O Rio de Janeiro é uma cidade turística, conhecida mundialmente, porém, diariamente, os políticos e burocratas fazem de tudo para afastar os investimentos no setor do turismo.
O Rio de Janeiro tem um potencial incrível para o turismo. Com um clima quente, belas praias, lagoas, montanhas e florestas, a Cidade Maravilhosa atrai visitantes de outras partes do Brasil e de todo o mundo. No entanto, é nítido que seu potencial não é completamente exercido. Num ranking da Euromonitor International de cidades mais visitadas do mundo em 2016, o Rio ficou em 88º lugar. Atrás de cidades bem menos charmosas, como Hanoi no Vietnã, Dammam na Arábia Saudita e Artvin na Turquia. Mas em vez da cidade buscar investimento e empreendedorismo para aumentar o turismo, parece que ela joga contra si própria, impedindo que atrações turísticas sejam criadas.
O turismo é um importante motor econômico. Ele movimenta cerca de 80 bilhões de reais por ano no Brasil. Além dos passeios turísticos em si, os turistas gastam com hospedagem, alimentação, transporte e compras. Tudo isso gera empregos e alimenta a economia. Quanto mais atrações turísticas uma cidade tem, mais turistas ela atrai, mais tempo eles ficam no local e mais dinheiro é gasto, enriquecendo o setor privado e gerando riqueza a todos. Na teoria, todos os investimentos em novas atrações deveriam ser recebidos de braços abertos pelas autoridades.
Mas como sabemos bem, o estado brasileiro odeia investidores e empreendedores, e faz de tudo para atrapalhar os seus projetos. Afinal, essas pessoas que geram riqueza demonstram como o estado é inútil e ineficiente, e isso não pega bem para a narrativa política. No caso do turismo, as maiores pedras no sapato são as associações de moradores pentelhos, os eco-chatos, e os defensores do patrimônio histérico, que usam a coerção estatal para fazer valer as suas vontades sobre o resto da sociedade. Vamos falar de 4 exemplos gritantes em que iniciativas privadas foram atrapalhadas sem a menor necessidade.
A primeira é a roda gigante. Se você for à região portuária do Rio, chamada de Porto Maravilha, poderá dar um passeio na moderna roda gigante de 52 metros de altura que tem lá. No entanto, inicialmente o projeto era colocar a roda gigante na enseada de Botafogo, com vista para o Pão de Açúcar. Com o aval da prefeitura, os empreendedores investiram 6 milhões de reais para comprar o material da roda gigante, que estava guardado em um galpão. Estava tudo acertado para a atração ser montada, até que veio a famigerada notícia de que a atração não poderia ficar naquele local. Segundo o Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural, a roda gigante "causaria impacto visual na paisagem". Sem a opção de desfazer o investimento, os empreendedores tiveram que engolir o sapo e montar a roda gigante em uma região menos nobre da cidade.
Além da canalhice de dar para trás no acordo, a justificativa não se sustenta. É claro que novas atrações na cidade vão alterar a paisagem, mas é assim que a cidade vai criando opções de lazer e entretenimento. É bem capaz que se o projeto do Cristo Redentor fosse feito nos dias de hoje, ele seria barrado por alterar a paisagem da cidade. O Rio não teria o seu maior símbolo e ponto turístico.
A segunda patacada do governo foi o embargo das obras do Centro de Visitantes Paineiras. Em 1884 foi inaugurado um hotel por Dom Pedro II na Floresta da Tijuca, perto do Morro do Corcovado. O hotel recebeu ilustres hóspedes de renome nacional e internacional e serviu de concentração da Seleção Brasileira em 1962. Mas ele acabou sendo abandonado e ficou décadas inutilizado. Posteriormente, um grupo de empresários decidiu revitalizar o local em 2016 e criar um centro com exposições, restaurantes e lojas. O local é muito visitado por turistas que aproveitam a proximidade do Cristo Redentor e ciclistas que pedalam na agradável Floresta da Tijuca. Mas nada foi fácil. A obra do Centro de Visitantes Paineiras foi embargada e teve que ser parada por longos 2 anos. O TCU, Tribunal de Contas da União, suspendeu os trabalhos por falta de estudo de impacto ambiental. Dois meses depois, o Iphan, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, anulou todas as autorizações para a construção do complexo e condicionou o reinício das intervenções à diminuição do número de pavimentos e das vagas do estacionamento.
Mais uma vez, além de causar prejuízos aos empresários ao congelar uma obra já iniciada, a justificativa para o embargo é bastante duvidosa. Grupos anticapitalistas criam uma falsa dicotomia entre capitalismo e natureza. Ora, o Centro de Visitantes Paineiras é valioso para o público exatamente porque proporciona contato com a natureza. Se este contato é essencial para a experiência do visitante, a empresa vai buscar conservar a natureza do local para mantê-lo atrativo. Se a população dá valor à natureza, o mercado vai responder de acordo, preservando-a. A grande verdade é que se o estado conseguisse - ou tivesse interesse em - proteger a natureza, não haveria tantos rios poluídos e lixos jogados nas florestas. A melhor forma de preservar um local é torná-lo privado, pois os donos cuidam de sua propriedade porque isso lhes beneficia. Quando algo é de todos, acaba não sendo de ninguém e tende a ser pior cuidado.
O terceiro exemplo é a revitalização do Jardim de Alah. Este é o local no entorno da ligação da Lagoa Rodrigo de Freitas com a Praia de Ipanema. O local é um dos mais nobres da cidade, com enorme potencial turístico, mas que no momento está jogado às moscas. É um parque que alguns moradores usam para passear com o cachorro, alguns mendigos usam para dormir e pombos repousam sobre estátuas velhas que ninguém olha. O local vai ganhar quadras esportivas, parques infantis, restaurantes e áreas verdes. Obviamente que o governo não poderia deixar uma obra interessante dessas acontecer assim tão fácil, ele precisa dar um jeito de atrapalhar. Então, a Justiça do Rio de Janeiro suspendeu a reforma, com a justificativa de que "a obra prejudicaria a configuração do desenho original das obras de arte encontradas no local, com probabilidade de causar danos ao patrimônio histórico-cultural do local".
Não é preciso gastar muitas palavras para mostrar como essa justificativa é esdrúxula. Me desculpem os pombos, por tirar o seu banheiro, mas é claro que as novas atrações serão muito melhores do que as velhas estátuas empoeiradas. O estado cria a ficção de que devem existir patrimônios intocáveis, que estão acima dos projetos da população, como se a própria população valorizasse tanto assim esses patrimônios. Se empresários querem revitalizar alguma área, deixem que eles julguem o que deve ser mantido, ou não, já que eles arcarão com o lucro ou o prejuízo. Não faz sentido manter obras de arte antigas eternamente, impedindo novos projetos, só porque alguém julgou de forma subjetiva que aquilo é um patrimônio histórico. E mesmo se fosse o caso, não poderia a população ter uma palavra final nessa história, já que eles pagam os impostos usados pela prefeitura?
O último exemplo é a tirolesa do Pão de Açúcar. Além do famoso bondinho que liga os dois morros que formam o Pão de Açúcar, será construída uma tirolesa, que estará a 400 metros de altura e que poderá chegar a até 100 Km/h. Definitivamente ela será um grande atrativo turístico, pois vai misturar a sensação de adrenalina da velocidade com a contemplação de uma vista maravilhosa. Como esperado, o governo entrou em cena para fazer o que sabe melhor: atrasar a vida das pessoas. Com pressão da associação de moradores da Urca e ambientalistas, a obra foi embargada por "descaracterizar a paisagem do patrimônio".
É óbvio que coisas novas alteram a paisagem do que é existente, isso não significa que são ruins. Essa é uma justificativa genérica que pode ser usada para impedir qualquer coisa que traga melhorias para uma cidade. Mas é importante notar o papel da associação de moradores nesse caso. O fato de algumas pessoas simplesmente morarem em um bairro, não as torna donas de todo o bairro e suas paisagens. Cada um é dono somente do seu imóvel. Mas esses grupos conseguem fazer pressão no governo para usar a coerção estatal sobre a propriedade de outra pessoa, no caso, a empresa com a concessão do Pão de Açúcar. É assim que a nossa sociedade funciona hoje em dia: quem consegue fazer mais pressão política, ou gritar mais alto, terá suas vontades atendidas. O direito à propriedade privada não vale de nada.
Desta forma, o Rio continua tendo o seu potencial desperdiçado, e a população continua penando numa economia lenta e engessada. É claro que se não houvesse tantos órgãos contrários ao empreendedorismo, a cidade seria muito melhor, mas podemos aprofundar ainda mais a análise. Há algo simples que resolveria todos esses problemas: todos os espaços serem propriedades privadas. Repare que o fato de o governo ter propriedades sempre vai gerar conflitos, pois nunca a população inteira vai concordar sobre o uso de cada terra, e os burocratas irão querer impor sua visão. Quando os lugares são privados, eles entram na dinâmica de mercado e tendem a serem utilizados da forma que o público mais valoriza. Isso além de ser o mais ético, pois o estado não é o dono legítimo de nenhuma terra, é o que gera os melhores resultados para a população e até para a natureza.
https://super.abril.com.br/sociedade/as-100-cidades-mais-visitadas-do-mundo/
https://www.panrotas.com.br/mercado/pesquisas-e-estatisticas/2023/08/turismo-no-brasil-deve-movimentar-r-83-bilhoes-ate-fim-do-ano_199169.html
https://oglobo.globo.com/rio/prefeitura-decide-vetar-roda-gigante-na-enseada-de-botafogo-12525904
https://www.paineirascorcovado.com.br/centro-de-visitantes/
https://extra.globo.com/noticias/rio/apos-dois-anos-paradas-obras-do-centro-de-visitantes-do-hotel-paineiras-serao-retomadas-17158006.html
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2024/04/16/justica-manda-suspender-inicio-da-reforma-do-jardim-de-alah.ghtml
https://diariodorio.com/reforma-do-jardim-de-alah-e-suspensa-por-ordem-judicial/