16 Jan. 2024
Escritor: QuintEssência
Revisor: Historiador Libertario
Narrador: Paula Sousa
Produtor: QuintEssência

A inflação na Venezuela fica abaixo dos 200%, e isso parece ser uma boa notícia

A Venezuela de Nicolás Maduro finalmente tem motivos econômicos para comemorar. Afinal de contas, a inflação acumulada durante o ano de 2023 foi de “apenas” - com muitas aspas - 193%, que, acredite ou não, é um valor muito abaixo daquele esperado pelo mercado. Sim: a situação na Venezuela é tão caótica, e a economia do país está tão deteriorada, que até esse índice grotesco de inflação é tratado como uma boa notícia. São as peculiaridades de um típico país socialista!


Esses dados a respeito da inflação nas terras do amiguinho do Lula foram disponibilizados pelo Observatório Venezuelano de Finanças - o OVF. Esse é um órgão independente, que tenta dar algum grau de clareza para as questões econômicas, que são mantidas no escuro pela ditadura de Maduro. Afinal de contas, o Banco Central da Venezuela ainda não divulgou os dados ditos “oficiais” da economia do país, referentes a 2023; e, quanto o fizer, essas informações não serão nada confiáveis.


De qualquer forma, os números de 2023 podem sim representar uma “despiora” na economia da Venezuela - para usar o jargão que a Folha de São Paulo tanto aprecia. A verdade é que essa inflação de 193%, que seria considerada brutal na quase totalidade do mundo civilizado, é muito inferior aos índices venezuelanos de anos anteriores. Em 2022, por exemplo, a inflação anual ficou na marca de 305% - número que já representava uma queda em relação a 2021, quando o índice medido pelo OVF foi de quase 700%. Na verdade, a Argentina, atualmente governada por Javier Milei, enfrentou uma taxa de inflação ainda pior do que a da Venezuela em 2023, atingindo 211%, o maior nível em 33 anos na terra dos hermanos.


Ainda assim, a situação venezuelana nem de perto está sob controle; e poder contar com um órgão independente para revelar aquilo que Nicolás Maduro tenta esconder é algo realmente positivo. Contudo, não podemos deixar de notar que, ainda que o OVF tenha feito um trabalho importante, suas conclusões foram equivocadas. Veja, por exemplo, o que disse o seu relatório, como revelado pelo jornal O Globo, sobre os dados de 2023: “Embora ainda muito alto, este é o quinto ano consecutivo de queda de preços no país”.


Isso está claramente errado! Os preços não caíram na Venezuela. Na verdade, eles subiram, e muito - quase dobraram de preço! O que caiu foi, apenas, o ritmo dessa subida. Trata-se, na verdade, de um erro primário no que se refere à interceptação de percentuais, ao longo do tempo - mais ou menos parecido com o vacilo da Secom do Lula, falando do preço dos alimentos.


Em uma postagem no X (antigo Twitter), a turma de comunicação do Molusco afirmou que os preços dos alimentos desabaram em 2023 - sendo que esse comentário era a legenda de um gráfico demonstrando que, na verdade, esses preços subiram 1% no ano! Ou seja: os alimentos estavam, sim, mais caros no fim de 2023; apenas o ritmo da subida foi menor do que em anos anteriores. De vergonha, a Secom até apagou a postagem; mas o print, mais do que os diamantes, é eterno.


Contudo, colocados de lado esses erros matemáticos, precisamos falar da inflação - ou melhor, de seu conceito. E, nesse caso, todos erraram: bancos centrais, grande mídia e até mesmo o OVF. A verdade é que inflação não é, absolutamente, o aumento de preços, de forma geral, na economia. É comum vermos, na grande mídia, notícias falando a respeito da “inflação do arroz” ou da “inflação nos combustíveis”. Isso é uma grande bobagem, porque aumentos pontuais e sazonais nos preços de determinados produtos podem ter explicações próprias. Agora, quando o preço de tudo sobe com consistência, aí a culpa é do estado.


Isso porque a inflação, na realidade, é a expansão da base monetária - ou seja, da quantidade de dinheiro em circulação. O aumento de preços é, apenas, seu efeito mais visível. Veja que a palavra “inflação”, em sua própria origem, significa “expandir” - algo que acontece com a quantidade de dinheiro, e não com os preços, que apenas “sobem” ou “descem”. E se a inflação é o aumento da base monetária, então a culpa desse cenário deve ser colocada em quem controla a impressora de dinheiro - o estado.


Esse tema é mais bem explicado no vídeo do canal AncapSu Classic: “Por que é importante saber o que é inflação?” - link na descrição. Vale a pena assistir: esse vídeo tem mais de 20 minutos e é, sem dúvidas, o melhor material em português sobre o tema aqui no YouTube.


Dito isso, vamos adotar, apenas para fins retóricos, a definição que o estado e a mídia usam para o termo “inflação”, apenas para responder à pergunta: por que a inflação na Venezuela está menor do que em anos anteriores? E, bem: existem vários motivos que podem explicar esse cenário, e que tem agido em conjunto, nos últimos tempos, nas terras venezuelanas.


Em primeiro lugar, precisamos voltar ao problema dos percentuais. Quando falamos de uma inflação de 193%, não estamos falando de um valor absoluto. Estamos dizendo que os preços, de forma geral, estão quase 2 vezes maiores do que no ano anterior. E, como vimos, o aumento dos preços é uma resposta ao aumento da base monetária.


Pois bem: sem dúvidas, é mais fácil triplicar 1 milhão de unidades de dinheiro - ou seja, inflacionar a base monetária em 200% - do que fazer isso com 1 trilhão de unidades. Conforme o governo venezuelano foi imprimindo dinheiro, por anos a fio, a base monetária ficou tão grande, que é simplesmente impossível continuar aumentando-a aos antigos patamares. A tendência é que a curva percentual da inflação vá decrescendo, embora dinheiro continue sendo impresso a toque de caixa.


Existe, contudo, outro fator, muito interessante, e que demonstra uma verdadeira mudança na mentalidade do povo venezuelano. Estamos falando da tendência de dolarização da economia da Venezuela. A verdade é que a ditadura de Nicolás Maduro passou a tolerar a entrada de dólares no país, o que deu aos venezuelanos uma alternativa ao dinheiro inútil impresso pelo governo. Por lá, cada vez mais pessoas trabalham na informalidade, recebendo em dólar, ao invés de ocupar empregos formais, recebendo em bolívar. Nos últimos 3 anos, estima-se que 4 milhões de venezuelanos conseguiram ascender socialmente, por conta de seu acesso a dólares. Essas pessoas passaram a formar uma nova “classe média”, mesmo sem ter estudos e sem formalidade profissional.


Essa tendência do povo venezuelano é uma resposta às consequências inevitáveis de qualquer governo socialista. Esse tipo de regime, invariavelmente, leva um país à ruína - mais cedo ou mais tarde. É comum vermos, inclusive, governos comunistas abrindo mão de sua ideologia, para não matar a galinha dos ovos de ouro. Esse foi o caminho traçado pela China e pelo Vietnã, e parece ser também a saída encontrada por Nicolás Maduro para evitar o fim da Venezuela. Quando um ditador comunista não abre mão de sua ideologia, pelo menos em partes, o caos destrói o país em poucos anos. Veja, por exemplo, o caso do Camboja, retratado em nosso vídeo: “A tragédia comunista no CAMBOJA” - link na descrição.


A verdade é que o socialismo é o grande responsável por destruir a Venezuela. Em apenas 10 anos, a economia encolheu 75%, enquanto que 7 milhões de venezuelanos fugiram do país. Isso, por óbvio, é culpa de décadas de governos chavistas. Por mais que a grande mídia insista em limpar a barra do Hugo Chávez, tudo começou com ele - mais ou menos como no caso brasileiro, com Lula fazendo besteiras e deixando a bomba estourar no colo da Dilma.


Foi Hugo Chávez quem nacionalizou 60 empresas do setor petrolífero venezuenalo, lá em 2009. Essa medida socialista mostraria seus piores resultados apenas no governo de seu sucessor. Agora, os venezuelanos, donos da maior reserva de petróleo do mundo, sofrem com a escassez de gasolina em seus postos. E, para piorar as coisas, Nicolás Maduro, ao que tudo indica, quer arrastar seu povo para uma guerra inútil e criminosa, que pode custar ainda mais caro para todos.


Contudo, e apesar de seu governo, o povo venezuelano luta para manter sua vida. Muita gente simplesmente arrisca sua pele, atravessando a fronteira para chegar a algum pedaço de terra com mais liberdades. Veja o tamanho dessa tragédia migratória: mais de 500 mil cidadãos venezuelanos vieram para o Brasil, para aqui se estabelecer - apesar de todos os pesares das terras tupiniquins. Outros, porém, resolveram simplesmente migrar o seu dinheiro, para proteger seu patrimônio do socialismo.


Cada vez mais venezuelanos estão partindo para a informalidade, para assim usufruir de remunerações pagas em dólar - um dinheiro muito mais estável, por estar longe dos bigodes do Maduro. Porém, talvez os venezuelanos devessem dar um passo além, para adotar um dinheiro que é realmente imune aos políticos - o Bitcoin. Assim, seu patrimônio estaria livre, inclusive, do Joe Biden - ou de seu sucessor. Apenas uma moeda realmente livre e descentralizada pode proteger o povo venezuelano das garras confiscatórias de seu governo tirano. Contudo, em algum momento, o povo da Venezuela vai chegar a essa conclusão - assim como os brasileiros, os argentinos, e todo o restante da humanidade. Para continuar nesse assunto, deixamos como recomendação o vídeo: "Em quanto TEMPO metade da POPULAÇÃO MUNDIAL usará o BITCOIN?". O link está na descrição.

Referências:

https://g1.globo.com/economia/noticia/2024/01/11/inflacao-argentina-2023.ghtml https://www.bbc.com/portuguese/articles/c3gy4k83p8vo https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2023/12/14/numero-de-imigrantes-venezuelanos-no-brasil-bate-recorde-em-meio-a-disputa-com-guiana-e-incerteza-sobre-futuro.ghtml https://twitter.com/valuationfstyle/status/1745832781442093117 Visão Libertária - A tragédia comunista no CAMBOJA: https://www.youtube.com/watch?v=37mMWUc87co&pp=ygUadmlzw6NvIGxpYmVydMOhcmlhIGNhbWJvamE%3D Ancapsu Classic: Por que é importante saber o que é inflação? https://www.youtube.com/watch?v=lQDyJeTOPNw&pp=ygUaYW5jYXBzdSBjbGFzc2ljIGluZmxhw6fDo28%3D Visão Libertária - Em quanto TEMPO metade da POPULAÇÃO MUNDIAL usará o BITCOIN? https://youtu.be/Xec6GCLYy_c

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