O 'filme bobo' mais profundo dos últimos anos: Free Guy

O filme Free Guy aborda a ideia de que a verdadeira liberdade começa quando decidimos reescrever o próprio roteiro da vida.

Então, imagine só: "Free Guy" é o que acontece quando você mistura um mundo de videogame maluco e Ryan Reynolds sendo... bem, Ryan Reynolds. O filme conta com um monte de cenas de humor, referências e ótimas cenas de ação e computação gráfica. Basicamente, é como se o "O Show de Trumman" se misturasse a Matrix e um parque temático futurista baseado em GTA Role Play.


Resumidamente, é o seguinte: “Guy” é um NPC ou Non Player Character, ou Personagem Não Jogador em tradução livre, que é exatamente o cara programado para cumprir uma rotina sem rumo dentro do game. Os NPCs são os atendentes, civis comuns que só andam na rua, prestadores de serviços comuns como bombeiros, policiais e médicos. Em quase todos os games os NPCs estão lá para tentar tornar o ambiente do game mais “vivo” e interativo. No caso de “Guy”, o personagem de Ryan Reynolds, ele é um funcionário de um banco dentro do game.



O personagem acorda de manhãzinha e sempre repete as mesmas tarefas todos os dias, mas após um gatilho, ele cria consciência e percebe que a vida dele é tão caótica quanto uma partida de GTA ou Fortnite. Ele decide dar um upgrade na própria existência e vira o herói do próprio jogo, ou melhor, ele faz o que nenhum NPC deveria fazer e age livremente com personalidade própria. Claro, isso cria um monte de confusões e cenas de humor, especialmente quando ele descobre que o mundo real está envolvido nessa bagunça virtual.


Entre explosões, referências geek e o carisma característico do Reynolds, "Free Guy" é tipo uma festa de videogame na tela. E não podemos esquecer do Taika Waititi, que interpreta um vilão bem maluco e caricato. Se você curte videogames, comédia e um Ryan Reynolds sendo ele mesmo, esse filme é praticamente obrigatório. Então, após essa sinopse simples, iremos dar spoilers pesados do enredo do filme.



"Free Guy" começa com Guy, um NPC em "Free City", vivendo uma rotina diária repetitiva até que ele ganha consciência após se apaixonar por Molotov Girl que é o Avatar da personagem “Millie”. Ela é uma jogadora habilidosa e uma das desenvolvedoras da empresa “Soonami”, que é a dona do jogo.


Guy e Molotov Girl procuram um código roubado pelo dono da empresa que foi criado por Millie e seu sócio e amigo Keys. Enquanto isso, o vilão e excêntrico CEO da Soonami, Antoine (interpretado por Taika Waititi), está determinado a lançar "Free City 2" e proteger seus interesses comerciais.


O amigo de Millie, Keys (interpretado por Joe Keery), é outro desenvolvedor na Soonami e desempenha um papel vital na tentativa de recuperar o código roubado. Ele é uma figura-chave na luta contra as práticas antiéticas da empresa.


Outros dois personagens importantes são Buddy, o melhor amigo de Guy que trabalha como segurança no Banco e Mouser, o colega de trabalho de Keys que também trabalha na empresa Soonami.


O enredo e os personagens começam a ficar cada vez mais profundos e com uma mensagem implícita e extremamente libertária. Isso ocorre partir do momento em que Guy percebe que ele é apenas um personagem de videogame, e discute isso com seu amigo Buddy.


Buddy diz que não se importa com o fato de que o mundo em sua volta seja uma mentira ou simulação, porque os sentimentos que ele tem e as situações boas que ele vive são reais. Assim como temos muitas tecnologias, serviços e produtos no digital que não existem no mundo real, mas que geram emprego, giram capital e são benéficos para os indivíduos. Um exemplo que podemos citar é o Bitcoin.
Após isso, o personagem Keys revela a Millie que Guy é uma parte fundamental do código que o Vilão Antoine roubou deles dois. O código consistia numa programação de inteligência artificial que tinha a característica de autodesenvolvimento e multiplicação.


Guy é uma metáfora clara sobre todos nós, indivíduos que nasceram para ser doutrinados pelo sistema e com o único objetivo de fazer as tarefas que o sistema quer que façamos. Nascer, crescer, trabalhar muito e pagar impostos para financiar o sistema e morrer.


O vilão da história, Antoine, percebe que Guy está ajudando Millie a descobrir uma prova contra ele que o condenaria criminosamente por quebra de contrato. Antoine é a personificação dos poderosos que dominam o status quo e se beneficiam daqueles que decidem não pensar e manter a “programação” padrão. O vilão representa o estado, os estadistas poderosos e os bilionários. Figuras que buscam manter o status quo como ele é para benefício próprio.


Esse vilão, por deter todo o poder em relação às diretrizes da empresa Soonamy e o game Free City, decide resetar o jogo. Ao criar o grande reset, todas as contas e NPCs voltariam para a programação padrão. Assim, o intuito de Antoine era fazer com que a inteligência artificial de Guy voltasse à estaca zero e ele parasse de pensar por conta própria. Isso o impediria de influenciar os outros NPCs a sua volta.


Millie e seu amigo Keys começam uma maratona para conseguir acessar a região do mapa do jogo que provaria os crimes do vilão, mas já era tarde demais. Antoine, após resetar todo o jogo, faz com que Guy volte a ser um NPC normal. Isso nos lembra o que o maior e mais poderoso governo do mundo fez na década de 70, se tratando do sistema financeiro global.


Em 1971, o presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, anunciou o fim do padrão ouro, o que significa que o dólar não seria mais conversível de imediato em ouro. Após esse evento, as principais moedas passaram a ter valores determinados pelo mercado cambial, marcando a transição para um sistema de taxas de câmbio flutuantes. Isso teve amplo impacto negativo nas políticas monetárias e financeiras internacionais, e o objetivo dos EUA era apenas financiar as guerras que ele travava.


Isso foi o que podemos chamar de último “grande reset econômico” e, assim como foi no filme Free Guy, os únicos beneficiados com essa ação do governo foi o próprio governo e os bilionários amiguinhos dos políticos. O mundo está se preparando para mais um Grande Reset econômico que, muito provavelmente, será feito através das CBDCs, as moedas digitais estatais. Sobre esse assunto, recomendamos o vídeo O REAL DIGITAL é uma realidade, e já tem até nome: DREX, o link está na descrição.



Apesar do vilão do filme ter sido bem-sucedido em resetar completamente o mundo do game, Millie e Keys lembram que para a inteligência artificial do código de Guy ativar, foi necessário um gatilho. Esse gatilho era Molotov Girl, a avatar de Millie. Após despertar novamente a paixão que Guy tinha por ela, a Inteligência artificial é restaurada e eles retornam para a missão de expor o vilanesco dono da Soonamy.


Não importa o quanto o governo tente impedir as mentes livres, a liberdade sempre será um objetivo intrínseco ao ser humano. Mesmo que o Status Quo seja repleto de amarras, aqueles que buscam a liberdade sempre encontrarão uma forma de se desvencilharem do estado em prol de sua liberdade individual.


Chegando próximo do clímax do filme, o vilão percebe que Guy retornou e que ele e Millie estão certos de descobrir e expor seus crimes. Como uma das alternativas, ele decide pedir a Mouser, um dos colegas de Keys e programador do game, de impedir o avanço dos dois programando obstáculos e dificuldades no caminho.
Mas do outro lado estava Keys, programando fugas e alternativas aos nossos heróis dentro do game em uma quase disputa de xadrez virtual. A cada obstáculo que Mouser programava, Keys estava lá arrumando um jeito de programar uma solução.


Isso denota que, dentro do sistema estatal, sempre há aqueles que decidem por obedecer às diretrizes dos poderosos e se rebaixar a leis injustas. Enquanto esse tipo de indivíduo existe, sempre haverá aqueles que vão usar do sistema contra o próprio sistema. Como exemplo temos os Cypherrpunks dos anos 80. Anarquistas da Computação que usaram de uma ferramenta criada e desenvolvida pelos próprios funcionários do estado, a internet, para buscar uma opção de vida na rede cada vez mais livre e longe das amarras estatais. Os Criptoanarquistas usavam de criptografia para manter suas ações na internet longe dos olhos estatais.


Ao perceber que Mouser não é páreo para Keys, o vilão decide usar um protótipo de NPC ainda incompleto para parar Guy e o seu nome é “Dude”. Dude é quase o mesmo que Guy com as únicas duas diferenças de ser extremamente maior e mais forte e de ser muito mais idiota. Após uma luta frenética repleta de referências, Guy decide parar de lutar e fazer o que um libertário com empatia e amor ao próximo faria. Ele abre os olhos de Dude fazendo com que ele largue as ordens do vilão. Da mesma forma, como um dia alguém, seja este um autor, produtor de conteúdo ou pessoa próxima, fez conosco. Apesar da burrice de Dude, Guy apenas precisou mostrar a verdade para que ele abrisse os olhos e enxergasse a realidade.


Ao fim do filme, Guy finalmente consegue chegar até a zona do mapa que provava os crimes do vilão e mesmo ele tentando destruir com um machado os servidores do game, ele não conseguiu a tempo. Antoine é exposto, o game Free City é cancelado e o filme termina com Guy e todos os NPCs vivendo no novo game, criado com base no código de Millie e Keys, chamado “Free Life”.


Todo o filme se encerra com uma mensagem sobre seguir o coração, sobre acreditar no amor e sobre um fato que vai acontecer no futuro. Vemos uma das frases mais lindas e que mais gera esperança em nós quando se trata do futuro da economia mundial. Buddy, ao questionar Guy sobre o que eles iriam fazer no novo game, e sobre como seria o serviço para o Banco ao qual eles trabalhavam, recebe a resposta de Guy: “Não existem mais bancos!” Um futuro inevitável que todo Libertário que entende de economia sabe que um dia chegará.


Referências:

https://www.imdb.com/title/tt6264654/

Visão Libertária - O REAL DIGITAL é uma realidade, e já tem até nome: DREX:
https://youtu.be/fb_DwUFuQXY