Quem é Johannes Kaiser? o "MILEI Chileno" na eleição de 2025

Se você achou que Javier Milei seria uma exceção e despontaria como o único presidente libertário na América Latrina, calma. Eis que desponta um youtuber anarcocapitalista chileno que está no topo das pesquisas presidenciais. Afinal, quem é ele?

Johannes Kaiser é um deputado chileno que parece estar seguindo os passos de Milei e pode se tornar o segundo presidente libertário da história. Ele vem disparando nas pesquisas presidenciais chilenas desse ano em oposição ao atual presidente, Gabriel Bóric. O deputado libertário se define como um "paleolibertário", socialmente conservador, sendo contra o aborto por exemplo, minarquista quanto ao papel do estado e liberal na esfera econômica. Além de também ser a favor do livre porte de armas, mas conta a imigração ilegal.

Mas afinal, da onde esse cara surgiu, o que ele faz e será que ele tem chances de ganhar? É isso sobre isso que iremos falar hoje...

Johannes Maximilian Kaiser Barents-von Hohenhagen, de 49 anos, nasceu na capital chilena Santiago em 5 de Janeiro de 1976 e faz parte da terceira geração de uma família que imigrou da Alemanha. Ele é filho de Hans Christian Kaiser Wagner e Rosmarie Barents-von Hohenhagen Haensgen, sendo irmão do advogado, analista político e escritor Axel Kaiser, do Leif Kaiser, "líder da Asociación Chilena del Rifle", e sua irmã, Vanessa Kaiser, é vereadora de Las Condese.

Johannes estudou seus primeiros anos no Colégio Alemão de Santiago, o de Villarrica e o de Temuco. Terminou os dois últimos anos do ensino médio na Escuela Militar del Libertador Bernardo O'Higgins e em 1995, matriculou-se em direito na Universidade Finis Terrae, em Santiago, que não concluiu, e depois viajou para a Alemanha para estudar na Universidade de Heidelberg, o qual também não concluiu.

Mais tarde se mudou para viver em Innsbruck, Áustria, onde trabalhou como um típico estrangeiro em outro país em vários empregos, como garçom, pedreiro, vendedor de carros usados, gerente de restaurante e jornalista desportivo freelancer do clube de futebol Wacker Innsbruck, entre vários outros. Em setembro de 2013, ele criou um canal no Youtube chamado "El Nacional-Libertario" hoje com quase 150.000 inscritos. Inclusive publicou um documentário histórico sobre Miguel Krassnoff Martchenko, ex-brigadeiro do Exército. O vídeo se chama: "Documental: Los cosacos y Miguel Krassnoff. La historia no contada", o link se encontra na descrição. Nesse belo documentário Johannes conta a história dos cossacos, povo eslavo que habita as estepes da Ásia menor e sudeste europeu, que fora massacrado por Hitler e por Stalin, mas que resistiu heroicamente e tem sobrevivido a todos os horrores da guerra.

Em 2017, Johannes aproximou-se do político José Antonio Kast e dois anos depois passou a ser membro do partido político fundado por Kast, o Partido Republicano. Em 2021, ele voltou para o Chile para tentar ser candidato a deputado nas eleições parlamentares pelo Partido Republicano no 10º distrito da região metropolitana e acabou sendo eleito com 26.709 votos.

Em 24 de novembro, três dias depois das eleições e no âmbito da campanha para a segunda volta presidencial, José Antonio Kast anunciou que Johannes Kaiser seria analisado pelo supremo tribunal do Partido Republicano, para avaliar a sua permanência, devido à polêmica que surgiu após a viralização de um vídeo em que Kaiser criticava o sufrágio feminino, mas mesmo antes disso, o deputado eleito anunciou sua renúncia ao partido.

Em 11 de março de 2022, assumiu o cargo de deputado. Atualmente é membro das comissões permanentes de Direitos Humanos e Povos Indígenas; Defesa nacional; Governo do Interior e Regionalização; e Ética e Transparência. Permaneceu na bancada do Partido Republicano como independente, mas acabou retornando ao Partido em setembro do mesmo ano. No ano passado, em 2024, ele acabou fundando seu próprio partido. O "Partido Nacional Libertário", que já conta com seis parlamentares. Segundo uma pesquisa eleitoral recente, Johannes está empatado com Evelyn Matthei e Carolina Tohá, suas principais concorrentes na corrida para as eleições presidenciais chilenas.

A mídia tradicional obviamente não reagiu bem a um libertário declarado como o mais popular candidato nas pesquisas e o rotularam de inúmeros adjetivos, tal como aconteceu com Javier Milei na Argentina. Ele foi chamado de "ultra conservador", "extrema direita", "pinochetista" e até foi apelidado de "Gabriel Boric da direita". Engraçado é que Johannes não se incomodou com esses apelidos, mas respondeu: "Trabalhei como garçom, operário e vendedor. Boric nunca trabalhou um dia sequer em toda a vida dele".

O próprio Gabriel Boric não irá participar das eleições desse ano, pois a constituição chilena proíbe a reeleição. De qualquer forma, seu desgoverno está refletindo no fracasso dos candidatos de esquerda no país, os quais estão perdendo cada vez mais intenção de voto, enquanto que Johannes Kaiser e outros no espectro da direita tem muito mais potencial de crescimento, com cada vez mais gente descobrindo as propostas de políticos libertários em diminuir o estado mastodôntico que nos oprime a todos.

É claro que a maioria das pessoas que votaram em Javier Milei na Argentina e que oportunamente votarão em Johannes Kaiser no Chile, não se veem como libertárias. Mas certamente veem neles uma vontade genuína de mudar o sistema, junto de um conjunto de propostas de ações reais. A comunicação abundante, a posição clara e objetiva e o embasamento em sólida teoria econômica contrasta com a retórica falaciosa do outro espectro politico e dá aos libertários uma ampla vantagem na disputa pela verdade e no engajamento de corações e mentes.

Enquanto isso no Brasil, com a popularidade de Lula em queda livre e Bolsonaro inelegível por uma manobra política do TSE, o centrão já escolheu o Tarcísio de Freitas como seu preferido para cumprir o papel de oposição "mais controlada" contra Lula, enquanto também apazigua os bolsonaristas e aqueles que eles chamam de extrema direita. Tudo indica que o próprio Tarcísio quer se distanciar dessa gente, nem tudo sempre sai conforme os planos dos burocratas de alto escalão em Brasília.

A própria eleição de Bolsonaro em 2018 foi algo inesperado para eles, que queriam alguém como Alckmin, Aécio ou até o Dória como a principal figura de oposição ao lulo-petismo. A mesma coisa aconteceu na Argentina com Javier Milei durante as eleições. Milei foi abraçado como a principal figura de oposição, ainda que a centro-direita tivesse muitos votos. Não é impossível que tenhamos alguma surpresa em 2026 nas eleições brasileiras, com um candidato libertário ou economicamente mais liberal ganhando força nas pesquisas. Isso se o TSE não o tornar inelegível por "questionar o estado democrático de direito", é claro! Vai Kogos!

E há os anarcocapitalistas "puristas" que são contra qualquer associação ao estado coercitivo, afirmando que aqueles que tentam destruir o estado por dentro "não são libertários de verdade". A despeito disso, em uma guerra não se recomenda deixar o inimigo ocupar livremente o campo de batalha.

O que defendemos para agora é tão somente o mau menor. É o carrasco que bate mais leve. É a abertura de uma janela na masmorra. Sabemos que a solução não está contida numa pessoa a ocupar a cadeira de presidente, nem na cadeira em si, muito menos na presidência. A Democracia é o deus que falhou e falhou porque decai para oligarquias, demagogias e tiranias, como aponta Platão. E falhou porque reúne incentivos trocados e não tem como prosperar, como provou Hans Hermann Hoppe.

Acreditamos que um mundo mais libertário não virá por adesão à ideologia, mas sim pelo aumento da eficiência. Ou seja, o estado terá que reduzir seu tamanho e permitir que empresas ofereçam seus serviços competindo por mercado. O mesmo efeito impede, em muitos casos, que países democráticos se tornem socialistas, pois a população logo vê os efeitos de uma economia gerida por planejamento central: aumento do preço dos alimentos e do custo de vida em geral, sem nenhuma melhora tangível. Isso te faz lembrar o Brasil?

Cada vez mais as diferentes formas de socialismo dependem de mais propaganda e mais coerção. Tudo isso custa muito caro. Portanto, no longo prazo o que se espera é que essas ideologias anti-humanas sejam simplesmente defenestradas da face da Terra. Assim desejamos, mas sem baixar a guarda um só minuto para o avanço do controle e do autoritarismo.

E para continuar nesse assunto sobre nossos amigos chilenos, lá como aqui, vendem que a ditadura militar foi de direita e teve que agir para impedir o comunismo. Mas no final das contas, parece mesmo que tudo foi um truque de retórica. É verdade que no Chile há muito mais livre-mercado que no Brasil, mas se nem lá podemos afirmar isso, quanto mais aqui. Sobre esses milicos melancias, veja agora o vídeo: "Será que houve mesmo uma ditadura "liberal" no Chile?", o link segue na descrição.

Referências:

Será que houve mesmo uma ditadura "liberal" no Chile?
https://www.youtube.com/watch?v=b2I4EY6zQTc

Documental: Los cosacos y Miguel Krassnoff. La historia no contada.
https://www.youtube.com/watch?v=CCRb486ZmYU

https://revistaoeste.com/mundo/conheca-johannes-kaiser-o-ioutsider-i-que-tem-crescido-nas-pesquisas-presidenciais-no-chile/