Em meio às grandes potências petrolíferas da América do Sul, encontra-se Roraima, um estado brasileiro que pode ser prejudicado pela agressão Venezuelana à região de Essequibo, na Guiana.
Atualmente, estamos vivenciando uma ameaça de invasão por parte da Venezuela à região de Essequibo, uma área rica em recursos naturais sob controle da Guiana Inglesa. Tanto a Venezuela quanto a Guiana Inglesa se destacam mundialmente pelas enormes reservas de petróleo contidas em suas regiões. Com o resultado do referendo ocorrido na Venezuela no dia 3 de dezembro, o Brasil está em situação de alerta. No meio dessas grandes potências petrolíferas encontra-se Roraima, um estado brasileiro composto por uma diversidade cultural que envolve povos indígenas, estrangeiros de diversos países e brasileiros de diversas regiões do Brasil. Roraima é o estado menos populoso do Brasil e também com o menor PIB. Vamos analisar um pouco sobre a região brasileira que se encontra no meio desta disputa e que corre o risco de ser prejudicada.
O estado de Roraima constitui uma das 27 unidades federativas do Brasil, localizando-se na Região Norte do país como o mais setentrional dentre os estados. A narrativa histórica de Roraima está estreitamente vinculada ao Rio Branco, por meio do qual os primeiros colonizadores portugueses alcançaram a região. O Vale do Rio Branco sempre despertou interesse por parte de ingleses e neerlandeses, que penetraram no Brasil através do Planalto das Guianas em busca de indígenas para a escravidão. Pelo do território venezuelano, os espanhóis também invadiram a porção norte do Rio Branco e do Rio Uraricoera. Os portugueses conseguiram derrotar e expulsar todos os invasores, estabelecendo a soberania de Portugal sobre a área de Roraima e parte da região amazônica.
Localizado em uma região periférica da Amazônia Legal, no noroeste da Região Norte do Brasil, a paisagem predominante em Roraima é a floresta amazônica, com uma extensa faixa de savana no centro-leste conhecida como lavrado. Encaixado no Planalto das Guianas, uma porção ao sul faz parte da Planície Amazônica. O ponto mais elevado, o Monte Roraima, empresta seu nome ao estado. Etimologicamente, o nome resulta da contração de "roro" (verde) e "imã" (serra ou monte), sendo batizado assim pelos indígenas pemons da Venezuela.
A história do Estado mostra o quão rica é a região. Hoje, Roraima se destaca economicamente pela agricultura. Só para ter uma ideia, este ano, o Estado teve uma produção recorde de soja, um aumento de 191% em quatro anos. Porém, esta riqueza agropecuária pode estar ameaçada pela derrubada do marco temporal no STF, uma vez que, o estado possui a maior população indígena do Brasil e estes, se agirem de má-fé, podem reivindicar estas propriedades alegando serem terras indígenas. Esta produção de soja poderia ter sido maior se não fosse o problema de logística de escoamento da produção, problema causado pela ineficiência política do estado.
Além da riqueza agrícola, o estado de Roraima possui inúmeras riquezas minerais na qual destaca-se o estanho, tântalo, rochas ornamentais e o ouro. Para a gestão política do Brasil, o problema da exploração destes minerais é devido eles estarem contidos em terras indígenas, o que pode gerar conflitos de interesse, acarretando em um desgaste econômico para a região. Tais riquezas poderiam ser exploradas de forma harmônica se as negociações com os povos indígenas fossem feitas utilizando princípios éticos libertários.
Por se tratar de uma região que possui diversas áreas indígenas, onde a maior parte da riqueza mineral se encontra dentro destas áreas, as atuais políticas regulamentação e exploração dessas terras criadas pelo estado sempre decaem em conflitos, perdendo tanto quem quer explorar quanto o próprio povo indígena, caso eles desejem tal exploração. Enquanto esse impasse não se resolve, o povo indígena tenta sobreviver por meio da agricultura familiar, por exemplo. Com a justificativa de manter a cultura indígena antepassada, muitas destas comunidades sequer têm acesso a energia elétrica e saneamento básico. A questão aqui é: os indígenas foram consultados se querem ou não o acesso a energia elétrica e ao saneamento básico? Em algumas comunidades indígenas da Raposa Serra do Sol, famílias possuem gerador elétrico movido a combustível fóssil. Isto é um bom indício de que estas comunidades desejam ter energia elétrica. Provavelmente, as atuais políticas estatais sobre as terras indígenas foram contribuídas por ONGs que atuam na região com um simples objetivo de estagnar a economia local. Se isso é verdade, não podemos afirmar, porém a atual CPI das ONGs que está ocorrendo no Congresso nacional nos faz refletir sobre isso.
Em Roraima, além das riquezas minerais e agropecuárias, baseando-se na Geografia do estado e na atual situação política entre a Venezuela e a Guiana Inglesa, poderíamos indagar se no território do estado também não haveria petróleo, em particular na reserva indígena Raposa Serra do Sol que se encontra exatamente entre a Venezuela e Essequibo?
Um outro fator que atrasa o desenvolvimento do Estado de Roraima é a péssima qualidade da distribuição elétrica que ocorre. Este não é um problema atual. O estado não é conectado ao sistema integrado nacional de energia elétrica. Devido a isso, Roraima possui duas fontes primárias de energia, uma de uma termoelétrica localizada do próprio estado e a energia comprada da Venezuela. Até o ano de 2019, a energia era adquirida predominantemente da Venezuela. Por ser vendida e distribuída até a fronteira por um governo socialista que não se preocupa com a qualidade do seu produto, diversos apagões ocorriam no estado. Além destas quedas constantes de energia, atualmente, Roraima possui a energia mais cara do Brasil. Com energia cara e de péssima qualidade, estes fatores fazem com que empresas não invistam no estado.
A situação elétrica mais crítica é a do município do Uiramutã, localizado dentro da reserva indígena da Raposa Serra do Sol. O município possui uma pequena estação termoelétrica localizada na entrada da cidade. Este é o município mais setentrional do país e seu acesso ocorre por uma estrada de terra, que na maioria do tempo possui uma trafegabilidade difícil, ou por aviões de pequeno porte. Destacamos esta cidade e seu território por estar estrategicamente entre a Venezuela e a região de Essequibo, podendo ser prejudicada pela agressão Venezuelana.
Uma outra riqueza que o estado de Roraima possui são as belezas naturais, principalmente nos municípios de Amajari e do Uiramutã. O Turismo em Amajari, em especial na Vila Tepequém, já vem sendo explorado gerando emprego e renda para a região. Já o município do Uiramutã, devido aos problemas relatados anteriormente, possui uma dificuldade imensa para explorar o turismo. O famoso Monte Roraima, um dos lugares mais antigos do planeta, que atrai diversos turistas do mundo inteiro, é localizado neste município. Além do Monte Roraima, o Uiramutã possui belíssimas cachoeiras, sendo as mais conhecidas a Urucá, Paiuá e 7 quedas. O município, com esta riqueza de ecoturismo e seus minerais, possui um dos menores IDHs do Brasil. Para se ter uma ideia do quanto o estado negligencia este município, seu primeiro único posto de gasolina e a sua primeira e única farmácia foram construídos no ano de 2021 após uma restauração da única estrada de terra que conecta a cidade ao resto do estado. Antes da construção da farmácia, os moradores da região dependiam apenas dos remédios disponibilizados pelo posto de saúde.
Estes são apenas alguns fatores que mostram que o atual sistema do estado desfavorece uma região, mesmo eles tendo um grande potencial econômico ao seu redor. Isto mostra que o atual sistema estatal de governo só funciona para o grupo de pessoas que se encontram no poder. Isto é apenas um pequeno relato sobre Roraima, um estado naturalmente rico e empobrecido pelo estado.
https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2023/12/04/venezuela-guiana-o-que-pode-acontecer-apos-referendo.htm;
https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2023/08/17/producao-de-soja-aumenta-191percent-em-rr-em-quatro-anos-e-deve-bater-novo-recorde-em-2023.ghtml;
https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=514552&ori=1;
https://www.folhabv.com.br/cotidiano/escoar-a-producao-e-o-desafio-do-produtor/;
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/05/09/estudos-sobre-recursos-minerais-de-roraima-sao-apresentados-na-cdr#:~:text=Ele%20destacou%20que%20Roraima%20%C3%A9,com%20um%20investimento%20relativamente%20baixo%E2%80%9D.
https://www.cnnbrasil.com.br/tudo-sobre/cpi-das-ongs/;
https://petronoticias.com.br/obras-para-ligar-roraima-ao-sistema-interligado-nacional-devem-ser-concluidas-em-setembro-de-2025/;
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2023/05/10/energia-cara-prejudica-desenvolvimento-de-roraima-diz-chico-rodrigues;
https://www.folhabv.com.br/cotidiano/uiramuta-ganhara-seu-primeiro-posto-de-combustivel/;
https://farmaciaspertodemim.com/e/drogaria-uiramuta-aqtcfy/;