NINGUÉM ENTENDE o que é CAPITALISMO: os 5 PRINCIPAIS ESPANTALHOS sobre esse sistema

Nos dias atuais, já virou senso comum falar mal do capitalismo. Basta acontecer algum problema, que aparece alguém apontando o capitalismo como culpado. Mas será que as críticas fazem sentido?

A palavra capitalismo é usada como termo pejorativo em muitos meios. É lugar-comum dizer que o capitalismo é selvagem, ou opressor. Mas se você prestar atenção, verá que a maioria das críticas não é ao capitalismo em si, mas a uma ideia distorcida do que seria esse sistema. Essa é a falácia do espantalho, na qual em vez de te atacarem por quem você é, te atacam por algo que você não é. Como se estivessem criticando um espantalho seu.

Antes de falarmos dos principais espantalhos, é importante entendermos o que é capitalismo na concepção libertária. Estamos falando aqui do capitalismo em sua essência: o livre mercado. Esta é uma sociedade em que não há agressão às pessoas ou às propriedades privadas delas. Independentemente de como tecnicamente se chegaria a essa sociedade, uma coisa é certa: a ideia de Estado é completamente incompatível com ela. Um Estado pode te obrigar, com a força da polícia, a dar seu dinheiro a ele e a seguir suas regras autoritárias, mesmo contra o seu consentimento. Isso nunca poderia existir num livre mercado.

Então, vamos aos 5 espantalhos.

O primeiro espantalho é o entendimento equivocado da frase: "se cada um perseguir seu interesse, teremos uma sociedade melhor para todos". Tem gente que conclui que o capitalismo quer que todos sejam mesquinhos e só olhem para o próprio umbigo. Mas a ideia da frase é diferente. Quando analisamos a economia, constatamos que ela vai se ajustando de forma descentralizada. Se há muita demanda para algo, vão surgir empresas para atender aos clientes e lucrar. Se o custo-benefício de um setor não vale mais a pena, o investimento vai migrando para outros setores. A tendência é que, com o tempo, a demanda da população seja suprida da melhor forma possível, dado os recursos existentes. Pode parecer mágica que a economia se organize de forma descentralizada, mas não há nenhum mistério. As pessoas vão olhando ao seu redor e se ajustando aos sinais que recebem.

Desta forma, no sentido econômico, o melhor para a sociedade é deixar que as pessoas persigam os seus interesses. Por outro lado, para piorar as coisas, o governo adora taxar alguns setores e subsidiar outros. Dizer quem pode e quem não pode empreender, por meio de licenciamentos. Definir pisos salariais, tetos de preços e taxas de juros. Apesar de alegarem ter a melhor das intenções, a interferência na economia faz com que os recursos não fluam para onde deveriam e que boa parte da demanda da população não seja atendida. Então o povo acaba como condenado, trabalhando muito e recebendo pouco.


Ainda assim, isso não significa que um mundo bom é um mundo no qual as pessoas só olham para o próprio umbigo de forma mesquinha. Nenhum libertário acredita nisso. O livre mercado é necessário, mas não é suficiente. Questões morais também têm grande valor. Pessoas podem escolher passar o dia fofocando sobre a vida alheia, podem se recusar a ajudar a senhorinha a carregar as suas compras e podem chamar todos os elevadores de uma só vez. Todas essas são atitudes bastante repudiáveis a qualquer pessoa que tem bom senso. Mas ninguém deve ser ameaçado de violência por causa disso, e concordamos que essas atitudes não são as mais bonitas e adequadas. Portanto, deixar que cada um persiga seus interesses significa que não devemos usar leis ou ameaça de violência para controlar o comportamento dos outros. Mas é incentivado que usemos meios pacíficos para fomentar a moralidade e combater a imoralidade.


O segundo espantalho é que os políticos liberais supostamente governam somente para os ricos. Basta olhar rapidamente para a história e ver como o surgimento do capitalismo favoreceu a toda a humanidade, principalmente após a Primeira Revolução Industrial. Antes do capitalismo, você teria sorte de fazer três refeições num dia e ainda ter todos os dentes na boca para comê-las. Por mais que a riqueza não seja criada de forma perfeitamente homogênea, ela vai chegando a todos com o tempo.

É importante apontar também a confusão de empresários com os defensores do liberalismo. Apesar de a classe empresarial, de modo geral, ter opiniões mais liberais, isso não significa que todos o são na prática. Aliás, os empresários amigos do governo estão na lista dos maiores obstáculos ao livre mercado. Eles se aliam ao Leviatã para criar regulações que prejudicam os concorrentes ou para ganharem licitações superfaturadas. São os aproveitadores que vivem fazendo lobby para ganharem subsídios ou algum tipo de benefício, como regras que impedem a concorrência no setor em que atuam. Então, de fato, existem muitos governos que favorecem grupinhos de amigos ricos, mas definitivamente isso não é culpa do capitalismo. Pelo contrário, é uma afronta a ele.

O terceiro espantalho é que os libertários supostamente acreditam que vivemos numa perfeita meritocracia, e que quem é rico ou pobre está nessa situação porque merece. Esse espantalho nasce de um entendimento distorcido do mundo pelos marxistas. Eles olham para a economia como se fosse uma corrida. Desta forma, se alguém começou mais à frente do que outro, está em vantagem e aconteceu uma injustiça. Ora, mas a economia não é uma corrida, ela está mais para uma subida de montanha. Se alguém chegar primeiro no cume, ótimo, ela vai acabar ajudando a formar a trilha para os outros chegarem também. O importante é todos conseguirem ver a vista.

Nós, libertários, somos a favor da herança sem taxação. Da mesma forma, qualquer forma de caridade, ou doação, é legítima exatamente por ser fruto de uma relação voluntária, independentemente de se quem recebeu é um merecedor ou não. Qualquer pessoa é livre para doar o seu dinheiro e ninguém tem nada a ver com isso. O importante é que as pessoas sejam livres para viverem as suas vidas, desde que não violem os direitos dos outros.

É bem verdade que o livre mercado tem um efeito interessante. Já que a única forma de ganhar dinheiro é com outras pessoas voluntariamente te dando, e isso incentiva que as pessoas sejam produtivas e úteis aos outros. Assim, elas acabam criando bons produtos e serviços para poder trocar por dinheiro. Por mais que atingir a meritocracia não seja um objetivo por si, é fato que um livre mercado se aproxima mais da meritocracia do que os sistemas intervencionistas que privilegiam os amiguinhos puxa-sacos do Estado.

O espantalho da perfeita meritocracia também é reforçado pela questão da assistência social. Nós, libertários, criticamos programas sociais do governo, e muitos observadores cometem o equívoco de pensar que a justificativa seria uma suposta falta de merecimento dos pobres. O ponto definitivamente não é esse. O problema da assistência social é que, em primeiro lugar, ela é financiada por impostos, que é algo antiético por ser uma forma de roubo. Além disso, ela acaba também prejudicando aqueles a quem deveria ajudar. Repare que tudo o que o governo dá, é porque ele tirou antes. Então a população mais pobre gasta boa parte da sua renda com imposto sobre o consumo, e gasta outra parte com a alta de preços, causadas pela taxação aos produtores. Desta forma, a ajuda acaba sendo muito menor do que parece, e ainda prejudica outras pessoas de fora do programa. Tudo isso sem mencionar as fraudes e desvios de dinheiro que ocorrem durante a implementação dessas políticas públicas. Além de tudo isso, a ideia de assistência social se soma à ideia de aumentar encargos trabalhistas, o que forma uma nefasta dinâmica, na qual as pessoas são impedidas de entrar no mercado de trabalho, e ficam eternamente dependendo das migalhas governamentais. A melhor forma de tirar as pessoas da pobreza, portanto, é facilitando a entrada delas no mercado de trabalho e desonerando os empreendedores.

De qualquer forma, isso não quer dizer que devemos cortar imediatamente todos os programas sociais. Muita gente se acostumou a depender disso e seria irresponsável manter o país travado economicamente e somente cortar esses benefícios. Javier Milei, presidente da Argentina, está fazendo as reformas governamentais na ordem correta. Primeiro está reduzindo o tamanho do Estado e diminuindo os encargos trabalhistas, permitindo que a economia prospere e as pessoas sejam inseridas no mercado de trabalho. Só quando a situação econômica melhorar, ele vai pensar em reduzir a assistência social. Assim, as pessoas estarão naturalmente livres dessa muleta e pouco dano será causado de fato.

O quarto espantalho é que capitalismo seria sinônimo de consumismo, ou de materialismo. As pessoas pensam que o pleno capitalismo é tipo um clipe de um cantor pop, ostentando carros de luxo e joias caras. O capitalismo seria quase um culto religioso ao dinheiro, em que os bens materiais estariam acima das relações humanas, ou de valores morais. Todos os adeptos do capitalismo seriam pessoas viciadas em trabalhar e gastar toda a sua renda com compras fúteis. Claramente, esse pensamento não reflete o significado do livre mercado. A palavra-chave do capitalismo é liberdade. Você pode, se quiser, ser um monge, fazer voto de pobreza e passar o dia meditando. Todas as opções são válidas, e cada uma vai trazer seus custos e benefícios. A ideia do livre mercado é que cabe a cada indivíduo julgar os prós e contras de cada estilo de vida, e escolher o seu.

Do ponto de vista histórico, o aumento da riqueza humana foi extremamente rápido. Isso fez com que a gente passasse a conviver com diversas marcas e produtos, tendo que lidar com a tentação do excesso, por outro lado. É fácil sair da disciplina e acabar comprando demais, comendo demais, ou ficando tempo demais em redes sociais. Se pararmos para pensar, isso não tem a ver com o capitalismo em si. Essa é uma característica da fartura da sociedade. Novas opções de consumo trazem novos desejos, nunca estimulados. De fato, esse é um desafio que temos que enfrentar quando uma sociedade enriquece. Mas pode ter certeza, o desafio da fartura é bem mais preferível do que o desafio da miséria. Quando há fartura, as pessoas têm a opção de aprender a controlar seus instintos e viver de forma equilibrada. Mas quando há miséria, não há alternativa senão a privação.

Relacionado ao espantalho do materialismo, está a ideia de que o lucro estaria acima de qualquer outro valor. Desta forma, a natureza seria completamente destruída, a arte seria abandonada e as diferenças culturais seriam apagadas. Se você entendeu o que é livre mercado, está claro que não se trata disso. A sociedade no livre mercado vai refletir os valores de sua população. Como sabemos que as pessoas valorizam a natureza, a arte e a cultura, essas demandas seriam atendidas. Inclusive, conforme uma sociedade prospera, aos poucos a população vai suprindo as suas necessidades mais básicas e começa a buscar suprir necessidades mais elevadas. Num lugar pobre, onde as pessoas passam frio, elas não vão pensar duas vezes antes de cortar uma árvore para ter lenha para se esquentar. Mas ao ter acesso a agasalhos e aquecedores, as pessoas podem se dar ao luxo de manter as árvores intactas e poderem apreciar a natureza. O mesmo vale para a arte e a cultura. Uma sociedade próspera consegue destinar muito mais tempo e recursos para a arte e cultura do que sociedades que lutam diariamente pelo mínimo de subsistência.

O quinto e último espantalho, como não poderia faltar, é a falácia de que liberalismo é sinônimo de fascismo, ou tem algum vínculo com fascismo, ou qualquer baboseira deste tipo. A esquerda cultiva o péssimo hábito de chamar qualquer coisa que não gosta de fascista. Mas a falácia vem novamente da confusão entre empresários e liberais. O fascismo se baseou na parceria de empresários com um Estado forte e centralizador. Mas como já sabemos, grandes empresários muitas vezes são barreiras ao livre mercado. Um liberal de verdade nunca poderia se aliar a um governo para se livrar da concorrência. Fora que o fascismo foi uma ideologia extremamente estatizante, que criou um Estado gigante e interferiu obscenamente na economia. Pouca coisa daria mais repulsa a um liberal ou libertário do que isso. Os fascistas entendiam a questão e tinham como um dos pilares principais o anti-liberalismo.

Enfim, esses foram os 5 principais espantalhos do capitalismo. Nos dias atuais, virou tão comum xingar o capitalismo por qualquer coisa, que as pessoas não percebem o quanto as críticas são descoladas da realidade. O livre mercado é a forma mais ética de seres humanos conviverem, e que melhor satisfaz os nossos anseios. Ele é o meio pacífico de interação humana, que permite que aflore o que há de melhor em nós. Quando você quiser entender uma ideologia, veja o que seus principais pensadores realmente dizem. No campo dos estudos, desvie dos espantalhos.

Referências:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Fascismo