Por que ignoram a perseguição aos cristãos?

É um risco de vida para os cristãos viverem em diversos países ao redor do mundo. A intolerância religiosa está em ascensão em relação aos seguidores de Jesus Cristo, e o descaso da grande mídia ocidental é o que mais nos indigna.

Atualmente, num Brasil cada vez mais politicamente correto e autoritário, é um crime fazer piadas com pessoas deficientes ou acima do peso, e qualquer coisa feita a um indivíduo negro pode ser considerado racismo. Mas o que é pouco falado, inclusive sendo ocultado propositalmente pela mídia tradicional, é a perseguição aos cristãos que acontece em vários países do mundo, incluindo, até aqui, na América Latina. Há 31 anos, a ONG internacional Missão Portas Abertas faz o monitoramento de casos de perseguição religiosa contra cristãos, e recentemente a organização divulgou seu relatório anual que revela dados alarmantes.

Entre 1º de outubro de 2022 a 30 de setembro de 2023, foi elaborada A Lista Mundial da Perseguição, a pesquisa da ONG sobre o tema. O que foi revelado com a pesquisa foi que o número de cristãos que estão em situação de perseguição passa de 365 milhões de pessoas, o que representa que um a cada sete indivíduos no mundo estão nessa situação de perseguição.

Entre os primeiros países do ranking encontramos a ditadura norte-coreana, a Somália e a Líbia, e depois deles vêm outros da África e do Oriente Médio. Como revela a ONG Missão Portas Abertas, a ditadura comunista de Kim Jong-Um se destaca como a mais perigosa para os praticantes do cristianismo. A China, governada por um poderoso partido comunista não fica para trás. Muitos cidadãos foram repatriados da China e especula-se que muitos foram enviados para prisões e até campos de trabalho forçado. Essa triste realidade foi observada por integrantes da citada ONG que atuam na península coreana. O Portas Abertas faz a classificação dos países em duas categorias: aqueles em que a perseguição é extrema, e aquelas que ela é considerada severa. Os dois países que subiram na classificação foram a Síria e a Arábia Saudita, que alcançaram níveis extremos entre os locais mais hostis ao cristianismo.

Aqui no Ocidente, entre os países da América Latina, podemos destacar a Nicarágua como um verdadeiro inferno aos cristãos. O país ascendeu 20 posições no ranking mundial de perseguição aos cristãos, passando da 50ª para a 30ª posição. Não precisamos nem mencionar que essa situação na Nicarágua se estabeleceu devido a um governo comunista que não aceita discordância, oposição e qualquer tipo de diversidade. Daniel Ortega há anos tem atacado e prendido padres, bispos e demais membros da Igreja Católica que atuam no pequeno país; muitos religiosos tiveram que fugir do local e buscar refúgios em outros países. Não muito distante da Nicarágua temos Cuba, outra ditadura comunista governada pelo sucessor de Fidel Castro, o tirano Miguel Díaz-Canel, que tem sido cada vez mais severo com a população da ilha prisão.

Nos dois países comunistas citados não há liberdade de imprensa, ou qualquer tipo de liberdade de expressão como a venda de livros não aceitos pelos respectivos regimes. Entre os críticos do governo nicaraguense, podemos destacar o caso do padre Rolando Álvarez que foi expulso do país e enviado ao Vaticano. Não podemos deixar de citar aqui que o regime de Daniel Ortega, aquele simpatizante de Lula que o parabenizou após o petista vencer a eleição presidencial, fez o cancelamento de registros de universidades e outras instituições ligadas à Igreja Católica. Todas as propriedades e meios de comunicação cristãos foram confiscados pelo ditador e, infelizmente, essa triste notícia não passa na velha e extrema imprensa socialista brasileira.

Hoje em dia, é expressamente proibido qualquer tipo de celebração cristã em espaços públicos e o governo nicaraguense fechou sua embaixada em Roma, na Itália. Cabe lembrar que cerca de 55 países assinaram uma declaração na ONU condenando os crimes perpetrados por Ortega. No entanto, nosso presidente comunista tupiniquim que prega amor e união se recusou a participar dessa iniciativa. Entre os países que endossaram o documento podemos citar Estados Unidos, Austrália, Canadá, Alemanha e França, e até governos latino-americanos como Chile, Peru e Colômbia assinaram a declaração. Como mostrado pelo portal UOL, representantes do governo brasileiro exigiram alterações no texto final, defendendo que houvesse mais espaço para diálogo com a ditadura de Daniel Ortega. Essa proposta, no entanto, foi considerada inadequada pelos países que participaram dessa iniciativa.

Outro país bastante hostil aos cristãos é a Índia, e a situação de Manipur, um estado indiano, traz um cenário assombroso. Cerca de 60 mil cristãos foram deslocados devido aos conflitos políticos entre as etnias Meitei e Kuki, que começaram em maio de 2023. Cerca de 160 cristãos morreram devido aos atos violentos entre esses grupos étnicos. Informações reveladas pela ONG Portas Abertas mostram que em estados indianos como Madhya Pradesh e Chhattisgarh, cerca de 200 cristãos de 70 famílias foram expulsos de suas comunidades.

Já na África Subsaariana, a crise política e econômica que afeta a região intensifica a perseguição aos cristãos. Em alguns países dessa região africana alguns grupos extremistas que se associam ao Estado Islâmico ou outros terroristas, perseguem cristãos de forma brutal. Como exemplo, a ONG Missão Portas Abertas revelou que centenas de casas, empresas de cristãos e igrejas foram atacadas por jihadistas durante a pesquisa feita pela organização. A situação chega a ser pior em países onde ocorreram golpes militares e os cidadãos cristãos não puderam denunciar os crimes e violações de Direitos Humanos e liberdade religiosa. Uma das denúncias da ONG em questão é que a liberdade religiosa passou a ser atacada com mais rigor após a compra de tecnologias de vigilância, monitoramento e a presença do grupo Wagner em países africanos. Esse grupo paramilitar, após ser expulso da Rússia, passou a exercer com mais afinco suas atividades mercenárias na África.

Alguns dados nos chocam. Enormes deslocamentos de Cristãos na África Subsaariana estão aumentando, pois dos 34,5 milhões de deslocados nesta região, estima-se que 16,2 milhões sejam cristãos. Em muitos casos sem dignidade alguma, com falta de alimentos, cuidados básicos de higiene e sem teto para morar, esses cristãos lutam para sobreviver em meio ao caos. A ONG ainda revela que durante sua pesquisa na região, entre outubro de 2022 e setembro de 2023, mais de 14 mil igrejas foram fechadas ou atacadas. Esse número representa um aumento de 7 vezes em relação ao número apresentado na lista passada.

A situação não é muito melhor no Oriente Médio. Apesar da Arábia Saudita ter um discurso nacional de defesa da liberdade religiosa, o que acontece na prática no país é um aumento da violência contra cristãos. No caso da Síria, após um terrível terremoto atingir o país em fevereiro de 2023, muitos cristãos que já viviam em situação difícil e insalubre tiveram que abandonar o território sírio. Nessa região também foram feitos ataques e expropriação de igrejas cristãs históricas por grupos extremistas, fazendo vários cristãos terem que migrar para outro local.

A China, para variar, apresenta recorde de igrejas fechadas. O país comunista liderou a lista de países com o maior número de igrejas fechadas, alcançando o número de 10 mil. O regime deteve pastores que foram levados a interrogatórios injustos, sem que eles tivessem o direito de defesa e contato com familiares. As escolas chinesas são locais onde cristãos são vigiados. Nesses locais, as autoridades fizeram questionários aos alunos sobre práticas religiosas em casa.

Já a Argélia, localizada no Norte da África, tem se destacado como um país no qual cristãos não têm paz. A ONG Portas Abertas revelou que apenas 4 das 46 igrejas filiadas à Igreja Protestante da Argélia ainda estão em atividade.


A situação na Nigéria está pra lá de extrema. O caso desse país africano é surpreendente, pois cerca de metade de sua população é cristã, ou seja, cerca de pouco mais de 100 milhões de pessoas. Mesmo assim, anos após anos a perseguição aos cristãos cresce no país, enquanto as empresas de mídia em vários países fazem questão de ocultar tudo. Na lista dos 50 países que mais perseguem os adeptos do cristianismo, a Nigéria subiu da nona para a sexta posição na lista, como revelam dados fornecidos pelo Missão Portas Abertas.

Um caso terrível, ocorrido no Natal de 2023 chocou todos os que acompanham a escalada de violência no país. Entre os dias 23 a 25 de dezembro, grupos islâmicos fizeram ataques brutais a pelo menos 20 aldeias cristãs no estado de Palteau. Numa data tão importante para os cristãos, que celebram o nascimento de Jesus Cristo, os nigerianos foram massacrados de forma covarde apenas por exercerem sua liberdade religiosa.

Uma ONG nigeriana conhecida como Intersociety nos revela números assustadores sobre essa escalada de intolerância religiosa: mais de 40 mil cristãos foram assassinados nos últimos anos por propagarem sua fé, enquanto outros 18,5 mil desapareceram. Mais de 17 mil igrejas foram atacadas e cerca de 2 mil escolas cristãs foram destruídas. Nesse cenário assustador, estima-se que 6 milhões de cristãos tiveram que fugir do país, e 4 milhões são deslocados internos. Todos esses dados revelados aqui representam um verdadeiro holocausto perpetrado aos seguidores do cristianismo numa escala mundial, e o mais assustador é o silencio de vários ditos defensores dos direitos humanos e das liberdades religiosas.

A verdade é que os casos de violência direcionada aos cristãos tem método e objetivo, como revela a organização Portas Abertas. Essa perseguição implacável que tem acontecido na Nigéria está diretamente associada a uma agenda organizada de islamização forçada, que só tem piorado. Nesse processo de islamização são utilizados tanto meios violentos quanto não violentos, mas esse processo tem se agravado desde 2015 com ataques de grupos militantes islâmicos. Entre esses grupos extremistas estão o Boko Haram e o ISWAP, que estão por trás de muitas dessas ações violentas que já causaram inúmeras mortes, sequestros e violência sexual, e os cristãos são as principais vítimas. Já nos estados onde a sharia foi implementada, os cristãos passam por todo tipo de discriminação e exclusão; os convertidos geralmente são rejeitados por suas famílias e sofrem enormes pressões para abandonar o cristianismo.

Teoricamente, os princípios fundamentais da Declaração Universal dos Direitos Humanos protegem a liberdade religiosa. Acontece que, como vimos neste vídeo, governos despóticos fortemente armados, além de grupos criminosos e terroristas nunca irão respeitar nenhum tipo de declaração de direitos ou legislações estatais. O que os cristãos precisam, além da defesa de seus direitos, é o acesso a armas e a proteção real, o que garante de fato uma segurança maior a essas pessoas. É preciso que as pessoas busquem sempre a fonte de financiamento dessas organizações terroristas, mas não é difícil imaginar que alguns governos e o tráfico de drogas possam estar entre os principais financiadores desses grupos.

O que podemos constatar aqui é que a ideia de que governos defendem as pessoas não passa de uma mentira de mau gosto. Muitos governos têm perseguido, prendido e assassinado cristãos apenas por sua fé religiosa, e essas pessoas não estão tendo acesso a nenhum tipo de garantia jurídica. Esses governos escravizam e desarmam a própria população e depois se apresentam como resolvedores de problemas e conflitos. O real objetivo do estado é enfraquecer grupos e instituições intermediárias ao poder estatal.

Nós libertários defendemos a liberdade religiosa em todas as manifestações, desde que esses grupos religiosos não incitem agressão a pessoas pacíficas. Historicamente, os cristãos sempre pregaram o respeito mútuo, a paz, a caridade e o perdão – não há qualquer sentido do ponto de vista moral e ético em hostilizar essas pessoas. Esse grupo religioso está entre os mais pacíficos e injustiçados dos últimos anos, e é um trabalho de grande valor o que ONGs como o Missão Portas Abertas tem feito.

É um verdadeiro vexame o silêncio e descaso da poderosa e velha mídia que ainda influencia muitas pessoas em todo o mundo, além da omissão de vários grupos políticos e influenciadores digitais. A mesma coisa que aconteceu com os judeus durante o nazismo está acontecendo com os cristãos em muitos países, e não podemos ignorar esse holocausto que ocorre embaixo do nosso nariz. É curioso que, em boa parte do mundo ocidental, exista punição para o chamado ‘antissemitismo’ (o que é correto), porém não existe nenhum tipo de punição específica para crimes semelhantes, praticados contra pessoas que professem a fé cristã.

As autoridades ocidentais apenas tem demonstrado sua fraqueza e sua inferioridade moral em ignorar assuntos tão importantes, ao mesmo tempo que a ditadura do politicamente correto e ideologias nefastas são adotadas em vários países por aqui.

Podemos, então, acusar as autoridades políticas ocidentais de cristofóbicas? Ou esses termos só valem para quem discorda dos adeptos da histérica e intolerante seita progressista? Não se esqueçam, amigos: o estado é a maior arma do diabo contra a humanidade, mas fiquem tranquilos, de uma forma ou de outra, o estado está com os dias contados.

Referências:

https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/numero-de-cristaos-perseguidos-cresce-no-mundo-nicaragua-dispara-de-posicao-em-meio-a-restricoes-a-liberdade-religiosa/?ref=busca
https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/cronicas-de-um-estado-laico/perseguicao-extrema-de-cristaos-na-nigeria/?ref=veja-tambem
https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/nigeria-foi-responsavel-por-82-das-mortes-de-cristaos-em-todo-o-mundo-em-2023-diz-relatorio/?ref=busca