VIRGÍNIA dá UM BANHO em SENADORES na CPI DAS BETS e VAI GANHAR UMA GRANA com TODA A REPERCUSSÃO

O show cômico que foi o depoimento da Virgínia na CPI das Bets nos ensina importantes lições acerca do papel do estado, da responsabilidade individual e do respeito à propriedade privada.

Um dos grandes temas dos últimos dias - pelo menos na internet - foi o depoimento da influencer Virgínia Fonseca, concedido à CPI das Bets no Senado Federal. Sem dúvidas, você conhece a Virgínia - ou, pelo menos, já ouviu falar dela. Se você não acompanha sua rotina, talvez sua mulher acompanhe - ou, talvez, seja sua filha ou sua irmã. Fala sério: até o padre aqui da Paróquia segue a Virgínia no Instagram - e eu não estou brincando!
Pois bem: o tal depoimento durou mais de três horas, e foi completamente dominado pela influencer - que, convenhamos, deu um banho em todos os senadores presentes. Alguns, inclusive, aproveitaram a oportunidade para tietar a famosa, com selfies e vídeos. E, de maneira geral, o que se viu foi um verdadeiro show de memes. Para começo de conversa, muitos - dentro e fora do Congresso Nacional - disseram que a Virgínia não se comportou adequadamente para o evento - em função de suas roupas, de suas ações e de algumas respostas no melhor estilo PodPah. Sim, estou falando daquela coisa de “se for pra melhorar, então vai ser melhor” - brilhante afirmação emitida pela jovem, em determinado ponto de seu depoimento.
Logo de cara, temos que superar esse tópico. A Virgínia não apenas é bastante jovem, já que ela tem 26 anos, o que explica bastante do seu comportamento meio “sem noção”. Ela, obviamente, estava interpretando o seu personagem das redes sociais - e tentando capitalizar em cima disso, coisa que ela faz muito bem. Sim, as roupas que ela usou são mesmo horríveis, mas há um motivo por trás da escolha de seu figurino. Afinal de contas, uma pessoa com mais de 50 milhões de seguidores no Instagram não usa nem um pijama sem uma razão comercial, porque sua imagem vale muito. Veja que, na verdade, a Virgínia usou uma blusa com a estampa de sua filha, Maria Flor. A influencer também ostentou um copo Stanley cor-de-rosa, vendido pela bagatela de 400 pila. Será que isso foi sem razão? Desconfio que não.
Fora isso, a famosa influenciadora digital deu algumas respostas bastante interessantes a algumas das indagações dos senadores. A jovem comparou as bets à Mega Sena - basicamente afirmando, com razão, que o governo sempre induziu as pessoas a gastarem seu dinheiro com jogos de azar. A influencer também desafiou os senadores: “Se realmente faz tão mal, proíbe tudo, acaba com tudo” - ela afirmou. Virgínia até mesmo chupou o microfone, confundindo-o com o canudo do tal copo Stanley. Novamente, será que esse gesto inusitado também não foi de propósito, para tirar a atenção do ponto principal de seu depoimento?
Bem, o fato é que a Virgínia não ficou intimidada pelas câmeras, ou pelo ambiente - ela está acostumada a sofrer toda sorte de exposição pública. E, no fim das contas, toda CPI se resume a um mero show político que tem, por objetivo principal, gerar mídia para os parlamentares envolvidos. De qualquer forma, a verdade é que, dentro e fora do Congresso Nacional, o assunto das apostas online tem tomado conta dos debates públicos - com razões que, em muitos casos, são mesmo legítimas.
(Sugestão de pausa)
É impossível dissociar o crescimento das bets, no Brasil, da figura dos influenciadores digitais. Tal como aconteceu com a própria Virgínia, inúmeros outros influencers brasileiros divulgaram, e ainda divulgam, casas de apostas virtuais. A esposa do Zé Felipe divulgou duas empresas, mantendo contrato ainda com uma delas - a famosa Blaze. De acordo com a Virgínia, seu contrato prevê a divulgação de apenas 1 story por semana - sem postagens no feed. Tais condições, contudo, teriam rendido, para a jovem, a bagatela de R$ 29 milhões.
O argumento original da CPI instaurada no senado no fim do ano passado por iniciativa da Soraya Thronicke - lembra dela? - pode até parecer fazer sentido. O objetivo de tal iniciativa parlamentar seria investigar a possível prática de lavagem de dinheiro através das bets. É certo que, como os números da Virgínia demonstram, tem muita grana rolando nessa história. Mas será que estamos, de fato, diante de grana ilícita?
Bem, a definição de ilicitude, pela lei estatal, nem sempre está de acordo com essa definição, na ética libertária. E a verdade é que, de maneira geral, os cassinos virtuais, tal como acontece com os físicos, não são uma violação a qualquer princípio ético. Sim: você pode ter ressalvas morais quanto à prática do jogo irresponsável e de outros vícios que prejudicam as pessoas. Contudo, o fato é que ninguém joga por obrigação. E não: vício não é uma obrigação imposta por ninguém; é apenas a materialização de circunstâncias inerentes ao próprio indivíduo.
(Sugestão de pausa)
Apostas, de maneira geral, são uma furada econômica - não para o dono do cassino, mas para quem aposta. No longo prazo, a estatística é implacável: quanto mais você aposta, maior é sua chance de perder tudo para a banca. Afinal de contas, cassinos são empresas que precisam dar lucro. O lucro desses empreendimentos, naturalmente, é o prejuízo de seus apostadores. E como na internet a imagem dos influencers é, no momento, o mecanismo de publicidade mais valioso, então é natural imaginar que as bets vão despejar rios de dinheiro nas contas de tais influenciadores.
Inclusive, já se sabe que diversos contratos contemplam o rateio do prejuízo dos usuários com os divulgadores das plataformas. Afinal de contas, conforme dito, o prejuízo do apostador é o lucro da banca - nada mais normal, portanto, do que negociar uma fatia dos lucros em um contrato de publicidade. Ainda assim, contudo, não se pode dizer que há, aí, alguma violação da ética libertária.
Pense comigo: o contrato pactuado entre influencer e casa de apostas é feito de forma voluntária, com cláusulas devidamente negociadas e aceitas por ambas as partes. Tudo certo, até aí. A divulgação de tais meios, por meio das redes sociais, pelo influencer, também é algo voluntário. Ele está apenas cumprindo seu contrato; e sua audiência só vai assistir esse conteúdo se quiser. E, se por acaso, tal divulgação violar as regras da rede social que está sendo utilizada, caberá a esta, e apenas a ela, tomar as providências cabíveis, dentro das regras previamente estabelecidas. Novamente: até aí, tudo dentro dos conformes.
Mas, e se algum seguidor desse influencer perder seu dinheiro em alguma bet, podendo, inclusive, se enrolar financeiramente nessa história? Bem, nesse caso, o problema é exclusivamente dele. Ninguém o obrigou a apostar, muito menos em grande quantidade. Veja que a ética libertária defende o ponto de que todos são livres para dispor de seu patrimônio como bem entenderem - podendo, inclusive, gastar tudo das formas mais burras que se possa imaginar. O libertarianismo não trata do bom uso dos recursos, mas sim da defesa do direito de cada um fazer o que quiser com o que é seu - até mesmo tomar as piores decisões, pois isso faz parte da livre escolha. E se isso tiver consequências para a vida da pessoa? Bem, o libertarianismo também defende a responsabilidade individual por seus atos. Cada um deve arcar com as consequências de suas escolhas.
A partir daí, naturalmente, cada um pode ter uma percepção moral própria a respeito do tema. Particularmente, eu, escritor deste artigo, acredito que, se o influencer que você segue divulga bets e casas de apostas em geral, você deveria parar de segui-lo - até porque os ganhos dele estão diretamente ligados às perdas de seus seguidores. Se esse influenciador não se importa em fazer você perder sua grana, ele não merece sua audiência. Contudo, você pode discordar de mim, sem problemas - essa é uma questão puramente moral. Do ponto de vista libertário, nem a Virgínia, nem nenhum outro influencer, fez nada de errado ao divulgar apostas em cassinos online.
Ainda assim, muitos vão defender a proibição de jogos online, por acreditar que estes estão falindo o Brasil, destruindo as famílias, arruinando vidas, etc. E isso tudo pode até ser verdade, ao menos em parte. Contudo, defender mais estado não vai resolver nada disso - apenas vai dar ainda mais poder para os políticos, que são, na verdade, os maiores causadores de problemas neste país. Vícios, de forma geral, são combatidos com informações e mudança de cultura - nunca com coerção estatal, como tantos outros exemplos nos mostram. E é importante lembrar também que o próprio governo brasileiro sempre permitiu suas casas de apostas como as loterias da Caixa Econômica Federal, portanto, não pense que o leviatã estatal está querendo salvar a sua vida financeira.
(Sugestão de pausa)
Sim, é difícil compreender esse ponto libertário - porque é muito mais confortável imaginar que problemas complexos relacionados ao ser humano podem ser resolvidos pelo governo. A verdade, porém, é que a violência estatal não poderá, jamais, evitar o mal, ou fazer evoluir o pensamento humano. Pelo contrário: é justamente a responsabilidade, individual que está atrelada, de forma inerente, aos conceitos libertários, que levará as pessoas, no longo prazo, a se comportarem menos como crianças, e mais como adultos - conscientes de que, se algo der ruim em suas vidas, ninguém poderá ser obrigado a resolver esse problema. Afinal, foi o governo, por meio de políticas assistencialistas, que tem infantilizado adultos por todo o Brasil, e isso não é por acaso, é um projeto de poder.
A CPI das Bets, como tantas outras, não passa de um circo político - um espetáculo midiático grotesco, que contou até mesmo com senadores acompanhando uma aposta em tempo real. Nessa história, a Virgínia não tem nada a temer. Pelo contrário: ela divulgou sua imagem, suas marcas e seus produtos, gratuitamente, para milhões de pessoas - e ainda deixou os senadores em algumas saias-justas. Esperta foi ela que, além de ganhar milhões de reais induzindo seus seguidores a perder dinheiro em casas de apostas, ainda ajudou a difundir uma ideia que nós, libertários, sempre defendemos - a de que o estado, com todas as suas instituições sagradas, não deve ser levado a sério.


Referências:

https://www.metropoles.com/colunas/fabia-oliveira/cpi-das-bets-virginia-responde-se-recebia-30-de-perdas-de-seguidores

https://www.cnnbrasil.com.br/politica/virginia-fonseca-usa-blusa-com-foto-da-filha-e-copo-stanley-em-cpi-das-bets/

https://oglobo.globo.com/cultura/noticia/2025/05/14/ganho-de-r-750-milhoes-em-1-ano-e-contratos-polemicos-os-detalhes-da-fortuna-de-virginia-fonseca.ghtml

https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/05/13/virginia-diz-que-usa-conta-fornecida-pela-empresa-para-fazer-propaganda-de-bets.ghtml

Senadores aprendendo a jogar no Tigrinho:
https://x.com/luisshowtana/status/1922686958939082926