Lula vai destruir a Petrobras mais uma vez; só que, agora, não será por conta da corrupção.
Nos últimos dias, o preço do barril de petróleo tipo brent atingiu, novamente, a marca dos US$ 90. Muitos são os motivos que levaram a esse cenário: grandes produtores internacionais estão envolvidos em conflitos, ou estão ameaçados por conflitos próximos - o que reduz a oferta do produto, aumentando seu preço. Da mesma forma, a máquina de guerra dos conflitos ao redor do mundo aumenta a demanda por combustíveis, o que também faz subir o preço do petróleo. Além disso, tem sido observado um aumento da atividade econômica mundial, ainda que num ritmo um pouco mais tímido do que em períodos anteriores - o que também leva a um maior consumo de combustíveis.
Nesse cenário, era de se esperar que a Petrobras repassasse o aumento do petróleo para as distribuidoras, e que esse preço mais elevado chegasse também ao consumidor final, certo? Afinal de contas, embora o PT do Lula tenha afirmado, por anos a fio, que o Brasil se tornou autossuficiente em petróleo, a verdade é que a Petrobras ainda precisa importar uma grande quantidade de petróleo para atender à demanda interna por combustíveis. Pois é: a verdade, porém, é que esse reajuste nos preços não está sendo realizado.
A defasagem entre o preço de compra dos combustíveis, no exterior, e o preço de venda, praticado pela Petrobras, é assustadora. No caso da gasolina, essa defasagem chega a 18% - o equivalente a R$ 0,60 por litro. Já no caso do diesel, o valor é menor, mas ainda assim nada desprezível: são 12% de defasagem - cerca de R$ 0,48 a menos por litro. Apenas tente imaginar quantos litros de combustível são vendidos por dia, no Brasil, para você tentar dimensionar o prejuízo que a Petrobras está levando nessa história.
E esse estado caótico de coisas não começou nas últimas semanas. Apenas para você ter uma ideia das proporções dessa tragédia: a última vez que a Petrobras reajustou os preços da gasolina foi no dia 21 de outubro de 2023 - ou seja, há quase 6 meses! O pior de tudo é que o reajuste, naquela ocasião, foi para diminuir o preço do combustível, em R$ 0,12. Já o diesel não sofre reajustes desde dezembro, quando seu preço também caiu - no caso, uma redução de R$ 0,30.
E foi justamente nessa época que os problemas de defasagem nos preços voltaram. Na virada do ano, o preço mundial do barril de petróleo tipo brent saltou para US$ 75. Agora, se esse preço já era um problema naquela época, imagine o que isso representa para a Petrobras, nos atuais preços! O pior de tudo, porém, é que especialistas afirmam que, provavelmente, o barril tipo brent vai atingir o preço de US$ 100 ainda este ano.
Mas, afinal de contas, por que diabos a Petrobras está enfiada nesse problema, em primeiro lugar? Bem, como era de se esperar, são coisas do Lula. Lá atrás, em 2016, quando Michel Temer chegou ao poder, após a saída da mulher sapiens, a Petrobras estava em frangalhos, por conta da corrupção e da má gestão da era petista. O Vampirão, então, decidiu instituir, na Petrobras, o PPI - Preço de Paridade Internacional. A partir de então, os preços dos combustíveis, no mercado interno brasileiro, iriam variar de acordo com os preços internacionais - evitando, assim, que a Petrobras continuasse tendo prejuízos.
Esse novo modelo garantiu, à estatal, a possibilidade de recompor seu caixa com lucros mais interessantes, fazendo com o que o valor de mercado da companhia voltasse a subir, praticamente de forma constante. Esse novo cenário também permitiu a entrada de novos investimentos estrangeiros no Brasil, direcionados para o setor do refino do petróleo. Obviamente, os preços ao consumidor final ficaram muito mais flutuantes - mas isso não deveria ser um problema. Exceto para os políticos, é claro.
Pois bem: no começo de 2023, com o retorno do Lula ao poder, e com a condução de Jean Paul Prates à presidência da Petrobras, o PPI foi definitivamente abandonado. Agora, os reajustes seriam feitos de forma mais pontual - ou, como diria o Lula, era preciso “abrasileirar” os preços. Entenda-se esse eufemismo como: manipular os preços. Em resumo: se o barril de petróleo estivesse caro lá fora, a Petrobras iria segurar os preços no mercado interno, queimando caixa para assumir esse prejuízo. Porém, quando os preços do barril caíssem no exterior, a Petrobras continuaria com os antigos preços internos, para repor as perdas anteriores. Ou seja: em ambos os cenários, os preços permaneceriam estáveis.
É claro que isso não passa de um verdadeiro exercício de futurologia, uma vez que é impossível saber quanto tempo o petróleo vai ficar mais caro ou mais barato, ou quantos dólares ele vai subir ou descer. Ainda assim, esse modelo é menos pior do que o atual cenário - que é uma catástrofe total. Acontece que, ainda no ano passado, o fator político voltou a entrar em jogo. Em novembro de 2023, o preço do barril no exterior caiu - e aí o ministro Alexandre Silveira entrou em cena, criticando abertamente a Petrobras por não repassar essas quedas ao consumidor brasileiro. Ora, mas não era justamente esse o combinado?
Pois é: naturalmente, o mundo político brasileiro não iria deixar passar essa chance de capitalizar em cima da queda da gasolina e do diesel. Só que o custo dessa brincadeira para a Petrobras é muito, muito caro. E sim: o fator político acabou vencendo, e a estatal acabou derrotada. Agora, estudos realizados por associações privadas de refinarias afirmam que, por conta dessa desastrosa política de preços, a Petrobras já teria perdido quase R$ 10 bilhões em receita bruta.
Sabe o que isso significa, na prática? Que o acionista da Petrobras está subsidiando o consumidor. Ou melhor: ele está subsidiando o político. Certamente, você nunca viu nada parecido numa empresa privada - especialmente numa empresa muito bem estabelecida no mercado, como a Petrobras. Lembra daquela treta dos dividendos extraordinários que não foram distribuídos, e que permanecem retidos no caixa da Petrobras? Pois é: esse lucro agora vai ser queimado, para segurar os preços ao consumidor final.
Sem dúvidas, isso representa um grande problema para a Petrobras, que volta às amarguras dos tempos petistas de outrora. Mas isso também traz muitos problemas para a sociedade brasileira. Apenas pense que, com uma gigante do setor queimando caixa para manter os preços artificialmente baixos, se torna praticamente impossível, para qualquer outra empresa, competir nesse cenário. Assim, novos players são afastados do mercado brasileiro, porque ninguém vai conseguir bancar essa defasagem por tanto tempo - e isso, por óbvio, concentra ainda mais o mercado nas mãos da Petrobras.
Aí, a estatal se torna obrigada, ainda por cima, a ter que bancar toda essa concentração de mercado com um preço defasado. Afinal de contas, no cenário de bonança, quando ainda imperava o PPI, o mercado estava muito mais pulverizado - era bom para todos. E isso é perceptível pelos números: enquanto que em 2022, com preços flutuantes, a Petrobras importava “apenas” 7 milhões de litros de gasolina por dia, esse número saltou para 52 milhões em meados de 2023, com o fim da paridade - um salto de mais de 600%, justamente por conta da defasagem nos preços. O mercado privado, é claro, não quer assumir essa bomba; então, a estatal fica obrigada a descascar o abacaxi sozinha.
Essa situação, completamente esdrúxula e que beira o inimaginável, nos ajuda a compreender que o maior problema do estado não é a corrupção - longe disso. Por questões morais, o brasileiro médio tende a tratar a corrupção como a maior das mazelas do Brasil - porque é realmente imoral ver políticos e burocratas enriquecendo às custas de estatais e de ministérios. Só que o grande problema dessa história toda, de fato, é a brutal ineficiência estatal, quando o assunto é gerir recursos. Acontece que esse prejuízo termina por ficar mais diluído na sociedade, sendo, portanto, mais difícil de ser percebido.
É praticamente impossível mensurar o custo da Petrobras para o Brasil. Estamos falando, aqui, de todas as oportunidades perdidas, por conta dessa influência artificial da empresa no mercado, prejudicando a concorrência e praticamente impedindo a entrada de novos players. Nesse cenário, a inovação vai para as cucuias, e a produtividade nunca aumenta quanto poderia. Em outras palavras: o Brasil nunca deixa de ser uma promessa, um sonho distante. Foi justamente um cenário como esse - embora num nível mais extremo - que levou a Venezuela, dona das maiores reservas de petróleo do mundo, a ter escassez de gasolina nos seus postos de combustíveis. O mesmo se aplica à Bolívia, com suas reservas de gás natural.
Ao que tudo indica, veremos a Petrobras, mais uma vez, ser dilapidada, durante uma gestão petista. O problema dessa empresa não está no mercado, no seu modelo de negócios ou num excesso de competidores. Definitivamente, não: a Petrobras é uma empresa altamente promissora, que poderia ser uma gigante de renome internacional, não fosse o seu maior e mais decisivo problema - a ação do estado. Isso aconteceu, no passado, e em inúmeras ocasiões; e vai continuar acontecendo, infelizmente, enquanto a empresa pertencer ao governo brasileiro.
Não se trata apenas da perda do valor de mercado da empresa - que chegou a 10% em apenas um dia, por conta da treta dos dividendos. Trata-se de toda a distorção econômica causada pelas pesadas interferências do governo na política de preços, não apenas dando prejuízos para a companhia, como também expulsando o capital estrangeiro privado. Afinal de contas, quem seria louco de investir sua grana nessa Casa da Mãe Joana?
De qualquer forma, Lula terá um grande problema pela frente - ele está entre a cruz e a espada. Se o barril de petróleo continuar caro por muito tempo, a Petrobras não vai dar conta de segurar essa bomba. Aí, ou ele autoriza o repasse total da defasagem para bomba de combustíveis - algo que derrubaria por completo sua popularidade, - ou ele destrói a Petrobras por completo. Em qualquer desses cenários, teremos apenas uma certeza: o povo brasileiro, hoje, e pelos próximos anos, será pesadamente penalizado por mais essa ação estatal petista. Mas, quem mandou fazerem o L?!
https://www.poder360.com.br/economia/preco-do-barril-do-petroleo-deve-ir-a-us-100-em-2024/
https://g1.globo.com/economia/noticia/2023/05/16/petrobras-anuncia-fim-da-paridade-internacional-do-petroleo-e-nova-politica-de-preco-para-combustiveis.ghtml
https://www.poder360.com.br/governo/silveira-diz-que-petrobras-ja-poderia-reduzir-preco-de-combustiveis/
https://www.infomoney.com.br/mercados/prejuizo-bilionario-consultoria-soma-perdas-da-petrobras-com-politica-a-combustiveis/