FERNANDA TORRES foi REBAIXADA de QUERIDINHA DO OSCAR para CANCELADA por BLACKFACE do PASSADO

Uma das poucas certezas desta vida é a de que nenhum esquerdista está livre de ser vítima da própria lacração que defende.

Fernanda Torres era, sem dúvidas, a queridinha do Oscar deste ano - pelo menos para os brasileiros, mas também para parte da Academia de Cinema, sem dúvidas. Estrelando o filme “Ainda estou aqui”, uma obra esquerdista até a medula dos ossos, a atriz brasileira conquistou a crítica e ajudou a fortalecer a imagem de uma obra que, para todos os efeitos, já é um grande sucesso de bilheteria - para os padrões nacionais, é claro. Porém, como acontece com todo filme brasileiro do tipo “cabeça”, o público alvo não é o espectador nacional, e sim o crítico gringo.

Nesse sentido, “Ainda estou aqui” não fez feio - muito pelo contrário. A obra recebeu três indicações para o badalado Oscar - melhor filme, melhor filme estrangeiro e melhor atriz, para a citada Fernanda Torres. A atriz, por sinal, já ganhou um prêmio de peso pelo filme - o Globo de Ouro de melhor atriz em filme de drama. Por essa sua importante vitória, Fernanda Torres foi parabenizada pelo seu bezerro de ouro - o próprio Lula, o presidente da República. Você sabe: esse é o tipo de coisa da qual o cinema brasileiro está recheado.

De fato, tanto o filme quanto a atriz foram tratados como “símbolos da luta contra o bolsonarismo” - uma vez que “Ainda estou aqui” retrata uma história que se desenrolou durante a ditadura militar. É que, segundo a grande mídia, Bolsonaro e seus apoiadores são uns verdadeiros golpistas! Porém, por algum motivo providencial, a esquerda e a mídia especializada parecem se esquecer que Eunice Paiva, vivida por Fernanda Torres no citado filme, era uma viúva mãe de família, com 5 filhos. Ou seja: sua imagem não combina muito com o progressismo da atualidade. Porém, até aí, tudo bem.

Só que você também sabe como funcionam as coisas na internet: ninguém tem folga nesse velho oeste digital! Tudo ia de vento em popa para Fernanda Torres, até que os arqueólogos da internet entraram em ação, para escavar os podres do passado da atriz. E, procurando bem, eles conseguiram desenterrar uma esquete rodada no quadro “Sexo Oposto”, exibida no Fantástico, no longínquo ano de 2008. No tal quadro, Fernanda Torres interpreta dois papéis: uma dona de casa branca e a sua empregada que, é claro, é negra. Você se lembra que, na Globo de 20 anos atrás, a coisa era sempre assim? Pois é.

Acontece que o fato de Fernanda Torres ter praticado o chamado blackface - ou seja, ter pintado o rosto e o corpo com tinta escura, para simular uma pele negra - não pegou bem entre os críticos gringos. Esse negócio, de fato, é bastante polêmico - e não é a primeira vez que tretas do tipo acontecem. Aliás, não é impossível imaginar um cenário onde as chances de vitória da atriz brasileira no Oscar desabem por completo, após a repercussão negativa do caso.

É claro que os brasileiros não iriam deixar a coisa barata, e resolveram adotar a típica estratégia tupiniquim de revide - ou seja, partiram para a baixaria. Em contraponto às acusações movidas contra Fernanda Torres, internautas brasileiros resgataram polêmicas envolvendo outras indicadas em categorias de atuação feminina - a saber, Zoë Saldana e Demi Moore, concorrente direta da atriz brasileira, na categoria principal. 

Contra Zoë, pesa também uma acusação de blackface, por ocasião do filme “Nina”, de 2006 - quando a atriz usou maquiagem para escurecer a pele, uma prótese para engrossar o nariz e uma peruca, para ficar com um cabelo mais “afro”. Já as críticas dirigidas a Demi Moore se referem a um vídeo, descoberto há alguns anos, que mostra a atriz beijando um garoto de 15 anos, lá no fim da década de 1980. Eu sei, você está com inveja do moleque - eu não te julgo!

De qualquer forma, Fernanda Torres logo correu para se desculpar pelo blackface de 2008. Segundo nota oficial publicada pela própria atriz: “Há quase 20 anos, eu apareci usando blackface em uma esquete de comédia de um programa de TV brasileiro. Lamento imensamente por isso. Estou fazendo essa declaração porque é importante para mim abordar isso rapidamente para evitar mais dor e mal entendido”. De fato, a citada Zoë Saldana também já se desculpou publicamente por interpretar Nina Simone, em 2016.

Porém, vale a pena argumentar a respeito da problemática levantada pela crítica gringa. Será que a prática de blackface é mesmo tão ruim assim? O fato é que existem casos de maquiagem para escurecimento da pele que se tornaram verdadeiros clássicos do cinema - como aquele feito por Robert Downey Jr., no filme “Trovão Tropical”. Fala sério: até o ultra-progressista Justin Trudeau já fez blackface, se fantasiando de Aladdin para uma festa temática, certa feita. Obviamente, o filho bastardo de Fidel Castro já se cobriu de desculpas por isso. E se você quiser apimentar ainda mais esse debate, lembre-se de que Eddie Murphy já praticou “whiteface” - por assim dizer, - no filme “Um Príncipe em Nova York”.

Agora, se o debate até aqui tem um caráter meramente opinativo, quando levamos a questão para o lado da ética libertária, as coisas ficam bem mais claras. É certo que praticar blackface não é crime - por mais que alguém se sinta ofendido por isso. Afinal de contas, ofensa não é um crime real, de acordo com o libertarianismo. Isso, senhores, é liberdade de expressão, sem “mas” e sem condições. Por outro lado, todos também são livres para repudiar e criticar ofensas - inclusive movendo campanhas de difamação e boicote.

Ou seja: todos estão certos nessa história. Fernanda Torres desempenhou um papel que, ofensivo ou não, não representou nenhum tipo de violação da ética libertária. E também seus detratores não cometem crime algum, porque críticas e acusações, ainda que infundadas, também não ferem a ética libertária. Estamos vendo, na prática, o funcionamento de um sistema de liberdade de expressão, em que manifestações artísticas e suas críticas se contrapõem; e em que cada indivíduo é livre para concordar ou discordar de uma ou mais das partes.

Então, para alimentar ainda mais o debate, deixarei aqui minha opinião: se desculpar por esse tipo de coisa é uma grande bobagem - mas atores famosos, tipicamente progressistas, são muito sensíveis a isso. Lembre-se, por exemplo, do caso do oscarizado Eddie Redmayne: em 2015, o ator interpretou Lili Elbe, uma das primeiras pessoas a se submeter a uma cirurgia de redesignação sexual, no filme “A Garota Dinamarquesa” - papel que lhe rendeu uma indicação ao Oscar, no ano seguinte. Anos depois, contudo, o ator foi criticado por ter interpretado uma mulher trans, sendo ele um homem cisgênero. Pois é: parece algo bastante imbecil, mas Eddie Redmayne se desculpou, de fato, pelo papel, afirmando ter sido “um erro” interpretar a célebre personagem.

A verdade, contudo, é que o que faz uma interpretação ser aclamada é justamente o fato de o ator se tornar quem ele não é - o heterossexual se torna gay, o tímido se torna extrovertido, o gentil se torna um criminoso psicótico. Por algum motivo, porém, o movimento progressista parece ter se esquecido desse pequeno detalhe, passando a exigir que - pelo menos nos casos que interessam à cartilha - os personagens sejam interpretados por atores que já se pareçam com eles. Sem dúvidas, isso enfraquece a arte e o desafio para o ator; mas quem se importa com isso, não é mesmo? O importante é lacrar!

Sim, a prática de blackface está ligada ao passado racista dos Estados Unidos. Mas isso não significa que essa prática tenha essa mesma conotação no Brasil - país que, tradicionalmente, é politicamente incorreto. Fernanda Torres, uma brasileira, fez um papel em 2008 para brasileiros - mas está sendo criticada, quase 20 anos depois, por gringos que não entendem o contexto das expressões artísticas brasileiras. Aliás: se nos lembrarmos do passado da atriz em programas como “Os Normais”, não seria surpresa alguma ver outras bombas como essa surgirem na reta final do Oscar.

De qualquer forma, e não obstante toda a lacração, eu consigo torcer por Fernanda Torres. Na verdade, até espero que ela vingue sua mãe, que foi injustiçada no Oscar de 1999. Porém, é pouco provável que isso aconteça. Nos últimos anos, a Academia tem escolhido seu filme estrangeiro favorito - o bicho exótico que vai ser exibido na jaula do Oscar. Na premiação deste ano, o escolhido, sem dúvidas, foi o filme “Emilia Pérez”, que recebeu absurdas 13 indicações. Provavelmente, essa obra vai papar tudo, e “Ainda estou aqui” vai sair de mãos abanando - e Fernanda Torres se inclui nessa história.

Porém, mesmo com algum grau de torcida, não deixa de ser divertido ver como os lacradores sempre se dão mal - provando de seu próprio veneno. Esse é o padrão do típico esquerdista: ele ama olhar as ações alheias com uma lupa, se esquecendo de que seu passado pode também ser bastante condenável. Se o esquerdista é pego em contradição, logo se desculpa e pede uma segunda chance - coisa que, via de regra, esse mesmo esquerdista nunca concede a seus detratores. E assim, hipocrisia por hipocrisia, a esquerda brasileira - especialmente aquela ligada aos meios artísticos - vai demonstrando sua verdadeira face. Neste caso, não uma face pintada de tinta escura, mas sim colorida de uma artificial e fajuta encenação de virtude.

Referências:

https://www.cnnbrasil.com.br/entretenimento/fernanda-torres-pede-desculpas-por-blackface-em-esquete-de-20-anos-atras/