Para conceber uma geopolítica para a Amazônia, fica impossível abrir mão do direito natural do ser humano e do conceito de propriedade privada.
Muitos analistas de plantão não demoram apresentar seus planos mirabolantes para o desenvolvimento da região amazônica. Essa gente não conhece a cultura local, nunca andou na mata ou navegou nos rios, mas sabe como resolver todos os problemas! Parece até aquele tipo de adolescente que tem a solução para todos os problemas do mundo, mas não consegue sequer arrumar seu quarto. Ou, então, aquele bêbado que sentado na mesa do bar é o maior filósofo, mas ao final acaba dormindo na sarjeta.
Deus me livre ser contado entre esses especialistas com diploma do sistema educacional brasileiro! Esse sistema falido há tempos que se esmera em produzir retórica e falácias, ajudando no projeto de poder de poucos e no avanço de agendas ideológicas do estado brasileiro!
Neste vídeo, vamos analisar algumas das principais teorias para desenvolvimento socioeconômico de um povo e de uma região, e como elas podem se aplicar à soberania da Amazônia. E, ao final, veremos como a visão coletivista é impossível e anti-humana.
Na busca por compreender o êxito e o fracasso de diferentes nações, em diferentes momentos da história humana, Adam Smith, em sua obra “A riqueza das nações” de 1776, dá um importante passo inicial. Após analisar inúmeros casos, conclui que a liberdade econômica e social, que se manifesta em um ambiente de segurança jurídica, respeito a contratos, liberdade de associação e de comércio, são os requisitos primordiais para a prosperidade das nações.
No entanto, o filósofo escocês também inaugura uma análise que hoje chamamos de geopolítica. Ele conclui que nações que possuem acesso ao mar, com grandes portos e, inclusive, com rios navegáveis, também desfrutam de vantagem na corrida rumo à prosperidade. Já que escoar a produção por hidrovias é mais barato que por terra e pelo mar se tem alcance global!
Então, em sua visão, quanto maior a possibilidade de produzir e transportar produtos, pessoas e ideias, maior o crescimento econômico e maior a prosperidade de uma nação e de seus indivíduos.
Posteriormente, outras teorias viriam a somar e a complementar essa primeira impressão apresentada pelo pensador escocês. Mellinger, Sachs e Gallup no artigo intitulado “A geografia da pobreza e da riqueza”, analisam aspectos como a incidência de doenças, clima e agricultura.
Esses autores então descrevem como doenças como malária, dengue, tifo, cólera, entre outras doenças tropicais, minam a força e a resistência das pessoas e dificultam a vida nessas regiões. Na Amazônia é comum um ditado que diz que quem protegeu a floresta foi o Anopheles, o mosquito-da-malária, que aqui chamamos carinhosamente de suvela. E pensa num bicho que tem o canudo comprido! Ele pica até por cima de calça jeans, realmente é um horror!
Mas ninguém fala que a malária estava praticamente erradicada, não só da Amazônia, mas também da África tropical! Até o pessoal da esquerda, a turminha do amor, proibir o DDT! Para explicar melhor, o DDT é a abreviação para o princípio ativo do dicloro-difenil-tricloroetano que se mostrou extremamente eficiente para uma ampla variedade de insetos a um custo relativamente baixo. Era a saída perfeita para salvar vidas e garantir o desenvolvimento de povos que vivem em regiões tropicais e úmidas.
Mas espera aí, alguém falou em desenvolvimento de povos no Atlântico Sul? Como assim? Não pode! Vamos proibir o DDT! Então, a partir da década de 70, se viu uma campanha de difamação contra esse poderoso inseticida. O resultado foi a sua total proibição no Brasil na década de 90, quando então a malária volta com tudo, grassando livremente em volta das cidades amazônicas e vitimando milhares de pessoas.
A malária se caracteriza por uma febre muito forte que tem hora certa para chegar, normalmente no fim da tarde e, por atacar o fígado, deixa a pessoa amarela e sem forças. Por isso, também é conhecida como maleita. Se tratada logo no início com cloroquina ou com chá da casca da árvore de quina, a pessoa logo melhora, mas se não tratada, tem grandes chances de levar a pessoa a óbito.
O pessoal da esquerda acredita que os governos dos países ricos deveriam desenvolver vacinas para combater malária, tuberculose, HIV e outras doenças. Será que alguém aqui é tão ingênuo que ainda acredita nisso? A ideia de que soluções vem de iniciativas estatais é tão furada quanto todos os projetos mirabolantes que o socialismo já apresentou ao mundo! E quanta ingenuidade acreditar que países ricos vão financiar soluções para países pobres…
Apesar disso, ano após ano, se vê uma diminuição na incidência de doenças tropicais. Com dados do DATASUS é possível observar que a incidência de todas essas doenças tem diminuído nas últimas décadas. Tudo isso apesar do estado!
Bem, outro aspecto interessante levantado no artigo de Mellinger, Sachs e Gallup é de que o inverno é a política pública mais efetiva para combater insetos e doenças associadas! E, pelo inverso, o verão também é a melhor política pública para combater gripes. A ciência tem mostrado que essas doenças vêm e vão conforme a sazonalidade do próprio clima.
E, por fim, os autores analisam o aspecto da produção agrícola associada ao clima. As principais culturas como trigo, milho e arroz são de origem de clima temperado e não se dão bem em climas tropicais. Solos de regiões tropicais acabam endurecidos por laterização (que é um processo químico associado ao ferro) e normalmente são pobres em nutrientes e matéria orgânica, já que tudo é lixiviado pelas fortes chuvas.
As grandes produções agrícolas geram mercados cada vez mais ricos, que por sua vez agregam mais pessoas, que acabam criando novas soluções, o que retroalimenta o sistema de produção. Cidades crescem e prosperam, há diversificação e aumenta a complexidade da economia. Toda a nação enriquece.
Além disso, a produtividade de uma pessoa em clima temperado é maior que no clima tropical. Imagine você trabalhar pesado num calor de 35°C e umidade de 95%? A transpiração é tanta que a pessoa fica rapidamente desidratada e o sol, que não descansa por aqui, garante que você vai fritar de insolação.
Tomemos o caso da Malásia, que desistiu de tentar produzir alimentos para aproveitar sua posição estratégica no estreito de Malaca, e passar a produzir equipamentos eletrônicos e outros industrializados.
Em um ambiente escaldante como esse, a força humana fica realmente prejudicada, mas se a agricultura é mecanizada, isso já não faz tanta diferença. Então, agora dá para entender porque os “projetos de colonização” da época dos militares falharam miseravelmente, e agora a agricultura mecanizada e de precisão tem prosperado na Amazônia.
A região de Sorriso e Sinop, no norte do Mato Grosso, é um ótimo exemplo. Especializada na produção de soja, as colheitas rodam cerca de mil quilômetros de caminhão até o porto de Miritituba, no Pará, às margens do rio Tapajos. De lá, vão de balsa até Santarém, onde embarcam em navios gigantes rumo à China e outras partes do mundo. Tudo isso apesar do estado brasileiro que só complica nossa vida e nos onera.
Por fim, Mackinder em seu livro “The geographical pivot of history” de 1904, observa que nas médias latitudes de clima temperado, a humanidade conheceu seu maior desenvolvimento e enriquecimento. Já que, desde o leste da Ásia, que seria a região do Japão e Rússia, até o Oeste da Europa, que seria Portugal e Espanha, o clima é ameno e semelhante. Esse clima estimula e facilita o desenvolvimento de roupas, arquitetura, agricultura e navegação por diferentes povos que ocupam uma extensa área continental coberta por pastagens com quase onze mil quilômetros de extensão.
O que não acontece no hemisfério sul, já que em cada faixa de latitude há porções menores de terra, desconexas entre si. A maior porção de terra longitudinal na América do Sul, com clima semelhante, é justamente a Amazônia, com cerca de três mil quilômetros de leste a oeste, próximo à linha do equador.
No entanto, plantas e frutas endêmicas têm sido aproveitadas, criando produtos industrializados de alto valor agregado. De peixes ao famoso açaí, a cada ano aumenta a gama de produtos endêmicos da Bacia Amazônica a serem comercializados em vários lugares do mundo. Novamente, tudo isso apesar do estado!
Mas bem, todos nós sabemos que é proibido produzir qualquer coisa no Brasil. Na Amazônia, então, esquece! Impostos, taxas, regulações insanas, insegurança jurídica e ONGs de índios de iPhone matam qualquer iniciativa de desenvolvimento.
Se produzir no Brasil é um ato heroico, produzir na Amazônia é um ato de fé. Mesmo assim, a produção agrícola tem aumentado, assim como sua diversificação.
De maneira geral, pode-se concluir que a geografia é apenas parte do problema. O uso de equipamentos mecanizados, o desenvolvimento de tecnologias e o acesso à energia confiável, tem permitido o desenvolvimento da produção agrícola, dos serviços e da indústria na região amazônica. No entanto, ainda falta um ambiente de negócios que permita o florescimento da inventividade humana. Liberdade econômica e social são essenciais para o desenvolvimento em qualquer parte do mundo, e no Brasil não é diferente.
Vemos iniciativas centralizadas partindo do Banco Mundial e do FMI, que concentram esforços em reformas institucionais, mas que não considera questões geográficas, nem se descola da narrativa preservacionista.
Lembremos que Mangabeira Unger, estrategista e ministro de Lula em 2007, pregava essa tal falácia do desenvolvimento sustentado. Dizia que tinha que dar título de terras, ajudar o produtor rural com financiamento e cobrar preservação. Com esse discurso bonitinho propôs o CAR – Cadastro Ambiental Rural. Adivinha no que deu? O CAR não reconhece a propriedade do imóvel, atiça o pobre produtor a pegar um financiamento para trabalhar e depois o multa por não cumprir exigências absurdas. Portanto, o CAR foi um dos maiores engodos que já se viu.
Então, vemos que todas as condições naturais adversas apontadas já podem ser vencidas pela tecnologia e pelo uso de combustível confiável - ou seja, do diesel. Mas não tem como negar que o grande empecilho que ainda se enfrenta na Amazônia são a burocracia e os altos impostos.
Bem, quem toca pequenas operações consegue escapar razoavelmente do olho de Sauron do leviatã estatal, mas quem está nas grandes operações, esse vira escravo do sistema.
A saída, então, só pode se dar no nível do indivíduo! O indivíduo com seu esforço e inventividade produz e comercializa produtos e serviços que atendem demandas locais de polpa de tucumã, até globais de soja e carne.
A única configuração capaz de trazer prosperidade para a Amazônia é o indivíduo dentro de sua propriedade, com sua família, sócios ou colaboradores, usando seus recursos da maneira mais factível e eficiente. Só assim é possível prover os melhores produtos e serviços à sociedade.
Já é chegada a hora de tirar o governo da vida das pessoas e deixar que elas vivam suas vidas usando os recursos que dispõe. Chega de retórica protecionista de europeus recalcados, chega de papo globalista, chega de agenda identitária ou ambientalista. O que as pessoas querem é trabalhar, colher, prosperar e desenvolver sua família e comunidade. Inclusive, os índios são um dos maiores prejudicados com tudo isso! Nesse quesito, a voz de Silvia Waiãpi, deputada federal pelo Amapá e índigena Waiãpi, ressoa como no deserto. Sim, meu caro, aqui tem índio produzindo de café a macaxeira, e lidando com o turismo. Além disso, eles também odeiam o estado que lhe mete o dedo na cara e os manda que voltem para o mato!
De tudo o que analisamos neste vídeo, fica plausível o desenvolvimento das comunidades que vivem na Amazônia com base na ética universal da propriedade privada. Segundo a qual cada proprietário de terras pode manipular os recursos ao seu dispor para produzir ou preservar, conforme melhor lhe aprouver.
Por outro lado, o peso do estado não permitirá o desenvolvimento de nada. Pela lógica, nenhum ente anti-humano e agressivo permitirá o desenvolvimento de um direito natural humano. Então, chega de sonho! Esqueça o estado e seus políticos, esqueça subsídios e promessas vãs. Só o seu trabalho e seu esforço podem te fornecer alguma independência, alguma soberania. A saída não é coletivista, a solução é no nível do indivíduo!
Agora é a hora que vem aquele estatista tipo Aldo Rebelo dizendo:
“Ah e se a Venezuela invadir a Amazônia?”
“Ah e se os chineses quiserem comprar toda a terra da Amazônia?”
Bem, para além de ser implausível e improvável, o autorreconhecimento dos povos da região, pela sua própria natureza e cultura, impediria esse tipo de invasão. Naturalmente, as pessoas se uniriam como fizeram nas batalhas do Acre, quando Plácido de Castro treinou e liderou exércitos privados contra tropas da Bolívia para defender a propriedade de seringalistas.
E para continuar nesse assunto, veja agora o vídeo aqui do canal “A geopolítica do indivíduo”, o link segue na descrição.
A geopolítica do indivíduo
https://www.youtube.com/watch?v=wD9SKaw_6Cs
Andrew D. Mellinger, Jeffrey D. Sachs, and John L. Gallup. The Geography of Poverty and Wealth. SCIENTIFIC AMERICAN. Volume 284, Issue 3. March 2001.
https://www.scientificamerican.com/issue/sa/2001/03-01/