O PIB subiu, mas o investimentos caíram: pode isso, Arnaldo?

Enquanto o governo Lula comemora os dados do PIB de 2023, os números a respeito dos investimentos nos dão a certeza de que a economia do Brasil vai de mal a pior.

Poucos dias atrás, foram divulgados os dados oficiais a respeito do crescimento do PIB brasileiro em 2023 - que, no fim das contas, acabaram confirmando as principais previsões a esse respeito. De fato, houve um crescimento de 2,9% do PIB do Brasil, em relação ao ano anterior, fazendo esse indicador que, supostamente, mensura todos os bens e serviços produzidos no país, se aproximar da marca de R$ 11 trilhões. É muita grana, não é mesmo? Portanto, o Brasil volta, durante este governo Lula, ao clubinho das 10 maiores economias do mundo - ocupando o 9º lugar.

Obviamente, o governo petista deitou e rolou em cima dessas notícias. Esses números, como era de se esperar, foram violentados à exaustão pela base aliada do Lula. Afinal de contas, isso é tudo o que eles queriam - um resultado econômico positivo para chamar de seu. Tudo bem que o segundo semestre teve um crescimento nulo, e que boa parte do resultado do PIB se deve ao carrego estatístico do governo anterior - mas quem liga para esses detalhes? Números estatais existem justamente para isso: para serem distorcidos pelo partido governante.

Acontece que, de fato, tem muito caroço nesse angu estatístico. Uma vez que vários indicadores econômicos, relativos a 2023, também já foram publicados, podemos perceber o quanto alguns dados soam divergentes, ou pelo menos estranhos, quando comparados com o crescimento do PIB. Um dos casos mais notáveis, sem dúvidas, é o da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que pode ser tratada como a quantidade real de investimentos feitos no Brasil, em determinado período. Pois bem, a verdade é que, em 2023, esse indicador caiu 3% - praticamente a proporção inversa do crescimento do PIB.

Os investimentos gerais caíram, seguidamente, nos três primeiros trimestres: foram registradas quedas de 3%, 0,2% e 2%, respectivamente. O quarto trimestre teve algum respiro, nesse sentido; só que o aumento na FBCF nesse período não chegou perto de reverter o cenário anterior. De forma geral, a taxa de investimentos no ano de 2023 foi equivalente a 16,5% do PIB. Esse resultado - que é o pior para os investimentos anuais desde 2019 - não dá conta sequer de repor a depreciação das indústrias brasileiras. Ou seja, o parque industrial do Brasil está, simplesmente, ficando sucateado.

Se formos comparar esse indicador com seu pico histórico, observado lá atrás, em 2013, vamos perceber uma queda de quase 20%. Sim, em uma década, o índice de investimentos no Brasil perdeu um quinto do seu valor. Especialistas estimam que, para que o Brasil tenha um crescimento econômico de cerca de 3%, como no ano passado, de forma sustentável, os investimentos precisariam estar na casa dos 22% do PIB. Ou seja: algo de muito errado não está certo nessa história.

É preciso frisar, inclusive, que o investimento gringo no Brasil também caiu, durante 2023. Houve uma redução de US$ 12,6 bilhões no montante dos investimentos estrangeiros, em relação ao ano de 2022. Nesse caso, a regra é bastante clara: menos investimentos, menor crescimento da produtividade. Na verdade, nessa matéria, o Brasil anda de lado há décadas: estima-se que o crescimento da produtividade brasileira é de pífios 0,9% ao ano, em média. E esse valor é puxado para cima pelo agronegócio, uma vez que a produtividade da indústria tem caído, ano após ano, numa taxa de 0,2%. A única coisa que tem aumentado, por aqui - além dos impostos, é claro - é o consumo. E isso é um grande problema, sobre o qual nós já vamos falar.

Bom, mas afinal de contas, se os investimentos não estão aumentando, como é que o PIB cresceu em 2023? É certo que o martelinho do Pochmann deve ter feito seus milagres, mas existem outros motivos que explicam melhor essa contradição entre os números. Em primeiro lugar, é preciso frisar que, neste terceiro governo Lula, o consumo tem sido cada vez mais incentivado. O fato de as taxas de juros, embora ainda altas, terem caído com consistência, também ajudou nesse sentido.

Por outro lado, programas estatais, como o Desenrola, concebido para ajudar pessoas com crédito ruim na praça, serviram para colocar, de volta à ativa, um mar de brasileiros - prontos para sujar seu nome novamente. Há também o fator do salário mínimo, que teve ganho real em 2023, e que ficou ainda mais valorizado agora em 2024 - algo que, sem dúvidas, incentiva o consumo dos trabalhadores. Por fim, não podemos deixar de mencionar os famigerados programas assistencialistas estatais, como o conhecido Bolsa Família - cujos repasses totais dobraram, em relação a 2022.

Com todos esses incentivos, é natural que o consumo dos brasileiros cresça consideravelmente - e isso realmente aconteceu. O consumo das famílias apresentou um aumento de 3,09%, na comparação com 2022. A projeção para 2024 também é de crescimento - estimado em 2,5%, maior do que o aumento projetado para o PIB deste ano. O consumo das famílias, portanto, é um importante fator para se chegar ao resultado do PIB.

Outro fator, contudo, é o aumento dos gastos estatais - e sim, isso influencia bastante nos cálculos do PIB, acredite ou não. Como bem sabemos, o Lula não tem freio quando o assunto é gastar dinheiro. Por isso, houve um crescimento do gasto estatal na ordem de 7,7%, em relação ao último ano do governo Bolsonaro - taxa que fez a representação do gasto do governo na formação do PIB saltar de 18% para 19%. Só que esse gasto todo, é claro, não veio amparado por receitas maiores. No ano de 2023, o Brasil registrou um déficit primário de R$ 250 bilhões - o pior resultado da história, se tirarmos 2020, o ano da pandemia, desse cálculo. As causas para essa catástrofe nós conhecemos bem: aumento no número de ministérios, estatais deficitárias, inchaço da máquina pública, etc.

Mas, afinal de contas, o que a soma desses fatores causa na economia brasileira? Bem, com essa maracutaia toda, o governo Lula conseguiu o que queria: apresentar números maquiados para a sociedade brasileira. Só que esse cenário não é viável no longo prazo - trata-se do famoso voo da galinha, caracterizado por um aumento rápido da atividade econômica, seguido por um período de recessão mais duradouro. A realidade é que ambos os fatores citados se baseiam, exclusivamente, em mais dinheiro sendo despejado na economia.

Até porque, como bem sabemos, o aumento da base monetária é a verdadeira inflação - e não o aumento de preços, que é apenas sua consequência mais visível. Como é que o governo Lula conseguiu bancar um aumento total na dívida pública, em 2023, de R$ 800 bilhões? Ora, a resposta é muito simples: imprimindo dinheiro! Pois é assim que a coisa funciona. Como não existe dinheiro suficiente na economia para ser emprestado ao governo, a fim de cobrir a sanha estatal, o governo precisa recorrer ao Banco Central. Este, por sua vez, compra a dívida do governo, até então encalhada, pagando essa dívida com dinheiro impresso do nada. Simples, não é mesmo?

Esse novo dinheiro circulando na economia ajuda a pressionar os preços para cima. E o consumo subsidiado só ajuda a piorar essa história. Lembre-se: a produtividade brasileira está estagnada; ou, talvez, ela tenha até diminuído, por conta da depreciação que não foi compensada. Ou seja, a oferta se mantém estável, ou apresenta algum grau de queda. Porém, o pobre está com dinheiro para gastar e o caloteiro está novamente com o nome limpo. Bora torrar essa grana toda! Isso, por óbvio, aumentará a demanda. Uma oferta menor, combinada com uma demanda crescente, representa, é claro, maiores preços. E aí, o que fazer?

Bom, de acordo com a teoria econômica estatal vigente, o Banco Central deveria intervir na economia mais uma vez, aumentando a taxa de juros para segurar essa peteca. Só que, no próximo ano, o presidente do Banco Central será um nome indicado pelo Lula - então esse mecanismo, na prática, já foi para o saco. Com um aliado do Molusco no comando do Banco Central, os juros serão marretados para baixo - faça chuva ou faça sol. E, daí pra frente, eu nem preciso te contar essa história: você já a conhece muito bem. Não, eu não estou sendo alarmista, nem estou fazendo vaticínios catastróficos. Acontece que essa história já aconteceu, desse mesmo jeitinho, pouco tempo atrás.

A verdade é que a única forma de fazer um país prosperar é por meio de investimentos reais - ou seja, gente arriscando o seu capital, investindo-o na economia. Essa foi, de fato, a chave do crescimento econômico, onde quer que ele tenha acontecido na história humana. E, por outro lado, conforme nos indicam os fartos exemplos a esse respeito, intervenção estatal apenas gera pobreza, escassez e deterioração econômica e social. Olhando para a atual situação do Brasil, me dê a sua opinião sincera: para onde você acha que nós estamos caminhando?

Lula e sua equipe econômica não conseguem atrair investimentos. Pelo contrário, as ações estapafúrdias do atual governo petista são as verdadeiras responsáveis por afugentar os investidores do Brasil. Por ora, o governo Lula ainda consegue maquiar os números, valendo-se de um crescimento artificial da economia, impulsionado pelos gastos excessivos - tanto da parte da sociedade, quanto do governo. Mas essa farra logo vai acabar. Quando esse dia finalmente chegar, vai ficar claro, para todos, que não existe crescimento real da economia sem investimentos reais. E, mais uma vez, todos nós iremos pagar o alto custo das loucuras econômicas, promovidas por Lula e sua gangue.

Referências:

https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/39303-pib-cresce-2-9-em-2023-e-fecha-o-ano-em-r-10-9-trilhoes

https://www.estadao.com.br/economia/colunas/os-investimentos-em-queda/

https://exame.com/economia/investimento-estrangeiro-no-brasil-tem-queda-de-us-126-bilhoes-no-primeiro-ano-do-governo-lula/

https://www.poder360.com.br/economia/consumo-nos-lares-brasileiros-tem-alta-de-3-em-2023/

https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/aumento-de-gastos-e-queda-na-arrecadacao-explicam-deficit-em-2023-diz-inter/

https://g1.globo.com/economia/noticia/2024/02/07/apos-dois-anos-de-queda-divida-publica-brasileira-sobe-para-743percent-do-pib-em-2023.ghtml

https://www.gazetadopovo.com.br/economia/produtividade-o-que-brasil-precisa-fazer-crescer-mais-rapido/