Feministas atacam Júlia Zanatta e provam a hipocrisia do amor seletivo

Após participar de um protesto legítimo na Câmara dos Deputados, a deputada conservadora, Júlia Zanatta, se tornou alvo de ataques e ameaças vindas de políticos do PT e do PSOL. O deputado petista Reimont, acionou o conselho tutelar para ameaçar Júlia.

A deputada federal por Santa Catarina, Júlia Zanatta, conhecida por sua defesa intransigente de valores conservadores, pelo forte posicionamento em favor da família e, acima de tudo, pelo orgulho em ser mãe, tornou-se alvo de ataques coordenados por petistas e por algumas deputadas que se identificam como feministas. O episódio ganhou grande repercussão nacional e revelou um aspecto que Júlia já vinha denunciando: a hipocrisia seletiva de parte da esquerda brasileira.

Tudo começou nos dias 5 e 6 de agosto, quando parlamentares da oposição decidiram adotar uma estratégia de obstrução e ocupação no plenário da Câmara dos Deputados, em protesto contra a prisão domiciliar imposta ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O objetivo não era apenas marcar posição, mas pressionar o presidente da Casa, Hugo Motta, a colocar em pauta projetos de grande interesse da base conservadora: a votação da anistia para os condenados e processados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 e o fim do foro privilegiado, um antigo pleito de quem defende igualdade de tratamento entre políticos e cidadãos comuns.

Durante essa manifestação, Júlia Zanatta, que está no período de amamentação, optou por levar sua filha pequena ao plenário. O gesto, segundo ela, foi natural: conciliava sua função de mãe e de parlamentar. No entanto, essa atitude simples se tornou alvo de críticas duras. Entre as vozes mais críticas, esteve a deputada Talíria Petrone (PSOL), que em ocasiões anteriores já havia levado sua própria filha para amamentar na Câmara, mas agora acusou Júlia de “usar a filha como escudo humano”.

A ironia não passou despercebida pela deputada catarinense. Júlia destacou que agosto é o chamado "Agosto Dourado", mês dedicado à conscientização e incentivo ao aleitamento materno, e disse que ser atacada justamente nesse período por conciliar maternidade e trabalho era “emblemático da hipocrisia feminista”. O contraste é evidente: quando o gesto parte de uma deputada de esquerda, é exaltado como empoderamento; quando vem de uma parlamentar conservadora, vira alvo de ataque.

(Sugestão de Pausa)

Mas o caso ganhou novos contornos quando o vereador petista Reimont, do Rio de Janeiro — presidente da Comissão de Direitos Humanos — decidiu acionar o Conselho Tutelar de Brasília contra Júlia Zanatta. Na denúncia, alegou que a presença da filha da deputada na manifestação configuraria violação ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), afirmando que ela teria exposto a criança a riscos, especialmente diante da possibilidade de ação da Polícia Legislativa para dispersar os manifestantes.

A acusação foi vista por muitos como desproporcional e seletiva. Afinal, como lembrou Júlia e diversos apoiadores, episódios de ocupação no plenário não são novidade. No governo Michel Temer, durante a votação da reforma trabalhista, parlamentares do PT e de outros partidos de esquerda chegaram a ocupar a cadeira da presidência da Câmara para impedir a votação — e, na época, nenhuma mãe de esquerda foi acusada de colocar seus filhos em risco por estar presente em protestos.

Júlia respondeu aos ataques de forma firme: “Levei minha filha, sim, com muito orgulho, porque ali é a Casa do Povo. Fui prestar contas ao meu eleitorado, ao meu país e às minhas filhas, que são a minha continuidade histórica.”

Além da resposta política, Júlia aproveitou para expor o que considera uma contradição ainda mais grave: a postura do PSOL em relação ao aborto. Ela relembrou que o partido entrou com ação no Supremo Tribunal Federal contra uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) que proibia a assistolia fetal. Trata-se de um procedimento extremamente invasivo e polêmico, no qual o médico perfura o abdômen da mãe com uma agulha para atingir o coração do bebê ainda no ventre, injetando substâncias como cloreto de potássio ou lidocaína para provocar a parada cardíaca. O bebê, já totalmente formado, pode levar até 24 horas para morrer.

Para Júlia, é uma contradição gritante que parlamentares que defendem a legalização do aborto até o nono mês de gestação — quando o bebê já é viável fora do útero — venham acusá-la de colocar sua filha em risco apenas por levá-la a um ambiente público e controlado como o plenário.

A resposta da deputada foi incisiva: “Quem usa crianças como escudo são vocês, que camuflam a pauta abortista por trás de discursos bonitos sobre direitos reprodutivos. É tanta sanha abortista que até a medicina virou um detalhe inconveniente.”

(Sugestão de Pausa)

Diante da polêmica, o jornal Gazeta do Povo buscou especialistas para analisar se havia base jurídica na denúncia de Reimont. O advogado criminalista Geraldino Santos Nunes Júnior, conselheiro da OAB-DF, foi categórico: não há qualquer proibição legal que impeça parlamentares de levar filhos pequenos ao plenário. Ele lembrou que a própria Câmara dos Deputados tem flexibilizado o acesso de mães com bebês e que o artigo 232 do ECA — que trata de submeter crianças a vexame ou constrangimento — exige intenção de causar dano, o que claramente não se verificou no caso.

O advogado acrescentou que não houve risco físico imediato, abandono, maus-tratos ou qualquer forma de violência. A acusação, para ele, pode configurar denunciação caluniosa e até violência política contra a mulher — um crime previsto na legislação brasileira desde 2021.

A professora de Direito Penal Luciana Neves Vidal, doutoranda em Direito, reforçou essa visão. Segundo ela, amamentar no ambiente de trabalho — seja na Câmara ou no Senado — é um direito fundamental garantido pela Constituição, pelo ECA e por tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário. Além disso, o Conselho Tutelar não tem competência para punir mães que amamentam em espaços públicos ou privados.

Para ilustrar a incoerência da acusação, Júlia publicou no X (antigo Twitter) uma foto de Talíria Petrone amamentando a própria filha no plenário, acompanhada do comentário:

“São esses que vão me atacar por estar com minha bebê em plenário? Essa aí veio aqui me chamar de fascista com minha filha no colo.”

A verdade é que o que a esquerda chamou de “crime” foi, na prática, um protesto legítimo e pacífico. Num contexto em que a independência entre os poderes está enfraquecida, com líderes da Câmara e do Senado frequentemente cedendo a pressões do Supremo Tribunal Federal, a oposição vê na pressão popular e parlamentar a única maneira de avançar pautas de interesse nacional.

(Sugestão de Pausa)

O tema central da mobilização — a anistia dos envolvidos no 8 de janeiro — é polêmico, mas carrega uma crítica importante: nem todos os presentes naquele dia cometeram vandalismo ou violência. Entre os processados e presos, há vendedores ambulantes, pessoas com deficiência, idosos em tratamento contra o câncer, moradores de rua e cidadãos sem antecedentes criminais que estavam na Esplanada. Todos foram enquadrados na mesma acusação de “tentativa de golpe de estado”, algo sem nenhum fundamento no que diz respeito a pessoas desarmadas, desorganizadas e sem apoio militar ou armas de fogo.

O ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos no STF, manteve presas mulheres com mais de 70 anos e pessoas gravemente enfermas, mesmo diante da fragilidade das provas. Para a oposição, essa postura demonstra seletividade e abuso de poder, algo inaceitável que já é motivo para anular todo o processo e remover o ministro do cargo.

A defesa da anistia, portanto, não é apenas um ato político; é, segundo seus defensores, uma questão de justiça e de preservação das garantias individuais. Criminalizar indiscriminadamente todos os presentes nos protestos seria, para eles, um precedente perigoso e autoritário.

No pano de fundo, há também uma disputa ideológica. Setores da esquerda que hoje controlam o Executivo e têm forte influência sobre parte do Judiciário buscam consolidar sua narrativa, apresentando qualquer ato de oposição como ameaça à democracia. Essa estratégia — já vista em regimes socialistas e autoritários ao longo da história — visa fragilizar adversários políticos e restringir a liberdade de expressão.

A história mundial oferece exemplos claros: países que cederam ao discurso único e à centralização de poder acabaram empobrecidos e sem liberdades civis. Para Júlia e para muitos que participaram da ocupação da Câmara, essa importante luta é parte de um esforço maior, para evitar que o Brasil siga o mesmo caminho que países como a Venezuela já trilharam.

(Sugestão de Pausa)

O caso também expõe um aspecto cultural: o discurso feminista oficial, muitas vezes associado à esquerda, apresenta-se como defensor incondicional das mulheres, mas na prática se mostra seletivo. Quando a mulher é conservadora, mãe, religiosa ou não segue a cartilha ideológica, passa a ser atacada — mesmo por atitudes que, em outra circunstância, seriam celebradas.

No fim, o episódio Júlia Zanatta não é apenas sobre uma mãe amamentando a filha no plenário. É sobre liberdade política, coerência, uso seletivo da lei e a crescente intolerância com a divergência ideológica no Brasil. É sobre como princípios universais, como o direito à maternidade e ao trabalho, são distorcidos para servir a interesses partidários.

E, acima de tudo, é um lembrete de que, em tempos de polarização extrema, até o gesto mais natural de uma mãe pode se tornar um ato político.

Referências:

https://www.gazetadopovo.com.br/santa-catarina/quem-e-deputada-julia-zanatta-que-levou-filha-bebe-ocupacao-mesa-camara/
https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/pt-aciona-conselho-tutelar-contra-julia-zanatta-o-que-dizem-advogados/
https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/psol-tenta-legalizar-o-aborto-ate-o-9o-mes-atraves-do-stf/