, buscando, desde o início, um potencial "xeque-mate”. Saiba que o que está ruim pode ainda piorar.

A trilha sonora do Carnaval político brasileiro, as batidas de "Welcome to the Jungle" do Guns N' Roses ecoam como um chamado para a batalha partidária. Assim como a letra alerta para o caos e a desordem da selva urbana, a corrida política no Brasil se assemelha a uma jornada tumultuada, onde as facções rivais enfrentam-se ferozmente. Entre os acordes intensos, os políticos se preparam para adentrar a "selva" da competição eleitoral, onde a busca pelo poder político cria uma atmosfera de confronto e estratégias ardilosas. A melodia ressoa, marcando o início da temporada política, onde a luta pelo controle e a sobrevivência política se entrelaçam, enquanto os eleitores são convidados a ingressar nessa "selva" democrática.

Em meio à agitação da "Batalha dos Empurrões", das inversões temporárias e das libertinagens políticas, é crucial que cada cidadão não se esqueça de seu papel nesse jogo democrático de um peão. A trilha sonora do Carnaval político pode ser envolvente, mas é necessário manter um olhar crítico sobre as estratégias e movimentos dos protagonistas políticos. O encerramento de cada ciclo de excessos, como o Carnaval político, muitas vezes ocorre através da reflexão coletiva e da busca por um equilíbrio mais consciente.

À medida que a intensidade das festividades diminui, é vital que a avalie os resultados de suas escolhas políticas e examine as consequências das "libertinagens" no cenário político. Assim como a melodia da "Welcome to the Jungle" eventualmente desvanece, dando lugar à calma, o ciclo de excessos políticos pode ser encerrado por um desejo coletivo de ordem, transparência e responsabilidade. E acima de tudo, que cada indivíduo deixe a política carnavalesca de lado e encare a verdadeira liberdade, a qual só é possível longe do estado.

Referências:

https://plataforma.brasilparalelo.com.br/playlists/era-uma-vez-carnaval/media/63f3c6ea9b175d0027ad5ec0?share-medium=copy-link&item-id=63f3c6ea9b175d0027ad5ec0&sharer-id=659514caadc7380028dcc128