ROBLOX virou CAMPO DE BATALHA entre DEPRAVADOS e EVANGELIZADORES

A ágora se tornou virtual, e nela transitam depravados e evangelizadores. Querer sua proibição ou regulação não é só impossível como improdutivo.

O mundo digital é um espelho da complexidade humana, e o Roblox, uma plataforma de jogos que cativa milhões de crianças e adolescentes, é um exemplo vívido disso. De um lado, as mídias tradicionais nos alertam para um cenário preocupante com crianças sendo incentivadas a comportamentos sexuais em troca de moedas virtuais, um verdadeiro pesadelo para qualquer pai. Do outro, as redes sociais nos mostrando uma realidade inspiradora com jovens usando o mesmo ambiente para espalhar a palavra de Deus, com missas e celebrações que emocionam e conectam. Essa dualidade expõe como o estado, em sua ânsia controladora, vê somente o perigo e, como sempre, corre para fazer leis a fim de proibir todas as iniciativas. Entretanto, proibir crianças de acessar o mundo digital é como tentar conter o vento com as mãos.

O caso das “meninas do job” no Roblox é, sem dúvida, alarmante. A exposição precoce a conteúdos sexualizados pode distorcer o desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças, confundindo-as sobre o sentido das relações e a percepção de si. Mas a solução para isso não é a censura ou a proibição generalizada. É a educação, o diálogo aberto e a supervisão ativa dos pais. É entender que o ambiente digital, assim como o mundo real, é um espaço de oportunidades e riscos, e que a melhor forma de proteger os filhos é prepará-los para navegar por ele com discernimento e responsabilidade. A tentativa do governo de intervir, com suas leis e regulamentações, somente cria uma falsa sensação de segurança e, no fim das contas, mina a autonomia familiar.

Por outro lado, a história da missa no Roblox, liderada por um jovem de Roraima, é um testemunho da capacidade humana de adaptação e da busca por significado, mesmo nos ambientes mais inesperados. Com bispos e coroinhas virtuais, as celebrações ganham destaque no TikTok, emocionando e conectando pessoas por meio da fé. Isso demonstra que a internet e os jogos online não são somente fontes de perigo, mas também espaços de criatividade, comunidade e evangelização. A liberdade de expressão e de associação, mesmo no mundo digital, é um bem precioso, fruto da criatividade e da conexão humana. No entanto, o governo, com sua mentalidade proibicionista, insiste em tratá-la como ameaça. Quer controlar, censurar, limitar. Mas a verdade é que, por mais que o poder tente fechar caminhos, a vida sempre encontra um jeito de seguir. As pessoas se conectam, se organizam, se expressam, nem que seja por trás de pseudônimos, em grupos criptografados ou plataformas alternativas. A liberdade não morre com uma lei. Ela se adapta. Porque onde há vontade humana, há sempre espaço para resistir.

A intervenção estatal na liberdade do ambiente digital causa vários problemas, como a usurpação da autoridade parental. Quando o estado decide o que as crianças podem ou não ver na internet, ele não está as protegendo, mas minando o direito mais natural dos pais de educar, orientar e proteger seus filhos conforme seus valores. Esse tipo de intervenção enfraquece a família, a base de tudo. A mensagem que passa é clara e ofensiva: “Vocês, pais, não são capazes, nós sabemos o que é melhor.”. É um desrespeito à inteligência, ao amor e à responsabilidade de quem realmente se importa com a criança.

Além disso, existe o problema da ineficácia da proibição. A história é imbatível. Ela nos mostra que onde há desejo humano, a proibição fracassa. Foi assim com a Lei Seca nos EUA, foi assim com a “guerra às drogas” no Brasil, e será assim com a tentativa de bloquear plataformas como o Roblox. Crianças sempre encontrarão caminhos para acessar o que chama sua atenção, seja por meio de celulares alheios, seja usando redes alternativas, seja criando contas falsas. O que a proibição faz, na verdade, é empurrar essas experiências para a clandestinidade, longe dos olhos dos pais, sem supervisão, sem diálogo. E ainda por cima, tira delas oportunidades reais de aprendizado, de socialização, de desenvolver pensamento lógico e criatividade.

Por fim, o caso também escancara a hipocrisia da intervenção estatal. O mesmo governo que se mobiliza para proibir jogos online fecha os olhos para a violência nas escolas, para a má qualidade da educação pública, para a corrupção que desvia bilhões. Enquanto crianças sofrem com a falta de professores, de merenda, de segurança nas ruas, o foco recai sobre uma plataforma digital de jogos. É uma cortina de fumaça, uma forma de parecer ativo, enquanto os problemas reais seguem sem solução. A verdade é que o governo não quer proteger as crianças, mas controlar, e, como sempre, quem perde é a liberdade.

Para nós, libertários, o debate sobre o Roblox e a infância digital é muito mais que uma discussão sobre jogos ou tecnologia. É uma oportunidade para lembrar que a educação e a proteção das crianças são tarefas que pertencem exclusivamente às famílias, algo por vezes esquecido. Em uma sociedade de leis privadas, ou seja, um mundo onde a liberdade prevalece, pais e mães teriam autonomia total para decidir como guiar seus filhos, sem imposições, sem burocracia, sem medo de serem julgados por quem nunca conviveu com a realidade deles. A liberdade não é um presente do estado, mas um direito inalienável do indivíduo, como bem explicou Hayek em “Os Fundamentos da Liberdade”. E esse direito inclui, acima de tudo, o de educar, orientar e proteger os próprios filhos conforme os valores da família.

Em uma sociedade libertária, nenhum político decidiria por todos o que é “apropriado” para uma criança. Seriam os pais, aqueles que conhecem seus filhos, suas fragilidades e seus interesses, os únicos responsáveis por estabelecer limites, ensinar discernimento e acompanhar o uso da tecnologia. Alguns poderiam permitir o Roblox com supervisão, outros poderiam restringir, outros ainda poderiam usar filtros, conversas ou acordos familiares. A diversidade de escolhas seria respeitada, porque cada família é diferente. E é exatamente essa liberdade de escolha que permite o crescimento, o diálogo e a responsabilidade real. As plataformas digitais, por sua vez, seriam guiadas pelo mercado. Empresas competiriam para atrair famílias, oferecendo segurança, transparência e ambientes adequados. Quem falhasse em proteger os usuários perderia clientes. Quem investisse em moderação, educação digital e ferramentas de controle parental ganharia reputação. A responsabilidade estaria onde deve estar: nas mãos das empresas que querem sobreviver e na dos pais que querem proteger. Não em um estado distante, que só aparece para proibir, censurar ou punir, e que, no fim, nunca está lá quando alguém precisa. Além disso, a liberdade de expressão e associação seria plena, desde que respeitasse a propriedade privada e não envolvesse agressão. Assim, iniciativas como uma missa no Roblox, não seriam alvo de censura ou perseguição. Seriam expressões legítimas de fé, cultura e criatividade. Em um mundo libertário, a diversidade não seria temida, mas celebrada. Afinal, a liberdade é o que permite que ideias diferentes floresçam, que novas formas de convivência surjam e que a inovação aconteça, inclusive na forma como as crianças aprendem, brincam e se conectam.

O libertarianismo afirma que crianças só se desenvolvem plenamente em um ambiente de liberdade, onde os pais são soberanos e a responsabilidade é ensinada, não imposta. O governo, com sua pretensão de proteger todos, acaba controlando todos e transformando a infância em um campo de batalha ideológica. A verdadeira proteção não vem de leis positivadas escritas em pedaços de papel higiênico, mas de amor, diálogo e autonomia. A solução, portanto, não é a regulação de algo que não pode ser regulado, de leis que não serão cumprida ou de vigilância governamental sem restrição, mas de liberdade para os pais, para as famílias, e para a sociedade.


Referências:

https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2025/08/no-roblox-criancas-sao-incentivadas-a-comportamentos-sexuais-em-troca-de-moedas-virtuais.shtml

https://www.folhabv.com.br/variedades/missa-no-roblox-jovem-de-roraima-leva-a-fe-para-jogo-online

https://nae.com.pt/wp-content/uploads/Os-Fundamentos-da-Liberdade-Friedrich-A.-Hayek.pdf