A luta das mulheres iranianas por liberdades é longa e, dessa vez, uma corajosa mulher ousou violar o rigoroso código de vestimenta islâmico do Irã e foi presa pela polícia da ditadura.
Viralizou nas redes sociais um vídeo de uma jovem iraniana que estava sem roupa em uma universidade, e especula-se que seu ato foi uma forma de protesto contra as leis dos costumes do país. No vídeo que foi publicado nas redes sociais, é possível ver alguns seguranças em uma filial da Universidade Islâmica Azad detendo a jovem, que ainda não foi identificada. Amir Mahjob, que é o porta-voz da universidade, disse na rede social X o seguinte: “na delegacia de polícia foi descoberto que ela estava sob forte pressão mental e tinha um transtorno mental”. Se essa é a verdade sobre o caso, é difícil saber já que numa ditadura as pessoas são coagidas a dizer o que o regime permite sob ameaça de prisão. Por outro lado, alguns usuários do X chegaram a sugerir que esse comportamento da mulher foi um protesto intencional.
Todas as mulheres iranianas sabem bem que são obrigadas a se vestirem como demanda o regime e a simples ideia de estarem sem o hijab ou usando roupas consideradas inadequadas é algo que só pode acontecer em seus pesadelos. Muitos seguidores ferrenhos do islamismo agridem mulheres que desobedecem às leis dessas sociedades e elas podem ser punidas com pena de morte. Já o Hamshahri, diário de grande circulação no Irã, publicou em seu site a seguinte informação: “uma fonte informada disse que a autora deste ato tem graves problemas mentais e, após investigações, ela provavelmente será transferida para um hospital psiquiátrico”. Se essa medida de internar a jovem foi apenas uma ação do regime contra uma rebelde, é algo difícil de saber.
O Irã, infelizmente, não é um país em que as liberdades individuais e os direitos do indivíduo são garantidos. Desde a morte de uma jovem curda iraniana, em setembro de 2022, que estava sob custódia da polícia da moralidade por violar as regras do hijab, um número cada vez maior de mulheres têm desafiado as autoridades. Isso tem aumentado após os protestos em todo o país quando Nika Shahkarami, de apenas 16 anos, queimou o véu que usava e tentou fugir das forças de segurança iranianas. Durante o ato, a corajosa adolescente teria gritado: “morte ao ditador”. Infelizmente para Nika e sua amiga, poucas horas após a veiculação das cenas de seus protestos contra o regime, a jovem Nika desapareceu e logo seria descoberta sua morte. O ato dessa garota estava associado a uma revolta contra o assassinato de Mahsa Amini, que tinha sido detida por usar o véu de maneira considerada inapropriada e foi morta no período em que ficou sob custódia policial. O caso aconteceu em setembro de 2022.
As autoridades iranianas afirmaram que o corpo de Nika foi encontrado nos fundos de um pátio na manhã de 21 de setembro. Sua mãe só pôde identificá-la oito dias depois. As autoridades divulgaram imagens de câmeras de segurança, datadas pouco depois da meia-noite, entre os dias 20 e 21 de setembro de 2022, mostrando uma pessoa mascarada, que eles afirmaram ser Nika, entrando em um prédio desabitado e ainda em construção em Teerã.
Um promotor de Teerã declarou inicialmente que Nika morreu ao ser jogada do telhado do edifício, alegando que sua morte “não estava ligada aos protestos” daquele dia. Embora ele tenha sugerido que tratava-se de um homicídio, não mencionou se havia suspeitos sob investigação. A mídia estatal afirmou que ela “caiu”, mas não apresentou provas que sustentassem a hipótese de acidente.
Após ser questionado pela CNN, um promotor de Teerã afirmou à mídia iraniana que a morte de Nika foi suicídio. No entanto, as autoridades não esclareceram porque ela estaria sozinha naquele prédio e a mãe dela duvida que a pessoa nas imagens seja realmente sua filha, acreditando que Nika foi morta por autoridades. Não foi informado se a jovem esteve sob custódia em algum momento.
Vários vídeos e testemunhos obtidos pela CNN sugerem que Nika foi perseguida e detida por forças de segurança na noite de sua morte. Uma testemunha chamada Ladan relatou ter visto a adolescente ser levada por agentes de segurança à paisana durante um protesto. Antes disso, Ladan filmou Nika se escondendo e gritando para o motorista de um carro para não se mover. Sete pessoas que conheciam a garota confirmaram que era ela no vídeo, gravado em 20 de setembro às 20h37 em uma área onde policiais anti-motim patrulhavam em motocicletas.
A mãe de Nika, Nasrin, declarou ao jornal Etemad que acredita que sua filha foi morta enquanto participava dos protestos. As autoridades iranianas prenderam oito pessoas ligadas ao prédio onde Nika teria entrado, mas afirmam que a morte dela não tem relação com os protestos. O laudo inicial apontou múltiplos ferimentos consistentes com uma queda, mas um atestado de óbito sugeriu que a jovem foi agredida com um objeto duro.
Nasrin revelou que falava com Nika no dia do desaparecimento, ouvindo sons de manifestantes fugindo das forças de segurança. Ela tentou ligar para a filha após a meia-noite, mas o telefone estava desconectado e as contas de Nika nas redes sociais foram apagadas.
Nos dias seguintes, a família procurou Nika sem sucesso. Em 30 de setembro, foram chamados para identificar o corpo. Posteriormente, uma fonte teria informado à família que Nika estava sob custódia do IRGC. A tia e o tio da garota foram detidos e forçados a dar declarações falsas. Pessoas que estavam com ela ainda lidam com o trauma da perda, segundo a amiga Dina, que lamenta não ter conseguido ajudar a jovem.
Com tanta repressão às mulheres no oriente médio, é estranho ver o descaso de muitas feministas com relação ao que ocorre na região e algumas delas até mesmo defendem o islamismo. No ocidente, as mulheres se vestem como querem, frequentam os espaços que desejam, ocupam posições no mercado que conseguem alcançar por meio de méritos e participam da política sem restrições. E, mesmo assim, com tanta liberdade, as mulheres ocidentais que compactuam com o feminismo e são doutrinadas pelos marxistas com base nessa ideologia coletivista de esquerda, acham que são as grandes oprimidas. Mas podemos falar também dos regimes socialistas que oprimem as mulheres e suas famílias. Quanto mais miserável é uma sociedade, mais a mulher vai ter que se rebaixar para ganhar algum dinheiro para sustentar a si e aos seus filhos - e isso inclui prostituição e outras formas degradantes de se viver. É exatamente isso que acontece em Cuba e na Venezuela e, novamente, as feministas esquerdistas não demonstram qualquer simpatia com relação à essas mulheres que estão vivendo sob o jugo de uma tirania comunista. Nicolás Maduro com certeza destruiu a vida e os sonhos de muitas mulheres, e o
da "beautiful people" de esquerda, que ama expelir virtudes, fala por si só sobre o caráter dessas pessoas.
Como libertários, defendemos que todo ser humano é igual em direitos, afinal, o direito de autopropriedade sobre si é um direito natural e inviolável. Isso implica que nenhum ser humano tem direito sobre a vida alheia; ninguém deve ter o poder de escravizar outro ser humano.
A igualdade de direitos entre homens e mulheres nos países ocidentais é um princípio central da sociedade moderna, construído ao longo de séculos. Esse conceito é pautado na ideia de que todos têm os mesmos direitos fundamentais — como trabalho, expressão e participação política — e o direito de viver livre de violência, apesar de isso ser aplicado de forma imperfeita em muitos países. As sociedades ocidentais passaram por mudanças significativas no último século, que abriram portas para que as mulheres tenham autonomia sobre suas vidas, sejam economicamente independentes e possam fazer escolhas sobre seu futuro. Uma economia industrial e capitalista abre oportunidades para o empreendedorismo e enriquecimento da família. Muitas mulheres se beneficiaram disso, optando por trabalhar e ganhar seu próprio dinheiro, livrando-se de abusos domésticos e da pobreza.
Essas liberdades resultaram em oportunidades para mulheres em todas as esferas, incluindo política, negócios, educação e ciência. Mas as pessoas precisam de fato defender as liberdades além de palavras, e reconhecer que as verdadeiras leis são naturais, ou seja, elas já existem e só precisam ser descobertas pela razão.
Apesar de não vivermos numa sociedade regida pelo reconhecimento e respeito às leis naturais, a igualdade de direitos entre homens e mulheres mudou radicalmente a sociedade, criando um ambiente onde as mulheres têm o poder de moldar suas próprias vidas.
Em contraste, em muitos países onde o islamismo exerce forte influência sobre as leis e políticas, as mulheres enfrentam muitas restrições. Em alguns desses países, sistemas como a tutela masculina determinam que as mulheres precisam da permissão de um homem (pai, marido ou irmão) para tomar decisões importantes, como estudar, viajar ou buscar tratamento médico. Além disso, em várias regiões, o acesso das mulheres à educação e ao mercado de trabalho é limitado, restringindo o papel feminino a esferas familiares e domésticas. Em alguns casos, como vemos no Irã, as mulheres têm códigos de vestimenta obrigatórios e enfrentam severas restrições em espaços públicos e em atividades diárias.
A diferença entre essas realidades é marcante: enquanto no Ocidente a liberdade individual é vista como um direito fundamental - sobretudo nos Estados Unidos, onde é permitido que as mulheres escolham sua profissão, educação e até mesmo como se vestem -, em algumas sociedades de maioria islâmica, as escolhas das mulheres são limitadas por normas e leis que restringem sua autonomia, geralmente sob a justificativa de preservar valores culturais ou religiosos. A perspectiva libertária, como a de Murray Rothbard, reforça que o respeito à liberdade individual é essencial para uma sociedade justa e próspera, na qual cada pessoa deve ter o direito de agir conforme suas próprias vontades, desde que não prejudique a liberdade de outros. Defendemos o PNA, o princípio de não-agressão, que diz respeito ao fato de o direito à propriedade privada ser sagrado; e esta é a única forma de empoderar o indivíduo que deve ter condição de se armar para proteger sua vida, sua propriedade e a vida daqueles que ele ama de agressores.
Sob essa ótica, a liberdade que as mulheres desfrutam no Ocidente é um reflexo direto de uma estrutura que, ainda que imperfeita, protege o direito à autonomia pessoal. Mas Murray Rothbard vai além e é contra qualquer lei estatal e a existência de um governo predador que se vê no direito de determinar o que podemos ou não fazer. Outros pensadores liberais, no entanto, veem que o verdadeiro papel do estado deveria ser limitado a garantir esses direitos de propriedade entre homens e mulher e permitir que os indivíduos vivam conforme suas próprias escolhas, sem a intervenção de leis que regulamentem valores morais ou culturais.
Essa diferença destaca o impacto que sistemas legais e culturais têm sobre a liberdade das pessoas, e demonstra que a proteção da liberdade individual é fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade na qual as pessoas — independentemente do gênero — possam viver com autonomia e dignidade.
https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/relatos-detalham-ultimas-horas-de-jovem-morta-apos-protestos-no-ira/
https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2024/04/30/nika-shakarami-forcas-de-seguranca-do-ira-abusaram-sexualmente-de-jovem-de-16-anos-e-a-mataram-diz-documento.ghtml
https://www.nexojornal.com.br/ensaio/2022/11/21/o-que-as-mulheres-iranianas-tem-a-nos-dizer
https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/estudante-tira-roupa-universidade-ira-agredida-nao-usar-veu/