SUPERMERCADOS e FARMÁCIAS CHORAM para o ESTADO na BRIGA pela COMERCIALIZAÇÃO de REMÉDIOS SEM RECEITA

No Brasil, quem não chora não mama. E isso os empresários entendem bem. Recentemente, os supermercados entraram na briga para venderem remédios sem receita, o que deixou as redes farmacêuticas irritadas. Papai estado vai decidir quem tem razão.

Como habitual no Brasil, o estado mais uma vez intervém no mercado, colocando barreiras que impedem o desenvolvimento dos negócios: a bola da vez são os supermercados que pedem a autorização para venderem remédios.  

O cenário atual é de proibição, muito embora a proposta de liberação tenha passado por tratativas no Congresso no início de 2025 e, recentemente, por audiências no Senado. O que de fato é bom e indica uma gradual flexibilização sobre o assunto. Mas não podemos esconder que todo este debate é desgastante, além de ser totalmente desnecessário, uma vez que cada supermercado poderia escolher quais produtos colocar à venda.  

Este também é o desejo da população: dois a cada três brasileiros são favoráveis à comercialização nestes locais, de acordo com a pesquisa encomendada pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Cabe ressaltar que só seriam comercializados em mercados os remédios que não necessitam de receita médica, garantindo que medicamentos como os “tarja preta” somente sejam vendidos em farmácias ou laboratórios.  

Esta justificativa leva em conta o fato que medicamentos mais agressivos usados sem o acompanhamento de um especialista podem oferecer perigo ao usuário. Ao mesmo tempo que tem um dedo de razão, não deixa ser o bom e velho estado tentando nos “proteger” dos empecilhos que eles mesmo criam. Enfim, a hipocrisia. 

Sendo assim, analgésicos, relaxantes musculares ou medicamentos contra os sintomas de resfriado estariam liberados. Usados frequentemente pela população e que já são de conhecimento do Conselho Federal de Farmácia que publicou em 2024 estudos que apontam que 86% da população se automedica, sem prescrição médica. O ato é mais comum nos casos de dores de cabeça, dores musculares, gripe e febre. Atrelado a isso, 64% das pessoas recorreram à internet para tirar dúvidas sobre os sintomas e quais medicamentos tomar. Uma tendência que se fortalece ao passar dos anos e que dificilmente será revertida. 
 
As pessoas continuarão buscando na internet, com ou sem o auxílio da inteligência artificial, para se informar a respeito de saúde, nutrição, exercícios físicos, etc. Na sociedade atual, as pessoas só procuram atendimento médico depois de consultarem informações em sites ou no ChatGPT. Se os problemas não se resolverem por si só ou por administração de medicamentos corriqueiros, aí sim elas procuram o especialista. 

O curioso desse embate entre supermercados e farmácias é que as farmácias têm muito mais liberdade para venderem o que quiserem. Alimentos, eletrônicos e eletrodomésticos, todos podem ser encontrados nas grandes redes de farmácias desde 2014, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou tal prática. O que não passa de jogos de interesses. Uma hora puxam para um lado, outra hora, para outro.  

E porque será que as farmácias estão preocupadas? Eu tenho um palpite: segundo dados da Associação dos Distribuidores Farmacêuticos do Brasil (Abafarma), noticiados pelo O Tempo, o varejo farmacêutico cresceu 11% em 2024 no Brasil, atingindo a marca de R$ 158,4 bilhões em vendas. Vivendo um momento tão positivo, elas não iam querer concorrentes de peso como supermercados.  

A fase das farmácias é tão boa, que eu tenho certeza de que a sua cidade está tomada por estes estabelecimentos praticamente a cada esquina. Cada casa antiga derrubada dá espaço a uma delas. Por sinal, o crescimento não se resume somente à quantidade, mas a velocidade em que são levantadas merece o destaque. Claro que são edificações pré-moldadas, porém não escondem o fato de que o caixa está forrado de dinheiro para pagar material e mão de obra. 
 
O balanço da Abafarma também traz a informação de que o país fechou o ano de 2024 com 93,7 mil farmácias e drogarias em atividade. No topo do ranking das regiões está o Sudeste, com 36,7 mil lojas, seguido por Nordeste (26,2 mil), Sul (14,9 mil), Centro-Oeste (8,9 mil) e Norte (6,8 mil).  

E quem diria que a saturação do setor daria problema? A Raia Drogasil (RD), maior rede de farmácias do Brasil, já enfrenta as dificuldades de um problema que ela mesma ajudou a construir. A RD perdeu aproximadamente R$ 6 bilhões em valor de mercado em um único pregão. Mesmo tendo aumento de receita, o grupo registrou queda de 17% no lucro líquido. Até o momento, as ações já recuaram 23% em 2025.  

Se o setor sozinho não consegue enfrentar as novas tendências, o caminho mais fácil é sabotar os concorrentes com pitadas generosas de narrativas alarmantes, quanto ao risco que a população pode ser colocada, caso a liberação da venda nos mercados se confirme. Não passa de terror psicológico. Se o cidadão não se sentir confiante em comprar medicamentos em um supermercado, ele os comprará numa farmácia. Ponto. 

E não é de hoje que os supermercados são impedidos de funcionar de forma eficiente e benéfica para toda a comunidade. Ainda, em muitas cidades do Brasil, é proibida a abertura de supermercados aos domingos. Resultado da pressão de sindicatos sobre as entidades patronais e acolhidas pelo Governo Federal. Agora, até mesmo os que já gozavam dessa liberdade de escolha, terão que se curvar aos sindicatos. A partir de 1º de julho, a abertura aos domingos e feriados somente será aceita se aprovada em Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). A medida foi regulamentada pelo Ministério do Trabalho e Emprego em 2023, mas por descontentamento dos setores, levou quase dois anos para entrar em vigor. Um retrocesso em relação à portaria publicada na gestão de Jair Bolsonaro e que estabelecia que o simples acordo entre empregador e funcionário já bastava para o colaborador trabalhar nesses dias.  

Uma atitude típica do presidente Lula e de governos petistas ao atrapalhar o desenvolvimento das empresas e dos trabalhadores que eles tanto defendem, no discurso, claro. Ora, se a pessoa quer trabalhar no feriado ou no domingo, que assim o faça. Muito provavelmente ela precisa daquela hora-extra para pagar suas contas. Mas nunca que o governo iria querer a independência financeira da população, não é mesmo? Povo pobre e sem instrução é a base de todo governo autoritário. A famigerada massa de manobra. 

E curiosamente, nessa história de pode ou não pode abrir, até as farmácias serão prejudicadas, junto do comércio varejista. Novamente, são os jogos de interesse falando mais alto. As grandes redes de farmácias antes beneficiadas, sofrem neste momento o revés. Concorrentes crescendo e suas atividades sendo podadas pelo estado. Quando irão se dar por conta que o estado não dá nada que antes já não tenha tirado? Não interessa se é A versus B, interessa quem está de cada lado e quem será favorecido com as atitudes tomadas. Se as empresas não têm nada a oferecer, o governo fará pouco caso e dará prioridade para os seus aliados.

Em 2023, Lula chegou a anunciar que reduziria as taxas da chamada “linha branca”, que são eletrodomésticos como geladeira, máquina de lavar e micro-ondas. Quem tiraria proveito? Luiza Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, e que disse ser socialista desde os 10 anos de idade. Semelhantemente, Bolsonaro fez de Luciano Hang, o Véio da Havan, seu cabo eleitoral, que inclusive foi condenado a pagar R$ 85 milhões por obrigar seus funcionários a votar no candidato do PL nas eleições presidenciais de 2022. E não faz muito tempo que estes dois varejistas se beneficiaram com a “lei das blusinhas”, que taxou compras internacionais acima de 50 dólares. Atitudes totalmente parciais para o benefício de poucos, e quem paga somos todos nós.

Tudo isso evidencia o quão socialista o Brasil é. Do ponto de vista libertário, cada um faz o que bem entende do seu comércio, afinal, ele é seu, não é mesmo? Se um padeiro quiser vender uma bazuca na sua padaria, é direito dele. Se o vendedor de picolé quiser vender remédio tarja preta, também é direito dele. Qualquer coisa diferente disso é, no mínimo, socialismo. 

Mas enquanto o estado ainda existe, o que nos resta é pressionar os deputados e senadores para que os supermercados tenham liberdade para venderem remédios e o que mais quiserem, afinal, este é o desejo de dois terços da população. 

Referências:

https://www.otempo.com.br/parceiros/negocio-e-franquia/2025/5/28/explosao-de-farmacias-no-brasil-preocupa-o-mercado-e-afeta-acoes-da-lider-do-setor
https://www.otempo.com.br/economia/2025/3/6/setor-farmaceutico-cresce-11-e-movimenta-r-158-4-bilhoes-em-2024-mostra-levantamento
https://www.terra.com.br/economia/nova-regra-que-limita-trabalho-do-comercio-aos-domingos-e-feriados-entra-em-vigor-em-julho-entenda,a77e645b2217a1f85a1a364cfc25d1654ylepwe1.html
https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2023/11/15/governo-estabelece-que-trabalho-aos-domingos-e-feriados-so-sera-liberado-apos-negociacao-com-sindicato.ghtml
https://revistaforum.com.br/brasil/2022/2/19/luiza-trajano-sou-socialista-desde-os-10-anos-110413.html
https://www.moneytimes.com.br/a-medida-de-lula-que-vai-deixar-magazine-luiza-mglu3-e-via-viia3-rindo-a-toa/
https://noticias.uol.com.br/colunas/leonardo-sakamoto/2024/01/31/havan-e-condenada-em-r-85-mi-por-coagir-empregados-a-votar-em-bolsonaro.html
https://www.terra.com.br/noticias/guilherme-mazieiro/bolsonarista-dono-da-havan-liga-para-agradecer-senadores-por-taxacao-de-blusinhas,cae6355191869519d8a51fd9e4f575a6z9civatp.html