Após o jornal Daily Telegraph revelar que a BBC editou o discurso de Trump em um documentário de 2024, pra fazer parecer que ele incitou a invasão ao capitólio, diretoria da emissora pede demissão.
Se alguém ainda acreditava na velha história de que “a imprensa pública é garantia de imparcialidade”, essa crença certamente deve ter desmoronado nos últimos dias. O motivo? Um escândalo vindo diretamente da terra do chá e do Mr. Bean, colocou a poderosa BBC de joelhos diante da opinião pública. Tim Davie, diretor-geral da emissora britânica desde 2020, anunciou sua renúncia após vir à tona que um documentário sobre Donald Trump havia manipulado trechos de um discurso do então presidente dos Estados Unidos. A gravação, exibida no tradicional programa Panorama, uniu partes distintas de uma fala de Trump, dando a entender que ele havia incentivado diretamente os protestos no Capitólio em janeiro de 2021. O resultado foi desastroso: uma onda de críticas, acusações de fraude e, por fim, a demissão não apenas de Davie, mas também da diretora-executiva de notícias, Deborah Turness.
A história seria apenas mais um capítulo vergonhoso da mídia tradicional se não fosse o tamanho e a importância da mídia envolvida. A BBC é, há décadas, apresentada como o grande exemplo de jornalismo neutro, responsável, civilizado. A emissora pública que, segundo seus defensores, “serve à verdade, não a governos ou corporações”. O problema é que essa suposta pureza ética vem acompanhada de um detalhe incômodo: o financiamento da BBC é compulsório. Os cidadãos britânicos são obrigados a pagar uma taxa anual — o famoso TV Licence — sob pena de multa e até prisão. Ou seja: o espectador é coagido pelo estado a bancar a emissora que, em troca, promete imparcialidade. O resultado está aí. O que se vê não é neutralidade, mas uma máquina ideológica de esquerda sustentada com dinheiro tomado à força de quem, muitas vezes, discorda de cada linha editorial ali publicada.
No caso mais recente, a manipulação de um discurso presidencial serviu para reforçar a narrativa de que Trump seria o grande vilão da democracia ocidental. Uma história conveniente para o establishment global que, há anos, tenta colar em todo político de direita o rótulo de “autoritário”, enquanto bajula tiranias de esquerda mundo afora. A secretária de imprensa de Trump, Karoline Leavitt, reagiu chamando a BBC de “100% fake news” e “máquina de propaganda”. Dificilmente haveria descrição mais precisa. A emissora que vive alardeando seu compromisso com a “verdade e a checagem de fatos” foi pega justamente fabricando uma mentira. É quase poético.
Mas nada disso deveria causar surpresa. A esquerda — essa mesma que se diz guardiã da razão e da ciência — é perita em acusar os outros daquilo que ela própria faz. Se há algo que os últimos anos nos ensinaram é que o progressismo moderno funciona como um espelho distorcido: tudo o que ele diz combater é, no fundo, o que mais pratica. A mídia esquerdista acusa Trump de espalhar fake news, mas é ela quem as produz em escala industrial. Aponta o dedo para as redes sociais, chamando-as de “espaços de desinformação”, mas vive de manipular imagens, cortar contextos e construir narrativas falsas. Foi assim com Trump, foi assim com Bolsonaro, Foi assim com Milei, e foi assim com qualquer um que ousou questionar a cartilha globalista.
Desde 2016, quando Trump venceu pela primeira vez as eleições nos Estados Unidos, o establishment midiático entrou em histeria. A vitória de um outsider populista, que desprezava os grandes jornais e falava diretamente com o povo pelo Twitter, foi uma afronta ao poder dos grandes conglomerados de comunicação. A partir dali, começou uma guerra aberta contra ele — uma guerra em que toda e qualquer “notícia” poderia ser distorcida para servir ao propósito de destruir sua imagem. Quando as acusações de conluio com a Rússia caíram por terra, inventaram outras narrativas. Quando as mentiras sobre o “motim do Capitólio” começaram a se desmanchar, surge uma edição “acidental” de discurso que reforçava exatamente a narrativa que o sistema precisava manter viva. Coincidência? Pouco provável.
Essa é só mais uma das “fake news oficiais”, que são aquelas mentiras que não circulam em grupos de WhatsApp, mas em telejornais profissionais, com âncoras de terno e gravata, financiados com dinheiro público e blindados por uma aura de credibilidade que o cidadão comum não pode sequer contestar. E é justamente essa elite midiática, sustentada por impostos, que vem defendendo a censura às redes sociais sob o argumento de “combater a desinformação”. Que ironia, não? A emissora que manipula falas presidenciais quer ensinar as pessoas a distinguir o verdadeiro do falso.
Sim, é evidente que existem fake news na internet. Isso é inegável. Mas o que as redes sociais mostraram — e o que a esquerda odeia admitir — é que o mercado livre de ideias tende a se autorregular de forma muito mais eficiente do que qualquer agência estatal. O próprio X, por exemplo, criou o sistema de Community Notes — as notas da comunidade — que permite que os próprios usuários corrijam informações ou apontem o viés de determinada postagem. Esse mecanismo, de caráter voluntário e descentralizado, tem se mostrado surpreendentemente eficaz em desmascarar mentiras — inclusive as da mídia tradicional. Quando um grande jornal tenta forçar uma narrativa, em questão de minutos surgem centenas de usuários com provas, links, vídeos e fontes alternativas desmontando a falácia. É o conhecimento em ação, distribuído entre milhões de pessoas, sem necessidade de um “Ministério da Verdade”.
Friedrich Hayek já explicava, décadas atrás, que o conhecimento humano está disperso pela sociedade. Nenhuma autoridade central — muito menos uma emissora estatal — é capaz de reunir toda a informação necessária para determinar o que é verdadeiro ou falso. O que funciona, segundo o economista austríaco, é o processo espontâneo de descoberta que ocorre quando indivíduos livres interagem e compartilham dados, experiências e percepções. Em outras palavras: a verdade é um produto do livre mercado, não da coerção estatal. As redes sociais, com todos os seus defeitos, materializam essa ideia. São imperfeitas, mas orgânicas. Erram, mas corrigem rápido. E o que o caso da BBC prova é justamente o oposto: quanto mais centralizado o controle da informação, mais lenta é a correção e mais devastadora é a mentira.
A BBC demorou dias para reconhecer o “erro” de edição, e só reconheceu porque o jornal Daily Telegraph expôs a farsa, que havia ocorrido em 2024. Mesmo assim, a BBC tentou minimizar o problema como se fosse um deslize técnico, e não uma fraude intelectual. Enquanto isso, milhões de pessoas assistiram ao documentário adulterado, absorveram a narrativa e reforçaram suas convicções sobre Trump como um “incitador de violência”. O dano está feito. É o mesmo tipo de manipulação que vimos incontáveis vezes no Brasil, protagonizada pela Globo e suas semelhantes.
Lembre-se, por exemplo, do episódio recente em que a apresentadora Daniela Lima, da GloboNews, afirmou ao vivo que a Polícia Federal havia apreendido um computador da ABIN na casa de Carlos Bolsonaro. A informação era falsa. Pura e simplesmente falsa. A própria jornalista precisou reconhecer o “erro” horas depois, após ter espelhado a mentira para milhões de espectadores. Mas, claro, o estrago já estava feito. Quantas pessoas, até hoje, acreditam que o filho do ex-presidente tinha equipamentos secretos da agência de inteligência em casa? Quantas manchetes retificadas ganham o mesmo destaque que as falsas? Nenhuma. Essa é a vantagem da esquerda: ela mente em rede nacional, pede desculpas sussurrando e segue adiante como se nada tivesse acontecido.
E aqui está o ponto central: por que diabos alguém deveria ser obrigado a pagar por isso? Por que cidadãos pacíficos precisam financiar, com o fruto de seu trabalho, conglomerados de mídia que os desprezam, que distorcem fatos e que atuam como porta-vozes de regimes podres? Ah mas “o financiamento público garante independência editorial”. Ora, a BBC é a prova viva de que isso é mentira. A Globo, beneficiária de incontáveis verbas estatais ao longo de décadas, é outro exemplo escancarado. O que essas emissoras têm em comum? Ambas são sustentadas com dinheiro tomado coercitivamente e ambas promovem pautas alinhadas à esquerda, defendendo governos estatizantes e atacando qualquer voz dissonante.
Do ponto de vista libertário, o ideal seria simples: cada veículo deve se sustentar exclusivamente com recursos voluntários. Quer ter um jornal progressista? Ótimo. Que o financiem seus leitores e anunciantes. Quer fazer um canal conservador? Maravilha. Que o mantenham os telespectadores que o apreciam. O problema não é a existência de vieses — o problema é ser forçado a bancar o viés alheio. Nenhum libertário sensato defende uma imprensa “sem opinião”; o que defendemos é uma imprensa livre de coerção financeira. O que faz da BBC uma aberração moral não é seu posicionamento ideológico, mas o fato de que ela o faz usando o dinheiro de quem é obrigado a sustentá-la.
E há um elemento ainda mais perverso nesse modelo: a mídia estatal não apenas mente, mas o faz com a autoridade de quem se proclama “oficial”. Quando a BBC distorce um discurso, isso é tratado como uma simples falha jornalística. Quando um canal independente comete um erro, é acusado de fazer “fake news”.
Por isso, é profundamente injusto que o cidadão britânico seja punido se não pagar a taxa da BBC. É também injusto que o brasileiro veja parte de seus impostos financiar veículos como a EBC ou emissoras “privadas” que vivem de verbas públicas e publicidade estatal. E é igualmente imoral que essas mesmas empresas usem seus recursos para defender governos corruptos, como o de Lula, ou para atacar quem ousa se opor ao status quo. O dinheiro público, no fim das contas, é transformado em combustível para propaganda ideológica. O estado toma à força o que é seu, e depois o usa para mentir para você.
Do ponto de vista libertário, se uma instituição é realmente útil, ela será sustentada voluntariamente. Se as pessoas valorizam o trabalho da BBC, que a financiem com suas assinaturas, doações e publicidade. Mas, se a emissora precisa de coerção para existir, é porque já perdeu sua relevância. A BBC insiste em se apresentar como “serviço público essencial”, mas sua audiência despenca ano após ano. O público britânico, aos poucos, percebe que não precisa mais de um “narrador estatal” para entender o mundo. As redes sociais, com toda a sua bagunça e liberdade, fazem esse papel de forma muito mais honesta — e sem extorquir ninguém no processo.
Ao fim e ao cabo, o caso da BBC é mais do que um simples escândalo de fake news. Ele é o retrato da falência moral de toda a imprensa tradicional. Uma imprensa que, mesmo depois de ser desmascarada, continua repetindo o mantra da “imparcialidade” como se bastasse declarar-se neutra para sê-lo de fato.
A renúncia de Tim Davie e Deborah Turness é, claro, uma tentativa de apagar o incêndio. Pedem desculpas, prometem revisar procedimentos, criam comissões de ética, reorganizam departamentos — tudo muito bonito, mas, com perdão do trocadilho, é só pra inglês ver. Nada disso muda o essencial: o estrago já está feito. A reputação da BBC como sinônimo de jornalismo sério sofreu um golpe talvez irreversível. E, mais grave, o dano causado à imagem de Donald Trump e à percepção pública dos fatos de 6 de janeiro dificilmente poderá ser revertido.
O caso deixa claro, mais uma vez, que a verdadeira ameaça à liberdade não vem das redes sociais, mas dos monopólios de informação. Enquanto o cidadão comum é censurado por postar um meme, gigantes estatais de mídia fabricam mentiras com recursos públicos e continuam impunes. Essa é a hipocrisia do sistema. E é por isso que o libertarianismo insiste em bater na mesma tecla: liberdade de expressão de verdade só existe quando o poder de falar é distribuído, não centralizado.
A BBC pode pedir desculpas quantas vezes quiser. Pode trocar diretores, demitir funcionários, revisar manuais de conduta. Nada disso muda o fato de que seu pecado original permanece: ela é financiada pela coerção. E, enquanto for assim, continuará servindo ao mesmo senhor — o estado — e não à verdade.
https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/chefe-da-bbc-renuncia-apos-escandalo-sobre-edicao-enganosa-de-discurso-de-trump/
https://pleno.news/brasil/politica-nacional/daniela-lima-admite-erro-apos-fake-news-sobre-carlos-bolsonaro.html