O boxeador que lutou em Auschwitz: A Luta Final

E aqui voltamos para continuar a saga deste nobre homem, lutando nos ringues improvisados de Auschwitz, para sobreviver ao terror do pior campo de concentração alemão.

Se você caiu neste vídeo de paraquedas, recomendamos que assista ao primeiro vídeo desta série, intitulado “O boxeador que lutou em Auschwitz: A luta pela sobrevivência. E se não quiser receber spoilers sobre o final do filme, recomendamos que o assista primeiro.

Continuando com a história, após a vitória de Tadeusz contra um lutador peso-pesado, seus companheiros de prisão comemoram e se sentem orgulhosos. Porém, o chefe do campo de concentração começa a ficar preocupado e insatisfeito com tudo aquilo, e fica pensando em como deixar os prisioneiros sem aquela moral elevada.


Mais tarde, após ouvir um barulho nas escadas de sua casa, o chefe de Auschwitz vê seu filho caído no chão. O menino estava totalmente inconsciente, e seu pai assustado logo chama um médico, que avisa que o garoto estava com Tifo, uma doença sem tratamento e comum nos campos de concentração. O pai fica chocado, mas não há nada que possa ser feito naquele momento, e as chances de vida do garoto eram mínimas devido à gravidade de seu caso.


Enquanto isso, o terror em Auschwitz só aumentava. Tadeusz se depara com vários corpos sendo levados para fora do campo, incluindo o de seu adversário na luta anterior, o que o deixa com peso na consciência. Durante a noite, ele sai do quarto e consegue passar pelo guarda do dormitório para encontrar seu amigo Yaneki do lado de fora. O garoto estava pensando nas palavras de seu falecido pai sobre Deus e nossa missão na vida, refletindo sobre tudo aquilo que estava acontecendo com eles no campo. Tadeusz confessa que estava pensando em parar de lutar boxe naquele local, pois naquelas circunstâncias a luta não se tratava de um esporte. Mas Yaneki o lembra que aqueles não eram apenas as lutas do polonês, mas que ele estava lutando por todos os outros prisioneiros - era uma forma de mostrar a braveza e o espírito de resistência dos prisioneiros.


No dia seguinte, Yaneki, agindo de forma caridosa, leva outra porção de pão às crianças prisioneiras em outro alojamento, dando também para Heltia uma pequena estátua de anjo esculpida em madeira. A garota agradece com um beijo na bochecha do menino. Mesmo naquela situação, as crianças ficam felizes por aquela demonstração de afeto.


Não demora e o filho do chefe do campo falece devido ao Tifo. Seu pai, bastante abalado, se despede do carro funerário, e isso tudo só o torna mais angustiado e com vontade descontar sua raiva em outras pessoas. Então, ele seleciona outro grupo para exterminar na câmara de gás. Isso nos revela a crueldade do ser humano quando tem tanto poder nas suas mãos, ao ponto de decidir a qualquer momento sobre a vida de outro indivíduo. Nesses campos da morte, como constatou a filósofa Hannah Arendt, a banalização do mal estava presente nas mentes e espíritos dos guardas e demais colaboradores; tudo se trava de mais um procedimento para fazer o sistema da morte funcionar. Os presos eram apenas números, meros seres inconvenientes que precisavam ser eliminados a qualquer custo e representavam uma ameaça ao estado.


Com a nova leva de prisioneiros sendo destinados para as câmaras de gás, eles são enfileirados. Nesse momento, Yaneki vê os guardas levarem Heltia para a fileira. A garota, num ato de bravura e resistência, acaba pegando a arma de um dos guardas e o mata. Os outros guardas respondem rapidamente atirando nela e em outras pessoas na fila, enquanto o jovem Yaneki assiste à morte de todos eles horrorizado e foge.


Yaneki abalado, decide contar a Tadeusz sobre a morte de Heltia, e o lutador tenta confortar o garoto dizendo que ela nunca morrerá enquanto ele se lembrar dela. Mas Tadeusz lhe lembra de que ele precisa voltar à enfermaria onde ajudava nos trabalhos. Na enfermaria, o oficial e chefe do campo de concentração estava sendo enfaixado, pois tomou um tiro de raspão durante o caos. Ele reconhece Yaneki e pede que o garoto lhe aplique a injeção, dizendo propositalmente que caso ele errasse a aplicação mataria o oficial. O alemão então fala com o garoto que seus massacres são permitidos por Deus, e que uma bala poderia ter acertado seu coração, mas não o acertou. Yaneki, então, apenas responde que Deus não obriga ninguém a matar outras pessoas, dando a entender que Deus nos deu o livro arbítrio.


De fato, a responsabilidade das ações de um indivíduo não é de uma entidade superior, mas sim culpa de quem escolhe os fazer com seu livre arbítrio. E não há desculpas para aqueles que ousam dizer que apenas cumpriam ordens, quando são culpados pelos seus crimes. Todos temos escolha, e nenhum soldado ou burocrata alemão foi obrigado a fazer o que eles fizeram durante o holocausto, eles poderiam ter mudado de emprego ou função.


Dias depois, Tadeusz fica sabendo por meio do guarda Walter sobre um soldado alemão no campo conhecido como "Martelada", que era um ex-campeão de boxe famoso. O lutador polonês vai até os superiores e pede para lutar contra Martelada, fazendo uma proposta: se ele vencer, Yaneki seria liberto e caso fosse negado o pedido, ele pararia de entreter a todos com suas lutas. Quase como um acordo com o diabo, o comandante aceita a proposta acreditando que o polonês morrerá no ringue, mas os alemães tem um plano para destruir Tadeusz.


A luta é marcada. Tadeusz e Martelada se encaram quando o primeiro round começa. O polonês desvia dos socos do alemão e procura por Yaneki entre a multidão de prisioneiros assistindo à luta, mas não o vê. O Martelada leva alguns socos e erra tantos outros, mas é salvo pelo fim da primeira rodada.


Nosso protagonista bebe um gole de água, mas começa a ficar tonto e leva um soco no queixo e cai. A água estava envenenada e os prisioneiros estranham a fraqueza do lutador polonês. Rapidamente, os alemães começam a afastar os prisioneiros e são todos obrigados a se enfileirar. Tadeusz acaba vomitando o veneno e se levanta dizendo que está pronto para continuar, pois não desistiu da luta.


Mas os alemães trazem Yaneki todo machucado e com marcas de tortura, obrigando o garoto e o polonês a lutarem, pois caso contrário, os dois seriam executados. Yaneki também não queria lutar e o comandante alemão manda executar os dois. Mas um guarda, que também era prisioneiro, acaba pegando a arma e disparando um tiro que acerta e mata o pobre garoto. Tadeusz, ao gritar em protesto, horrorizado com a brutalidade contra um jovem indefeso, acaba sendo nocauteado por um cassetete e apaga totalmente.

Os alemães lhe deram uma falsa esperança e ele caiu nessa mentira. Não se pode confiar em quem só queria seu sofrimento como diversão. Os alemães não aceitariam ver um ariano, ou seja, um indivíduo da raça superior segundo a doutrina nazista, perdendo de um prisioneiro de Auschwitz, e que é de uma categoria de peso mais leve.


O lutador polonês acaba sendo amarrado em um poste pelo resto da noite, sendo colocado nele uma placa de campeão em seu pescoço como forma sádica de humor. Com os gritos de pessoas morrendo nas câmaras de gás atormentando o homem durante a noite, somente na manhã seguinte ele é solto.


Ao se recuperar e ser mandado ao trabalho, Tadeusz então encontra a pequena estátua de anjo um pouco queimada na cova dos mortos, a mesma que seu amigo Yaneki tinha dado para Heltia. O polonês a pega e se enche de força para se levantar e continuar, e decide que vai voltar ao ringue para ter sua revanche com o lutador alemão Martelada. Com os oficiais entusiasmados em ver essa luta e aceitando o pedido de revanche, alguns oficiais acabam apostando dinheiro no polonês.


Com o início da luta, Tadeusz evita dar socos e fica apenas olhando para Martelada sem medo, desviando de seus golpes, mas acaba indo à lona após receber uns golpes, conseguindo se levantar no último segundo. O alemão está cansado e o nosso protagonista não tem nada a perder e mesmo com os socos do Martelada, o polonês apenas dá um sorriso sarcástico de quem está se divertindo e continua se esquivando, mesmo machucado.


O lutador alemão, sem suas luvas, dá um soco no polonês, que ergue a testa no momento, quebrando os dedos de Martelada, o deixando com a guarda baixa que acaba levando um soco em cheio de Tadeusz, nocauteando de vez o alemão. Com a derrota do lutador alemão, a multidão vai à loucura, aplaude e grita o nome do polonês. Nesse momento, já debilitado, Tadeusz não consegue nem mais enxergar direito devido às lesões, mas a vitória já foi alcançada, e no campo de Auschwitz, ele não perdeu nenhuma.


Um dos oficiais alemães, que era um visitante de outro campo, pede ao chefe de Auschwitz para transferir Tadeusz para seu campo. Assim, o comandante de Auschwitz vai ao estábulo onde o polonês trabalha para conversar com ele. Ele revela para o lutador que sonhou que estava cercado de retratos de pessoas com medo e ódio, mas ele não conseguia os remover da parede, porque não eram quadros, mas sim janelas! Eram as pessoas vitimadas por ele e seus capangas que faziam parte daquele sistema assassino e desumano.


Ele dá para Tadeusz um álbum que era de seu filho, cheio de recortes sobre o boxe, o esporte que o garoto mais admirava. Alguns prisioneiros acompanharam a saída de Tadeusz do campo, demonstrando enorme respeito pelo polonês, que lutou em vários campos até a libertação pelos aliados e a rendição da Alemanha ao final da guerra, em 1945.


Após ser liberto, Tadeusz retornou à Varsóvia, capital da Polônia, e começou a ensinar boxe para crianças, tendo mantido por toda sua vida a estátua de anjo esculpida por Yaneki.


Essa é, sem dúvidas, uma história triste, mas com lições valiosas e, assim como outras centenas de histórias de vítimas do holocausto e da guerra, é um exemplo de resiliência e força espiritual mesmo num ambiente sem amor e dignidade. Em um lugar que parecia ser totalmente abandonado por Deus, ainda havia luz no coração de alguns e a vontade natural do ser humano de lutar até suas últimas forças.


Devemos ter imenso respeito por todos os sobreviventes dos campos de concentração e também pelos inocentes que morreram pela crueldade daqueles que, seguindo seu livre arbítrio, decidiram fazer o mal. Histórias como a do lutador de Auschwitz, além de tantos outros, precisam ser lembradas, pois a ameaça de tiranias e governos totalitários faz sempre presente. Afinal, o preço da liberdade é a eterna vigilância e nunca podemos abaixar a guarda. Todas as pessoas que passaram pelos campos de concentração não estavam lá pelo que fizeram, mas pelo que elas eram e representavam ao regime, seja pelo seu posicionamento político, ou pelo grupo étnico e cultural que faziam parte.


Ter um espírito resiliente e corajoso nessas condições desumanas não apenas ajudava na busca por recursos básicos, mas também simbolizava uma resistência contra a desumanização imposta pelos perpetradores do Holocausto. Manter a esperança, a dignidade e o senso de humanidade em meio a uma atmosfera de crueldade extrema era um ato de resistência contra as forças que buscavam destruir não apenas vidas, mas também a própria essência do ser humano. Os nazistas e os colaboradores do holocausto e de toda aquela violência, não estavam apenas matando pessoas, mas destruindo sonhos, famílias e culturas inteiras e as possibilidades de vidas que foram apagadas da história.


Enfim, todas essas histórias de luta contra o mal nos lembram da profundidade e poder da resiliência humana e da capacidade de manter a chama da humanidade acesa mesmo nos momentos mais sombrios, quando achamos que fomos abandonados por Deus. Elas destacam a importância de valorizar a liberdade, não apenas como um direito inalienável, mas como uma força que nos impulsiona a resistir diante das adversidades, a preservar nossa dignidade e a procurar a luz mesmo nas situações mais desesperadoras.

Para continuar no assunto e descobrir como um homem sobreviveu a vários campos de concentração graças a seu espírito resiliente, assista ao vídeo “O SOBREVIVENTE de QUATRO campos de CONCENTRAÇÃO”. O link está na descrição.

Referências:

https://www.primevideo.com/-/pt/detail/O-Lutador-de-Auschwitz/0P6CK7N3XTCPQ11QJF19IG9KWL

Visão Libertária - O SOBREVIVENTE de QUATRO campos de CONCENTRAÇÃO:
https://youtu.be/-zMqSyiAbVY