O PIB está crescendo na TV, mas os armários estão ficando cada vez mais vazios na casa dos brasileiros. Como isso é possível?
Todo ano o governo adora anunciar aquele ritual de otimismo: “O PIB vai crescer”. O noticiário repete em uníssono, com bancos internacionais revisando projeções para cima e instituições elogiando a “resiliência” do governo. Mas ninguém explica por que, apesar de toda essa festa estatística, o povo continua reclamando de salário curto, preços de supermercado altíssimos, aluguéis que só sobem e o lazer cada vez mais distante. É daí que nasce a verdade incômoda de que o crescimento da economia é manipulado, inflado na base do artifício estatal, enquanto nossa moeda perde poder de compra e derrete todos os meses — vítima do maior inimigo silencioso do brasileiro: o próprio governo que cria a inflação.
O caso mais recente dessa “prosperidade de papel” veio na manchete de março de 2025. O IBGE divulgou, com pompa, que a economia do Brasil cresceu 3,4% em 2024 e projetou novo avanço, na casa de 2% a 2,5%, para 2025, superando inclusive as projeções médias para a América Latina e para países do G20 nos relatórios do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional. Segundo essas instituições, o Brasil será, inclusive, o quinto colocado no ranking das economias que mais crescem entre as grandes. Um espetáculo. Só que, como sempre, um espetáculo para inglês, chinês e especulador global ver.
(Sugestão de Pausa)
Em cada esquina, o que se ouve é que “tudo está caro”. O dinheiro mal paga o básico; contas de luz e gás consomem metade do salário; e toda compra no mercado virou uma operação amarga de subtração. E não é impressão: o próprio IBGE mostra que a inflação anual fechou fevereiro de 2025 na casa dos 5,06%, patamar que se mantém acima do teto da meta do Banco Central, que deveria ser 3%. E esse “índice oficial” sempre subestima a realidade do povo pobre, que sente muito antes as variações em leite, arroz, café, transporte e energia. Em 12 meses até setembro, o IPCA marcou 5,17%, um dos maiores números desde a pandemia. Para a comida, houve altas absurdas: óleo de soja subiu mais de 23%, azeite quase 15%, e a carne bovina só não aumentou mais porque o brasileiro já desistiu de comer carne todo dia.
O segredo sujo desse “crescimento” artificial começa pela própria estrutura do PIB brasileiro, que depende mais de gasto estatal do que de atividades produtivas livres. O setor de serviços, fortemente intoxicado por contratos públicos, puxou o avanço. O agro, que sustenta o país, está cada vez mais pressionado por regulamentações, custos em dólar e insegurança jurídica, e ainda assim carrega o PIB nas costas — mas sofrendo com problemas de safra, logística e câmbio desvalorizado. O setor industrial, sufocado pela avalanche tributária, burocrática e trabalhista, fica para trás, quase estável ou encolhendo.
Não há onda industrial, não há “novo milagre brasileiro”: somente lampejos de números impulsionados por pacotes estatais de estímulo e bônus temporários. O governo brasileiro inunda setores com crédito barato de bancos públicos, libera programas assistencialistas para dar sobrevida ao consumo imediato e posterga reformas estruturais para “segurar emprego”. O poder público injeta dinheiro, turbinando artificialmente os números do PIB. Parte significativa dessa grana vem, claro, da rolagem crescente da dívida pública e da transferência compulsória de riqueza via impostos altíssimos. Se o consumo cresce, é porque houve afrouxamento no crédito, liberação de FGTS ou antecipação de benefícios sociais. O povo recebe migalhas aos montes, mas paga duas vezes: uma, na forma de imposto explícito e tarifas embutidas em absolutamente tudo — do ônibus ao café — e outra, via inflação, a mais traiçoeira das cobranças, porque corrói sua riqueza em silêncio.
(Sugestão de Pausa)
A inflação no Brasil é consequência direta do Estado. É resultado de políticas públicas que patrocinam déficits sem limite, ampliam o endividamento oficial, aumentam gastos improdutivos para garantir o curral eleitoral de sempre e adiam o ajuste das contas públicas, gastando com funcionalismo, aparelhando ministérios e criando novas “pautas” a cada vez que uma eleição se aproxima. A conta não fecha: o governo emite mais dívida, a dívida pressiona o câmbio, o câmbio pressiona preços de insumos, alimentos e combustíveis, e todo o país sofre. Até mesmo economistas de mercado já admitem que, enquanto o governo brasileiro mostrar que não tem nenhum apetite por segurar sua dívida, a tendência do Real é ficar permanentemente “enfraquecido”. Isso vira inflação — no pão, na conta de luz, no restaurante, até na escola do filho.
A alta dos juros, num sistema já viciado, só piora as coisas. Sempre que a inflação foge do controle, o Banco Central sobe a Selic para tentar segurar os preços e acaba jogando ainda mais famílias para o sufoco do endividamento, pois tudo fica mais caro a prazo. O crédito encarece, o consumo encolhe nos bolsos já vazios, mas o Estado segue inchando. As projeções para 2025 giram em torno de uma Selic a 14% ao ano, a maior taxa desde 2016. Isso não é política monetária responsável: é desespero de um organismo estatal tentando segurar artificialmente um monstro que ele mesmo alimentou.
(Sugestão de Pausa)
E o salário? Tem perdido cada vez mais valor. Haja reposição para acompanhar os aumentos na gasolina, energia, aluguel, escola e alimentação. Todos os sindicatos, desde 2023, relatam que negociações somente “compensam inflação” ou mesmo ficam abaixo do IPCA. Ou seja: a cada ciclo, mesmo ganhando aumento, o trabalhador compra menos e a qualidade de vida diminui. O brasileiro está voltando ao velho hábito de substituir proteína por carboidrato, parcelar no cartão o básico e cancelar o lazer antes de qualquer crise. A cereja do bolo é ver o Estado tentar convencer que “o pior já passou, a tendência é de desaceleração da carestia” — um mantra repetido mesmo enquanto o número de produtos e alimentos comprados pelas pessoas segue diminuindo. As vendas a prazo crescem por pura necessidade, pois ninguém mais guarda reservas para emergência: só sobrevive espremendo o limite.
As próprias previsões para 2025 mostram o quão superficial é esse crescimento. Agências como Moody’s, FMI, Banco Mundial e até o Banco Central apostam em crescimento do PIB pouco acima de 2%, mas deixam claro que é um ritmo abaixo do necessário para uma arrancada, feito sobre bases artificiais e com escassez de reformas reais. À medida que o governo empilha medidas de crédito fácil e adia os ajustes que realmente fariam diferença — como desburocratização, reforma administrativa e tributária correta e justa, além de grandes cortes nos gastos públicos — só fabrica “voos de galinha”. O problema é que, mesmo com crescimento positivo, não há impacto algum no bolso da maioria; ao contrário, tudo parece cada vez mais caro. E não, não estamos defendendo os gastos públicos e políticas públicas, afinal, para nós, libertários, imposto é roubo. Mas levando em consideração que não dá para esperar nada do governo nos próximos anos e que é muito difícil de imaginar uma rápida queda ou enfraquecimento do aparato estatal aqui no Brasil, os cortes nos gastos e privatizações, além de reformas, são o mínimo que esperamos.
(Sugestão de Pausa)
Existe ainda o mito de que “fatores externos” são os grandes responsáveis. E, de fato, há guerra na Ucrânia, estamos sendo tarifados pelos Estados Unidos e o dólar forte afeta o câmbio, além dos problemas climáticos que destroem safras e afetam o agronegócio. Mas nada muda o fato básico de que todo esse impacto é multiplicado pela própria incapacidade estatal brasileira de enfrentar o desequilíbrio fiscal, manter moeda estável e garantir segurança jurídica no ambiente de negócios. Numa economia livre, choques ruins têm respostas mais rápidas. No Brasil, cada choque vira pretexto para mais intervenção estatal, subsídio mal direcionado, tarifa extra e nova pedalada fiscal. Além disso, todas as análises sérias mostram que países de moeda forte, com máquina pública enxuta e menor carga tributária conseguem amortecer preços internacionais com muito mais eficiência. O Brasil, pelo contrário, potencializa cada crise porque o governo é, de longe, o maior consumidor, credor, devedor e regulador do país ao mesmo tempo. O PIB sobe por decreto; o real desvaloriza permanentemente devido à expansão constante da oferta monetária, graças a um Banco Central leniente.
Enquanto isso, a política de distribuição de migalhas para manter o curral eleitoral segue firme — e é isso que mantém o PT ainda vivo no poder. O Estado adora se apresentar como benfeitor do pobre: programa social para cá, bolsa para lá, subsídio para aquele setor amigo do rei. Só que o queijo verdadeiro sempre fica com o rato estatal, que distribui migalhas e garante voto cativo. E, a cada ciclo, a promessa: “Agora vai melhorar.” E nunca melhora.
(Sugestão de Pausa)
É só olhar para a estrutura tributária para perceber mais uma distorção. O brasileiro paga altíssimos impostos indiretos, embutidos em cada produto, e ainda enfrenta alíquotas extorsivas em quase todo tipo de serviço. Isso significa que, enquanto o PIB sobe nos relatórios, a população sente cada centavo de aumento no imposto de cada café tomado. A arrecadação recorde anunciada em 2025 não significa mais riqueza; significa menos liberdade, menos poder de compra, mais Estado nos roubando e menos Brasil de verdade - não existe projeto de país num governo petista, apenas projeto de poder que beneficia a poucos. A cada anúncio de novo “avanço” na economia, a festa é para o banqueiro do BNDES, para o operador da Faria Lima e os políticos de Brasília — nunca para o trabalhador comum. A massa salarial encolhe, a informalidade aumenta, as filas do SUS se arrastam e o leviatã estatal fica com um quinhão crescente do suor alheio em nome de um crescimento que existe somente nas planilhas de gabinete, não na panela da dona Maria.
É preciso dar nome ao problema: todo crescimento econômico que depende de empurrão estatal, adiantamento de consumo, inflação e impostos mais altos não chega à mesa do povo. O brasileiro vive o paradoxo de ver o PIB bater recorde e continuar reclamando que tudo subiu e que não há bons empregos disponíveis. Porque subiu mesmo — e vai continuar subindo. Enquanto o Estado crescer, o dinheiro vai sumir da mão trabalhadora para encher as burras do Leviatã estatal e dos seus amigos.
https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2025-10/pais-crescera-24-em-2025-acima-da-america-latina-diz-banco-mundial
https://borainvestir.b3.com.br/noticias/mesmo-com-desaceleracao-brasil-deve-ter-5o-maior-crescimento-entre-paises-do-g20-em-2025
https://exame.com/economia/pib-do-brasil-deve-crescer-21-em-2025-preve-moodys
https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/10/27/boletim-focus-mercado-reduz-estimativas-da-inflacao-para-2025-para-456percent.ghtml
https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2025-10/mercado-financeiro-reduz-previsao-da-inflacao-para-456-em-2025
https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2025/03/27/por-que-a-comida-ficou-mais-cara-no-brasil.ghtml
https://istoedinheiro.com.br/pib-inflacao-2025-boletim-macrofiscal-nov-25
https://forbes.com.br/forbes-money/2025/03/decifrando-a-inflacao-o-que-esta-por-dentro-da-alta-dos-precos-em-2025
https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/alimentos-e-cambio-inflacao-deve-seguir-tendencia-de-alta-em-2025-dizem-economistas
https://www.poder360.com.br/poder-economia/brasil-tera-maior-alta-tributaria-no-mundo-ate-2050-diz-estudo