Os apoiadores de Napoleão criaram uma lenda envolvendo botões de estanho para justificar seus fracassos de guerra. Mas no caso de Putin, as viúvas desse ditador precisarão ser mais criativas.
Em junho de 1812, o exército de Napoleão reunia 600 mil homens. No entanto, em dezembro do mesmo ano, a Grande Armada tinha menos de 10 mil em seu contingente. O que teria acontecido em tão pouco tempo para dizimar o exército de Napoleão? Há quem diga que tudo foi devido a um botão. E Putin está no mesmo caminho de derrota. A Rússia já perdeu quase 90% dos seus soldados desde o início da invasão à Ucrânia, além de diminuir drasticamente o número de blindados. Não lembra muita a história de Napoleão? Bem, o fato é que as semelhanças não param por aí. Mas, calma, nós chegaremos lá, fique até o final para descobrir.
A história da luta de Napoleão Bonaparte pelo poder começa em 1794 durante a revolução francesa, quando foi preso por associação aos Jacobinos, mas por conta de guerras e expedições na África foi solto por auxiliar o país nessas batalhas, nas quais adquiriu poder e respeito no exército francês.
Já no último ano da revolução, em 1799, Napoleão deu um golpe de estado conhecido como 18 de Brumário, assumindo o poder no cargo de Cônsul. Seu governo foi caracterizado pelo autoritarismo, censuras, perseguições políticas e conquistas de novos territórios. Com o extensão das divisas francesas, a popularidade de Napoleão foi aumentando absurdamente. Aproveitando-se disso, convocou um plebiscito 1804 e tornou-se Cônsul vitalício.
Ao perceber que não conseguiria invadir a Inglaterra, Napoleão decidiu impor um bloqueio continental ao país. Isso significava que nenhum país da Europa poderia comercializar com a Inglaterra, do contrário, seria invadido. Esse inclusive foi motivo para a família real portuguesa fugir para o Brasil e mudar a história do nosso país.
No fatídico ano de 1812 Napoleão começou a enfrentar vários problemas, pois a essa altura, a França já tinha muitos inimigos. Para piorar, a Rússia, que estava seguindo as sanções do bloqueio continental, decidiu entrar na guerra contra Napoleão.
Então a França mobilizou um grande exército, cerca de 600 mil soldados. Contudo, o inverno rigoroso aplacou os soldados de Napoleão. A partir de então, o baixinho com complexo de megalomaníaco começou a perder sua força como imperador. É aí que aparece uma das teorias mais bizarras já propostas por apoiadores de um derrotado. Por mais surpreendente que pareça, a desintegração do exército napoleônico pode ser atribuída a algo tão pequeno quanto um botão. Sim, um botão de estanho, para ser mais exato, que supostamente fechava todas as roupas no exército.
Apesar de estranha, essa teoria tem questões científicas plausíveis. Quando a temperatura cai, o estanho metálico começa a se esfarelar virando um pó cinza e não metálico. Ainda continua sendo estanho, mas com estrutura diferente que garante o aspecto de pó. A lenda tenta afirmar a partir disso que os homens de Napoleão, quando os botões de seus uniformes se desintegraram, estavam tão debilitados e gélidos que não tinham mais condições de atuar como soldados e por conta disso perderam as batalhas. Basicamente, os soldados franceses soltaram as armas para segurar as roupas fechadas e se proteger do frio! HAHAHA!
Mas, vamos aos fatos. Esse problema do estanho já era conhecido na Europa há séculos. Por que Napoleão arriscaria a roupa de seus soldados de maneira tão boba? Além disso, esse efeito do estanho é lento mesmo em temperaturas baixas como a do inverno russo. No fim das contas, essa é apenas uma lenda criada pelos derrotados para minimizar seu fracasso. Bom, pelo menos, hoje em dia, isso serve como piada nas aulas de química.
Agora, voltando aos tempos atuais. As semelhanças entre Putin e Napoleão são impressionantes. Putin trabalhou como oficial de inteligência estrangeira da KGB durante 16 anos até decidir entrar na carreira política em 1991. Em 1996, ingressou na administração do presidente Boris Yeltsin. Foi diretor do Serviço Federal de Segurança (FSB) e depois secretário do Conselho de Segurança da Rússia antes de ser nomeado primeiro-ministro em agosto de 1999. Após a renúncia de Boris Yeltsin, Putin tornou-se presidente interino e, em menos de quatro meses, foi eleito para o seu primeiro mandato como presidente e reeleito em 2004. Devido às limitações constitucionais de dois mandatos presidenciais consecutivos, Putin serviu novamente como primeiro-ministro de 2008 a 2012 no governo de Dmitry Medvedev. Porém, retornou à presidência em 2012 em uma eleição marcada por denúncias de fraudes e protestos. Em 2018, Putin foi novamente reeleito. Em abril de 2021, após um referendo, sancionou emendas constitucionais que lhe permitiam concorrer à reeleição mais duas vezes, potencialmente estendendo sua presidência até 2036. Algo muito semelhante ao que foi feito por Napoleão como explicamos no início do vídeo.
Napoleão acreditava que suas ideias expansionistas eram legítimas e achava que faria o que bem entendesse, incluindo invadir qualquer nação. Porém, em 1812, Napoleão foi confrontado por uma Europa unida e ressentida com sua prepotência. A história não é muito diferente com Putin. O ditador russo acredita que pode invadir países por motivos que inventa da cabeça dele. A recente entrevista de Putin com Tucker Carlson deixou isso bem evidente. Putin está preso no passado. Ele não consegue aceitar que a União Soviética colapsou e que isso era inevitável. Putin sonha com uma nova União Soviética, mas agora sob seu comando. É claro que ele não fala isso abertamente, mas as suas ações deixam bem claro quais são seus planos. Semelhante a Napoleão, Putin estava colocando suas ideias de guerra em prática à medida que os outros países se mostravam subservientes às suas atitudes. Se engana quem pensa que ele invadiu a Ucrânia do nada. A tomada da Criméia em 2014 foi apenas um teste para ver como a Europa e o resto do ocidente reagiriam a isso. Os covardes do ocidente, que deixaram de agir, deram ainda mais munição para esse tirano. De lá para cá, ele estava se preparando nos bastidores para a guerra atual que já completou 2 anos.
Assim como Napoleão em 1812, Putin agora enfrenta uma OTAN e uma Europa cada vez mais unida e hostil aos seus planos. A recente entrada da Suécia na OTAN evidencia o objetivo de encurralar ainda mais a Rússia. O presidente francês, Emmanuel Macron, discutiu o envio de tropas para a Ucrânia. Isso deixou Putin tão furioso que o Kremlin alertou que o conflito entre a Rússia e a aliança militar se tornaria inevitável se os membros europeus enviassem tropas para lutar na Ucrânia.
“O próprio fato de discutir a possibilidade de enviar certos contingentes de países da OTAN para a Ucrânia é um novo elemento muito importante”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a jornalistas quando questionado sobre as falas de Macron.
Napoleão ficou tão surpreso quanto Putin está agora quando viu a Europa se unir contra ele. Putin está claramente envolvido em tantas paranoias e ilusões que nem mesmo deve conseguir entender suas atitudes injustificáveis. Como podemos ver das notícias recentes, Putin parece estar disposto a dobrar a aposta contra a Ucrânia, a OTAN e quem mais ousar peitar seus planos desumanos. O que estamos vendo com a Rússia hoje é um exemplo claro de como governos funcionam. Não existe governo bonzinho, "pelo bem do povo". Todo poder inevitavelmente acaba caindo nas mãos de tiranos em algum momento, o que leva milhões de inocentes ao sofrimento. Aparentemente também estamos caminhando para isso aqui no Brasil, agora com o Molusco.
Putin e Napoleão tem muitas semelhanças, mas no caso de Putin sua derrota não poderá ser creditada aos botões dos soldados na guerra quando seu poder finalmente se esfarelar. A culpa será apenas dele mesmo.
https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2023/12/12/russia-perdeu-quase-90percent-de-suas-tropas-desde-o-inicio-da-guerra-na-ucrania-aponta-relatorio-da-inteligencia-americana.ghtml