Quando o totalitarismo colombiano se disfarça de democracia, dissidentes pagam com a vida. Infelizmente, o principal opositor de Gustavo Petro, e que tinha chance real de se tornar o próximo presidente da Colômbia, morreu assassinado. Coincidência?
Miguel Uribe Turbay, senador colombiano de 39 anos e então pré-candidato à presidência pelo partido de oposição Centro Democrático, morreu no último dia 11, após dois meses internado em estado crítico. O trágico desfecho ocorreu em consequência de um atentado sofrido em 7 de junho, durante um ato de campanha na cidade de Bogotá. O autor dos disparos, um menor de idade, foi capturado imediatamente após o crime.
O ataque se deu em meio a um cenário político tenso: na mesma semana, o presidente Gustavo Petro tentava implementar, por decreto, uma consulta popular — medida amplamente rejeitada por diversos setores e considerada por muitos como uma afronta ao próprio Congresso. Uribe, que havia sido o senador mais votado do país nas eleições de 2022, com 226.922 votos, tornou-se mais uma vítima de uma escalada de violência política que atinge nações onde a democracia já está corroída e opera como um disfarce para práticas autoritárias. Infelizmente, essa é a trajetória que muitas democracias modernas parecem seguir quando seus mecanismos de controle deixam de funcionar.
A morte de Uribe Turbay não foi um fato isolado, mas o resultado previsível de um ambiente político que não tolera oposição real. Quando um governo eleito democraticamente passa a impor medidas por decreto, contorna o legislativo, persegue críticos e transforma opositores em inimigos do povo, cria as condições perfeitas para que a violência deixe de ser exceção e se torne regra.
O jovem senador pagou com a vida por ter coragem de criticar as políticas de Gustavo Petro, presidente de esquerda da Colômbia. O caso é um exemplo claro de como regimes autoritários podem se consolidar sem abolir eleições ou dissolver parlamentos, mantendo a fachada democrática enquanto concentram poder. Petro chegou ao cargo pelo voto, mas governa de forma cada vez mais autocrática, acumulando acusações de corrupção e ligações com organizações criminosas. Já Uribe reunia características que regimes autoritários não toleram: era jovem, articulado, popular, formado em Harvard e na Universidad de los Andes, membro de uma família política respeitada e, o que é pior para seus adversários, vinha conquistando crescente apoio popular com críticas diretas e contundentes ao governo.
(Sugestão de Pausa)
A tragédia ganha contornos ainda mais dramáticos quando se olha para sua história pessoal. Miguel era neto do ex-presidente Julio Turbay e filho da jornalista Diana Turbay, que, após ser sequestrada por traficantes do cartel de Medellín, foi assassinada em 1991 em uma operação de resgate mal conduzida pela polícia, quando Uribe tinha apenas cinco anos. Miguel Uribe cresceu órfão de mãe, marcado pela violência política e pelo terror do narcotráfico que por décadas assolou a Colômbia. Ao longo da vida, dedicou-se ao serviço público, talvez na tentativa de reconstruir um país que já havia destruído parte de sua família. No fim, acabou vítima do mesmo ciclo de violência que tentou combater.
O recado que esse assassinato envia é inequívoco: em regimes com traços autoritários, vozes contrárias não apenas são desqualificadas, mas eliminadas fisicamente. Quando um senador é morto por criticar o governo, não é apenas a sua vida que é atacada — é um aviso a toda a sociedade: “fale, e será o próximo.” Essa intimidação cala os mais corajosos e sufoca qualquer possibilidade real de oposição. A democracia, que deveria garantir pluralidade e espaço para dissidência, torna-se uma máscara que legitima o abuso de poder.
Gustavo Petro foi eleito, mas isso não lhe dá licença para governar pela coerção, pelo medo e pelo silenciamento. A história recente mostra que essa trajetória se repete: Hugo Chávez na Venezuela, Daniel Ortega na Nicarágua, e regimes totalitários do século XX que começaram com promessas de mudança e terminaram matando a liberdade — quase sempre com o aval das mesmas urnas que os levaram ao poder. Basta lembrar que, aqui no Brasil há alguns anos atrás, o candidato conservador, Jair Bolsonaro, quase foi assassinado em 2018. Isso tudo nos comprova que permitir que políticos com ideologias radicais, como o marxismo, se estabeleçam em posições de comando é abrir caminho para que o voto se torne apenas uma fachada, um instrumento de legitimação para perseguir, prender e, em casos extremos, matar adversários.
O sistema democrático, longe de ser infalível, também cria incentivos para a radicalização e a corrupção. Líderes populistas aprendem rapidamente a mobilizar massas contra “inimigos do povo” e a usar verbas públicas para propaganda política, atacando opositores e manipulando percepções. Uribe não foi morto por um delinquente comum: foi alvo de um menor possivelmente doutrinado a enxergar adversários como traidores que merecem morrer — ou contratado por grupos criminosos que tem ligações com o governo que são hostis a seus ideais. Essa é a lógica totalitária infiltrada nas instituições democráticas.
(Sugestão de Pausa)
O caso também mostra como a democracia falha em proteger minorias políticas. Uribe representava uma minoria ideológica numa Colômbia cada vez mais polarizada pelo discurso de esquerda de Petro. Em sistemas assim, minorias ficam vulneráveis à tirania da maioria quando não existem mecanismos sólidos de proteção. Pouco importa o número de votos recebidos: se a maioria decide que alguém é um inimigo, sua vida passa a ter valor zero. É exatamente esse tipo de captura institucional que regimes totalitários buscam, e que já vimos acontecer com o nazismo na Alemanha, com o chavismo na Venezuela e com o sandinismo de Ortega na Nicarágua.
Quando a política se transforma numa guerra, o tecido social começa a se romper. Assassinar opositores passa a ser aceitável, jovens são ensinados a enxergar diferenças políticas como batalhas de vida ou morte, famílias se dividem e a moral coletiva entra em colapso. A Colômbia, nesse ritmo, corre o risco de se tornar mais uma nação em que a democracia não passa de uma fachada para um estado de guerra civil permanente.
Do ponto de vista libertário, a morte de Uribe confirma o alerta de que democracia não é sinônimo de liberdade. Para os libertários, o problema não está apenas em quem controla o Estado, mas na própria existência de um poder centralizado com autoridade para impor sua vontade e explorar a população por meio de impostos e coerção. A “vontade da maioria” não justifica a violação dos direitos individuais.
A solução libertária é simples no conceito e radical na prática: descentralização máxima e limitação extrema das funções do Estado. Em uma sociedade genuinamente livre, não haveria presidentes com poder suficiente para perseguir opositores, porque não existiria um centro de poder a ser capturado. Comunidades locais se autogeririam por acordos voluntários, e a liberdade de secessão — o direito de se separar politicamente — impediria a escalada para a violência. Cada indivíduo poderia escolher viver em um arranjo político compatível com seus valores, sem precisar impor suas regras aos demais.
(Sugestão de Pausa)
Nesse modelo, a propriedade privada é pilar fundamental e inviolável. Quando cada pedaço de terra tem dono legítimo, não há “território nacional” à disposição de políticos para travar guerras de poder. Surgiriam comunidades distintas, competindo não por controle estatal, mas por oferecer melhores condições de vida, segurança, ordem e liberdade. Quem discordasse de um conjunto de regras, simplesmente se mudaria para outra comunidade.
Os pensadores libertários afirmam que segurança real não vem do Estado — que pode falhar, desaparecer ou até se tornar ameaça —, mas do direito à autodefesa. Num mundo assim, Miguel Uribe e tantos outros inocentes poderiam contratar sua própria segurança, viver numa comunidade autogerida ou se afastar fisicamente de quem o ameaçava, sem depender de um Estado que não o protegeu — e que, em muitos casos, alimenta o ódio que leva à violência que promete conter.
Por fim, como lembrava o economista liberal, Ludwig von Mises, “ninguém é livre se não puder dispor de si mesmo e de sua propriedade”. Para ele, o direito de autodeterminação dos povos não deveria se limitar a nações inteiras, mas se estender a qualquer comunidade — ou até a cada indivíduo — que deseje se separar de um governo que não represente seus interesses. Já seu aluno, o libertário americano, Murray Rothbard, reforçava essa visão ao afirmar que “o direito de secessão é o direito supremo de toda liberdade política”, pois somente a possibilidade de se desligar de um sistema coercitivo impede que ele se torne tirânico. Ambos viam no direito de autodefesa e na propriedade privada os alicerces de uma sociedade verdadeiramente livre: quando cada pessoa é dona de si e de seus bens, e tem a possibilidade real de se separar de regimes opressores, desaparece o incentivo para o controle centralizado e para a opressão institucional. A secessão, nesse sentido, é mais que um ato político — é a aplicação prática do princípio libertário de que ninguém deve ser forçado a viver sob regras que não escolheu. É nesse arranjo que a liberdade individual deixa de ser promessa e passa a ser realidade.
https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2025/08/11/morre-miguel-uribe-senador-e-pre-candidato-a-presidencia-da-colombia.htm
https://rothbardbrasil.com/wp-content/uploads/arquivos/deus-que-falhou.pdf